29 de novembro de 2025

Eliza Battle

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O Eliza Battle foi um barco a vapor com rodas de pás que operou no rio Tombigbee, navegando entre Columbus, Mississippi, e Mobile, Alabama, nos Estados Unidos durante a década de 1850. Considerado um dos barcos fluviais mais luxuosos de seu tempo, o navio tornou-se tristemente célebre pelo desastre marítimo que resultou em sua destruição e transformou-o em uma das mais duradouras lendas folclóricas do Alabama.​

História

O Eliza Battle foi lançado em New Albany, Indiana, em 1852. Tratava-se de um vapor com rodas laterais de casco de madeira, com capacidade de 316 toneladas. A embarcação era operada a partir de Mobile, Alabama, pela empresa Cox, Brainard & Company, que dominou o transporte fluvial no Alabama até 1861.​ O navio rapidamente estabeleceu reputação como uma das embarcações mais luxuosas a navegar as águas do Alabama. Em 7 de abril de 1854, o ex-presidente dos Estados Unidos Millard Fillmore foi homenageado durante uma recepção a bordo do navio em Mobile, atestando o prestígio da embarcação.​

O Eliza Battle operava uma rota regular entre Columbus, Mississippi, e Mobile, Alabama, transportando passageiros e cargas, predominantemente algodão. O barco navegava até Columbus apenas durante os períodos de cheia regular do rio Tombigbee no inverno, quando as águas permitiam a navegação mais ao norte.​

Anúncio no jornal Sumter County Whig (18/04/1855) dos serviços do Eliza Battle. 

O desastre de 1858

No final de fevereiro de 1858, o Eliza Battle partiu de Columbus sob o comando do Capitão S. Graham Stone, com Daniel Epps como piloto. Durante sua viagem rio abaixo, o navio fez paradas em Pickensville, Gainesville, Demopolis e numerosos pequenos atracadouros ao longo do rio.​ Quando deixou Demopolis em 28 de fevereiro de 1858, a embarcação estava totalmente carregada com passageiros e mais de 1.200 fardos de algodão. 

Durante aquela noite excepcionalmente fria, um forte vento norte começou a soprar, com a temperatura caindo 40°F (aproximadamente 22°C) nas duas horas após o anoitecer.​ Por volta das 2h da manhã de 1º de março de 1858, cerca de 32 milhas (51 km) rio abaixo de Demopolis, próximo ao local onde hoje fica Pennington, Alabama, descobriu-se que fardos de algodão no convés principal estavam em chamas. O fogo se espalhou rapidamente impulsionado pelos fortes ventos, e logo toda a embarcação estava envolta em chamas.​

A tripulação tentou conduzir o barco até a margem para dar aos passageiros uma chance de escapar, mas a corda do leme havia sido queimada pelo fogo, deixando a embarcação à deriva descontroladamente com a correnteza. Os passageiros enfrentaram uma escolha impossível: morrer queimados ou saltar nas águas geladas do rio em estado de enchente.​

Vítimas e resgate

A estimativa de mortos varia entre 26 e 33 pessoas, de um total de aproximadamente 60 passageiros e uma tripulação de 45 membros. Diversos sobreviventes tentaram flutuar agarrados a fardos de algodão ou se refugiaram em copas de árvores cercadas pelas águas da enchente.​ Das aproximadamente 25 pessoas que conseguiram nadar até árvores e subir em seus galhos, apenas cerca de cinco sobreviveram à noite devido ao frio intenso. 

Um dos sobreviventes notáveis foi Frank Mauldin, que residia em Macon, Condado de Noxubee, Mississippi. Mauldin atribuiu sua sobrevivência a uma pequena garrafa de conhaque e um pedaço de tabaco que tinha nos bolsos, que usou como estimulantes durante as horas geladas na árvore.​ Rebecca Coleman Pettigrew, que vivia perto do rio, cuidou de muitos dos sobreviventes feridos da tragédia. O acidente ocorreu aproximadamente um quarto de milha ao norte de Naheola, no rio Tombigbee.​


A lenda do navio fantasma

Após a tragédia, o navio entrou no folclore do sudoeste do Alabama como um navio fantasma, com numerosos relatos de avistamentos da embarcação em chamas.​ De acordo com a tradição local, o Eliza Battle pode ser visto em noites frias e enevoadas, ainda em chamas, navegando as águas do rio Tombigbee. Os avistamentos são relatados desde logo ao norte de Pennington até Nanafalia rio abaixo. Testemunhas descrevem a aparição como uma embarcação queimando com chamas bruxuleantes, acompanhada de música distante e sons de pânico.​

Pescadores locais afirmam que a aparição é um sinal de desgraça iminente. Relatos de avistamentos tornaram-se tão frequentes e integrados à cultura local que famílias ribeirinhas utilizavam as aparições fantasmagóricas como um sistema de alerta precoce para preparar-se contra potenciais ameaças naturais.​

Em 1997, o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos recebeu relatos de um barco a vapor de estilo antigo em chamas perto da eclusa e barragem no rio Tombigbee. Os engenheiros que estavam no local há bastante tempo não ficaram surpresos com as chamadas, pois recebiam relatórios de um vapor em chamas quase todo mês de fevereiro, especialmente quando o clima estava severo.​

Na Cultura Pop

A história do desastre e o folclore associado foram ficcionalizados em diversos contos publicados, mais notavelmente em The Phantom Steamboat of the Tombigbee (O Vapor Fantasma do Tombigbee) no livro 13 Alabama Ghosts and Jeffrey (13 Fantasmas do Alabama e Jeffrey). Este livro, publicado pela primeira vez em 1969 pela folclorista Kathryn Tucker Windham e Margaret Gillis Figh, tornou-se uma das obras mais queridas do Sul dos Estados Unidos.​

fontes:

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