
Os Lestrigões (ou Lestrígones, grego: Λαιστρυγων (sing.) Λαιστρυγονεςou (pl.)) eram uma tribo de gigantes antropófagos da mitologia grega, célebres por aparecerem no relato das viagens de Odisseu (Ulisses) na Odisseia de Homero. Viviam em uma terra remota situada, segundo a tradição, nos confins do norte, onde o sol parecia nascer pouco depois de se pôr, e o ciclo entre dia e noite quase se confundia. Seu nome, de etimologia incerta, foi por vezes associado às palavras gregas laisêion (“couro cru”, “pele”) e trygaô (“recolher”, “colher”).
Mitologia
Após fracassar em obter a ajuda de Éolo, rei dos ventos, Odisseu e sua frota navegaram durante seis dias e seis noites, até chegarem a Telépio, a cidade fortificada dos Lestrigões, governada pelo rei Antífates (em algumas tradições, por Lamos). Telépio era descrita como uma região em que os dias e as noites se sucediam de forma quase contínua. Homero relata que ali um pastor, ao conduzir seu rebanho para o campo, podia cruzar com outro que retornava; um homem que não dormisse poderia receber salário dobrado, cuidando tanto do gado quanto das ovelhas.
A frota entrou em um porto estreito, protegido por penhascos com apenas uma entrada entre dois cabos. Odisseu, porém, desconfiado, deixou seu próprio navio do lado de fora, amarrado a uma rocha. Dos altos rochedos, ele apenas divisou fumaça ao longe e enviou três homens em reconhecimento. No caminho, os exploradores encontraram uma jovem que ia buscar água na fonte Artákia. Ela se apresentou como filha do rei Antífates e os conduziu até o palácio. Lá, encontraram a rainha, de proporções gigantescas, que logo chamou o marido. Assim que chegou, Antífates agarrou um dos homens e o devorou cru diante dos outros. Os dois sobreviventes fugiram desesperados em direção aos navios.
Antífates, porém, levantou um clamor, e logo multidões de Lestrigões acorreram de todas as direções. Subindo aos penhascos, lançaram pedras imensas contra a frota de Odisseu, esmagando os navios e perfurando os marinheiros com lanças, como se fossem peixes. Todos os navios atracados dentro do porto foram destruídos, e suas tripulações devoradas pelos gigantes. Somente Odisseu conseguiu escapar, pois seu navio permanecera fora do porto. Ele cortou as amarras com a espada, convocou sua tripulação a remar com todas as forças e conseguiu fugir em meio ao massacre. Os sobreviventes, arrasados com a perda de tantos companheiros, seguiram viagem até a ilha de Circe (Éeia).
Leia mais sobre Odisseu/Ulisses AQUI
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- LAESTRYGONES (Laistrygones) - Cannibal Giants of Greek Mythology. Disponível em: <https://www.theoi.com/Gigante/GigantesLaistrygones.html>.

Muito legal, acho curioso que no mito eles so percebem que os Gigantes são Gigantes quando veem a esposa de Antífates, aparentemente a filha dela ou não era gigante ou eles só se tornam gigantes depois de um tempo. Só um adendo, os Lestrigões não eram canibais mas sim antropófagos, só seriam canibais se comessem outros lestrygões.
ResponderExcluirDe qualquer forma parabéns pela excelente página.
Obrigado pelo comentário. Vou substituir "canibal" por "antropófago".
ExcluirAGORA JA SEI EM Q MITO FOI INSPIRADO O ANIME SHINGEKI NO KYOJIN
ResponderExcluirIa falar isso
ExcluirParabéns pelo blog. Muito bem feito e informativo. Vou consultar sempre.
ResponderExcluirIsso é no mínimo interessante. Veja o que Américo Vespúcio diz em suas cartas sobre o novo mundo:
ResponderExcluir"Caminhando, porém, pela
areia, vimos algumas pegadas muito grandes, de que concluímos que,se os outros membros correspondessem àqueles pés, homens enormes habitavam aquela terra. Seguindo assim pela praia,encontramos um caminho que levava terra adentro e ordenamos que nove de nossos homens o percorressem para explorar o interior da ilha, porque não nos pareceu ampla nem muito habitada.
Depois de trilhá-lo por cerca de uma légua, vimos num vale cinco casas que pareciam habitadas e, entrando nelas, vimos cinco mulheres, duas velhas e três jovens, todas tão altas que nos causaram
admiração. Mal nos viram, ficaram elas tão estupefatas que lhes faltou coragem para fugir. Então as velhas, falando docemente conosco em sua língua e recolhendo-se todas numa casa só, ofere-
ceram-nos muitos de seus víveres. Eram maiores que um homem alto, eram tão altas como Francisco de Albicio, porém mais bem proporcionadas do que nós.
Todos concordamos em tomar pela força as maisjovens e levá-las a Castela, como curiosidade. Mas, estando a deliberar sobre isso, eis que uns 36 homens, muito mais altos do que as mulheres
e tão belamente constituídos que era agradável olhá-los, começaram a entrar na casa. Ficamos tão perturbados por causa deles que mais queríamos estar nas nossas naus do que com tais pessoas.
A modo de clavas, portavam enormes arcos e flechas, grandes paus e estacas. Logo que entraram, começaram conversar, como
se quisessem prender-nos, enquanto entre nóstínhamos opiniões distintas: uns entendiam que devíamos atacá-los ali mesmo na casa; outros, ao contrário, que devíamos fazê-lo fora, em campo aberto; e ainda outros asseveravam que de modo algum devíamos lutar com eles até que soubéssemos o que queriam fazer. Em meio a deliberar, saímos da casa dissimuladamente e começamos a retornar aos navios, enquanto eles, sempre a conversar entre si, nos seguiam à distância de um tiro de pedra, tremendo, como penso, de medo não menor que o nosso, pois, se parávamos, imediatamente paravam; e não andavam se não andávamos.
Assim que chegamos às naus e começamos em ordem a embarcar em nossos batéis, todos logo se atiraram ao mar e desferiram suas flechas contra nós, mas pouco os temíamos, pois disparamos contra eles dois tiros de bombarda, mais para assustar do que para matar. Ao ouvir o estrondo, fugiram correndo para um monte vizinho e assim nos libertamos e nos separamos. Todos andam nus, como relatamos sobre povos anteriores, e, mercê da estatura deles, aquela ilha chamamo-la dos Gigantes.
Américo Vespúcio era homem do renascimento, conhecia largamente a obra de Homero, teria ele readaptado o mito dos lestrygões?
VESPÚCIO, Américo (1454-1512). Novo Mundo: as cartas que batizaram a América. 1° ed. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro, 2013. (Coleção biblioteca básica brasileira) p. 41, 42 e 43
Polites e Euriloco sobreviveram?
ResponderExcluirFui atrás dessa informação, e pelo que pude descobrir, os dois homens mencionados não se tratam de Polites e Euríloco. Os homens envolvidos nesse trecho do mito acabaram morrendo. Polites e Euríloco sobrevivem a experiência e aparecem posteriormente na história. Obrigado por comentário. Me possibilitou revisar e aprimorar esse post (foi publicado a 11 anos atrás).
ExcluirEstou lendo a Odisseia de Homero e cheguei nessa parte aí. Legal, obrigado pelo artigo.
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