19 de agosto de 2022

Mazu

۞ ADM Sleipnir


Mazu (chinês 媽祖, "Mãe Ancestral"; também conhecida como Ma-tsu) é uma popular deusa padroeira dos mares pertencente à mitologia chinesa e também presente nas crenças taoístas e budistas. Intimamente associada à deusa da misericórdia, Guanyin, Mazu é também a deusa padroeira dos marinheiros, pescadores e viajantes. Ela é especialmente popular nas comunidades costeiras do sul da China, em lugares como Fujian e Macau e em comunidades chinesas no exterior. Não é incomum ver templos ou santuários dedicados à Mazu a cada poucos quilômetros ao longo das estradas costeiras chinesas.

Iconografia 

Nas artes, Mazu é frequentemente retratada usando vestes vermelhas brilhantes com joias brilhantes que a ajudam a ser mais facilmente vista pelos viajantes no mar. Mazu é frequentemente retratada segurando uma tábua cerimonial que simboliza seu conhecimento espiritual e usando um cocar imperial que representa sua natureza divina.  Às vezes é ilustrada ao lado ou entre dois demônios: Qianliyan (千里眼, "Olhos que podem ver mil milhas"), de coloração verde e com dois chifres, e Shunfeng'er (順風耳, "Ouvidos que podem ouvir o vento"), de coloração vermelha e somente um chifre.


Mitologia

Origem humana

Ao contrário de muitas figuras mitológicas chinesas, acredita-se que Mazu tenha sido uma mulher real chamada Lin Mo (林默, Lín Mò), nascida por volta de 960 d.C. em uma família pobre de pescadores que viveu na costa de Fujian, na ilha Meizhou. O sobrenome de sua mãe era Wáng (王), seu pai se chamava Lín Yuàn (林愿),  e ela era a filha mais nova da família, possuindo quatro irmãos mais velhos.

Diz a lenda que quando nasceu, Lin Mo não chorou nem derramou uma única lágrima. Ela nunca ganharia a habilidade de falar mesmo quando envelhecesse, por isso foi apelidada de “Mò Niáng (默娘)” ou “Garota Silenciosa”. Embora muda, Lin Mo foi abençoada com vários dons incríveis, sendo capaz de prever o tempo com precisão, e também o futuro. Ela também desenvolveu um fascínio pela medicina e se tornou uma curandeira em sua cidade natal. Em seu tempo livre, ela se dedicou completamente à deusa da compaixão, Guanyin, e jurou, como seu ídolo, nunca se casar.


Tornando-se uma deusa

Um dia, enquanto seu pai e quatro irmãos pescavam na costa da Ilha Meizhou, nuvens escuras e ameaçadoras de repente bloquearam o sol e ventos fortes começaram a soprar na costa, formando um furação. O barco de seu pai e irmãos acabou balançado pelas enormes ondas da tempestade e virou.

Ao mesmo tempo, enquanto ela estava tecendo em seu tear, Lin Mo caiu em um transe profundo. Em sua forma espiritual pura, ela se projetou no barco de seu pai e irmãos, e vendo o que havia acontecido, conseguiu fazer com que seus irmãos chegassem em segurança à terra firme. Sua mãe não percebeu o que a jovem estava tentando fazer e acordou Lin Mo antes que ela pudesse salvar seu pai (em algumas versões de seu mito, ela conseguiu salvar seu pai e três de seus irmãos, exceto o mais velho).

Sofrendo por não ter conseguido salvar o pai, Lin Mo subiu ao topo de um alto penhasco e se jogou no mar. Antes de atingir a água, seu corpo se transformou em um puro raio de luz celestial e ascendeu ao céu, onde se tornou a deusa Mazu. Quando o resto de sua luz desapareceu entre as nuvens, um arco-íris brilhante apareceu no céu, sinalizando o fim da tempestade.

Qianliyan e Shunfeng'er

Qianliyan e Shunfeng'er são dois demônios ditos serem os guardas de Mazu, estando constantemente ao seu lado. Antes de se tornarem seus protetores, tanto Qianliyan quanto Shunfenger pediram a mão de Mazu em casamento, e ela concordou, mas apenas sob a condição de que eles a derrotassem em combate. Durante a batalha que se seguiu, Mazu facilmente subjugou os dois demônios com suas habilidades superiores em artes marciais e com a ajuda de um lenço de seda mágico que soprou areia em seus olhos, cegando-os. Em vez de se casar com Mazu, Qianliyan e Shunfenger juraram servir como seus guardiões e nunca deixarem o seu lado.


Outros nomes

No taoísmo, Mazu é conhecida como Tian Shang Sheng Mu (天上聖母, “deusa celestial”). Nas regiões do sul da China, Mazu é coloquialmente chamada de Ā-mā (阿媽), que pode significar “avó” ou “mãe”. Ela tem possui ainda outros títulos formais, como Línghuì Fūrén (靈惠夫人, "Senhora da Luz e Bondade") ou Tiānhòu (天后, "Imperatriz do Céu").

Dizem que ao chamar Mazu em momentos de necessidade urgente, é melhor tratá-la por um de seus nomes mais casuais. Se ela for chamada por um de seus títulos formais, ela perderá um tempo precioso se preparando e se vestindo com seus trajes imperiais antes de ajudar a pessoa que lhe pediu ajuda.

Cultura Popular

Mazu tem sido uma figura religiosa muito popular nas comunidades costeiras chinesas desde a dinastia Song. Antes de tufões, marinheiros alegavam ter visto as vestes vermelhas brilhantes de Mazu na água, sinalizando a chegada da tempestade iminente. Diz-se que Mazu aparece como puro raio de luz para os marinheiros em necessidade, embora alguns afirmem ter visto a própria deusa andando em uma carruagem de nuvens para salvá-los. Em 2009, a UNESCO adicionou a crença e costumes de Mazu à sua Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Embora seu mito tenha se originado na província de Fujian, a história de Mazu se espalhou rapidamente por todos os territórios falantes da língua chinesa e até mesmo para países estrangeiros, como Vietnã e Japão. Durante os séculos XIX e XX, a história de Mazu se espalhou para o Ocidente quando os imigrantes chineses deixaram seus lares ancestrais e foram transferidos para solo estrangeiro. Uma vez que eles se estabeleciam em suas novas casas, eles frequentemente erigiam templos dedicados a Mazu para agradecê-la por sua viagem segura – um sentimento que levaria à construção de templos como o Templo Thien Hau, localizado na Chinatown em Los Angeles. Seu feriado é comemorado no dia 23 do terceiro mês lunar.

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