24 de setembro de 2014

Lestrigões

۞ ADM Sleipnir


Os Lestrigões (ou Lestrígonessão uma tribo de gigantes antropófagos da mitologia greco-romana. O termo lestrigão foi derivado da palavra grega laisêion, "couro cru" ou "pele" e trygaô, "reunir." Eram conhecidos por serem uma sociedade ativa, diligente, e praticamente incansável. Homero conta que, sempre com as portas abertas, de dia e de noite, os pastores lestrigões entravam e saíam. Nesse vaivém constante, o pastor que entrava saudava o pastor que saía, e o pastor que não sucumbia ao sono dobrava o seu salário durante a noite. Em Lestrigônia não haviam campos arados, nem hortas, nem pomares, nem jardins, pois os pastores lestrigões não precisavam semear para viver, se alimentando de seus próprios rebanhos. Os lestrigões eram pastores ávidos, insistentes, sempre atentos à possibilidade de lucro, sempre dispostos a, em mais de uma maneira, devorar as ovelhas. 

Mitologia

Na Odisséia (livro IX), Odisseu (Ulisses) e sua companhia, composta por uma dúzia de navios, aportaram em Telépio, capital da Lestrigônia, após fracassar em obter a ajuda de Éolo e passarem seis dias e seis noites vagando pelo mar sem destino.

Os navios entraram em um porto cercado por penhascos íngremes, com uma única entrada entre dois cabos. Os capitães atracaram seus navios uns próximos aos outros, mas Odisseu achou prudente manter seu próprio navio fora do porto, amarrado a uma rocha. Ele subiu em uma rocha alta para fazer o reconhecimento do local, mas não conseguiu ver nada, além de um pouco de fumaça saindo do chão. Ele então enviou três homens para investigarem o local. 

Os homens seguiram a entrada a pé e eventualmente encontraram uma jovem, que estava a caminho da Fonte da Artakia para buscar um pouco de água. A jovem disse ser filha de Antífates, o rei dos lestrigões, e guiou os três homens até sua casa. No entanto, assim que chegaram lá, encontraram uma mulher gigantesca, a esposa de Antífates, que prontamente chamou o marido. Antífates deixou a assembléia do povo imediatamente e ao chegar em casa agarrou um dos homens e começou a devorá-lo. Os outros dois homens (chamados Euríloco e Polites) fugiram em direção aos navios, na tentativa de avisar Odisseu, mas Antífates levantou um clamor aos moradores, de maneira que os fugitivos foram perseguidos por milhares de lestrigões. Os gigantes subiram o topo dos penhascos e de lá atiraram pedras enormes contra a frota de Odisseu, antes que pudessem escapar. Os navios foram atingidos e destruídos, e seus homens foram espetados como se fossem peixes e devorados pelos lestrigões. 

Somente Odisseu e alguns tripulantes conseguiram escapar desse massacre, pois o navio de Odisseu estava atracado em um ponto mais afastado. O resto de sua companhia foi completamente aniquilada pelos lestrigões. Os sobreviventes do ataque escaparam em alta velocidade, e acabam indo parar na ilha da feiticeira Circe

Leia mais sobre Odisseu/Ulisses AQUI

Lestrigões destruindo a frota de Odisseu


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6 comentários:

  1. Muito legal, acho curioso que no mito eles so percebem que os Gigantes são Gigantes quando veem a esposa de Antífates, aparentemente a filha dela ou não era gigante ou eles só se tornam gigantes depois de um tempo. Só um adendo, os Lestrigões não eram canibais mas sim antropófagos, só seriam canibais se comessem outros lestrygões.
    De qualquer forma parabéns pela excelente página.

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    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário. Vou substituir "canibal" por "antropófago".

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  2. AGORA JA SEI EM Q MITO FOI INSPIRADO O ANIME SHINGEKI NO KYOJIN

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  3. Parabéns pelo blog. Muito bem feito e informativo. Vou consultar sempre.

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  4. Isso é no mínimo interessante. Veja o que Américo Vespúcio diz em suas cartas sobre o novo mundo:

    "Caminhando, porém, pela
    areia, vimos algumas pegadas muito grandes, de que concluímos que,se os outros membros correspondessem àqueles pés, homens enormes habitavam aquela terra. Seguindo assim pela praia,encontramos um caminho que levava terra adentro e ordenamos que nove de nossos homens o percorressem para explorar o interior da ilha, porque não nos pareceu ampla nem muito habitada.
    Depois de trilhá-lo por cerca de uma légua, vimos num vale cinco casas que pareciam habitadas e, entrando nelas, vimos cinco mulheres, duas velhas e três jovens, todas tão altas que nos causaram
    admiração. Mal nos viram, ficaram elas tão estupefatas que lhes faltou coragem para fugir. Então as velhas, falando docemente conosco em sua língua e recolhendo-se todas numa casa só, ofere-
    ceram-nos muitos de seus víveres. Eram maiores que um homem alto, eram tão altas como Francisco de Albicio, porém mais bem proporcionadas do que nós.
    Todos concordamos em tomar pela força as maisjovens e levá-las a Castela, como curiosidade. Mas, estando a deliberar sobre isso, eis que uns 36 homens, muito mais altos do que as mulheres
    e tão belamente constituídos que era agradável olhá-los, começaram a entrar na casa. Ficamos tão perturbados por causa deles que mais queríamos estar nas nossas naus do que com tais pessoas.
    A modo de clavas, portavam enormes arcos e flechas, grandes paus e estacas. Logo que entraram, começaram conversar, como
    se quisessem prender-nos, enquanto entre nóstínhamos opiniões distintas: uns entendiam que devíamos atacá-los ali mesmo na casa; outros, ao contrário, que devíamos fazê-lo fora, em campo aberto; e ainda outros asseveravam que de modo algum devíamos lutar com eles até que soubéssemos o que queriam fazer. Em meio a deliberar, saímos da casa dissimuladamente e começamos a retornar aos navios, enquanto eles, sempre a conversar entre si, nos seguiam à distância de um tiro de pedra, tremendo, como penso, de medo não menor que o nosso, pois, se parávamos, imediatamente paravam; e não andavam se não andávamos.
    Assim que chegamos às naus e começamos em ordem a embarcar em nossos batéis, todos logo se atiraram ao mar e desferiram suas flechas contra nós, mas pouco os temíamos, pois disparamos contra eles dois tiros de bombarda, mais para assustar do que para matar. Ao ouvir o estrondo, fugiram correndo para um monte vizinho e assim nos libertamos e nos separamos. Todos andam nus, como relatamos sobre povos anteriores, e, mercê da estatura deles, aquela ilha chamamo-la dos Gigantes.

    Américo Vespúcio era homem do renascimento, conhecia largamente a obra de Homero, teria ele readaptado o mito dos lestrygões?

    VESPÚCIO, Américo (1454-1512). Novo Mundo: as cartas que batizaram a América. 1° ed. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro, 2013. (Coleção biblioteca básica brasileira) p. 41, 42 e 43

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