2 de novembro de 2016

Ikiryō

۞ ADM Sleipnir
Ikiryō (em japonês 生霊, literalmente “fantasma vivo”) é o espírito de uma pessoa viva que assombra outras pessoas ou lugares, mesmo que estes se encontrem a grandes distâncias do "dono" do espírito. Eles são exatamente iguais à pessoa da qual eles saem, assumindo por vezes, uma forma fantasmagórica mais translúcida. Segundo a crença popular, se alguém tiver um grande rancor por outra pessoa uma parte ou a totalidade da sua alma pode, temporariamente, deixar o seu corpo e aparecer perante o alvo do seu ódio, para lhe rogar uma maldição ou prejudicá-lo.

Existem muitas formas de um ikiryō aparecer: durante uma experiência de “quase morte”, desmaios, paixão ou desejo intensos, ódio forte, ou mesmo como parte de uma maldição. Ikiryō aparecem mais comummente devido a alguma emoção ou trauma intensos, e o proprietário da alma raramente sabe da existência do ikiryō, o que leva a situações complicadas e mal entendidos.


Segundo a antiga superstição, pouco antes da morte a alma deixa o corpo e é capaz de andar por aí, a fazer barulhos estranhos e outras coisas fora do corpo. Isto era especialmente comum durante a guerra, e o ikiryō de soldados, mesmo que estes estivessem em terras distantes, aparecia para os seus amigos e entes queridos momentos antes ou imediatamente após a sua morte, nos seus uniformes de guerra, para dizer um último adeus. Assim, as almas dos que estão prestes a morrer e dos recém-falecidos também são vistas muitas vezes a visitar templos próximos e orando por alguns dias após suas mortes.

A forma mais comum de ikiryō é aquele que nasce de raiva e vingança. Assim como os fantasmas dos mortos podem ir atrás das pessoas que lhes tenham feito algo de mal, também o ikiryō pode, amaldiçoar os outros. Estas, são também manifestações geralmente inconscientes porém, existem exemplos famosos de manifestações conscientes de maldições de um ikiryō. Ushi No Koku Mairi ("A peregrinação da hora do boi") e Ichijama (de Okinawa) são maldições cerimoniais em que uma pessoa, conscientemente, envia a sua alma para ferir ou matar os seus inimigos. Claro, esse tipo de magia negra, tem consequências desastrosas tanto para quem executa a maldição como para o seu alvo.

Durante o período Heian, ikiryō era um tema popular das histórias sendo, muitas vezes, associados a intensos sentimentos de amor. Quando uma pessoa (geralmente uma mulher) sentia um amor ou paixão muito intensos, o seu espírito separava-se do seu corpo e assombrava o “objeto” da sua afeição, sussurrando-lhe palavras doces ao seu ouvido. Dependendo da intensidade dos seus sentimentos, o ikiryō podia, até mesmo, mover o seu amado.


Durante o período Edo, ikiryō foram considerados um sintoma de certas doenças, como rikonbyō (síndrome da alma individual) e Kage no Yamai (doença sombra). Estas doenças eram os termos do período Edo para o sonambulismo e experiências “fora do corpo”. Para os portadores dessas doenças, dizia-se que a sua alma poderia afastar-se do corpo durante a noite, levando consigo a consciência da pessoa. Assim, a pessoa poderia ter falsas memórias de coisas que ela não fez, ou ser acusado de coisas que ele não se lembra. Algumas pessoas até conseguem encontrar-se consigo mesmos, como se tivessem um sósia.

As superstições sobre os ikiryō persistiram até aos tempos modernos. No entanto, a idéia da alma deixar o corpo e experimentar coisas durante experiências fora do corpo continua sendo um fenômeno inexplicável.


fontes:


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2 comentários:

  1. Essa história me lembra dos espíritos em Dark Souls apesar de não seren tão parecidos

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  2. É basicamente a ideia da projeção astral, como se conhece aqui no Ocidente. A alma sai do corpo e perambula enquanto o seu dono não desperta.

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