۞ ADM Sleipnir
Sumano (em latim: Summānus) era o deus romano dos trovões noturnos, em contraposto a Júpiter, o deus dos trovões diurnos. Acredita-se que seu nome tem origem no termo Summus Manium "o maior dos Manes"(Manes, para os antigos romanos, refere-se à almas deificadas de ancestrais já falecidos) ou em Submanus, "sob mão".
Um deus, várias interpretações
A natureza exata de Sumano não era clara, nem mesmo para o grande poeta Ovídio. O historiador Plínio acreditava que ele era uma divindade de origem etrusca, e um dos Novensiles (um grupo composto por nove deuses do trovão). O escolar Marcus Terentius Varro, no entanto, lista Sumano entre os deuses que ele considera de origem sabina, a quem o rei Titus Tatius dedicou altares (arae) em consequência de um votum (uma promessa feita a divindade). Paulus Diaconus (Paulo, o Diácono) o considerava um deus do relâmpago.
Para o escritor Martianus Capella, Sumano era outro nome para Plutão como o "mais alto" (summus) dos Manes. Essa identificação foi retomada por escritores posteriores, como Camões ("Se no reino sombrio de Summanus / Agora suportas a mais severa punição...") e Milton, em uma comparação para descrever Satanás visitando Roma: "Assim Summanus, envolto em um redemoinho de chamas azuis, cai sobre pessoas e cidades." Georges Dumézil argumentou que Sumano representaria o elemento estranho, violento e impressionante dos deuses da primeira função, ligados à soberania celestial. O aspecto duplo do poder soberano celestial seria refletido na dicotomia Varuna-Mitra na religião védica e em Roma na dicotomia Summanus-Dius Fidius. Os primeiros deuses desses pares incorporariam o aspecto violento, noturno e misterioso da soberania, enquanto os segundos refletiriam seu aspecto tranquilizador, diurno e legalista.
Templo e Culto
O templo de Sumano foi erguido durante a Guerra Pírrica, (280–275 a.C.). Ele ficava localizado a oeste do Circo Máximo (latim Circus Maximus), provavelmente na encosta do monte Aventino. A cada 20 de junho, véspera do solstício de verão, bolos redondos chamados summanalia, feitos de farinha, leite e mel e moldados como rodas, eram oferecidos a ele como um sinal de propiciação. Sumano também recebia o sacrifício de dois bois pretos ou carneiros (animais escuros eram normalmente oferecidos a divindades ctônicas).
O teólogo Agostinho de Hipona registrou que, em tempos antigos, Sumano era mais exaltado do que Júpiter, mas com a construção de um templo mais magnífico do que o de Sumano, Júpiter tornou-se mais honrado.
Cícero relata que uma estátua de argila do deus que ficava no telhado do Templo de Júpiter Capitolino foi atingida por um raio, o qual arrancou sua cabeça. Os harúspices anunciaram que ela havia sido atirada no rio Tibre, onde de fato acabou sendo encontrada. O templo de Sumano em si foi atingido por um raio em 197 a.C.
O Monte Sumano
O Monte Sumano, localizado nos Alpes perto de Vicenza (Veneto, Itália), é tradicionalmente considerado um local dos cultos de Plutão, Júpiter Summanus e os Manes. A área foi um dos últimos redutos da antiga religião romana na Itália, como mostrado pelo fato de que Vicenza não teve bispo até 590 d.C. Escavações arqueológicas encontraram um espaço de santuário que remonta à Idade do Ferro (século IX a.C.) e foi continuamente ativo até a antiguidade tardia (pelo menos no século IV d.C.). A flora local é muito peculiar, porque era costume, nos tempos antigos, que os peregrinos trouxessem oferendas de flores de suas próprias terras natais. O cume da montanha é frequentemente atingido por raios. A montanha em si tem uma profunda gruta chamada Bocca Lorenza, na qual, segundo a lenda local, uma jovem pastora se perdeu e desapareceu. A história pode ser uma adaptação do mito de Proserpina, que foi abduzida por Plutão.
Monte Sumano |
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