Arte de Loïc CANAVAGGIA |
Os Centauros (Κένταυροι, Kéntauroi em
grego) são seres representados como parcialmente humanos e parcialmente equinos.
Desde as mais antigas representações gregas, são pintados com um torso humano
unido pela cintura à nuca de um cavalo. Às vezes, têm também as orelhas
compridas e pontudas e os narizes chatos característicos dos sátiros.
São vistos muitas vezes como seres animalescos, divididos
entre uma natureza humana e outra animal. Outras vezes, também são vistos como
encarnação da natureza selvagem, como em sua batalha com os lápitas.
Entretanto, alguns centauros, como Quíron, fazem o papel de sábios mestres de
heróis.
Às vezes os centauros propriamente ditos, com corpo de cavalo, são chamados de hipocentauros para distingui-los de seres semelhantes com corpo de asno (onocentauros) ou de boi (bucentauros) citados por bestiários medievais, além de outros seres centauróides inventados em tempos modernos pela literatura de fantasia.
Centauros da Tessália
Segundo seu mito mais conhecido, os centauros eram um povo
primitivo que vivia em cavernas nas montanhas, caçando animais selvagens para
comer e usando pedras e galhos de árvore como armas. Teriam nascido do estupro
da ninfa Néfele (uma das Néfelas) por Íxion, o ímpio rei dos lápitas, povo
que os gregos consideravam como inventores da equitação.
Sua prole foi levada ao Monte Pélion, na Tessália, onde as
filhas do deus-centauro Quíron os alimentaram e criaram até a idade adulta.
Foram então convidados para o casamento com Hipodâmia de seu meio-irmão
Pirítoo, filho de Íxion e novo rei dos lápitas, mas se embebedaram e tentaram
raptar a noiva e as convidadas.
Na batalha que se seguiu, os centauros foram trucidados, com
ajuda do herói Teseu, mas um herói lápita chamado Ceneu, que era invulnerável a
armas, foi massacrado por centauros que lhe jogaram rochas e galhos de árvores.
Esse embate, conhecido como centauromaquia, foi frequentemente
representado na arte como metáfora para o conflito entre os baixos instintos e
o comportamento civilizado.
Um dos sobreviventes do massacre foi o centauro Nesso, que
fugiu para a Etólia, às margens do rio Eveno e se estabeleceu como balseiro.
Quando Héracles passou com a noiva Dejanira, Nesso a levou no lombo através do
rio, mas o desejo o levou a tentar violentá-la. Ela gritou e Héracles o matou
com suas flechas envenenadas. Nesso, ao morrer, persuadiu Dejanira a guardar um
pouco do seu sangue envenenado e usá-lo para encantar Héracles se um dia ele a
abandonasse. A artimanha acabou por levar à morte do herói.
Arte de Andrea Tentori Montalto |
Centauros do Peloponeso
A mitologia fala também de um povo de centauros que vivia no
Oeste do Peloponeso. Héracles quando caçava o Javali do Erimanto, foi hospedado
por um deles, Folo. O herói exigiu vinho, mas o centauro só tinha um odre de
vinho sagrado de Dioniso. Ao ser aberto o receptáculo, o aroma da bebida
enlouqueceu os demais centauros, que lutaram com o herói para tomar-lhe a
bebida. Héracles matou a maioria deles a flechadas.
O grande Quíron, ferido acidentalmente, acabou abrindo mão
de sua imortalidade por não suportar as dores e foi transformado na constelação
do Sagitário. Folo também acabou morrendo ao examinar uma das flechas
envenenadas e deixá-la cair em seu pé, sendo então transformado na constelação
do Centauro.
Um grupo de centauros sobreviveu, porém, refugiando-se no
sul da Lacônia ou em Elêusis, onde foram protegidos por Poseidon. Esses centauros parecem ter sido originalmente distintos
daqueles que lutaram contra os lápitas, embora muitos escritores combinem os
dois mitos.
Centauros Ciprianos
Os Centauros Cipriotas são uma tribo de centauros com chifres de touro, nativa da ilha de Chipre. Eles nasceram de Gaia, a Terra, após ela acidentalmente engravidar de Zeus. Na ocasião, nosso taradão incontrolável perseguia a deusa Afrodite, que havia acabado de emergir do mar. Provavelmente eram espíritos (daimones) da fertilidade assistentes de Afrodite.
Centáurides
Ainda que não apareçam nos mitos mais antigos, as centáurides (centauros
fêmeas) são também mencionadas na arte e literatura da Antiguidade. Uma delas
aparece em um mosaico macedônico do século IV a.C. e Ovídio conta a história de
uma centáuride chamada Hilônome que se suicida quando seu amante Cilaro é morto
na guerra contra os lápitas.
Quíron
Quíron nasceu da união do titã Cronos e da ninfa Filira, que
estavam em plena cópula quando surgiu Réia, a esposa de Cronos. Este tomou a
forma de um cavalo para se disfarçar e o filho da ninfa nasceu meio homem, meio
cavalo.
Sendo filho de um titã, Quíron era imortal, um deus em forma
de centauro e pode ter sido originalmente um deus tessálio da medicina. Seu
papel foi, entre outras coisas, de médico. Seu nome relaciona-se com kheir,
"mão". Pode ser interpretado como "hábil com as mãos" e
relacionado à palavra grega kheirourgos, "cirurgião". Foi também
astrólogo, oráculo e mestre de vários heróis, inclusive Héracles, Jasão, Peleu,
Asclépio, Aristeu e Aquiles.
Quíron viveu no monte Pélion, na Tessália e casou-se com a ninfa Cáriclo.
Teve com ela três filhas, Hipe (também chamada Melanipe or Evipe), Endeis e
Ocíroe e um filho, Caristo.
Na luta com os centauros do Peloponeso, uma flecha de
Héracles atingiu Quíron e a ferida incurável o fez sofrer mortalmente, embora
não pudesse morrer. Por não poder curar a si mesmo, abriu mão de sua
imortalidade em favor de Prometeu e foi transformado na constelação do
Sagitário.
Arte de Keith Franklin |
Muito bom esse site
ResponderExcluirLi não sei onde que os centauros surgiram na mitologia grega quando os gregos lutaram contra um povo que montava cavalos. Como os gregos, segundo essa fonte, não conheciam cavalos, confundiram os cavaleiros com seres híbridos, meio-homens, meio-cavalos. Voce tem conhecimento dessa vertente?
ResponderExcluirNunca ouvi essa história, mas é possível que seja real.
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