31 de julho de 2025

Katsura Otoko

۞ ADM Sleipnir


Katsura Otoko (em japonês: 桂男 ou かつらおとこ, "Homem da Árvore Katsura") é um yokai do folclore japonês, descrito como um homem incomparavelmente belo que habita a lua. Conta-se que ele costuma aparecer em noites de luar e, segundo a tradição, devolve o olhar àqueles que o encaram. Sua beleza é considerada tão cativante que os observadores têm dificuldade em desviar os olhos, mesmo que isso coloque suas vidas em perigo. 

Quando observado por tempo prolongado, o Katsura Otoko estende a mão em um gesto de convite, chamando o espectador a se juntar a ele. Cada movimento de sua mão encurta a vida do observador. Aqueles que não conseguem desviar o olhar a tempo correm o risco de caírem mortos no mesmo instante, vítimas de sua atração sobrenatural.

Origem Chinesa

A origem do Katsura Otoko remonta à mitologia chinesa, na qual essa figura está associada a um personagem lendário chamado Wu Gang (呉剛). Segundo o mito, Wu Gang foi condenado pelos deuses a viver eternamente na lua, podando uma imensa árvore katsura que ali cresce. Cada vez que ele corta seus galhos, a árvore imediatamente se regenera, tornando sua tarefa interminável — uma punição simbólica por ter desobedecido os princípios da imortalidade. 

No Youyang Zazu, obra chinesa do século IX, afirma-se que Wu Gang era um homem da região de Xihe, que estudava as artes da imortalidade, mas foi punido pelos céus por causa de seus erros. A árvore katsura da lua, segundo o texto, tem mais de 1.500 metros de altura, e seus galhos cicatrizam instantaneamente após cada corte, tornando impossível concluir a tarefa.

Essa lenda, conhecida como “Wu Gang cortando a árvore katsura” (呉剛伐桂), é uma das três histórias clássicas que explicam as origens do Festival do Meio do Outono (中秋節) na China, e serve também como um mito explicativo para as fases da lua: quando Wu Gang poda os galhos, a lua torna-se menos cheia; quando a árvore cresce novamente, a lua retorna ao seu brilho pleno.


Presença no Japão

A lenda foi transmitida ao Japão em épocas antigas, influenciando profundamente tanto o imaginário folclórico quanto a literatura clássica japonesa. Durante o período Edo, o Ehon Hyaku Monogatari (絵本百物語) retrata o Katsura Otoko como uma entidade lunar que atrai e reduz a longevidade dos que o observam por muito tempo.

Registros locais mencionam uma antiga tradição na vila de Shimosato, hoje parte de Nachikatsuura (província de Wakayama), onde se acreditava que olhar para a lua em certas fases poderia resultar em morte, caso a pessoa fosse chamada pelo Katsura Otoko.

Além disso, o nome "Katsura Otoko" passou a ser usado, principalmente na literatura do período Heian, como metáfora para homens belos e inalcançáveis. Ele aparece em poesias do Man’yōshū e no Ise Monogatari, sendo associado a figuras românticas idealizadas, como o nobre Ariwara no Narihira.



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30 de julho de 2025

A Carruagem do Largo da Matriz

۞ ADM Sleipnir

A Carruagem do Largo da Matriz é uma lenda tradicional da cidade de Iguape, localizada no Vale do Ribeira, estado de São Paulo, Brasil. Trata-se de um conto popular de caráter sobrenatural, associado ao Largo da Matriz, região central da cidade, e à antiga fazenda Porcina

A lenda remonta a um período anterior à eletrificação da cidade, quando a iluminação pública ainda era inexistente. Moradores relatavam ouvir, nas noites silenciosas, sons de correntes sendo arrastadas próximos à praça central de Iguape. Nesses momentos, surgia uma carruagem reluzente, puxada por quatro cavalos brancos, que seguia um trajeto específico: partia do Porto do Ribeira, passava pelo Valo Grande, atravessava o Largo da Matriz e seguia até os arredores da antiga Fazenda Porcina, hoje em ruínas.

Segundo a tradição oral, uma rica família local teria utilizado essa carruagem para transportar um tacho cheio de moedas de ouro. O tesouro teria sido enterrado nas terras da fazenda, com a intenção de que a filha única da família o recebesse ao atingir a maioridade. No entanto, uma tragédia se abateu sobre a família pouco tempo depois: uma doença fulminante ceifou a vida de seus membros, incluindo a jovem herdeira, que morreu sem jamais saber da fortuna escondida. Desde então, acredita-se que a carruagem reaparece nas noites de Lua Cheia, repetindo o mesmo percurso, como se buscasse alguém digno ou capaz de descobrir o local exato do tesouro enterrado.

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29 de julho de 2025

Mukunga M'bura

۞ ADM Sleipnir


Mukunga M'bura é uma criatura mítica da tradição dos Kikuyu, no Quênia, associada ao arco-íris e aos corpos d’água. Ele é descrito como um monstro aquático de natureza predatória, cuja verdadeira forma é desconhecida, pois permanece oculta sob a superfície da água. De acordo com os Kikuyu, o arco-íris visível no céu ou refletido na água seria o reflexo de sua imagem. Mukunga M'bura emerge parcialmente à noite, mantendo sua cauda submersa. Durante as chuvas, ele levanta a cabeça, deita-se de costas e sua coloração muda para vermelho, sendo refletido no céu; em outras ocasiões, aparece com tonalidades verdes.  De acordo com a tradição, ele se alimenta de cabras e gado, sendo temido pelas comunidades que vivem próximas aos lugares que habita.

Lendas

Segundo uma das lendas, Mukunga M'bura habitava o Lago Naivasha e saía à noite para roubar o gado dos Maasai, que viviam próximos ao lago. Após repetir o ataque duas vezes, os jovens guerreiros da aldeia prepararam-se para enfrentá-lo. Aqueceram suas lanças no fogo e aguardaram sua chegada. A única parte vulnerável do monstro era a nuca. Quando Mukunga M'bura apareceu novamente, os guerreiros atacaram-no com precisão, perfurando seu pescoço por trás da cabeça. O monstro, mortalmente ferido, caiu morto.

Outro mito relata que Mukunga M'bura, em represália a um menino que pastoreava seu rebanho nas suas terras, engoliu o pai do garoto, toda a aldeia, o gado e as casas, deixando apenas o menino. Quando este cresceu, tomou uma espada e partiu para enfrentar o monstro. Mukunga M'bura, temendo ser morto, implorou ao jovem que perfurasse seu dedo em vez de seu coração, prometendo poupar sua vida. O jovem aceitou, e tudo o que havia sido engolido foi expelido. Inicialmente, o herói poupou o monstro, mas posteriormente, desconfiando de sua maldade, retornou e o matou. Entretanto, uma das pernas de Mukunga M'bura lançou-se em uma poça. No dia seguinte, ao tentar destruir a perna, o jovem encontrou apenas o gado que havia permanecido dentro do monstro.

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28 de julho de 2025

Deus Negro (Haashch'ééshzhiní)

۞ ADM Sleipnir

Arte de Melvin Bainbridge

Na mitologia Navajo, o Deus Negro (Haashch’ééshzhiní) é uma divindade associada ao fogo e ao firmamento, sendo tradicionalmente reconhecido como o criador das constelações e o inventor da broca de fogo. Ele é considerado uma das quatro figuras sagradas que participaram da organização do mundo, juntamente com o Primeiro Homem (Áłtsé Hastiin), a Primeira Mulher (Áłtsé Asdzą́ą́) e a Mulher Sal (Ashiih Estsan).

Representações e características

O Deus Negro é geralmente descrito como uma figura anciã, de aparência frágil, lenta e aparentemente indefesa. Em alguns mitos, assume também um aspecto de trickster — um trapaceiro mal-humorado que finge pobreza para despertar a generosidade dos outros. Essa representação contrasta com a imagem heroica frequentemente associada a outras divindades indígenas.

Ele é tradicionalmente representado com uma máscara de camurça enegrecida com carvão sagrado e decorada com símbolos celestes em tinta branca — uma lua cheia sobre a boca, uma lua crescente na testa e as Plêiades na têmpora esquerda. Essa aparência é especialmente evocada em cerimônias como a Nightway (Caminho Noturno), uma complexa celebração de cura realizada durante nove dias no inverno. No último dia do ritual, um homem aparece representando o Deus Negro, portando uma broca de fogo e casca de cedro atingido por um raio, com a qual acende diversas fogueiras cerimoniais.

Arte de Luxudus

Papel na criação do mundo e das estrelas

No mito da criação Navajo, após a emergência do povo de mundos anteriores, quatro entidades sagradas — o Primeiro Homem, a Primeira Mulher, a Mulher Sal e o Deus Negro — reuniram-se para planejar e estabelecer as condições de existência no mundo atual. Essa reunião marcou o início da ordenação do universo físico e espiritual, incluindo a organização da terra, dos seres vivos e dos elementos celestes.

Entre essas figuras, o Deus Negro destacou-se por sua íntima associação com o fogo e os corpos celestes. Ele foi encarregado de criar e posicionar as constelações no firmamento. Segundo uma versão do mito, o Deus Negro apareceu diante dos outros Povos Sagrados com a constelação das Plêiades fixada em seu tornozelo. Ao ser questionado sobre o brilho em sua perna, ele bateu vigorosamente o pé no chão, elevando as estrelas ao joelho. Um segundo golpe as levou ao quadril, e um terceiro, ao ombro. Por fim, ao bater o pé uma quarta vez, ele posicionou as Plêiades em sua têmpora esquerda e declarou solenemente: “Lá ficará!”.


Impressionados com a demonstração, os demais seres sagrados atribuíram-lhe a tarefa de adornar os céus com constelações. O Deus Negro então começou a distribuir seus cristais estelares com grande precisão, espalhando as estrelas pela escuridão superior até formar o céu noturno. Sua ação não foi aleatória: cada constelação foi cuidadosamente colocada para formar um padrão simbólico e sagrado, refletindo a ordem que os Navajos reconhecem no cosmos.

No entanto, apesar da beleza do firmamento recém-criado, as estrelas ainda não possuíam luz própria, e a escuridão predominava. Para resolver esse problema, o Deus Negro ofereceu parte de seu fogo ao céu, criando uma “estrela de ignição” que iluminou as demais constelações. Posteriormente, esse mesmo fogo foi transmitido ao sol, completando o ciclo de iluminação do mundo celeste.

Arte de Melvin Bainbridge


A intervenção do Coiote e a Via Láctea

Em uma variação amplamente difundida do mito, enquanto o Deus Negro organizava pacientemente as constelações, o Coiote — figura trickster típica da mitologia Navajo — observava impacientemente o processo. Frustrado com a lentidão, o Coiote tomou a bolsa de estrelas que o Deus Negro carregava amarrada à cintura e atirou seu conteúdo ao céu. As estrelas restantes espalharam-se aleatoriamente, formando a Via Láctea. Como o Deus Negro não teve tempo de acender essas estrelas com seu fogo, elas ficaram mais fracas, explicando por que algumas estrelas brilham menos do que outras. Em versões alternativas, porém, o próprio Deus Negro teria criado deliberadamente a Via Láctea como parte de seu trabalho cósmico.

Arte de Melvin Bainbridge


fontes:
  • Black God (Navajo mythology). Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Black_God_(Navajo_mythology)>.
  • PATRICIA ANN LYNCH; ROBERTS, J. Native American mythology A to Z. New York, Ny: Chelsea House Publishers, 2010.
  • BASTIAN, D. E.; MITCHELL, J. K. Handbook of Native American mythology. Oxford ; New York: Oxford University Press, 2008.

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24 de julho de 2025

Kratt

۞ ADM Sleipnir

Arte de Silverkontus

Kratt (plural: kratid; também conhecido como pisuhänd, puuk, tulihänd ou vedaja) é uma criatura mágica da mitologia estoniana, tradicionalmente associada à guarda de tesouros e à realização de tarefas sobrenaturais para seu dono. Ela é criada a partir de feno ou objetos domésticos velhos, moldados por seu futuro dono. Para ganhar vida, no entanto, exigia-se um pacto com o Diabo: o criador devia oferecer três gotas de sangue em troca da animação da criatura. Uma vez ativado, o kratt obedecia cegamente ao seu mestre, sendo comumente utilizado para roubar e acumular riquezas. Dizia-se que a criatura possuía a capacidade de voar e executar tarefas com grande eficiência. No entanto, um aspecto crucial de sua natureza era a necessidade de trabalho contínuo. Se deixado ocioso, o kratt poderia voltar-se contra seu dono, tornando-se perigoso.

Kratt (Aleksander Promet, ca 1906)

Quando o kratt já não era mais útil, seu proprietário precisava livrar-se dele de maneira astuta. A estratégia mais comum era ordenar uma tarefa impossível, como "construir uma escada de pão" — um método retratado na obra  Rehepapp ehk November ("O Celeiro Velho ou Novembro"), do escritor estoniano Andrus Kivirähk. Ao tentar cumprir a ordem absurda, o kratt (feito de materiais inflamáveis, como feno) acabava pegando fogo e se consumindo, resolvendo assim o problema de sua existência indesejada.

Na astronomia popular estoniana, meteoros brilhantes (bólidos) eram por vezes interpretados como kratts incendiados após receberem ordens impossíveis, queimando no céu em forma de bolas de fogo.

Kratt como metáfora moderna

Devido à sua natureza de servidão incondicional e potencial perigo quando mal controlado, o kratt tem sido usado na Estônia como uma analogia para a inteligência artificial (IA). Essa comparação levou até mesmo à criação da "Lei Kratt", um termo coloquial para legislações que regulam a responsabilidade algorítmica e os riscos associados a sistemas automatizados.

Cultura Popular 

O kratt é um elemento recorrente na obra do escritor Andrus Kivirähk, que reinterpreta o folclore estoniano com humor e elementos de fantasia. Em seu já citado livro, Rehepapp ehk November, há uma sugestão de que alguns estonianos teriam enganado o Diabo usando groselhas negras no lugar de sangue, evitando assim a condenação eterna.

O compositor estoniano Eduard Tubin (1905–1982) criou o primeiro balé nacional do país, intitulado Kratt (1943), baseado em melodias folclóricas. A obra explora temas como a ilusão de que a riqueza traz felicidade, a corrupção causada pela ganância e o conflito entre valores materiais e amor.

O filme November (2017), dirigido por Rainer Sarnet e baseado no livro de Kivirähk, traz o kratt como uma das figuras centrais, mergulhando no imaginário folclórico estoniano com uma estética sombria e surrealista.


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23 de julho de 2025

A Lenda das 700 Luas

۞ ADM Sleipnir

Arte de  Birgitte Tümmler


A Lenda das 700 Luas é uma narrativa tradicional do povo Terena, grupo indígena que habitava a região da Serra da Bodoquena, no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. A lenda retrata valores como amor, liberdade e tradição, elementos centrais da cultura Terena, e está associada à Gruta do Lago Azul, importante sítio natural da região.

Contexto cultural

Os Terena são um povo que acreditava na singularidade do ser humano, criado por um deus sábio que dotou os homens de livre-arbítrio, energia vital e sentimentos profundos. Entre seus princípios, o amor era considerado o mais elevado, capaz de justar tanto a vida quanto a morte. Um de seus costumes era o Pacto das 700 Luas, um período de noivado em que um casal se conhecia por aproximadamente 700 luas antes de decidir pelo casamento. A decisão era livre e soberana, respeitada por toda a tribo. Se optassem pela união, realizavam um ritual sagrado na Gruta do Lago Azul, selando um vínculo indissolúvel, que nem mesmo a morte poderia romper.


A história de Cacai

Cacai era uma jovem Terena, considerada a mais bela de sua tribo, que vivia próximo à Gruta do Lago Azul. Seus encantos atraíam muitos pretendentes, incluindo o jovem cacique da tribo, que a escolheu como companheira. Seguindo a tradição, eles iniciaram o Pacto das 700 Luas. No entanto, o "deus do destino" interveio quando um guerreiro estrangeiro de pele clara e cabelos castanhos com mechas brancas foi capturado pela tribo. 

Cacai cuidou de seus ferimentos, ensinou-lhe sua língua e, com o tempo, apaixonou-se por ele, descobrindo que ele era o verdadeiro amor de sua vida. Ao final das 700 luas, Cacai recusou o casamento com o cacique. Furioso, ele violou a tradição e forçou a realização do ritual, pronunciando as palavras mágicas que selavam o pacto. Sabendo que quebrar o juramento significava ter o coração trespassado por uma flecha, Cacai e seu amado fugiram em uma canoa pelo Rio Formoso.

O cacique e seus guerreiros os perseguiram, cumprindo a maldição. O sangue do casal derramou-se no rio, tornando suas águas cristalinas e puras, assim como o coração de Cacai. Acredita-se que, em certos dias de paz e beleza natural, quando o vento sussurra e as águas do Lago Azul brilham mais intensamente, é possível ouvir os sussurros de amor de Cacai e seu amado. A lenda permanece como um símbolo do amor eterno e da liberdade de escolha, valores fundamentais do povo Terena.


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22 de julho de 2025

Atum

۞ ADM Sleipnir

Arte de gukkhwa

Atum (também conhecido como Tem ou Temu) foi uma das divindades mais antigas e importantes da mitologia egípcia, venerado originalmente em Iunu (Heliópolis, no Baixo Egito). Considerado o deus criador na Enéade de Heliópolis, sua influência diminuiu com o tempo em favor de , que acabou por eclipsá-lo em proeminência. Atum era a principal divindade de Per-Tem ("Casa de Atum"), localizada em Pithom, no Delta oriental.

Origem e representação

Os primeiros registros de Atum remontam aos Textos das Pirâmides (inscritos nas pirâmides dos faraós da 5ª e 6ª dinastias) e aos Textos dos Sarcófagos, usados nos túmulos de nobres. Ele era frequentemente associado ao faraó em todo o Egito, mesmo após o centro de poder se afastar de Heliópolis. Durante o Novo Reino, era retratado junto ao deus tebano Montu e ao rei no Templo de Amon em Karnak. No Período Tardio, amuletos em forma de lagartixa eram usados como símbolos de sua proteção.

Atum era geralmente representado em forma antropomórfica, usando a coroa dupla do Alto e Baixo Egito. Diferenciava-se do faraó principalmente pelo formato de sua barba. Também era retratado com um disco solar e uma longa peruca tripartida. Em seu aspecto solar e funerário, podia aparecer com cabeça de carneiro, às vezes sentado em um trono ou apoiado em um cajado, simbolizando sua velhice. Outras representações incluem o monte primordial, o touro negro Mnevis (que carregava o disco solar entre os chifres) e animais sagrados como a serpente, o leão, a lagartixa e o mangusto.

Mito da criação

Na cosmogonia heliopolitana, Atum era considerado o primeiro deus, autocriado a partir das águas primordiais de Nun. Ele emergiu sobre um monte primordial (benben), sendo às vezes identificado com o próprio monte, simbolizando o primeiro terreno sólido no caos aquoso.

A criação dos primeiros deuses, Shu (ar) e Tefnut (umidade), é descrita de várias maneiras nos textos antigos. Aversão mais difundida afirma que Atum os cuspiu de sua boca, usando sua saliva ou apenas seus lábios como meio de criação; outras tradições relatam que Atum os gerou por masturbação, com sua mão (feminina em egípcio, ḏr.t) atuando como princípio feminino associado a deusas como Hathor ou Iusaaset, enquanto interpretações alternativas sugerem que Atum se uniu à própria sombra para gerar vida, reforçando seu caráter autossuficiente.

Após criar Shu e Tefnut, eles se perderam nas trevas, levando Atum a enviar seu "Olho" (precursor do "Olho de Rá") para resgatá-los. Quando retornaram, ele os nomeou como "Vida" (Shu) e "Ordem" (Tefnut), estabelecendo os fundamentos do universo. Posteriormente, Shu e Tefnut deram origem a Geb (terra) e Nut (céu), que, por sua vez, geraram os deuses da Enéade: Osíris, Ísis, Seth, Néftis e Hórus, o Velho. Em algumas versões, Atum intervém para separar Geb e Nut, perturbado por sua união incessante, estabelecendo assim a distinção entre céu e terra.

Atum e o ciclo solar

Atum era associado ao sol poente, complementando Rá (sol do meio-dia) e Khepri (sol nascente). Na forma de Atum-, simbolizava o ciclo diário do sol: nascia no leste como Rá e "morria" no oeste como Atum, viajando pelo submundo para renascer ao amanhecer. Essa jornada era representada pelo escaravelho, um símbolo de autocriação, e uma grande estátua de escaravelho foi dedicada a ele em Karnak.

Atum no submundo e no juízo dos mortos

No Livro dos Mortos, Atum revela que, no fim dos tempos, destruirá o mundo, mergulhando tudo de volta em Nun. Apenas ele e Osíris sobreviveriam, transformados em serpentes. Nos textos funerários do Vale dos Reis, Atum aparece como um ancião de cabeça de carneiro, supervisionando o castigo dos inimigos do deus sol e repelindo criaturas malignas como Apep (Apófis) e Nehebu-Kau. Ele também protegia os justos, guiando-os pelo lago de fogo do Duat, onde o deus canino Am-heh devorava as almas dos condenados.

Culto e influência real

Atum era considerado o pai dos deuses e dos faraós, e muitos reis adotaram o título de "Filho de Atum", mesmo após o declínio de Heliópolis. Durante o Novo Reino, ele era frequentemente retratado inscrevendo os nomes reais nas folhas da árvore sagrada ished. Em Pithom, relevos mostram Atum coroando Ramsés II, reforçando seu papel na legitimação do poder faraônico.

No Primeiro Período Intermediário, "Atum e sua Mão" eram venerados como um casal divino em alguns sarcófagos, simbolizando sua natureza autocriadora. Seu culto também incluía oferendas de enguias mumificadas, guardadas em pequenos sarcófagos de bronze com sua efígie.

Embora representações diretas de Atum sejam raras, muitas imagens do faraó como "Senhor das Duas Terras" podem ser interpretadas como suas encarnações. Uma das mais notáveis estátuas sobreviventes mostra Horemheb, da 18ª Dinastia, ajoelhado diante do deus, evidenciando sua importância duradoura na religião e na realeza egípcias.


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21 de julho de 2025

O Conde de Saint Germain

۞ ADM Sleipnir

O Conde de Saint Germain foi uma figura enigmática e polêmica do século XVIII, cuja identidade real permanece objeto de especulação histórica e esotérica. Conhecido por sua erudição, refinamento e habilidades extraordinárias, Saint Germain foi considerado alquimista, músico, diplomata e até mesmo imortal. No entanto, grande parte de sua história é envolta em incertezas, com poucos registros confiáveis e uma abundância de relatos orais, cartas e textos ocultistas de autenticidade discutível — o que apenas reforça sua aura lendária. A partir do século XIX, tornou-se um ícone central em tradições esotéricas como a Teosofia.

Biografia e Origem

A origem exata do Conde de Saint Germain é incerta. Diversos relatos sugerem que ele teria nascido entre os anos de 1691 e 1712, possivelmente na Transilvânia, sendo, segundo algumas versões, filho ilegítimo de Francis II Rákóczi, príncipe da Hungria. Seu nome completo é desconhecido, e "Saint Germain" pode ter sido um pseudônimo ou um título autoconcedido.

Os primeiros registros históricos confiáveis sobre Saint Germain datam da década de 1740, quando ele começou a frequentar cortes europeias, especialmente a de Luís XV da França. Sua aparência jovem e comportamento excêntrico chamavam atenção. Alegava não envelhecer, não comer em público e possuir conhecimentos incomuns sobre eventos históricos passados.

Personalidade e Habilidades

O Conde de Saint Germain falava fluentemente diversas línguas, incluindo francês, alemão, italiano, espanhol, português, árabe, sânscrito e chinês, segundo testemunhos da época. Era também um talentoso músico e pintor, capaz de tocar violino com maestria e de imitar os estilos de grandes mestres da pintura.

Ele também era conhecido por seu conhecimento profundo de química e alquimia, afirmando ter desenvolvido um elixir da vida e fórmulas para transformar metais comuns em ouro. Apesar de sua aparência aristocrática, ele parecia evitar ostentação e afirmava viver de modo simples, embora sempre vestisse roupas luxuosas.

Atuação Política e Viagens

Saint Germain serviu como diplomata informal e conselheiro em várias cortes europeias. Trabalhou com o duque de Choiseul, ministro de Luís XV, e tentou negociar a paz entre Inglaterra e França durante a Guerra dos Sete Anos. Posteriormente, esteve ligado a missões diplomáticas na Holanda, Rússia e Áustria.

Relatos indicam que teria tido encontros com figuras notáveis, como Catarina, a Grande, Voltaire, Frederico, o Grande da Prússia, e Madame de Pompadour. Muitos desses contemporâneos deixaram relatos impressionados com seu comportamento e alegações místicas.

Suposta Imortalidade

Um dos aspectos mais famosos de sua lenda é a crença de que Saint Germain era imortal. Ele afirmava ter centenas de anos e conhecer pessoalmente personagens históricos do passado, como Jesus Cristo, Cleópatra, e até Homero.

Diversas pessoas afirmaram tê-lo visto décadas depois de sua suposta morte em 1784, na residência do príncipe Charles de Hesse-Kassel, na Alemanha. Posteriormente, teria sido avistado em diferentes países e épocas, inclusive durante a Revolução Francesa e em aparições no século XIX.

Controvérsias Históricas

Apesar da fascinação que despertava, o Conde de Saint Germain também foi alvo de críticas e ceticismo. Algumas figuras proeminentes da época o consideravam um charlatão habilidoso. O escritor e aventureiro Giacomo Casanova, por exemplo, descreveu-o em suas memórias como “um homem muito misterioso, mas também muito vaidoso e tolo”.

Críticos viam em Saint Germain um manipulador social que usava seu conhecimento e comportamento excêntrico para manter-se protegido e influente nas cortes europeias, sem jamais provar de forma conclusiva suas alegações extraordinárias.

Maçonaria e Ocultismo

Saint Germain foi, em alguns círculos, associado à Maçonaria e a sociedades secretas iniciáticas, como a Ordem Rosacruz. Existem registros não confirmados que o vinculam à introdução de rituais esotéricos em lojas maçônicas na Alemanha e na França. Em algumas tradições ocultistas, ele é considerado um patrono simbólico dos ritos herméticos e alquímicos preservados nessas ordens.

No século XIX, o Conde de Saint Germain foi incorporado como figura central em várias correntes ocultistas e esotéricas. A Sociedade Teosófica, fundada por Helena Blavatsky, o reconheceu como um dos "Mestres Ascensionados" — seres iluminados que guiam espiritualmente a humanidade.

Movimentos como a Grande Fraternidade Branca, a Summit Lighthouse e o grupo "I AM" o exaltam como "avatar da Era de Aquário" e "portador da Chama Violeta", uma energia espiritual capaz de purificar carmas e transmutar energias negativas.

No esoterismo moderno, Saint Germain é visto como um guia espiritual, alquimista celestial e mestre da sabedoria eterna.

Cultura Popular

A figura do Conde de Saint Germain tem sido amplamente representada na cultura popular, aparecendo em obras de ficção, programas de televisão, jogos eletrônicos, quadrinhos, música e outras mídias, frequentemente como símbolo de imortalidade, alquimia e sociedades secretas.

Literatura

  • Em Pérola do Caos (1994), de Katherine Neville, Saint Germain é retratado como um alquimista misterioso envolvido em tramas que conectam história, símbolos e conspirações globais;
  • Em O Pêndulo de Foucault (1988), de Umberto Eco, ele é citado como uma figura associada a sociedades secretas e a teorias da conspiração envolvendo conhecimento esotérico;
  • Em A Rainha dos Condenados (1988), de Anne Rice, ele é referenciado como um vampiro imortal dentro da série Crônicas Vampirescas;
  • Em Os Segredos do Imortal Nicholas Flamel, de Michael Scott, ele aparece como um dos imortais que guiam os protagonistas ao longo da série juvenil de fantasia;
  • Em Saint-Germain Chronicles, de Chelsea Quinn Yarbro, o conde é reimaginado como um vampiro erudito e nobre que vive através dos séculos;
  • Nas obras de Helena Blavatsky (Sociedade Teosófica), ele é reverenciado como um "Mestre Ascensionado" em livros como A Doutrina Secreta, sendo central na cosmologia espiritual teosófica.

Cinema e Televisão

  • Em Outlander (Starz, 2014–presente), Saint Germain é mostrado como um aristocrata francês envolvido em práticas mágicas;
  • Na série animada Castlevania (Netflix, 2017–2021) ele é representado como um estrategista carismático com traços vampíricos e místicos (voz de Jason Isaacs);
  • O documentário The Secret of St. Germain (2003) explora sua lenda e aparições históricas;
  • Em Sanctuary (SyFy, 2008–2011), ele é referenciado como um dos "Imortais" que atuam em segredo ao longo da história humana.

Quadrinhos e Graphic Novels

  • Em The Frankenstein Monster #7 (1973), da Marvel Comics, Saint Germain aparece como um imortal que colabora com Drácula;
  • Em Hellboy, de Mike Mignola, ele inspira personagens ocultistas com forte ligação ao conhecimento arcano e à imortalidade;
  • Em Codex Black, ele citado como um guardião de saberes ocultos e mistérios antigos;
  • Em Dandadan, de Yukinobu Tatsu, O Conde de Saint Germain (Sanjeruman Hakushaku) é retratado como um colecionador de tudo o que se relaciona ao paranormal, tendo como principal objetivo adquirir o misterioso objeto chamado Dandadan. Embora seja afiliado ao grupo Kur, atua sob o nome falso de Sanjome como vice-diretor e conselheiro do Clube de Pesquisa de História e Cultura na Kami High. Na trama, ele exerce o papel de antagonista central e também de aliado temporário durante o Arco Danmara.
Saint Germain (Dandadan)

Jogos Eletrônicos

  • Em Assassin’s Creed Unity (2014), Saint Germain figura como membro da Ordem dos Templários, envolvido em conspirações durante a Revolução Francesa;
  • Em Castlevania: Curse of Darkness (2005), ele é um misterioso viajante do tempo que  parece ter um conhecimento infinito. Ele tem a capacidade de mudar sua posição em relação ao tempo;
  • Em The Secret World (2012), ele é mencionado em missões ligadas a sociedades secretas globais.
  • NO mobile game Fate/Grand Order, ele é invocado como um servo da classe "Caster", especializado em magia e alquimia.

Música e Ópera

  • Em The Count of St. Germain, da banda Therion – Faixa do álbum Beloved Antichrist (2018), dedicada à sua lenda;
  • Em Saint-Germain, da banda Ayreon – Personagem temático do álbum The Source (2017), que trata de civilizações avançadas e imortalidade espiritual.
Saint Germain (Castlevania, Netflix)

17 de julho de 2025

Mantiw

 ۞ ADM Sleipnir

Arte de Justin Umali


Os Mantiw (ou Mantyú,  "esguio" ou "desengonçado" no idioma visaya) são seres gigantes do folclore das Visayas Ocidentais, nas Filipinas, especialmente associados à província de Iloilo. Considerados espíritos da natureza ou criaturas sobrenaturais, esses seres são descritos como altíssimos, superando em muito a altura das palmeiras buri e dos coqueiros, alcançando facilmente mais de nove metros. Sua presença é geralmente percebida pelo som de um assobio peculiar que ecoa no ar durante a noite e nas primeiras horas da madrugada, embora prefiram permanecer invisíveis, revelando-se apenas quando assim desejam.

Testemunhas que afirmam ter avistado um Mantiw descrevem-nos como figuras humanoides de constituição física variável. Alguns relatos mencionam uma pele escura, enquanto outros falam de uma tez mais clara. Independentemente disso, todos concordam sobre seus ombros largos, membros excepcionalmente longos e finos, e um nariz aquilino que se destaca em seu rosto. Uma característica peculiar frequentemente ressaltada nas narrativas tradicionais é a sua genitália descomunal, com um pênis alongado e testículos pendulares que balançam enquanto caminham.

Arte de Zyu

Embora não sejam considerados agressivos por natureza, os Mantiw possuem um temperamento que pode se alterar rapidamente diante de certas provocações. Eles não toleram que humanos imitem seu assobio característico, interpretando isso como uma afronta direta. Quando irritados, têm o hábito de capturar o infrator, transportá-lo até o topo da palmeira mais alta disponível e ali abandoná-lo, sem qualquer preocupação em como a pessoa descerá. Algumas histórias locais, como uma originária de Culasi, na província de Antique, contam episódios em que indivíduos conseguiram escapar dessa situação ao produzir sons inesperados, como o ruído de um violão sendo tocado desesperadamente, o que aparentemente causa desconforto aos gigantes.

Além dessas interações mais hostis, os Mantiw ocasionalmente manifestam um lado brincalhão. Há registros de viajantes noturnos que foram surpreendidos ao serem levantados do chão e carregados nos ombros desses seres por grandes distâncias, sem que houvesse qualquer motivo aparente para o sequestro além do mero divertimento. Curiosamente, apesar de seu tamanho colossal e da capacidade de percorrer vastas extensões de terra com apenas alguns passos, esses seres nunca deixam vestígios físicos de sua passagem, como pegadas ou marcas no solo.

Arte de @aswangnft


fontes:

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16 de julho de 2025

A Menina do Lacinho Cor-de-Rosa

۞ ADM Sleipnir

A Menina do Lacinho Cor-de-Rosa é uma lenda urbana do estado de Minas Gerais, especialmente popular em Belo Horizonte. A história é amplamente conhecida por seu tom misterioso e melancólico, sendo contada em diferentes versões que mantêm o mesmo núcleo sobrenatural.

Segundo o relato mais comum, um porteiro de um prédio em Belo Horizonte costumava ver uma menina de cerca de dez anos de idade, que frequentemente pedia permissão para subir até o oitavo andar. Ela estava sempre vestida com um vestido branco, sapatos brancos e adornos cor-de-rosa — incluindo lacinhos na cintura, no cabelo e nos sapatos. A menina subia sozinha e sempre dizia que iria visitar o casal de idosos que morava naquele andar. O porteiro permitia a sua entrada regularmente, até que, em certo momento, percebeu que a menina parou de aparecer.

Intrigado com o sumiço repentino, ele comentou o caso com o casal morador do oitavo andar. Ao descrever a criança, os idosos ficaram surpresos e visivelmente abalados, afirmando que aquela menina, com as características exatas descritas pelo porteiro, era sua neta falecida há muitos anos. Eles também garantiram que ninguém os visitava com tal frequência.

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15 de julho de 2025

Abezethibou

۞ ADM Sleipnir

Abezethibou é um anjo caído/demônio mencionado no  texto apócrifo Testamento de Salomão, descrito como uma entidade de uma asa que habita o Mar Vermelho. Na tradição apócrifa, ele é apresentado como um adversário de Moisés, desempenhando um papel ativo na narrativa do Êxodo bíblico.

De acordo com o texto, Abezethibou originalmente residia no primeiro céu, denominado Amelouth. Ele esteve presente quando Moisés compareceu perante o faraó do Egito e foi convocado pelos magos egípcios em suas tentativas de contradizer os prodígios realizados por Moisés. Abezethibou atribui a si mesmo a responsabilidade por influenciar o faraó contra seu próprio povo e por instigar os egípcios a perseguirem os israelitas durante sua saída do Egito.

O relato prossegue descrevendo que, quando as águas do Mar Vermelho retornaram ao seu leito natural afogando os perseguidores egípcios, Abezethibou ficou aprisionado em um pilar de ar. Posteriormente, o demônio Ephippas o libertou desta condição e o conduziu à presença do rei Salomão. Conhecido por sua habilidade em controlar entidades demoníacas, Salomão teria então subjugado tanto Abezethibou quanto Ephippas, obrigando-os a sustentar permanentemente o mencionado pilar - interpretado por alguns estudiosos como uma referência simbólica à Via Láctea.

fontes:

  • BANE, T. Encyclopedia of Demons in World Religions and Cultures. [s.l.] McFarland, 2014.
  • ‌GUILEY, R. The Encyclopedia of Demons and Demonology. [s.l.] Infobase Publishing, 2009.

14 de julho de 2025

Akampeshimpeshi

۞ ADM Sleipnir
Akampeshimpeshi é uma criatura mitológica oriunda do folclore do povo Lamba da Zâmbia, associada aos fenômenos celestes. Ela é descrita como uma criatura híbrida, possuindo a cabeça, os chifres e a barba de uma cabra, e os pés e a cauda de um crocodilo. Essa criatura tem uma forte conexão com o céu e com os fenômenos naturais que o povo Lamba considera sagrados.

De acordo com as crenças dos Lamba, existe um grande lago de água acima da cúpula do céu, protegido por um dique guardado por sentinelas nomeadas pelo deus supremo Lesa. Às vezes, Lesa nomeia crianças para vigiar o dique, mas suas brincadeiras acabam provocando buracos, permitindo que a água transborde para a terra na forma de chuva. Quando homens adultos são designados para a tarefa, não há chuva.O relâmpago, é causado pelos guardiões do dique quando estes balançam e lançam suas facas (imyele). As facas, no entanto, não devem cair, pois se isso acontecer, a terra seria destruída. Quando um relâmpago atinge o solo, o Akampeshimpeshi desce à terra preso a um longo fio de teia, geralmente retornando ao céu pouco tempo depois. No entanto, se o fio que o prende aos céus se romper, ele fica preso na terra, emitindo um som que lembra o choro de uma cabra. Nesse estado, o Akampeshimpeshi torna-se extremamente perigoso, exigindo ação imediata dos membros da comunidade Lamba. 


Quando isso acontece, os homens Lamba se organizam em grupos para caçar e destruir a criatura, seguindo o rastro deixado pelo raio. A tarefa não é simples, pois o Akampeshimpeshi possui poderes mortais. Por isso, os caçadores precisam levar consigo um remédio protetor especial, conhecido como ubwanga hwayamina, para evitar que sejam vítimas da fúria da criatura.

Além do perigo direto representado pelo Akampeshimpeshi, os Lamba também temem árvores atingidas por raios, acreditando que elas retêm o poder residual da criatura. Por essa razão, evitam usar a madeira dessas árvores para qualquer finalidade, especialmente para o fogo, pois acreditam que ela carrega o espírito do Akampeshimpeshi e pode trazer desgraça.



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Ruby