29 de novembro de 2023

Whaitiri

۞ ADM Sleipnir

Arte de Valentina Phillips

Whaitiri é uma deusa pertencente à mitologia maori/polinésia, e uma de várias divindades dessa cultura que personificam os trovões, assim como seu avô, Te Kanapu e seu bisavô Te Uira. Seu pai chama-se Turiwhaia, o qual não se sabe praticamente nada além do nome.

Whaitiri é descrita como uma figura temível, e que tem uma predileção em se alimentar de carne humana. Por esse motivo, acabou descendo ao mundo dos homens e se casando com um chefe mortal chamado Kaitangata, pois achava que ele compartilhava do mesmo hábito que ela (o nome Kaitangata significa "devorador de homens"). Kaitangata na verdade era um homem gentil e incapaz de partilhar do gosto da esposa. Whaitiri só percebeu o seu engano após matar Anonokia, uma das servas de Whaitiri, removendo seu coração e fígado e os oferecendo em seguida ao marido, deixando-o completamente horrorizado com o ocorrido.

Kaitangata era um trabalhador árduo, e passava muito tempo pescando para alimentar sua família. Infelizmente, ele não sabia fazer anzóis farpados, e por isso a maioria dos peixes que pegava escapavam. Whaitiri lhe dá um anzol farpado e com ele Kaitangata consegue pescar uma garoupa, a qual entrega a Whaitiri e ela oferece aos deuses. Com o tempo, Whaitiri se cansa de se alimentar somente de peixes e um dia, enquanto seu marido estava fora pescando, ela pegou uma rede e capturou dois parentes de seu marido, Tupeke-ti e Tupeke-ta.

Quando Kaitangata retorna, Whaitiri pede que ele recite os cantos usados quando carne humana é oferecida aos deuses. Kaitangata, porém, não conhecia tais cantos, então Whatiri tentou executá-los ela mesma. O problema era que ela própria desconhecia os cantos, e tinha vergonha de admitir isso. Ela fingiu recitá-los murmurando palavras sem sentido, antes de cozinhar os corpos, cortá-los e empanturrar-se da carne, para desgosto dos aldeões. Do profano alimento, restaram apenas os ossos.

Mais tarde, Kaitangata usou esses ossos para fazer anzóis farpados e os usou para pescar. Ele conseguiu pegar uma garoupa e, ao chegar em casa, a entregou a Whaitiri, sem contar, porém, que havia usado anzóis feitos com os ossos de Tupeke-ti e Tupeke-ta. Whaitiri comeu o peixe, e como ele estava infundido com o tapu (sacralidade) dos corpos dos dois homens, Whaitiri gradualmente começou a ficar cega. No início, ela ficou perplexa com o motivo disso, mas, eventualmente, foi visitada por uma mulher do submundo que lhe contou o que aconteceu.

Arte de Kait Matthews

Retorno ao céu 

Um dia, Whaitiri ouve Kaitangata descrevê-la para dois estranhos. Ela se ofende após ouvi-lo dizer que sua pele era como o vento, e seu coração era frio como a neve. Em outra ocasião, ela se envergonha quando Kaitangata reclama que seus filhos estão sujos. Ela explica ao marido que não pode lavar os filhos porque é um ser sagrado dos céus, e lhe revela pela primeira vez que seu nome é trovão. Ela então se prepara para retornar ao seu verdadeiro lar nos céus e prediz que seus filhos a seguirão um dia. Ela parte em uma nuvem, deixando seus filhos, um dos quais chamava-se Hemā

Whaitiri é encontrada por seus Netos 

A profecia de Whaitiri se realizou quando Tāwhaki e Karihi, filhos de Hemā, partiram para subir até o céu. No pé da subida, encontraram sua avó, Whaitiri, agora cega, que ficava constantemente contando os tubérculos de batata-doce ou taro, que eram sua única comida. Os irmãos a provocaram ao roubar os tubérculos, um por um, e perturbar sua contagem. Eventualmente, revelaram-se a ela e restauraram sua visão. Em troca, ela lhes deu conselhos sobre como fazer a subida para o céu. Karihi tentou primeiro, mas cometeu o erro de subir pela aka taepa, ou cipó pendente. Ele foi violentamente soprado pelos ventos do céu e caiu para a morte. Tāwhaki subiu pela aka matua, ou cipó parental, recitou as incantações certas e atingiu o mais alto dos dez céus. Lá, ele aprendeu muitos feitiços com Tama-i-waho e se casou com uma mulher chamada Hāpai, ou como outros dizem, Maikuku-makaka. Eles tiveram um filho, e de acordo com algumas versões da história, é esse filho que recebeu o nome de Wahieroa.

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Ruby