18 de novembro de 2024

A Epopéia de Gilgamesh - Tábua IX

 ۞ ADM Sleipnir

Arte de MarmaduX para o moba SMITE


TÁBUA IX

Tomado pelo pânico diante do cadáver de Enkidu, Gilgamesh decide partir em busca da vida eterna. Ele chega às montanhas de Mashu, onde encontra os homens-escorpião que guardam o caminho do sol. Após uma caminhada exaustiva, ele se depara com uma árvore maravilhosa.

(Texto assírio.)

 
Coluna I


(Gilgamesh chora por seu amigo, vagando pela planície.)

“Não morrerei eu também, como Enkidu?
O medo entrou em minhas entranhas,
a morte me apavora e vago pela planície;
partirei imediatamente em busca de consolo
junto a Ut-Napishtim, filho de Ubartutu.
Chegarei ao desfiladeiro durante a noite,
e, se me deparar com leões e sentir medo,
levantarei a cabeça em direção ao deus-lua e farei minha oração;
à deusa Ishtar, hieródula dos deuses, dirigirei minhas súplicas…”

(Lacuna)


Coluna II


O nome da montanha é Mashu.
Quando Gilgamesh chegou às encostas de Mashu,
encontrou os guardiões do sol nascente e do sol poente.
Suas cabeças tocam a base dos céus,
seus peitos alcançam os Infernos:
são os homens-escorpião, guardiões das portas do Sol;
causam grande terror, e quem os olha morre.
Sua majestade imponente espalha espanto pelas montanhas.
Quando o sol nasce e quando o sol se põe, eles o vigiam.
Gilgamesh os viu; o medo obscureceu seu rosto,
mas ele se recuperou e prestou-lhes homenagem.
O homem-escorpião disse à sua mulher:
“Esse que se aproxima tem um corpo divino!”
A mulher do homem-escorpião respondeu:
“Duas de suas três partes são de Deus, a outra é de homem.”
O homem-escorpião dirigiu-se
a Gilgamesh com as seguintes palavras:
“De muito longe você veio até mim.
Por que atravessou mares
tempestuosos em sua jornada até aqui?
Que propósito o trouxe a este lugar?”

(Lacuna)

Coluna III

Gilgamesh respondeu:
“Vim por causa de Ut-Napishtim, meu antepassado,
que conseguiu chegar ao conselho dos deuses e obter a Vida.
Sobre a morte e sobre a vida, quero interrogá-lo.”
O homem-escorpião tomou a palavra
e disse a Gilgamesh:
“Jamais algum mortal, ó Gilgamesh, conseguiu isso.
Ninguém jamais percorreu o caminho
que se estende por doze léguas dentro da montanha.
A escuridão reina lá, não há qualquer luz,
nem ao nascer do sol nem ao seu ocaso.”

(Texto mutilado)

Coluna IV


“Tomado pela dor ou pela tristeza,
sofrendo com o calor ou o frio,
suspirando ou gemendo, seguirei em frente.
Agora, abra a porta da montanha.”

O homem-escorpião respondeu a Gilgamesh:
“Vá, Gilgamesh, você que conseguiu chegar
são e salvo aos montes Mashu.
A porta da montanha está aberta para você.”

Gilgamesh, seguindo o conselho do homem-escorpião,
tomou o caminho que o sol percorre.
Após ter caminhado uma légua,
a escuridão o envolve, e ele deixa de ver a luz;
nada vê à frente, nada atrás,
depois de ter caminhado duas léguas.

Coluna V


(Faltam 22 versos)

Quando percorreu quatro léguas,
a escuridão era completa, não via a luz,
nada conseguia ver à frente nem atrás.
Quando percorreu cinco léguas,
a escuridão era completa, não via a luz,
nada conseguia ver à frente nem atrás.
Quando percorreu seis léguas,
a escuridão era completa, não via a luz,
nada conseguia ver à frente nem atrás.
Quando percorreu sete léguas,
a escuridão era completa, não via a luz,
nada conseguia ver à frente nem atrás.
Quando percorreu oito léguas,
a escuridão era completa, não via a luz,
nada conseguia ver à frente nem atrás.
Quando percorreu nove léguas,
o vento do norte soprou sobre seu rosto,
mas a escuridão era completa, não via a luz,
nada conseguia ver à frente nem atrás.
Quando percorreu dez léguas,
estava próximo do final de sua jornada.
Quando percorreu onze léguas,
o alvorecer começava a despontar.
Quando percorreu doze léguas,
o sol brilhava.
Então, ele viu uma árvore e dirigiu-se até ela.
Seus frutos eram de rubis,
belíssimos eram seus galhos pendentes,
sua folhagem era de lápis-lazúli…




FIM DA TÁBUA IX

TÁBUA X EM BREVE


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