28 de junho de 2023

O Baile dos Mortos

۞ ADM Sleipnir

Arte de Rodrigo Viany (Sleipnir)

O Baile dos Mortos é uma lenda oriunda do sul do Brasil, e que fala sobre um baile fantasmagórico, cujos participantes são almas de pessoas que morreram há muito tempo, vítimas de uma grande confusão. Existem ao menos duas versões da lenda, uma contada na cidade de Arapoti, no Paraná e outra em Piratini, no Rio Grande do Sul. 

Baile dos Mortos (Arapoti)

Certa noite, um vaqueiro passava próximo à Fazenda Esperança, quando ouviu sons de música ao longe. Apurando o trote de seu cavalo, o vaqueiro queria saber onde havia um baile e quanto mais rápido cavalgava, mais nítido era o som da música. Cavalgando por mais de uma hora pela mata, não encontrando casa alguma, muito menos um baile, chegou até um pequeno rancho onde morava um velho senhor. 

Após ser acolhido e alimentado, o vaqueiro perguntou ao seu hospedeiro se não havia algum baile por ali. Como resposta, o ancião falou que há muitos anos existia ali uma fazenda; nesta a cada noite de passagem de ano havia um grande baile de gala, reunindo toda a vizinhança e até pessoas de outras localidades. Em um desses bailes, houve uma grande briga, onde acabaram morrendo muitos dos que ali se encontravam. Daquele dia em diante, toda noite de passagem de ano ouve-se a música e gritos de socorro. 


Baile dos Mortos (Piratini)

Contam os mais velhos que na região do terceiro subdistrito de Piratini (Paredão), em uma época onde havia muitos viajantes e andarilhos nesta região, um desses vendedores que andam pelo mundo fazendo entregas em pequenos bares ou botecos vinha montando seu cavalo baio em uma noite de vento tímido em princípios de dezembro. Ele assobiava uma milonga e, já cansado, viu de longe uma luz pequena alcançar seus olhos e resolveu segui-la. Passou, então, a ouvir uma cantoria e o violão sendo bem dedilhado por uma mão certamente ligeira.

O vendedor apeou do cavalo, entrou em um galpão velho, viu o local cheio de gente e sentiu um cheiro delicioso de pastel caseiro que lhe trouxe um apetite macanudo. Chegou, pediu licença, e já foi logo abraçado por um negro de calças curtas que gritou no meio do salão:

- Toca uma polca Damásio, que chegou visita para alegrar o baile. E tu, amigo, não te envergonhas. Convida as moças para dançar e te serve de pastel e cachaça à vontade.

O homem ficou agradecido, olhou para o canto, viu uma moça de longos cabelos negros e rosto de boneca. Os dois dançaram uma ou duas marcas. Depois, ele pediu um café para acompanhar o pastel, trocou um dedo de prosa com uma gurizada, falaram sobre caçadas e carreiras. Passou a noite se divertindo e fazendo novas e valorosas amizades. Mas, o tempo passou depressa, o galo cantou e o rapaz viajante saiu até a rua para fumar um palheiro, dar água para o cavalo e pensou alto:

- Mas que sorte a minha encontrar tantas pessoas faceiras, receptivas, e aquela moça, prenda formosa e educada. Vou voltar lá.

Arrancou uma florzinha miúda da beira da estrada e seguiu para o galpão. O sol já adentrava no céu, mas, quando chegou lá, não havia galpão nenhum, como dizem, ''nem rastro''. Não havia nada no lugar!

O rapaz, assombrado, abriu um velho portãozinho, que fez um barulho de arrepiar até a alma do vivente, deu uns passos apressados e avistou túmulos e um matagal tomando conta das sepulturas. Começou a olhar, um a um, e a reconhecer aqueles com quem havia estado no tal baile, inclusive a moça bonita por quem teve um cambicho. Ela estava pálida no retrato antigo da lápide, com o mesmo vestido de cor azulada que usava na festa! O homem ficou desesperado, depressa montou a cavalo e saiu desatinado estrada afora.  Quando chegou na casa dos seus tios, mal conseguia falar. Os tios, então, tranquilizaram o rapaz, dizendo-lhe que outras pessoas por ali também estiveram no tal “Baile dos Mortos”, mas, ninguém explicava porque isso acontecia.

fontes:



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2 comentários:

  1. Gostaria de ler um post sobre caçadores do sobrenatural "Reais". Lendas e histórias com mais embasamento sobre pessoas do passado que seguiram essa direção

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  2. Poderia trazer mais lendas do rio grande do sul por favor

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