1 de janeiro de 2014

Negrinho do Pastoreio

۞ ADM Sleipnir

Arte por Eduardo Duval, Frata Soares e André Leão

O Negrinho do Pastoreio é um personagem do folclore brasileiro, sendo bastante famoso e popular na região sul do país. Sua lenda possui origens africanas/cristãs, tendo provavelmente surgido no século XIX. 

De acordo com a versão da lenda contada pelo folclorista João Simões Lopes Neto (1865-1916) em sua obra Contos Gauchescos e Lendas do Sul, o Negrinho do Pastoreio era um pequeno menino, escravo de um estancieiro muito mau e cruel. Esse menino não tinha pai nem mãe, nem mesmo um nome, sendo conhecido apenas como Negrinho, e embora não fosse batizado, dizia-se afilhado de Nossa Senhora. Certo dia, Negrinho participou de uma corrida de cavalos por ordem de seu senhor, que havia ainda apostado muito dinheiro em sua vitória. Porém, ele acabou perdendo a corrida e seu senhor, enfurecido, o puniu severamente açoitando-o. 


No dia seguinte, o estancieiro mandou o Negrinho para o mato, onde deveria ficar por trinta dias pastoreando o gado. Negrinho suportou toda a sorte de infortúnios (frio, fome, animais peçonhentos), mantendo seu pensamento em Nossa Senhora. Para o seu azar, numa noite um grupo de ladrões roubou o gado enquanto ele dormia. Negrinho foi castigado novamente pelo estancieiro, apanhando até quase morrer. Em seguida, foi mandado atrás do gado roubado, o qual ele deveria recuperar a todo custo. Antes de iniciar sua jornada em busca do gado, Negrinho passou na capela de Nossa Senhora e pegou uma vela para ajudá-lo a iluminar seu caminho. Conforme andava pelos campos, pingos de cera caíam pelo chão e se tornavam pontos luminosos que ajudavam Negrinho a enxergar a trilha. Após muito cavalgar, Negrinho encontrou o campo onde o gado roubado foi levado. Antes de retornar a estância, ele resolveu se deitar um pouco e descansar, agradecendo à Nossa Senhora antes de dormir por ter encontrado o gado.


Vendo que Negrinho havia encontrado o gado e que se livraria da punição, o filho do estancieiro, que era tão cruel quanto o pai e havia seguido Negrinho até ali, tratou de espantar o gado para longe. Ao acordar, o pobre escravo se deu conta de que havia perdido o gado novamente, e que seria punido mais uma vez.

Desta vez, porém, o estancieiro surrou o menino até a morte, e não satisfeito, atirou seu corpo sobre um formigueiro para que as formigas dessem conta de devorá-lo (outra versão conta que ele foi amarrado em uma árvore sobre um formigueiro ainda vivo), indo embora quando viu que elas cobriram completamente o seu corpo. 

Durante três dias, o estanceiro foi atormentado por seus sonhos, e ao final do terceiro dia, resolveu retornar ao formigueiro e ver o que aconteceu ao corpo do Negrinho. Para a sua surpresa, ao chegar no local ele viu Negrinho de pé, com sua pele completamente recuperada dos ferimentos causados por ele e pelas formigas, e ao seu lado estavam Nossa Senhora e o gado que ele havia perdido. 


Arrependido, o estancieiro dobrou seus joelhos e pediu perdão por todo mal que havia causado ao Negrinho, que por sua vez montou em um belo cavalo sem sela e partiu pelo campo tocando o gado. A partir de então, Negrinho passou a ser conhecido com o Negrinho do Pastoreio, tornando-se uma espécie de santo. Acredita-se que ao acender uma vela e pedir a sua ajuda, ele ajuda as pessoas a encontrarem algo que perderam.

Atenuações da lenda

A lenda do Negrinho do Pastoreio possui muitas cenas fortes e duras, como muitos contos de fadas europeus. Assim como esses contos, a lenda gaúcha possui algumas adaptações que abordam a história de forma branda e bastante lúdica, em formato de livro infantil ou história em quadrinho. Como por exemplo: Lendas Brasileiras da Turma da Mônica, da Editora Girassol, e Coleção Folclore Mágico, da editora Ciranda Cultural. Nessas adaptações infantis o filho do patrão, uma criança, não abordado como vilão, e as formigas são amigas do Negrinho e não o matam.

No livro “Como Nasceram as Estrelas”, de Clarice Lispector, a história “O Negrinho do Pastoreio”, entre outras lendas, foi abordada. Nessa versão, a história é escrita para o público infanto juvenil, sendo mais branda que a adaptação de Simões Lopes Neto, e mais detalhada que outras adaptações lançadas em formato de história em quadrinho focadas no público infantil.


fontes:
CLIQUE NO BANNER ABAIXO PARA MAIS POSTS SOBRE 

4 comentários:

  1. Uma critika construtiva: no mito original, antes do coronel largar o negrinho no formigueiro, ele o teria dado mts chikotadas, um kastigo para escravos na época, só q porem nesse dia ele o deu chicotadas mais 'violentas', pq o piá perdeu um d seus rebanhos.
    E a lenda tmbm diz q se acendermos uma vela p o negro, ele encontrará um objeto q perdemos. Espero q ajude :)

    ResponderExcluir
  2. O blog eh mt bom, apesar d ser pouco conhecido, e aliás esse e é um dos poucos mitos brasileiros do blog, seria interessante ver aqui Mapinguari, Jurupari, Anhangá, fica a dica :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pode ter certeza que você verá todos eles aqui em breve!

      Excluir



Seu comentário é muito importante e muito bem vindo, porém é necessário que evitem:

1) Xingamentos ou ofensas gratuitas ao autor e a outros comentaristas;
2)Comentários racistas, homofóbicos, xenófobos e similares;
3)Spam de conteúdo e divulgações não autorizadas;
4)Publicar referências e links para conteúdo pornográfico;
5)Comentários que nada tenham a ver com a postagem.

Comentários que inflijam um desses pontos estão sujeitos a exclusão.

De preferência, evite fazer comentários anônimos. Faça login com uma conta do Google, assim poderei responder seus comentários de forma mais apropriada, e de brinde você poderá entrar no ranking dos top comentaristas do blog.



Ruby