۞ ADM Sleipnir
Arte de Moyi Zhang |
Um poema diz o seguinte:
"A força é incapaz de destruir pensamentos intangíveis. Por que então se desgastar tentando usá-la? A única forma de vencer é exercitando a mente diante de Buda. Não são a iluminação e a ilusão, afinal, duas faces da mesma moeda? O iluminado alcança a perfeição num instante, enquanto aquele que permanece na escuridão está condenado a vagar por dez mil kalpas. Aquele que não consegue alinhar seus pensamentos à Verdade comete um pecado tão vasto quanto as areias do Ganges."
Voltemos a falar sobre Bajie e o Monge Sha, que embora tivessem enfrentado o monstro por mais de trinta assaltos, o combate permanecia tão incerto quanto no início. A força do monstro era indescritível, e, se não fosse porque hora do monge Tang ainda não havia chegado, ele teria acabado com os dois num piscar de olhos. Na verdade, nem mesmo vinte monges seriam suficientes para enfrentá-lo. Se Zhu Bajie e o Monge Sha conseguiram manter-se firmes em seu combate, foi graças à ajuda secreta dos Seis Deuses da Luz e das Trevas, dos Guardiões dos Cinco Pontos Cardeais, dos Quatro Sentinelas e dos Dezoito Espíritos Protetores dos Monastérios.
Enquanto o combate alcançava o auge da violência e da ferocidade, o monge Tang chorava amargamente na caverna, ao lembrar-se de seus discípulos. As lágrimas corriam livremente por suas bochechas, e ele dizia, tomado por uma grande aflição:
— Em que aldeia você se deparou com um amigo da Verdade, Wuneng, que se empenhou em encher sua sacola de comida? E você, Wujing, onde foi procurá-lo, que ainda não o encontrou? Não sabem que fui vítima das armadilhas de um demônio e agora estou penando neste lugar horrível? Quando os verei novamente? Quando poderei escapar deste tormento para continuar minha jornada até a Montanha do Espírito?
Enquanto lamentava-se de forma tão comovente, viu uma mulher sair do interior da caverna e se aproximar do local onde ele estava amarrado, perguntando:
— De onde você é, e por que foi amarrado aqui?
— Não é necessário me perguntar mais nada, Bodhisattva — respondeu ele, profundamente entristecido. — Assim que entrei por esta porta, o destino determinou que nunca mais sairia. Se deseja me devorar, vá em frente. Por que se incomodar em me interrogar?
— Fui enviado ao Paraíso Ocidental em busca das escrituras sagradas — respondeu o monge Tang. — Ao cruzar estas montanhas, resolvi explorar a região e acabei sendo capturado e aprisionado aqui. Se ainda não fui devorado, é porque o monstro decidiu capturar também meus discípulos para nos cozinhar todos juntos no vapor.
— Não se preocupe com seu destino — aconselhou a princesa, sorrindo. Como você é um buscador das escrituras, farei o possível para ajudá-lo a escapar. O Reino do Elefante Sagrado não está longe daqui e, além disso, está no seu caminho. Só peço uma coisa em troca: que entregue uma carta aos meus pais. Embora meu marido seja uma besta, ele realmente me ama e permitirá que você vá embora, se eu pedir.
— Nesse caso — concluiu o monge Tang —, ficarei feliz em ser seu mensageiro. Qualquer pagamento é pequeno diante de salvar minha vida.
A princesa correu de volta aos seus aposentos e escreveu rapidamente uma carta, que selou com suas próprias mãos. Em seguida, voltou ao poste de execuções e a entregou ao monge Tang, antes de desamarrá-lo. Assim que o mestre se viu livre, curvou-se diante da mulher e disse:
— Obrigado por salvar minha vida, senhora. Assim que chegar ao seu reino, pode ter certeza de que entregarei esta carta ao governante. Temo, no entanto, que, depois de uma separação tão longa, seus pais já tenham se esquecido de você. O que farei se isso acontecer? Não quero ser visto como um mentiroso.
— Isso não acontecerá — afirmou a princesa. — Meus pais não têm nenhum filho homem, e estou certa de que, assim que virem a carta, lembrarão de mim e lhes darão tudo o que precisarem.
Sanzang dobrou a carta e a guardou na manga. Agradeceu novamente à princesa e se dirigiu resoluto em direção à porta.
— Não saia por aí — avisou a princesa, preocupada. — Os monstros e demônios que vivem aqui estão do lado de fora, apoiando o Grande Rei com tambores, bandeiras e gongos. Seus discípulos o desafiaram para um duelo e estão lutando bravamente contra ele. É melhor você usar a porta dos fundos. De qualquer forma, acho que seria prudente esperar um pouco, pois, se meu marido o encontrar, ele pode apenas interrogá-lo de novo. Mas, se os demônios menores o pegarem, acabarão com você em um piscar de olhos, sem nem perguntar quem o libertou. O mais sensato seria que eu saísse primeiro e intercedesse em seu favor diante do Grande Rei. Se ele atender ao meu pedido, seus discípulos o verão como um grande favor e deixarão de lutar.
Ao ouvir essas palavras, Sanzang se ajoelhou e começou a bater a testa no chão. Quando a princesa se afastou, ele saiu pela porta dos fundos, mas não se aventurou muito longe, preferindo se esconder entre os arbustos e esperar para ver o que aconteceria.
A princesa ajustou seu plano enquanto tentava passar pelos monstros reunidos na entrada. Ela só ouvia o som das armas se chocando, mas levantou a cabeça e gritou com toda a força:
— Senhor da Túnica Amarela!
O monstro estava envolvido em uma dura batalha contra Bajie e o Monge Sha, mas assim que ouviu os gritos da princesa, abandonou os adversários e desceu rapidamente da nuvem. Ainda segurando a cimitarra em uma mão, ele agarrou a princesa com a outra e perguntou:
— O que você quer?
— Há pouco, enquanto eu dormia em meu leito de seda, vi em sonho um deus com uma armadura de ouro — respondeu a princesa.
— O que queria esse deus da armadura de ouro? — perguntou o monstro novamente.
— Quando eu era jovem e ainda vivia no palácio — disse a princesa —, prometi aos deuses que, se encontrasse um bom marido, subiria às montanhas sagradas, visitaria as moradas dos imortais e alimentaria todos os monges que encontrasse ao longo de meus dias. Tenho que admitir que encontrei tanta felicidade ao seu lado que me esqueci completamente dessa promessa. Se não fosse por esse deus que veio me lembrar em meus sonhos, eu nunca a teria cumprido. Ele parecia tão severo e gritava tanto por causa do meu esquecimento que acabou me acordando. Embora soubesse que era apenas um sonho, fiquei tão perturbada que decidi vir imediatamente contar a você. No caminho, encontrei um monge amarrado ao poste de execuções, o que aumentou ainda mais o meu sobressalto. Peço que seja misericordioso com ele e o deixe partir. Faça isso por mim, eu lhe imploro, pois é difícil alimentar monges quando você se alimenta deles. Lembre-se da promessa que fiz, senhor!
— Você se assusta por tão pouco! — exclamou o monstro, mais tranquilo. — Pensei que fosse algo mais sério. Está bem, vou deixá-lo ir. Pensando bem, esse monge não tem nada de especial. Quando eu quiser comer homens, posso encontrar outros em qualquer lugar.
— É melhor que ele saia pela porta dos fundos — sugeriu a princesa.
— Que vá embora de uma vez — respondeu o monstro. — Tanto faz se pela porta da frente ou pelos fundos.
Ele então agarrou a cimitarra com ambas as mãos e gritou:
— Ei, Zhu Bajie, desça aqui por um momento! Embora eu não tenha o menor medo de você, não vou continuar lutando. Além disso, acabei de libertar seu mestre, porque minha esposa pediu. Então, se quer vê-lo, vá até a porta dos fundos e siga tranquilamente sua jornada para o Oeste. Mas lembre-se, se passar pelos meus domínios de novo, não pouparei sua vida!
Ao ouvirem isso, Bajie e o Monge Sha sentiram tal alívio que por um momento parecia que haviam escapado das portas do inferno. Eles rapidamente pegaram a bagagem e o cavalo e correram como ratos para os fundos da Caverna da Corrente Lunar. Quando chegaram lá, gritaram com todas as suas forças:
— Mestre! Onde você está?
O monge Tang os reconheceu de imediato e respondeu, aliviado, de seu esconderijo entre as moitas. O Monge Sha foi o primeiro a vê-lo e, segurando sua mão, o ajudou a chegar até o cavalo. Foi por pouco que, estando prestes a se tornar comida do monstro de rosto azulado, ele encontrou a doce e piedosa Mais Bela Que Uma Flor. Sanzang se sentia como um salmão que havia escapado do brilho enganoso de um anzol de ouro: agitando-se na água, ele nadava feliz na direção que as ondas indicavam.
Bajie seguia à frente, enquanto o Monge Sha fechava a marcha, carregando a bagagem nas costas. Não demorou para que saíssem da floresta e encontrassem o caminho principal. No entanto, em vez de se alegrarem, começaram a discutir, culpando um ao outro pelo que havia acontecido. A discussão chegou a tal ponto que Sanzang teve que usar toda sua autoridade para acalmá-los. Ao cair da tarde, procuraram um lugar para passar a noite, mas o canto do galo os encontrou sob o céu aberto.
Isso se repetiu dia após dia, e assim percorreram cerca de trezentos quilômetros. Um dia, levantaram a vista e, finalmente, viram à distância uma bela cidade. Não havia dúvida de que era o Reino do Elefante Sagrado. O longo caminho havia valido a pena, pois sua beleza era verdadeiramente incomparável, e poucas terras conheciam a prosperidade de que ela desfrutava.
Como se fosse a morada de imortais, estava envolta em uma névoa multicolorida, competindo em luminosidade com a própria lua. Ao longe, via-se uma faixa de montanhas verdes, estendendo-se como uma pintura interminável. Pressentia-se a presença de um riacho de águas serenas, cuja espuma certamente lembrava o jade branco. O campo estava coberto de plantações, unidas por uma densa rede de caminhos e trilhas. O arroz estava maduro e abundante. Mas aquela não era uma terra habitada apenas por camponeses. Em algumas casas, redes de pesca eram estendidas ao sol para secar, enquanto em outras, grandes montes de lenha eram empilhados pelas mãos experientes de um lenhador. Tanta riqueza era protegida por altos muros, fazendo com que todos os lares competissem em felicidade e tranquilidade. Ao longo desses muros, erguiam-se nove torres tão majestosas que pareciam ser a antecâmara de palácios. Suas telhas de porcelana, como preciosas tesselas, reluziam como faróis. No interior, erguia-se o Grande Salão Supremo, o Salão do Brilho Ofuscante, o Salão do Incenso, o Salão de Revisão dos Textos, o Salão das Decisões de Governo e o Grande Salão dos Sábios. Todos esses edifícios estavam alinhados em uma sequência perfeita, com portas de jade e escadarias de ouro, por onde um enxame de funcionários civis e militares circulava incessantemente. Apesar de sua inegável grandiosidade, nada se comparava ao Grande Palácio Iluminado, ao Palácio do Sol Resplandecente, ao Palácio do Prazer Eterno, ao Palácio da Clareza Imarcescível, ao Palácio da Memória Eterna e ao Palácio do Final Inalcançável. Dessas construções emanava uma sinfonia de lamentos femininos e saudades da primavera, acompanhados pelo som vibrante de carrilhões, tambores, gaitas e flautas. Mas sua beleza triste e melancólica era superada apenas pelo jardim que se descortinava ao final desses serenos e impressionantes palácios. Ali, mais do que enxergar, sentia-se a presença de rostos frescos como flores cobertas de orvalho e silhuetas graciosas como ramos de salgueiro dançando ao vento. Toda essa doçura e encanto eram reservados para uma figura de suprema importância, alguém que se vestia com magnificência e montava uma carruagem puxada por cinco cavalos. Tamanha era sua posição que sempre estava cercado por arqueiros tão habilidosos que podiam lançar dardos através da névoa e recuperá-los com os corpos de falcões abatidos (1). Aquele esplêndido jardim estava repleto de canteiros, salgueiros e pavilhões, onde a música não parava de tocar e a brisa trazia lembranças da Ponte de Luoyang. A sugestão era tão forte que o buscador de escrituras não pôde deixar de evocar a corte dos Tang, e a saudade lhe rasgou o coração. O mesmo aconteceu com seus discípulos, que logo se entregaram aos seus próprios devaneios. Irremediavelmente, a vista do Reino do Elefante Sagrado os transportava para outro lugar mais familiar.
Aos poucos, no entanto, foram recuperando-se e chegaram a uma casa de hospedagem, onde descansaram um pouco. O monge Tang dirigiu-se depois a uma porta do palácio real e disse ao oficial que a guardava:
– Informe ao seu senhor que acaba de chegar um monge da dinastia Tang e solicita ser recebido em audiência, para obter sua generosa permissão para cruzar suas terras.
O Guardião do Portão Amarelo correu ao palácio e, prostrando-se respeitosamente diante dos degraus de jade branco, disse:
— Majestade, um monge da corte de Tang está lá fora, solicitando uma audiência para atravessar vossos domínios.
O rei ficou bastante satisfeito com tal anúncio e ordenou:
— Deixe-o entrar imediatamente.
Sanzang aproximou-se dos degraus dourados e saudou com tanto respeito o senhor daquele reino que todos os funcionários, civis e militares ali reunidos, comentaram entre si, impressionados:
— De fato, este homem vem de uma nação de grande nobreza. Basta observar seus modos refinados.
— Posso saber o motivo que vos trouxe ao nosso reino? — perguntou o rei.
— Vosso humilde servo — respondeu Sanzang, inclinando-se levemente — é um monge budista da corte de Tang, que segue rumo ao Oeste em busca das escrituras, por ordem expressa de Sua Majestade Imperial. Fui instruído a solicitar vossa permissão especial para atravessar vossos domínios, e por isso ouso incomodá-lo. Além disso, trago uma carta de meu senhor para vós.
— Se o que você diz é verdade — disse o rei —, gostaria de dar uma olhada.
Sanzang, com as duas mãos, estendeu o documento sem ousar levantar o olhar do chão, colocando-o sobre a mesa real.
O documento dizia o seguinte:
"Escrito pelo Filho do Céu da dinastia Tang, que, com a ajuda dos céus, governa o Grande Império no Continente Austral de Jambudvipa. Conscientes de nossa imperfeição e falta de virtude, declaramo-nos herdeiros de uma tradição imperecível. Servimos aos deuses e governamos os homens, sempre vigilantes como quem caminha à beira de um precipício ou sobre gelo fino. Tempos atrás, falhamos em salvar a vida do Respeitável Dragão do Rio Jing, e por isso fomos punidos pelo Augusto Imperador dos Céus. Nossa alma foi levada à Região das Sombras, mas nossos dias ainda não haviam sido cumpridos, e o Senhor das Trevas, ao qual somos eternamente gratos, permitiu nosso retorno ao mundo dos vivos. Em sinal de gratidão, realizamos uma grande cerimônia pelos mortos, oferecendo inúmeros sacrifícios pelas almas que nos precederam. Foi então que a Bodhisattva Guanshiyin, que resgata a humanidade de suas desgraças, revelou-se em sua verdadeira forma e nos informou que, no Oeste, há escrituras budistas capazes de redimir os mortos e trazer paz aos espíritos perdidos. Por isso, encarregamos Xuanzang, um Mestre da Lei digno e respeitável, de cruzar as montanhas que separam nosso império das terras abençoadas do Oeste em busca dessas escrituras. Esperamos que os senhores das nações por onde ele passar mostrem-se compreensivos com nosso desejo e permitam que ele atravesse livremente seus territórios. Documento emitido em um dia auspicioso do outono, no décimo terceiro ano do período Zhenguan dos Grandes Tang."
— Além disso, há um segundo motivo que me trouxe até aqui — disse Sanzang. — Preciso entregar-lhe uma carta de um parente seu.
— Um parente? — repetiu o rei, surpreso.
— Sim — confirmou o monge. — De sua filha, a terceira princesa, que foi raptada pelo Monstro da Túnica Amarela e atualmente reside na Caverna da Corrente Lunar, na Montanha da Panela.
— Faz treze anos que não a vemos — exclamou o rei, com os olhos cheios de lágrimas. — Por causa de seu desaparecimento, castigamos inúmeros funcionários, tanto civis quanto militares, e condenamos à morte vários eunucos e damas de companhia. No início, pensamos que ela havia se afastado do palácio e não soube como retornar. Loucos de dor por sua ausência, interrogamos todos os habitantes da cidade, mas ninguém soube dizer seu paradeiro. Simplesmente desapareceu sem deixar rastros. Como poderíamos imaginar que um monstro a havia raptado? Perdoe-me, mas ao ouvi-lo falar dela, não pude conter minha emoção, e a tristeza encheu meus olhos de lágrimas.
Emocionado, Sanzang enfiou as mãos na manga e retirou a carta. Ao ver o nome escrito no envelope, o rei começou a tremer e, por mais que tentasse, não conseguiu abri-lo. O Grande Secretário da Academia Han-Lin (2) teve de fazer isso por ele e também ficou encarregado de ler seu conteúdo. Todos os funcionários da corte, tanto civis quanto militares, ouviram a leitura com mal disfarçada emoção, assim como as concubinas e damas do palácio, que se postaram discretamente atrás de artísticos biombos. O Grande Secretário abriu a carta e leu em voz clara:
Mais Bela Que Uma Flor, filha que não tem sido das mais exemplares, se prostra diante de seu pai, o rei, homem de grandes virtudes, no Palácio do Dragão e do Fênix, tocando o chão com a testa mais de cem vezes. Que o Céu proteja seus dias por muito tempo. Inclino-me também diante de minha mãe, senhora dos Três Palácios, no Palácio do Sol Resplandecente, e dos dignos ministros, tanto civis quanto militares, que servem com tanto valor à corte. Desde o momento em que tive a sorte de nascer no palácio de tão nobres pais, só consegui causar-lhes preocupações e tristezas que mal posso descrever. Lamento profundamente não ter contribuído mais para sua felicidade, dedicando-me melhor aos meus deveres de filha. Treze anos atrás, na noite do décimo quinto dia do oitavo mês, meu pai organizou uma grande festa para comemorar o Festival dos Céus Puros. Todos estavam se preparando para apreciar a lua, mas, no auge da celebração, um vento estranho e aromático (3) soprou. Foi então que apareceu um demônio com olhos dourados, pele azulada e cabelos esverdeados, que me raptou. Em uma nuvem luminosa, ele me levou para uma montanha deserta, me proibindo de sair. Usando seus poderes, ele me forçou a aceitar ser sua esposa, e durante todos esses anos vivi nessa vergonha. Tive dois filhos monstruosos com ele, algo que me enche de vergonha ao contar. Escrevo-lhes agora, mesmo sabendo que minha carta traz uma história dolorosa e vergonhosa, pois temo não ter outra chance de lhes contar o que aconteceu comigo. Apesar de toda a tristeza, lembrar de vocês sempre me trouxe algum conforto. Recentemente, soube que o monstro também capturou um monge vindo da nobre dinastia Tang. Por isso, escrevo esta carta com lágrimas nos olhos e pedi ao meu marido demônio que o libertasse. Ele concordou, e o monge se ofereceu para levar esta mensagem. Imploro ao meu querido pai que tenha compaixão e envie seus melhores guerreiros à Caverna da Corrente Lunar, na Montanha da Panela, para derrotar o Monstro da Túnica Amarela e trazer-me de volta à corte, meu verdadeiro lar. Isso seria o maior favor que já recebi. Perdoem-me se esta carta parece desrespeitosa ou mal pensada. Espero poder explicar tudo pessoalmente em breve. Sua filha, Mais Bela Que Uma Flor, se inclina diante de vocês mais uma vez."
— Quem entre vocês está disposto a liderar as tropas para capturar o monstro e libertar a Princesa Mais Bela Que Uma Flor?
Ele repetiu a pergunta várias vezes, mas ninguém ousou responder. Parecia que não havia uma única pessoa em toda a corte com coragem suficiente para empreender uma missão tão arriscada. Todos permaneceram completamente em silêncio, como se fossem generais esculpidos em madeira ou ministros moldados em argila. Desesperado, o rei começou a chorar com uma amargura insuportável. As lágrimas escorriam por suas bochechas como torrentes. Muitos oficiais então se prostraram com o rosto no chão e disseram:
— Deixem de lado essa dor e aceitem que a princesa está perdida há muito tempo. Treze anos são tempo demais para esquecer de uma vez. Embora pareça que sua filha tenha encontrado esse monge da corte dos Tang e usado sua ajuda para enviar uma carta, ainda não sabemos muito sobre a situação atual dela. Além disso, nós, humildes servidores, somos apenas mortais. Passamos a vida estudando táticas militares e manuais, mas nosso conhecimento se limita a proteger as fronteiras de ataques humanos. Esse monstro, no entanto, é diferente; ele usa a névoa para se esconder e viaja em uma nuvem. Como poderemos capturá-lo e libertar a princesa se ele nunca aparece e é mais astuto e poderoso que nós? Além disso, acreditamos que esse Peregrino das Terras do Leste seja um monge santo, vindo de uma nação muito nobre. Ele deve ter o poder de dominar tigres e dragões, afastar espíritos e demônios. Sem dúvida, ele deve saber como capturar monstros. E como diz o ditado: "Quem traz uma notícia, também tem a responsabilidade sobre ela". Então, que ele mesmo se encarregue de derrotar o monstro e salvar a princesa. Não acham que essa é a melhor solução?
Ao ouvir isso, o rei se voltou imediatamente para Sanzang e disse:
— Se você realmente sabe como usar a energia do seu dharma para capturar o monstro e trazer minha filha de volta, não precisará continuar sua jornada para as Terras do Oeste. Poderá deixar o cabelo crescer de novo, e eu farei um pacto de irmandade contigo. Todas as minhas riquezas serão suas, incluindo este palácio e o trono do dragão, de onde governo. Qual é a sua resposta?
— Grande senhor — apressou-se a dizer Sanzang —, eu mal sei recitar os nomes de Buda. Como poderia eu dominar monstros?
— Se não fosse capaz de fazê-lo — retrucou o rei —, não teria ousado iniciar uma jornada tão longa com o único propósito de buscar as escrituras de Buda.
Sanzang não pôde mais esconder a verdade e teve de mencionar seus dois discípulos, dizendo:
— Você tem razão. Para mim, sozinho, seria uma tarefa completamente impossível. Mas trouxe comigo dois discípulos tão capazes que nem as montanhas mais altas nem os rios mais abundantes são obstáculos para sua astúcia. Se não fosse por sua ajuda, eu jamais teria chegado até aqui.
— Como pode ser tão descuidado? — exclamou o rei, repreendendo-o. — Se você realmente tem dois discípulos, por que não os trouxe para que eu pudesse conhecê-los? Mesmo que não os recompensasse, pelo menos lhes teria oferecido algo para comer!
— Meus discípulos, senhor — explicou Sanzang —, possuem uma aparência um tanto desajeitada, e eles próprios não ousaram entrar em vosso palácio sem permissão, temendo que pudessem assustá-lo.
— Ouviram como este monge fala? — perguntou o rei, soltando uma gargalhada. — Acha mesmo que eu me assustaria com eles?
— Quem sabe? — respondeu Sanzang. — O mais velho deles se chama Zhu e tem dois nomes: Wuneng e Bajie. Ele não poderia ser mais feio. Tem um focinho bem longo, dentes afiados como presas, cerdas no pescoço que parecem de aço, e orelhas enormes como leques. Além disso, é tão rude e desajeitado que, quando caminha, levanta ventos fortes. Já o meu segundo discípulo se chama Sha Wujing, mas costumamos chamá-lo de Monge Sha. Ele tem quase quatro metros de altura, ombros largos, um rosto azulado, uma boca parecida com uma bacia de açougueiro, olhos que brilham como fogo, e dentes que lembram pregos. Com uma aparência dessas, como poderiam se apresentar diante de Vossa Majestade sem serem convidados?
— Já que nos ofereceu uma descrição tão precisa deles — concluiu o rei —, acho que estamos preparados para conhecê-los. Chamem-os imediatamente.
A ordem foi escrita em uma placa dourada, que foi imediatamente enviada à casa de correios. Assim que Bajie a viu, comentou com Monge Sha:
— Você havia dito que, apesar de tudo, talvez não fosse uma boa ideia entregar a carta da princesa. Parece que você estava enganado. O mais provável é que, depois de cumprir sua missão, nosso mestre tenha sido convidado para um grande banquete pelo rei e, sem conseguir comer tudo sozinho, tenha falado de nós para a majestade. Daí termos recebido esta placa de ouro. Vamos logo. Uma boa refeição não se deve fazer esperar. Com o estômago cheio, continuaremos nossa jornada amanhã mesmo.
— Não devemos nos apressar — aconselhou o Monge Sha. — Pensando bem, ainda não sabemos o motivo dessa convocação. Mesmo assim, não temos escolha senão ir ver o que é.
Eles pediram ao estalajadeiro para cuidar do cavalo e da bagagem, pegaram suas armas e foram para o palácio real. Quando chegaram aos degraus de jade branco, fizeram uma leve reverência e ficaram parados em silêncio. Isso irritou todos os funcionários, civis e militares, que começaram a cochichar entre si, indignados:
— Quem esses monges acham que são? Além de feios, não têm noção de etiqueta. Como é que, ao se apresentarem diante de nosso rei, não se ajoelharam no chão? É um absurdo que tenham apenas se inclinado! Nunca se viu algo tão vergonhoso!
Para piorar, Bajie ouviu as reclamações e exclamou:
— Não sei por que tanto cochicho. Nós somos assim e ponto final. À primeira vista, parecemos um pouco feios, mas, quando se acostumarem, vão perceber que nossos modos são bastante refinados.
O rei ficou muito abalado, especialmente depois de ouvir o que Bajie havia acabado de dizer. Ele tremia tanto que quase caiu do trono de dragão. Felizmente, dois de seus subordinados o seguraram a tempo, mantendo-o firme no lugar. Entendendo a gravidade da situação, o monge Tang se jogou ao chão e, enquanto batia a cabeça no piso, suplicou:
— Sou digno de dez mil castigos! Já havia avisado que meus discípulos eram tão feios que não deviam, de jeito nenhum, entrar no palácio. Por minha culpa, vosso corpo de dragão começou a tremer e toda a corte foi tomada pelo pânico.
Ainda tremendo, o rei se aproximou de onde Sanzang estava prostrado e, ajudando-o a se levantar, disse:
— Agradeço por ter me avisado. Se não o tivesse feito, certamente eu teria morrido de susto.
Parecendo dominar o nervosismo que o afligia, o rei se voltou para Bajie e o Monge Sha, e perguntou:
— Qual de vocês é especializado em capturar monstros?
— Eu sou o Marechal dos Juncos Celestiais — respondeu Bajie, orgulhoso. — Certa vez desobedeci às ordens do Senhor do Céu, e por isso fui exilado para esta região de sombras, onde tive a imensa fortuna de aceitar a verdade e me tornar um monge. Não é de se estranhar, portanto, que ao longo desta jornada eu tenha derrotado todo tipo de monstros.
— Já que você é um guerreiro celestial vivendo agora na Terra — comentou o rei —, deve dominar perfeitamente as técnicas de transformação mágica, correto?
— Não é por querer me gabar — respondeu Bajie —, mas o que disse é verdade. Conheço, de fato, alguns truques.
— Por que não se transforma em algo para que eu possa ver? — sugeriu o rei.
— Escolha o que desejar — respondeu Bajie.
— Nesse caso — disse o rei, satisfeito —, transforme-se em algo realmente grande.
Bajie conhecia trinta e seis formas de metamorfose, então não lhe foi difícil satisfazer seu anfitrião. Ele se colocou em frente aos degraus, fez um gesto mágico com os dedos e, após recitar o feitiço apropriado, gritou:
— Cresça!
Seu peito se expandiu de forma inacreditável e, num piscar de olhos, ele alcançou uma altura de quase trinta metros, parecendo um deus encarregado de vigiar o horizonte. Ao ver tal prodígio, as duas filas de funcionários, tanto civis quanto militares, começaram a tremer de medo, enquanto o rei batia os dentes de pavor.
Um dos generais encarregados da guarda do palácio, no entanto, conseguiu reunir coragem suficiente para perguntar, com a voz trêmula:
— Pode crescer mais? Há algum limite para a sua capacidade?
— Isso depende do vento — comentou Bajie, incapaz de resistir ao impulso de se exibir. — Posso aumentar de tamanho tanto quanto quiser, se soprar o vento do leste ou do oeste. Mas, se o vento do sul se levantar, meus poderes explodem e sou capaz de fazer um buraco imenso no céu com a cabeça.
— Basta, basta! — exclamou o rei, horrorizado. — Vejo que para você as metamorfoses não guardam nenhum segredo. Volte ao seu tamanho normal, por favor.
Bajie obedeceu, permanecendo orgulhoso em frente à escadaria. Mais aliviado, o rei se atreveu a perguntar:
— Que tipo de armas irá usar para enfrentar o monstro?
— Só preciso disto — respondeu Bajie, mostrando o seu ancinho.
— Só isso? — exclamou o rei, um tanto incrédulo. — Temos aqui todo tipo de armas: chicotes, maças, espadas, lanças, machados de guerra, cimitarras... Nosso arsenal é enorme, e você pode escolher qualquer uma. Como é que você considera esse ancinho uma arma?
— Acho que você não conhece seus poderes — respondeu Bajie. — Apesar de parecer simples, usei este ancinho em mais de mil batalhas. Quando comandava os oitenta mil marinheiros da frota celestial, era com este ancinho de aço que eu mantinha a ordem. Depois, já vivendo neste mundo mortal, coloquei-o a serviço do meu mestre, e com ele já derrubei covis de tigres e lobos, além de acabar com esconderijos de dragões e serpentes.
O rei ficou muito satisfeito com o que ouviu e não quis mais incomodar um guerreiro tão indomável. Voltou-se para as damas da corte e ordenou:
— Tragam um pouco daquele vinho especial da minha adega. Quero brindar a este herói como ele merece.
Assim que as damas cumpriram a ordem, o próprio rei encheu uma taça e disse, oferecendo-a a Bajie:
— Este brinde, nobre mestre, é pelo sucesso na missão que você está prestes a realizar. Quando você capturar o monstro e libertar minha filha, vou oferecer um grande banquete e mil peças de ouro como recompensa. Minha gratidão será tão grande que até os deuses vão querer estar no seu lugar.
Bajie pegou a taça que lhe foi oferecida. Embora rude e grosseiro, sabia ser cortês quando queria, e, inclinando-se diante de Sanzang, disse:
— Mestre, normalmente é o senhor que deveria provar o vinho primeiro. Mas como o rei me ofereceu, permita que eu beba esta taça antes de vós. Tenho certeza que o vinho vai me ajudar a capturar o monstro mais facilmente.
Ele então esvaziou a taça com apenas um gole, encheu-a de novo e ofereceu-a a Sanzang. Mas Sanzang recusou, dizendo:
— Sabes bem que eu não bebo. Por que não ofereces ao seu irmão?
O Monge Sha aceitou a taça com prazer. Assim que ele terminou de beber, uma nuvem se formou sob os pés de Bajie, elevando-o para o céu. Surpreso, o rei exclamou:
— Quantos poderes possui o sábio Zhu! Até nas nuvens é capaz de andar!
O Monge Sha não deu atenção. Quando terminou de beber, se virou para Sanzang e disse:
— Enquanto estávamos enfrentando o Monstro da Túnica Amarela, nem eu nem Bajie conseguimos vencê-lo, mesmo sendo dois contra um. Se ele for enfrentar o monstro sozinho, temo que será derrotado como uma flor esmagada por cavalos.
— Você está certo — concordou Sanzang. — O melhor que você pode fazer é ir atrás dele e oferecer toda a ajuda que puder.
O Monge Sha não hesitou. Deu um salto, alçou voo e, em pouco tempo, desapareceu entre as nuvens. O rei, tomado pela preocupação, segurou a túnica de Sanzang e implorou:
— Por favor, sente-se por um momento e não tente caminhar pelas nuvens também.
— Eu? Caminhar pelas nuvens? — respondeu Sanzang. — Quem me dera! Lhe asseguro que sou incapaz de dar sequer um passo lá em cima.
Não demorou para que o Monge Sha alcançasse Bajie. Ao se aproximar, acenou com a mão e disse:
— Aqui estou de novo.
— Por que me seguiu? — perguntou Bajie.
— O mestre pediu que eu te acompanhasse e oferecesse toda a ajuda possível — explicou o Monge Sha.
— Não esperava outra atitude dele — respondeu Bajie, satisfeito. — Seja bem-vindo. Não tenho dúvidas de que, se unirmos nossas forças, o monstro não terá chance alguma. Assim que o capturarmos, nossa fama se espalhará por todo o reino como fumaça, e até o próprio rei se curvará diante de nós.
Enquanto discutiam seus planos, deixaram para trás os domínios do rei, pai da princesa cativa. Voavam pelo céu, deixando um rastro de luz, ansiosos para chegar à caverna na montanha e capturar a criatura. Não demorou muito para alcançarem a entrada da caverna. Bajie ergueu seu ancinho e o lançou com tanta força contra a porta de pedra que abriu um buraco do tamanho de um barril.
Os demônios que estavam de guarda ficaram apavorados e correram para avisar seu senhor:
— Grande Rei, uma terrível desgraça! O monge de focinho comprido e orelhas grandes, junto com o monge de aparência sombria, voltaram. Estão tão furiosos que destruíram a porta com um único golpe.
— Só podem ser Zhu Bajie e o Monge Sha — exclamou, surpreso, o monstro. — Não entendo como tiveram a ousadia de voltar para causar mais confusão, depois de eu ter libertado o mestre deles.
— Talvez tenham esquecido algo e voltaram para buscá-lo — disseram, tremendo, alguns dos demônios.
— Bobagem! — gritou o monstro. — Quem esquece algo não volta destruindo portas. Deve haver outra razão.
Sem entender qual razão era essa, ele rapidamente vestiu sua armadura, pegou a cimitarra e, saindo da caverna, gritou:
— Querem me explicar por que voltaram para destruir a porta da minha morada? Não foi o bastante eu poupar a vida do seu mestre?
— Claro que foi — admitiu Bajie. — Mas você fez algo ainda pior.
— O que poderia ser pior? — perguntou o monstro.
— Raptar a terceira princesa do Reino do Elefante Sagrado e forçá-la a ser sua esposa — respondeu Bajie. — Já se passaram treze anos desde então, e achamos que é hora de libertá-la. Na verdade, estamos aqui agora por ordem expressa do rei, que nos mandou capturá-lo e levá-lo até ele. Então, renda-se e aceite ser preso. Se o fizer, poupará a todos nós de muitos problemas.
O monstro ficou furioso ao ouvir tais palavras. Sentia-se tão humilhado que seus dentes rangiam e seus olhos pareciam prestes a saltar das órbitas. Erguendo sua cimitarra, desferiu um golpe poderoso contra Bajie. Por sorte, Bajie conseguiu desviar, e o golpe acertou o ar. O Monge Sha logo entrou na batalha, brandindo seu pesado bastão de um lado para o outro.
A luta, que se desenrolava no topo da montanha, era muito mais feroz que o confronto anterior. Os três trocavam golpes e insultos incessantes, alimentando a raiva e tornando a luta ainda mais intensa. A cimitarra do monstro visava a cabeça de seus oponentes, enquanto o ancinho de Bajie buscava atingir o rosto do inimigo. Já o bastão de Sha Wujing golpeava de forma implacável, tornando mais difícil para o monstro desviar. Nenhum dos dois lados cedia, e a luta avançava sem que saíssem muito do lugar. Era o tipo de batalha que só poderia acontecer entre um monstro espiritual e dois monges em busca da iluminação.
Mas era nos insultos que a fúria se manifestava com mais intensidade:
— Você merece a morte por ter zombado de todo um reino — acusava um deles.
— Isso não é da sua conta, e você faria bem em não se irritar com algo que não te diz respeito— retrucava o outro.
— Você desonrou uma princesa, condenando-a a uma vida de vergonha — acusava o terceiro.
— Isso não é da sua conta! — defendeu-se o monstro mais uma vez. — O melhor que pode fazer é não se meter onde não foi chamado.
Esse conflito teve sua origem no envio de uma carta, e por causa dela, a paz entre os monges e o monstro estava destruída. Eles já haviam trocado golpes oito ou nove vezes quando Bajie começou a sentir o peso da fadiga. Estava tão cansado que mal conseguia levantar o ancinho, e sua energia se esvaía visivelmente. O motivo? Na batalha anterior, sem saber, ele contava com a ajuda dos deuses protetores do dharma, que nunca se afastavam de Sanzang. Mas, agora que Sanzang estava no Reino do Elefante Sagrado, os deuses haviam retirado seu auxílio. Bajie percebeu isso e disse ao Monge Sha:
— Continue lutando! Preciso... fazer minhas necessidades.
Sem se importar nem um pouco com o Monge Sha, Bajie se jogou no meio de um emaranhado de arbustos espinhosos. Os espinhos cravaram-se em sua pele, arranhando-lhe o rosto e abrindo feridas, mas ele parecia indiferente. Escondeu-se nos arbustos e se recusou a voltar à luta. Apenas deixou uma orelha de fora (4), observando o desenrolar da batalha, que ele já considerava uma causa perdida. Ao perceber que Bajie havia abandonado o combate, o monstro concentrou toda sua fúria no Monge Sha, que não teve nem tempo de fugir. Num piscar de olhos, a criatura o capturou e o levou para a caverna, onde seus demônios, eufóricos, amarraram seus pés e mãos.
Não sabemos ainda se sua vida estava em perigo ou não. Quem quiser descobrir, terá de acompanhar as explicações no próximo capítulo.
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Notas do Capítulo XXIX
- Alusão ao poema "Canção Triste à Beira do Rio" do poeta Du-Fu (712-770) da dinastia Tang;
- A Academia Han-Lin era o centro de estudos literários da capital: Como tal, a Academia aconselhava a corte em questões literárias, redigia e revisava os documentos imperiais, selecionava material histórico, explicava ao imperador o conteúdo dos clássicos e participava ativamente das cerimônias oficiais;
- Pode parecer estranho que esse monstro esteja envolto em um halo de luz auspiciosa e viaje montado em um vento aromático, quando o esperado seria o contrário. No entanto, essa peculiaridade se explica por suas origens celestes, como será revelado no capítulo XXXI;
- Os vigias utilizavam peças de madeira chamadas "pang" para marcar a passagem das vigílias ou como sinal de alarme, bem como para indicar o fim de uma batalha. Isso explica por que Bajie mantinha uma orelha atenta, mesmo com sua notória covardia.
- Tradução em pt-br por Rodrigo Viany (Sleipnir). Favor não utilizar sem permissão.
- Tradução baseada na tradução do chinês para o espanhol feitas por Enrique P. Gatón e Imelda Huang-Wang, e do chinês para o inglês feita por Collinson Fair.
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