7 de junho de 2023

O Monstro da Lagoa do Cemitério

۞ ADM Sleipnir

Arte de Rodrigo Viany (Sleipnir)

O Monstro da Lagoa do Cemitério é uma assombração pertencente ao folclore do município de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. Envolta de lodo e sujeira, dizem que ela costumava aparecer na calada da noite, perambulando pela antiga Lagoa Bento Gonçalves em meio a neblina. Tal lagoa foi apelidada pela população de Lagoa do Cemitério, e na década de 40 foi drenada para dar lugar ao bairro Schettert.

Dizem que o monstro é a alma penada de um bebê que foi afogado pela própria mãe na lagoa (hoje extinta), embora também existam histórias afirmando que o mesmo foi visto emergindo da lagoa carregando o bebê no colo. Moradores da região costumavam ouvir gritos, lamentos e choros desesperadores ressoando pelo lago, oriundos da pobre alma.

Um Romeu e Julieta Brasileiro

Segundo o folclore, havia na cidade um casal apaixonado, cujo namoro foi proibido pela família da moça. Enquanto ela era uma moça rica, bem instruída, de distinta família, o rapaz era pobre e miserável. A proibição, porém, não impediu que a moça acabasse engravidando. Tão logo a criança indesejável nasceu, alguns dizem que a própria mãe a levou até a lagoa e a afogou, enquanto outros dizem que foi o avô da criança, que não aceitava um neto com sangue de pobre. 

O tempo passou, e histórias transmitidas de boca a boca acabaram transformando o ocorrido em lenda. Diziam os mais antigos, que, em algumas noites, podia-se ouvir o choro da criança na lagoa e, outros, juravam de pés juntos que havia um monstro no lago, que aparecia com uma criança no colo. Dizem que um padre foi chamado para ir até o local, e o mesmo batizou a criança morta, libertando sua alma e fazendo o choro cessar. Porém, o ato não foi visto com bons olhos pela família, e nem mesmo pelos cidadãos da cidade, que consideraram o ato como uma espécie de bruxaria.

O padre acabou sendo preso pouco depois do feito. Na mesma noite, o choro alto voltou a ser ouvido. O delegado da cidade chegou a cogitar soltar o padre para que ele resolvesse o problema, mas quando foi até sua cela, estava vazia, havendo apenas vestígios de lama no local. Dizem que o próprio monstro do lago libertou o homem, e daquele dia em diante, nenhum dos dois jamais foram avistados novamente. Entretanto, dizem que antes de deixar Cruz Alta, o padre teria lançado uma praga na cidade, sentenciando que todos aqueles que nascessem lá só seriam prósperos se deixassem a cidade.

Arte de Henrique Hubner

fontes: 



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