12 de outubro de 2025

Maha Sona

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Arte de Chala Wasala

Maha Sona (cingalês: මහ සෝනා, මහ සොහොනා, também chamado de Maha Sohona) é uma figura do folclore cingalês, classificada como um yaka (yakseya ou devaya, significando “demônio”). Considerado um dos espíritos mais temidos do Sri Lanka, acredita-se que assombre cemitérios, encruzilhadas e regiões ermas, provocando doenças e mortes súbitas. Seu nome pode ser traduzido como “Grande Demônio” ou “Demônio do Cemitério”, embora o termo sohon também carregue o sentido de “imundo”, o que amplia seu significado para “O Grande Imundo”.

Características

Maha Sona costuma ser retratado como um um ser com um corpo humano, exceto a sua cabeça que, geralmente, é de um urso ou tigre, em posição normal ou virada para trás. Em algumas narrativas, carrega em sua mão direita o sangue de um búfalo (ou equivalente). e em sua outra mão segura uma arma de ponta, uma lança ou espeto. Outras tradições o caracterizam como uma criatura gigantesca, com aproximadamente 37 metros de altura, possuindo três olhos e quatro braços, com pele de coloração vermelha.

Maha Sona é tido como líder de 30.000 demônios, com a habilidade de usar disfarces ou aparecer montado em diferentes animais (como cabra, cavalo, ovelha, elefante ou cervo) dependendo da tradição local. Ataca principalmente à noite, especialmente quando suas vítimas estão sozinhas. Seus ataques incluem esmagar os ombros ou causar doenças. Após o ataque, muitas versões afirmam que a vítima carrega uma marca (às vezes uma impressão de mão) no corpo. Também se acredita que Maha Sona possa possuir seres humanos.


Lenda

A lenda de Maha Sona possui muitas versões. De acordo com a mais popular, ele teria sido originalmente um guerreiro humano chamado Ritigala Jayasena, um dos Dez Grandes Gigantes que serviram ao rei Dutugemunu (século I a.C.). Após ofender em estado de embriaguez a esposa de outro guerreiro, o gigante Gotaimbara, aceitou enfrentá-lo em um duelo. No combate, Jayasena foi decapitado por um chute de Gotaimbara e seu corpo lançado em um cemitério. Compadecido, o deus Wesamuni tentou ressuscitá-lo, mas, não encontrando sua cabeça a tempo, ajustou apressadamente a de um urso (em algumas versões, a de um tigre), de forma invertida, dando origem a uma criatura grotesca dotada de poderes sobrenaturais.

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Com sua nova forma, Jayasena tornou-se um espírito maligno que passou a habitar cemitérios e locais de morte, recebendo então o título de Maha Sona, “o grande demônio do cemitério”. Em versões alternativas do mito, registradas em canções populares, sua origem não está vinculada à figura de Jayasena, podendo ser descrito tanto como um demônio quanto como uma divindade.

Culto e exorcismo

Apesar de seu caráter temido, Maha Sona ocupa um papel ambíguo nas tradições locais. Em distritos como Galle, no Sri Lanka, ele e outros yakshas (como Riri Yaka) eram vistos como entidades que, embora causassem enfermidades, também poderiam ser aplacadas por rituais de cura.

Os ritos de exorcismo contra Maha Sona envolvem apresentações de dançarinos mascarados que encarnam sua figura. Nessas cerimônias, o demônio não é tratado apenas como maligno: o exorcista brinca com ele, joga cartas, compartilha comida e interage durante a noite inteira, até que o paciente seja considerado curado pela manhã. Esse tipo de ritual é tradicionalmente realizado por membros da casta Berawayas, muitos dos quais pereceram no tsunami de 2004. O antropólogo Bruce Kapferer documentou extensivamente tais práticas em sua obra A Celebration of Demons: Exorcism and the Aesthetics of Healing in Sri Lanka (1983).


Legado cultural

Maha Sona é considerado um dos seres sobrenaturais mais profundamente enraizados no imaginário popular do Sri Lanka. Seu nome inspira medo em diferentes regiões do país, e ele é amplamente lembrado em lendas, canções e rituais. 

Na esfera contemporânea, sua figura também serviu de inspiração para a denominação da unidade de Patrulha de Reconhecimento de Longo Alcance do Exército do Sri Lanka (Long Range Reconnaissance Patrol, LRRP), popularmente conhecida como “Brigada Maha Sohon”.

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fontes:

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