12 de outubro de 2016

Ynaguinid e Macanduc

۞ ADM Sleipnir

Ynaguinid (esquerda) e Macanduc (direita), arte de Jewel Jade Flores

Ynaguinid e Macanduc são deuses da guerra da mitologia filipina, e integravam o panteão dos deuses cultuados pelos antigos povos do arquipélago das Visayas. Eles serviam como inspiração e estandarte para os antigos Visayans na arte da guerra, dos cercos e pilhagens. Os Babaylans (os líderes religiosos/ shamans das tribos visayan) e os chefes das tribos oravam a esses deuses formidáveis ​​para abençoar os guerreiros com a sua força e coragem, para que pudessem superar seus inimigos.

Ynaguinid

Ynaguinid também é conhecida por ser uma deusa das armas e criação de venenos. Uma velha história conta que certa vez Ynaguinid apareceu a um grupo de caçadores perdidos ou guerreiros na forma de uma bela mulher, e ensinou-lhes os segredos sobre como criar venenos através da mistura de óleos vegetais de plantas tóxicas, para serem usados na caça e nas batalhas.Ela também lhes ensinou como extrair veneno de víbora e misturá-lo em óleo de ervas para criar um veneno especial, chamado de odto ("meio dia") porque qualquer um que fosse ferido por uma arma revestida com esse veneno não viveria além do meio-dia (a maioria da batalhas travadas pelos antigos visayan eram realizadas pela manhã). Foi devido a essas histórias e contribuições atribuídas a Ynaguinid que fizeram dela a deusa dos venenos, e do norte do arquipélago Visayan até a região de Bicol, Ynaguinid também é conhecida como Nagined, e foi emparelhada com os deuses Makbarubak e Arapayan como a trindade dos deuses do veneno. 

Macanduc era uma divindade popular das tribos Visayan do sul e sudeste de outrora, e acreditava-se que ele era um deus realmente sanguinário, que adorava espalhar carnificina e conflitos nos campos de batalha onde pisava, tomando vidas de pessoas de ambos os lados, sem discriminação. Acredita-se também que ele possuía os líderes da tribo e babaylans antes da guerra, para inspirar as pessoas com coragem e sede de vitória.


Culto 

O historiador William Henry Scott, que documentou a vida dos antigos Visayans no século XVI observou que alguns ritos e rituais eram realizados antes da guerra para acalmar os deuses da guerra. Ele também notou que os antigos Visayans comemoravam a arte da guerra do mar e se sobressaiam nela. Um dos rituais que os Visayans realizavam antes de irem para a guerra no mar era o ritual chamado "pagdaga", onde eles marcavam a proa e a quilha dos barcos dos guerreiros com o sangue de seus inimigos. Ynaguinid e Macanduc também eram venerados pelos ferreiros de armas, que oravam a esses deuses antes de fazer uma arma e também após o término da mesma.

Os antigos Visayans também mantinham ídolos dessas divindades da guerra guardados nas casas dos chefes da tribo e dos babaylans, e eles os traziam para fora durante festividades como o início e o fim de uma guerra, para celebrar os guerreiros e os vencedores dessas batalhas.

A Chegada dos Espanhóis e do Cristianismo

Quando os espanhóis chegaram ao arquipélago das Visayas, os guerreiros Visayan lutaram bravamente contra esses invasores, acreditando que eram abençoados pelos poderosos Ynaguinid e Macanduc em seus esforços para proteger suas terras e aldeias. Embora a maioria dessas tribos tenham sido bem sucedidas em expulsar os espanhóis num primeiro momento, eles logo descobriram que eles só haviam recuado temporariamente. Os espanhóis retornaram com mais força e atacaram fortemente os Visayans, reivindicando a vitória no final. Os espanhóis não perderam tempo em colonizar as ilhas Visayan, e converter os nativos ao cristianismo. Eles também ordenaram que os ídolos de deuses da natureza e tudo o que lembrasse os nativos da sua antiga religião fosse destruído e queimado, incluindo ídolos de Ynaguinid e Macanduc, levando-os a serem esquecidos ao longo do tempo. Hoje em dia, as poderosas divindades de guerra Ynaguinid e Macanduc, e também as histórias de bravura dos antigos guerreiros Visayan permanecem na memória das poucas tribos Visayan sobreviventes, passado de geração em geração através da tradição oral.


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