30 de dezembro de 2016

Sengen

۞ ADM Sleipnir



Sengen (mais conhecida como Konohana Sakuya-Hime (japonês 木花之開耶姫,
 "Princesa do Florescimento das Árvores") é a deusa xintoísta associada ao Monte Fuji (a maior montanha do Japão) e as flores de cerejeira. Ela é filha do deus das montanhas, Ohoyana, e sua principal função é garantir que as cerejeiras floresçam completas e exuberantes na primavera. Conta-se que em tempos antigos, Sengen pairava pairava em uma nuvem luminosa acima da cratera do monte Fuji, assistida por servos invisíveis aos olhos dos mortais, prontos a atirar em suas profundezas qualquer peregrino que não tivesse um coração puro. Ela possui um santuário no  topo do monte Fuji, onde seus adoradores saúdam o nascer do sol. Seus seguidores acreditam que ela o impede de entrar em erupção.


Lendas

Sengen e Ninigi

Seu consorte era o deus Ninigi, neto da deusa do sol Amaterasu. Segundo a lenda, os dois se conheceram durante um passeio à beira-mar e se apaixonaram de imediato. Ninigi decidiu pedir à Ohoyana a mão de sua filha em casamento, e recebeu deste a opção de escolher entre Sengen ou sua irmã, Iwanaga Hime, a deusa de pedra. Se Ninigi escolhesse Ihanaga, todos os seus descendentes teriam a resistência e a longa vida das pedras, e se escolhesse Konohana, seus descendentes estariam condenados a ter a fragilidade e vida curta das flores. Apaixonado, Ninigi escolheu Sengen, e os dois se casaram imediatamente.  

Logo após a noite de núpcias, Sengen ficou grávida, e Ninigi suspeitou dela, acusando-a de ter tido um caso pré-marital. Enfurecida com a acusação de Ninigi, Sengen se trancou em uma cabana e ateou fogo na mesma, para prová-lo que o filho que esperava era mesmo dele, pois caso não fosse, tanto ela quanto o bebê seriam consumidos pelo fogo.
 


Após um tempo dentro da cabana em chamas, Sengen deu à luz não só a um, mas a três filhos saudáveis, chamados Hoderi, Hosuseri e Hoori. Eles deixaram a cabana sem serem tocados pelas chamas, ficando assim provada a castidade de Sengen e também a linhagem divina de seus filhos. 

A divindade do Monte Fuji

Na segunda década do ano mil, a aldeia de Kamiide, na província de Suruga, no Japão, foi tomada por um surto de varíola. As pessoas ficaram muito mal e começaram a morrer seguidamente. Todos os dias, havia lamentações pela perda de entes queridos por parte de seus familiares. Nessa ocasião, a mãe de um jovem aldeão chamado Yosoji também caiu doente, trazendo-lhe grande preocupação. Então, o moço procurou um mago de nome Kamo no Yamakiko em busca de cura.

O mago disse ao jovem que procurasse um riacho a sudoeste do Monte Fuji.

Na nascente desse riacho, existe um santuário dedicado a Okinaga Sukuneo, o deus da longevidade. Tome dessa água e leve-a para sua mãe beber. Essa água é um santo remédio.

O jovem, então, cheio de esperança, caminhou mata adentro, enfrentando grandes perigos, pois, naquela época, a floresta em torno do Monte Fuji era habitada por animais selvagens. Depois de uma árdua e demorada caminhada, chegou a um ponto onde a trilha se dividia em três rumos a tomar. Enquanto tentava decidir em qual direção deveria seguir, apareceu por lá uma belíssima jovem vestida de branco, que disse:

Sei que você é um filho dedicado. Não mede esforços em busca da cura para enfermidade de sua mãe. Siga-me, que levarei você até a nascente do riacho.

Os dois penetraram na floresta e andaram durante muito tempo. Finalmente, chegaram a um torii (portal sagrado) próximo de uma rocha de onde jorrava um fio de água. Essa fonte era o santuário natural dedicado ao deus da longevidade.

Beba a água e encha a cuia para levar para sua mãe – disse a linda jovem.

Depois, ela acompanhou Yosoji até o ponto onde se encontraram e recomendou:

Estarei lhe esperando daqui a três dias, pois você vai precisar de mais goles desta água para sua mãe.

Depois de cinco visitas ao santuário do deus da longevidade, acompanhado da bela jovem, Yosoji estava muito feliz, porque sua mãe havia melhorado e também os vizinhos a quem ele distribuiu a água. Quando contou a sua mãe todo o ocorrido, ela lhe disse que gostaria de saber o nome de tão bondosa criatura.

Os aldeões mostraram-se agradecidos e foram reverenciar o bravo Yosoji e o mago Kamo no Yamakiko com muitos presentes. O moço, porém, sentiu que deveria agradecer à linda jovem que o guiou para que pudesse encontrar a fonte sagrada. Assim, resolveu voltar ao santuário do deus da longevidade, na esperança de encontrá-la novamente.


Ao chegar no local, viu, surpreso, que a fonte havia secado. Sentiu uma grande tristeza e, ajoelhado, rezou pedindo ao deus da longevidade que lhe proporcionasse um encontro com aquela jovem, pois queria agradecer por tudo que ela havia feito por sua mãe e pelos aldeões. Quando se levantou, viu que a moça estava em sua frente. Ao vê-lo, ela disse:

Você não devia ter vindo aqui. Sua mãe e os aldeões estão curados, portanto não há razão para você vir até aqui.

Ao que Yosoji respondeu:

Eu vim porque ainda não lhe agradeci suficientemente pelo pronto restabelecimento de minha mãe e de todos os aldeões. 

Assim, o moço agradeceu em seu nome e de toda aldeia pela ajuda que ela havia prestado. Em seguida, expressando um desejo de sua mãe, perguntou o nome dela.

Meu nome pouco importa. E o que fiz dispensa agradecimentos. Eu guiei você até a fonte porque o deus da Longevidade me pediu. Disse-me ele que seu amor de filho é algo tão admirável que merecia ajuda. De sorte, você ajudou toda a aldeia, tanto que a fonte chegou a secar. Mas ela voltará a verter águas sagradas quando o povo necessitar novamente de ajuda e surgir outra alma bondosa como a sua querendo auxiliar seus semelhantes.

Em seguida, sem dizer seu nome, mas sempre com um sorriso amável, a bela jovem de branco sacudiu um ramo de camélias, como se estivesse chamando alguém. Em resposta ao aceno florido, desceu uma pequena nuvem do Monte Fuji na direção onde eles estavam. A linda jovem subiu na nuvem e esta se locomoveu levemente com uma pluma. Carregando a jovem, transportou-a em direção do monte sagrado. Vendo-a flutuando no espaço sobre a nuvem, Yosoji entendeu que seu guia havia sido ninguém menos que Sengen-sama, a deusa do Monte Fuji. Então, caiu de joelhos e ficou claro porque toda a aldeia havia recebido uma grande graça. A deusa, como lembrança, atirou lá do alto o galho de camélias floridas.

Yosoji apanhou o galho e plantou-o com carinho. Em pouco tempo, a planta transformou-se em uma grande árvore e, perto dela, foi erguido um santuário. O povo passou a adorar a árvore e dizem que o chá das folhas desse pé de camélia é, ainda nos dias de hoje, um santo remédio para muitos males.


28 de dezembro de 2016

Bifang

۞ ADM Sleipnir


Bifang (chinês 毕方, em japonês Hippou (ヒッポウ)) é um pássaro mítico na mitologia chinesa. Ele é descrito no Shan Hai Jing (chinês 山海經, "Clássico das montanhas e mares") como um pássaro semelhante a um grou, com apenas um pé e com chamas na cabeça. Ele reproduz um som similar ao seu nome, e conta-se que avistá-lo é um presságio de incêndio iminente. Algumas fontes têm o próprio Bifang como o incendiário, usando as chamas que carrega em em seu bico para provocar tais desastres.

O Shan Hai Jing menciona o monte Zhang'e como a sua morada. Outras fontes o associam ao Imperador Amarelo, acompanhando-o em sua travessia pelos céus em sua carruagem.


26 de dezembro de 2016

Escolomancia

۞ ADM Sleipnir


A Escolomancia (moderno romênio Solomonanţă, em inglês Scholomance) é uma lendária escola de magia negra dirigida pelo próprio Diabo, supostamente localizada perto de um lago sem nome nas montanhas ao sul da cidade de Hermannstadt (Nagyszeben em húngaro, agora chamada Sibiu em romeno), na Transilvânia.

No Folclore

Emily Gerard (07/05/1849 – 11/01/1905) uma escritora escocesa casada com um cavalheiro polonês destacado na Hungria, fez uma descrição detalhada da Escolomancia em um artigo intitulado "Transylvanian Superstitions" na revista The 19th Century (1885):
"Como estou falando das tempestades, posso mencionar aqui a Escolomancia, ou escola que se supõe existir em algum lugar no coração das montanhas, e onde todos os segredos da natureza, a linguagem dos animais e todos os feitiços mágicos e encantos imagináveis são ensinados pelo diabo em pessoa. Apenas dez estudantes são admitidos por vez, e quando o curso de aprendizagem chega ao fim, nove deles são liberados para retornar às suas casas, e o décimo estudante é detido pelo diabo como pagamento, e montado sobre um zmeju (dragão) ele se torna um ajudante do diabo, e o auxilia em "fazer o tempo", isto é, na preparação dos raios. Supõe se que um pequeno lago, imensamente profundo, situado no alto das montanhas ao sul de Hermanstadt [sic],seja o caldeirão onde se prepara o trovão, e durante o tempo bom, o dragão dorme debaixo de suas águas."

Wilhelm Schmidt, então professor em Hermannstadt, discutiu sobre a Escolomancia  20 anos antes em um artigo para a revista Österreichische, juntamente com os Solomonari, os feiticeiros que se graduaram nela.

A autora Katherine Ramsland descreve os nove estudiosos restantes, conhecidos como Solomonari, como "homens altos, ruivos, vestidos de lã branca ... [possuindo] vários instrumentos de magia e um livro de instrução". Ela também explica que eles são "treinados durante nove anos ... superando obstáculos e sobrevivendo a provações. O exame final envolvia copiar tudo o que eles sabiam sobre a humanidade para o livro dos Solomonar".

Já o escritor e folclorista Charles Godfrey Leland associou a Escolomancia com histórias medievais sobre uma escola de feitiçaria ensinada pelo diabo localizada em Salamanca, Espanha, na Cueva de Salamanca (es). Os Solomonari no folclore romeno eram comumente associados com o Rei Salomão, uma figura proeminente nas tradições ocultas ocidentais.


Na Literatura 

Bram Stoker, provavelmente baseando-se no artigo de Gerard, se referiu a Escolomancia duas vezes em Drácula, uma vez no capítulo 18:
"Os Dráculas eram, diz Arminius, uma grande e nobre raça, embora vez por outra houvesse suspeitas que foram mantidos por seus conterrâneos, de terem negócio com o maligno. Eles aprenderam seus segredos na Escolomancia, entre as montanhas sobre o Lago Hermanstadt, onde o diabo reivindica o décimo estudioso como seu tributo."
E no capítulo 23:
"Ele se atreveu mesmo a frequentar à Escolomancia, e não havia nenhum ramo do conhecimento de seu tempo que ele não experimentou."
A referência de Stoker ao "Lago Hermanstadt" parece ser uma interpretação errônea da passagem de Gerard, pois não existe nenhum corpo de água com esse nome.

No livro Lord of Middle Air de Michael Scott Rohan, o mago Michael Scot revela que se atreveu a treinar na Escolomancia em duas ocasiões, pois lá havia tanto conhecimento que não podia ser aprendido em apenas uma noite.

A Escolomancia também é mencionada no livro "Anno Drácula" de Kim Newman, com a mesma citação que Stoker fez no capítulo 23 de Drácula.

O livro Dama da Meia Noite de Cassandra Clare usa a Escolomancia como uma academia de treinamento Shadowhunter para treinar Shadowhunters de elite em seu spin-off para Os Instrumentos Mortais, Os Artifícios das Trevas.

Em jogos de computador

O termo Scholomance foi reutilizado na indústria de jogos de computador para se referir a outras escolas de magia negra. Os warlocks em Bungie's Myth II: Soulblighter são descritos como tendo sido treinados em uma escola de magia chamada Scholomance, e no World of Warcraft da Blizzard Entertainment, Scholomance é um castelo arruinado pelo Flagelo cujas porões e criptas são agora usadas para treinar necromantes e criar monstros mortos-vivos. Como seu homônimo lendário, a Scholomance em World of Warcraft está localizada no meio de um lago.

Scholomance em WOW


23 de dezembro de 2016

Gato de Yule (Jólakötturinn)

۞ ADM Sleipnir

Arte de Polina Kupriyanova

O Gato de Yule (em islandês: Jólakötturinn ou Jólaköttur) é um felino gigante e demoníaco presente no folclore islandês, conhecido por espreitar os campos nevados durante o Natal e comer aqueles que não ganharam roupas novas para vestir antes da véspera de Natal. Ele é associado a gigante comedora de crianças Grýla e a seus filhos, os Rapazes de Yule (Yule Lads), sendo considerado o seu animal de estimação desta terrível família.
 
A ameaça de ser comido pelo Gato de Yule era usada por fazendeiros como um incentivo para que seus trabalhadores terminassem de processar a lã durante o outono, antes da chegada do Natal. Aqueles que conseguiam cumprir o prazo eram recompensados ​​com roupas novas, mas aqueles que não conseguiam não receberiam nada e, assim, de acordo com a lenda, seriam atacados pelo monstruoso felino. 

Uma versão alternativa da lenda conta que o gato come apenas a comida daqueles que não possuem uma roupa nova durante as festividades do Natal. A versão devoradora de homens do Galo de Yule foi parcialmente popularizada pelo poeta islandês Jóhannes úr Kötlum em seu poema Jólakötturinn



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21 de dezembro de 2016

Jarri

۞ ADM Sleipnir


"Pestilence" por Shane Braithwaite
Jarri era um deus das pragas e da pestilência na mitologia hitita. Ele possuía o epiteto de "Senhor do Arco", e empunhava um arco que disparava flechas que continham cada uma doenças específicas. Quando haviam surtos de doenças e/ou infestações de roedores, acreditava-se que Jarri estava furioso, e por isso, deveria ser aplacado por meio de sacrifícios.

Acreditava-se também que Jarri auxiliava os monarcas hititas durante as batalhas.

É possível que haja alguma conexão entre Jarri e o deus babilônico das pragas, Erra, porém não existe nenhuma evidência conclusiva a respeito.

Arte de Mitchellnolte

fonte:
  • "The Routledge Dictionary of Gods and Goddesses, Devils and Demons" , de Manfred Lurker

19 de dezembro de 2016

Raikiri

۞ ADM Sleipnir

A espada Raikiri

Raikiri
(雷切, "Espada Relâmpago") é o nome de uma espada que pertenceu a um famoso samurai chamado 
Tachibana Dōsetsu (立花道 雪; 22 de abril de 1513 - 2 novembro de 1585). Existe uma lenda por trás dessa espada, que inspirou o criador de Naruto, Masashi Kishimoto, a nomear a técnica mais famosa do ninja copiador Kakashi.

A espada de Tachibana inicialmente se chamava Chidori (千鳥, literalmente "mil pássaros"). A lenda conta que certo dia chovia muito e Tachibana resolveu abrigar-se debaixo de uma árvore enquanto esperava a chuva passar. De repente, um relâmpago caiu sobre ele. No entanto, Tachibana usou sua espada para cortar o relâmpago, que a lenda relata se tratar do deus do trovão Raijin em forma de relâmpago. O golpe de Tachibana cortou o relâmpago, e permitiu que ele sobrevivesse, apesar de ter ficado momentaneamente paralisado. Após este incidente, Tachibana renomeou seu sua espada, antes Chidori, para Raikiri, a espada relâmpago.

Além de Naruto, Raikiri aparece em vários animes e jogos. No anime/mangá 11 Eyes, ela é uma katana em forma de raio pertencente a personagem Misuzu Kusakabe. No game Nioh (PS4), é uma das armas que podem ser usadas pelo protagonista. Independente da mídia onde aparece, a espada costuma ser sempre representada envolta de eletricidade.

A espada Raikiri no anime 11 Eyes: Tsumi to Batsu to Aganai no Shōjo


16 de dezembro de 2016

Reiki

۞ ADM Sleipnir

Arte de Mathew Meyer

Onis são criaturas famosas na cultura japonesa, que de acordo com uma lenda, foram homens perversos que em vida transformaram-se em demônios, passando a aterrorizar os vivos. Apesar de sua aparência monstruosa e de seu poder, eles podem ser mortos por armas ou até mesmo morrer de causas naturais, porém nem sempre eles passam pacificamente para a próxima vida. Alguns ainda têm negócios inacabados ou karma deixado para queimar, enquanto outros tem mortes tão violentas que a alma torna-se desconexa no momento da morte e eles permanecem no mundo humano como Reiki (霊鬼, "Demônio Fantasma").

Eles costumam aparecer do mesmo jeito que eram antes de suas mortes, embora muitas vezes sejam acompanhados por uma aura misteriosa. Eles são semi-transparentes como fantasmas, e muitas vezes adquirem poderes sobrenaturais adicionais, além da magia que conheciam em vida.

Os Reiki são movidos pela vingança. Eles procuram trazer sofrimento para a pessoa ou pessoas que eles creem ser responsáveis ​por sua morte, ou para aqueles que se opuseram a eles durante a vida. Eles podem assombrar durante séculos, seguindo um alvo, ou então anexar-se a uma determinada área - muitas vezes seu próprio túmulo - e atacar aqueles que se aproximam dela. Essas assombrações geralmente persistem até que o Reiki seja exorcizado por um poderoso sacerdote budista.

Existem bem menos histórias sobre Reiki do que sobre Oni, mas as histórias que existem falam sobre poderosos espíritos, ainda mais temíveis do que seus equivalentes vivos. Uma das lendas mais conhecidas envolvendo um Reiki acontece em Gangō-ji, um templo na província de Nara. Uma misteriosa força assombrava a torre do sino e matava aprendizes do templo todas as noites. A força era tão poderosa que nem mesmo os padres mais poderosos conseguiam identificá-la, muito menos exorcizá-la. Somente um aprendiz, que era filho de um deus, foi capaz de rastrear o Reiki e derrotá-lo, pondo um fim nas mortes do templo.



fonte:


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14 de dezembro de 2016

Bode Expiatório

۞ ADM Sleipnir


Um bode expiatório é uma pessoa ou animal que assume os pecados dos outros, ou é injustamente culpado por problemas. Este conceito remonta aos tempos antigos. O termo vem de um ritual hebraico que é descrito no livro de Levítico, no Antigo Testamento da Bíblia. A cada ano, um sacerdote simbolicamente transferia para um bode os pecados do povo de Israel. Depois, ele era abandonado no deserto, e acreditava-se que o seu sacrifício removia os pecados da nação. O ritual era originalmente realizado para pacificar Azazel, um anjo caído que se tornou um demônio do deserto.


Os hebreus não eram o único grupo a praticar rituais de bode expiatório. Na antiga Atenas, dois homens feios eram escolhidos como bodes expiatórios durante o festival de Thargelia. Depois de jantarem em um banquete, esses homens eram conduzidos pelas ruas e açoitados com ramos. Depois, eram levados para fora da cidade ou expulsos dela com pedras. O ritual destinava-se a proteger Atenas do mal.

Os Maias da América Central também realizavam uma cerimônia anual envolvendo um bode expiatório. No final de cada ano, os moradores maias faziam um modelo de argila de um demônio chamado Uuayayah. Eles colocavam o modelo diante de uma imagem da deidade responsável por governar o próximo ano. Depois, carregavam o modelo de Uuayayah para fora da vila, afastando assim o mal.

Na Indonésia e nas Filipinas, bodes expiatórios sob a forma de barcos são utilizados durante epidemias para tentar livrar as comunidades das doenças. Os ilhéus constroem pequenos barcos e os carregam com comida e água. Depois, colocam os barcos à deriva no mar aberto, esperando que os espíritos malignos que trouxeram a doença velejem neles para bem longe.

12 de dezembro de 2016

Batalha entre Trigêmeos: Horácios contra Curiácios

۞ ADM Sleipnir


Durante o reinado de Túlio Hostílio (em torno de 670 a.C.), os romanos declararam guerra contra os albanos, seus parentes próximos. Devido a esses laços estreitos, quando seus exércitos se encontraram no campo de batalha, Hostílio e o rei de Alba Longa decidiram evitar um derramamento de sangue desnecessário. Como os dois exércitos tinham um conjunto de irmãos trigêmeos, ficou decidido que esses irmãos deveriam lutar como campeões de cada lado. Os irmãos Horácios lutaram pelo lado romano, e contra eles estavam os irmãos Curiácios. A cidade natal do lado perdedor seria destruída.

Juramento dos Horácios (1784), obra de Jacques-Louis David
Na batalha inicial, os três irmãos Curiácios foram feridos. Dois dos irmãos Horácios foram mortos. Públio, o único Horácio restante, foi deixado para lutar contra os três Curiácios. Ele no entanto, era o único que ainda não havia sido ferido. Ciente de que não conseguiria lutar contra três homens ao mesmo tempo, Públio se virou e correu, e os três irmãos Curiácios o perseguiram. Um deles, que estava pouco ferido, conseguiu perseguir Públio. Outro, que possuía ferimentos um pouco mais sérios, acabou ficando para trás. O terceiro, gravemente ferido, já havia caído muito para trás.

Com os três irmãos Curiácios separados, Públio voltou-se contra o Curácio que o havia perseguido e o matou. Então, ele encontrou o segundo irmão e também o matou sem dificuldade. O terceiro irmão, gravemente ferido, não era páreo para o saudável Públio. Ao encontrá-lo, Públio declarou que havia matado os dois primeiros para vingar a perda de seus próprios irmãos, e que agora mataria por Roma. Públio então enterrou sua espada no pescoço do último dos Curácios.

Públio foi recebido em Roma com grande festa, porém, ao contrário de todos na cidade, Camila, sua irmã mais nova chorava desconsolada. O regresso triunfal de seu irmão significava que todos os Curiácios estavam mortos. A verdade é que, sem ninguém saber, em segredo, ela havia noivado com um deles. Ao entender o que estava acontecendo, Públio desembainhou sua espada e transpassou o coração de sua irmã, ilenciando as comemorações e dizendo: "Assim morrem as mulheres romanas que choram pelo inimigo".


Públio foi preso e julgado por seu crime, sendo condenado por assassinato e sentenciado à morte. Naquele momento, porém, o pai de Horácio deu um passo à frente e suplicou por seu filho. Ele disse que sua filha mereceu a morte, e que se não fosse o caso, ele próprio teria matado Públio. Além disso, ele disse que já havia perdido dois filhos, e que seria injusto privá-lo do terceiro.

Levando em conta suas ações heróicas em batalha e as palavras comoventes de seu pai, Públio foi absolvido de seu crime e libertado. O pai de Públio foi obrigado a oferecer um sacrifício para expiar o crime de seu filho e a partir daquele momento, tornou-se uma tradição da família oferecer esse sacrifício todos os anos.

9 de dezembro de 2016

Wewe Gombel

۞ ADM Sleipnir

Arte de Galang Pinandita

Wewe Gombel é uma criatura sobrenatural ou fantasma presente no folclore indonésio, que segundo as lendas sequestra crianças abandonadas ou negligenciadas por seus pais. Seu mito é popularmente usado para estimular as crianças a serem cautelosas e permanecerem em casa durante a noite. Tradicionalmente, o Wewe Gombel é representado como uma mulher com a pele enrugada e com longos seios pendurados. Representações modernas incluem presas de vampiro. 

Lenda

O fantasma foi nomeado Wewe Gombel porque está relacionado a um evento que, de acordo com o folclore aconteceu na aldeia de Bukit Gombel, na cidade de Semarang, onde há muito tempo viveu um casal. Eles foram casados ​​durante anos, mas com o passar do tempo o marido percebeu que sua esposa era estéril e acabou deixando de amá-la. Ele passou a negligenciar sua esposa e a deixava sozinha em casa por longos períodos de tempo, de modo que ela levava uma vida miserável, cheia de dor e tristeza.

Um dia, ela resolveu seguir seu marido, e acabou flagrando-o nos braços de outra mulher. Ela estava tão ferida e envergonhada por sua traição que ela partiu violentamente para cima dele e acabou o matando. Quando seus vizinhos descobriram seu terrível crime, eles reuniram uma multidão enfurecida e a expulsaram da aldeia, perseguindo-a até o ponto em que ela foi levada ao desespero e cometeu suicídio.


Após sua morte, seu espírito vingativo tornou-se Wewe Gombel. O folclore sundanês diz que ela mora na coroa da palmeira Arenga pinnata, onde ela tem seu covil e mantém as crianças que ela pega. As tradições locais dizem que as crianças que ela rapta foram maltratadas ou negligenciadas por seus pais. Ela trata as crianças amorosamente como uma avó, cuidando delas e protegendo-as. No entanto, ela as obriga a se amamentarem em seus seios enrugados, independente da idade que elas tenham. Além disso, ela as alimenta com cocô humano, enganando-os ao comer um pouco e fazer elas pensarem que se trata de comida de verdade. Se uma criança não comer o que Wewe Gombel lhe dá, ela irá segurar o seu nariz e empurrá-lo na garganta até que ela o engula.

Wewe Gombel mantém as crianças com o intuito de assustar seus pais e fazê-los perceber o que eles fizeram. Assim que os pais negligentes se arrependerem da maneira como trataram seus filhos, ela os devolve sãos e salvos.

7 de dezembro de 2016

Metatron

۞ ADM DamaGótica


Arte do mobile card game "Legend of Minerva"
Metatron (também conhecido como Metratron, Matretton, Mittron, Metaraon, Merraton) é um anjo serafim segundo a tradição judaica e em algumas tradições cristãs, sendo chamado de "O Anjo Supremo", "Príncipe dos Serafins", "Porta-voz Divino", "Mediador de Deus com a Humanidade", "Anjo da Morte e da Vida" e mencionado em algumas passagens do Talmude (livro sagrado dos judeus), como escrivão divino. Metatron é uma figura importante na mística judaica e muito comum em textos pós-bíblicos e ocultistas, que lhe atribuem a invenção do Tarot.

Como um dos anjos mais importantes na hierarquia celestial, Metatron é membro de um grupo especial que possui a permissão de olhar para o rosto de Deus, uma honra que a maioria dos anjos não compartilham. Na literatura, Metatron é muitas vezes referido como "o Príncipe do Semblante".

Mitos

Os mitos de Metatron são extremamente complicados, e existem pelo menos duas versões separadas. O primeiro deles indica que ele passou a existir quando Deus criou o mundo, e imediatamente assumiu suas muitas responsabilidades. O segundo afirma que ele era originalmente um ser humano chamado Enoque, um homem bondoso e piedoso, que tinha ascendido ao céu algumas vezes e, finalmente, foi transformado em um anjo de fogo. Alguns livros posteriores adotam a primeira versão, alguns o segundo, e em outras literaturas ambas são combinadas. Há ainda duas versões do nome hebraico de Metatron, uma escrita com sete letras, a outra com seis, faltando a letra hebraica "yod". Os cabalistas explicam que o nome de seis letras representa o Metatron relacionado com Enoque, enquanto o nome de sete letras se refere ao Metatron primordial. Apesar do debate elaborado, a origem do nome de Metatron não é clara. Muitas tentativas foram feitas para explicá-lo, mas nenhuma delas foi satisfatória, uma vez que a palavra não tem significado real ou raiz em qualquer idioma. Alguns autores acham que o nome pode ter sido derivado de meditações e visões particulares, ou mesmo glossolalia.

No Talmude, Metatron é mencionado apenas três vezes, mas as referências são importantes. Todas as três se relacionam a questão do imenso poder de Metatron, o que pode ter feito algumas pessoas confundi-lo com Yahweh (Deus de Israel).

Em alguns escritos, ele até mesmo foi mencionado como o "Yahweh menor" - uma blasfêmia grave para o judaísmo estritamente monoteísta. Mais tarde, alguns autores tentaram resolver o problema, mostrando como as letras hebraicas do nome de um predecessor mítico, o anjo Yahoel (que viria a ser totalmente identificado com Metatron), eram as mesmas letras que aqueles em o nome do Senhor.

Segundo um relato contido no Talmude, um judeu do século I, Elisha ben Abuyah, recebeu permissão divina para entrar no paraíso e viu Metatron sentado ao lado de Deus ocupando o mesmo tipo de trono (uma ação que no céu é permitida apenas ao próprio Deus). Elisha, então, exclamou "Há de fato dois poderes no céu!", julgando que Metatron também era um deus. Diante disso o anjo recebeu humildemente 60 golpes de bastão de fogo, para provar que não era Deus. A lenda continua a explicar que ele fez uma suposição falsa, que na verdade custa Elisha sua posição dentro da comunidade judaica. Segundo estudiosos, Deus permitiu que Metatron sentasse, pois, como escriba de Deus, ele gravou as boas ações da Nação de Israel. Esta história funciona muito bem com duas das muitas tarefas celestiais de Metatron: escriba e advogado, defendendo a nação de Israel na corte celestial.

Metatron-Enoque


A ascensão de Enoque
Enoque, um professor piedoso, escrivão e líder de seu povo, é famoso pelo papel que teve na tragédia dos anjos caídos. Vivendo em uma época de grandes pecados, próximo do dilúvio, ele havia visitado o Céu mais de uma vez. No entanto, o momento era propício para uma viagem significativa. Uma noite, dois anjos o acordaram e ordenaram-lhe que se preparasse para uma viagem. Levaram-no em suas asas, e mostraram-lhe todos os céus e os seus habitantes, incluindo uma viagem de um lado para o Paraíso e para o lugar de punição e tortura dos pecadores, que curiosamente foi localizado não muito longe do paraíso. Ele observou a atividade do sol e da lua, e fez uma visita de consolação para os anjos rebeldes, os Grigori, sucedendo em trazê-los mais perto de Deus. Após o passeio, os grandes anjos Gabriel e Miguel levá-lo direto para o trono de Deus.

Sentado ao lado de Deus, Enoque foi instruído em sabedoria, e usando suas habilidades como escriba, escreveu 366 livros. Quando ele aprendeu tudo, uma coisa mais significativa aconteceu. Deus lhe revelou grandes segredos - alguns dos quais estão ainda mantidos em segredo pelos anjos. Entre eles estão os segredos da Criação, quanto tempo o mundo ainda vai sobreviver, e o que irá acontecer depois de seu desaparecimento. No final dessas discussões, Enoque retornou à Terra por um tempo limitado, para instruir a todos, inclusive seus filhos, sobre tudo o que ele aprendeu. Após 30 dias, os anjos o levaram de volta para o céu.

E então a transformação divina ocorreu. Ele recebeu qualidades espirituais e sabedorias adicionais. Deus anexou trinta e seis pares de asas ao seu corpo, e deu-lhe 365 olhos, cada um tão brilhante como o sol. Seu corpo se transformou em fogo celestial - carne, veias, ossos, cabelo, tudo se metamorfoseou na gloriosa chama. Faíscas emanavam dele, e tempestades, furacões e trovões cercaram sua forma. Os anjos vestiram-no com roupas magníficas, incluindo uma coroa, e providenciaram o seu trono. Um arauto celestial proclamou que a partir de então o seu nome não seria mais Enoque, mas Metratron, e que todos os anjos deveriam obedecê-lo, como a segunda somente a Deus.
E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou. [Gênesis 5:22-24]
Este pequeno trecho sugere que Deus o transformou em Metatron, já que o Gênesis silencia sobre os motivos que levaram a Deus a tomar Enoque.

Devido ao seu caráter misterioso, e a ligação com o Livro de Enoque, a figura de Metatron recebeu um forte sincretismo, sendo frequentemente associada ao esoterismo e a mitologia. Sua figura é descrita por adeptos do cristianismo místico como o mais alto dos anjos tendo de 2,5 a 4 metros, e sua enorme quantidade de olhos é necessária para executar sua enorme e vasta tarefa de velar pelo mundo inteiro. Nesse sentido, o anjo é tido como guardião universal e mantenedor do Universo.


6 de dezembro de 2016

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5 de dezembro de 2016

Anjos: Parte II - Hierarquia Angelical

۞ ADM Dama Gótica



No cristianismo, os anjos foram estudados de acordo com diversos sistemas de classificação em coros ou hierarquias angélicas. A mais influente de tais classificações foi estabelecida pelo Pseudo-Dionísio, o Areopagita (autor de um conjunto de textos que exerceram, uma forte influência em toda a mística cristã ocidental na Idade Média) entre os séculos IV e V, em seu livro De Coelesti Hierarchia.

A fonte primária ao estudo dos anjos são as citações bíblicas, como quando três anjos apareceram a Abraão em Gênesis 6:1, e Isaías fala de serafins Isaías 6:2; outro anjo acompanhou Tobias; a Virgem Maria recebeu uma visita angelical na Anunciação do futuro nascimento de Cristo, e o próprio Jesus fala deles em vários momentos, como quando sofreu a Tentação no deserto e na cena do Horto das Oliveiras, quando um anjo lhe fortaleceu antes da Paixão.

São Paulo faz alusão a cinco ordens de anjos em Efésios 1:21. Depois foi Dionísio, o Areopagita, um dos primeiros a propor um sistema organizado do estudo dos anjos e seus escritos tiveram muita influência, mas foi precedido por outros escritores, como São Clemente, Santo Ambrósio e São Jerônimo. Na Idade Média surgiram muitos outros esquemas, alguns baseados no de Dionísio, outros independentes, sugerindo uma hierarquia bastante diferente. Alguns autores acreditavam que apenas os anjos de classes inferiores interferiam nos assuntos humanos. 

As classificações propostas na Idade Média são as seguintes: 
  • São Clemente, em Constituições Apostólicas, século I:
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Éons, 4. Hostes, 5. Potestades, 6. Autoridades, 7. Principados, 8. Tronos, 9. Arcanjos, 10. Anjos, 11. Dominações. 
  • Santo Ambrósio, em Apologia do Profeta David, século IV:
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Dominações, 4. Tronos, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Anjos, 9. Arcanjos. 

  • São Jerônimo, século IV:
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Dominações, 5. Tronos, 6. Arcanjos, 7. Anjos. 
  • Pseudo-Dionísio, o Areopagita, em De Coelesti Hierarchia, c. século V:
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos. 
  • São Gregório Magno, em Homilia, século VI:
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Arcanjos, 9. Anjos. 
  • Santo Isidoro de Sevilha, em Etymologiae, século VII:
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Principados, 5. Virtudes, 6. Dominações, 7. Tronos, 8. Arcanjos, 9. Anjos 
  • São João Damasceno, em De Fide Orthodoxa, século VIII:
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Potestades, 6. Autoridades (Virtudes), 7. Governantes (Principados), 8. Arcanjos, 9. Anjos. 

  • São Tomás de Aquino, em Summa Theologica (1225-1274):
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos. 
  • Dante Alighieri, na Divina Comédia (1308-1321):
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Arcanjos, 8. Principados, 9. Anjos. 

De todas estas ordenações, a mais corrente, derivada do Pseudo-Dionísio e de Tomás de Aquino, divide os anjos em nove coros, agrupados em três tríades. 

Primeira Tríade: A primeira tríade é composta pelos anjos mais próximos de Deus, que desempenham suas funções diante do dele.



  • Serafins 
O coro dos serafins são uma categoria de anjos, que segundo a tradição cristã, são considerados os mais elevados de todos os anjos, mais próximos de Deus e que emanam a essência divina em mais alto grau. São os mais sábios e "responsáveis". A palavra hebraica Saraf significa "queimar" ou "incendiar", talvez uma alusão a tradições bíblicas onde Deus é comparado a um "fogo" ou mesmo a um "fogo consumidor"

Dizem que as canções dos Serafins regulam o movimento dos céus com seus cantos de criação e celebração. Da mesma forma que os querubins, os serafins sempre estão ligados a glorificação da majestade e grandeza de Deus. O príncipe dos Serafins é o Anjo Metatron. Ele governa globalmente todas as forças da criação em benefício dos habitantes da Terra. 

Segundo uma tradição cristã, o líder dos anjos caídos teria sido o mais elevado dos anjos, portanto um serafim. Porem Tomás de Aquino, argumentou que isso seria impossível, pois os serafins ardem em caridade, incompatível com o pecado mortal. E que o responsável pela Queda teria sido um dos querubins, pois estes são os anjos mais identificados com o conhecimento e, portanto, os mais propensos ao pecado do orgulho. Na tradição judaica, os serafins estão em um patamar intermediário da hierarquia angélica.
  • Querubins
O coro dos Querubim são mencionados várias vezes no Antigo Testamento, em livros apócrifos e em muitos escritos judaicos. Segundo a tradição cristã, os querubins seriam anjos em segundo lugar na hierarquia celeste, logo abaixo dos Serafins. O príncipe dos Querubins é Raziel, o anjo dos mistérios, o príncipe do conhecimento e guardião da originalidade. 

Os Querubins são descritos tanto no Cristianismo como em tradições mais antigas mostrando formas híbridas de homem ou animal. A origem do nome "querubim" (keruv em Hebraico) ainda é obscura. Alguns pesquisadores defendem que sua raiz está na palavra babilônica "karabu", significando "um ser abençoado, bendito". Outros defendem que sua origem está no nome do deus assírio "Kirabu", cuja representação é de um ser com aparência humana com corpo de um touro alado. 

No Gênesis aparece um querubim como guardião do Jardim do Éden, expulsando Adão e Eva após o pecado original (Gênesis 3:23-24). Ezequiel os descreve como guardiães do trono de Deus e diz que o ruflar de suas asas enchia todo o templo da divindade e se parecia com som de vozes humanas; a cada um estava ligada uma roda, e se moviam em todas as direções sem se voltar, pois possuíam quatro faces: leão, touro, águia e homem.
  • Tronos ou Ofanins
O coro dos Tronos têm seu nome derivado do grego thronos, que significa "anciãos". São chamados também de "erelins" ou "ofanins", ou algumas vezes de Sedes Dei (Trono de Deus), e são identificados com os 24 anciãos que perpetuamente se prostram diante de Deus e a seus pés lançam suas coroas (Apocalipse 11:16-17). São os símbolos da autoridade divina e da humildade, e da perfeita pureza, livre de toda contaminação.

Segunda tríade: A segunda tríade é composta pelos príncipes da corte celestial.


  • Dominações
O coro das Dominações tem a função de regular as atividades dos anjos inferiores, distribuindo a estes as suas funções e seus mistérios. São anjos que auxiliam nas emergências ou conflitos que devem ser resolvidos logo. Também atuam como elementos de integração entre os mundos material e espiritual, embora raramente entrem em contato com as pessoas. Acredita-se que as Dominações possuam uma forma humana alada de beleza inefável, e são descritos portando orbes de luz e cetros indicativos de seu poder de governo.

  • Virtudes
O coro das Virtudes são os responsáveis pela manutenção do curso dos astros para que a ordem do universo seja preservada. Seu nome está associado ao grego dunamis, significando "poder" ou "força", e traduzido como "virtudes". Orientam as pessoas sobre sua missão. São encarregados de eliminar os obstáculos que se opõe ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da Divina providência. Eles são particularmente importantes porque têm a capacidade de transmitir grande quantidade de energia divina. Imersas na força de Deus, as Virtudes derramam bênçãos do alto, frequentemente na forma de milagres. São sempre associados com os heróis e aqueles que lutam em nome de Deus e da verdade. São chamados quando se necessita de coragem.
  • Potestades
O coro dos Potestades ou Potências são também chamadas de "condutores da ordem sagrada". Executam as grandes ações que tocam no governo universal. Também são descritos como anjos guerreiros completamente fiéis a Deus. Seus atributos de organizadores e agentes do intelecto iluminado são enfatizados pelo Pseudo-Dionísio, e acrescenta que sua autoridade é baseada no espelhamento da ordem divina e não na tirania. Eles têm a capacidade de absorver e armazenar e transmitir o poder do plano divino, donde seus nomes. Os anjos do nascimento e da morte pertencem a essa categoria. São também os guardiões dos animais.

Terceira tríade: A terceira tríade é composta pelos anjos ministrantes, que são encarregados dos caminhos das nações e dos homens e estão mais intimamente ligados ao mundo material.

  • Principados
O coro dos Principados, do latim principatus, são os anjos encarregados de receber as ordens das Dominações e Potestades e transmiti-las aos reinos inferiores, e sua posição é representada simbolicamente pela coroa e cetro que usam. Guardam as cidades e os países. Protegem também a fauna e a flora. Como seu nome indica, estão revestidos de uma autoridade especial: são os que presidem os reinos, as províncias, e as dioceses, e velam pelo cultivo de sementes boas no campo das ideologias, da arte e da ciência.
  • Arcanjo
O nome de arcanjo vem do grego αρχάγγελος, arkangélos, que significa "anjo principal" ou "chefe", pela combinação de archō, o primeiro ou principal governante, e άγγελος, aggělǒs, que quer dizer "mensageiro". Este título é mencionado no Novo Testamento por duas vezes e a esta ordem pertencem os únicos anjos cujos nomes são conhecidos através da Bíblia: Miguel, Rafael e Gabriel. Miguel é especificamente citado como "O" arcanjo, ao passo que, embora se presuma pela tradição que Gabriel também seja um arcanjo, não há referências sólidas a respeito. Rafael descreve a si mesmo como "um dos sete que estão diante do Senhor" em Tobias 12:15, uma classe de seres mencionada também Apocalipse 1:5.

Considerado canônico somente pela Igreja Ortodoxa da Etiópia, o "Livro de Enoque" fala de mais quatro arcanjos, Uriel, Ituriel, Amitiel e Samuel, responsáveis pela vigilância universal durante o período dos nefilim, os "anjos caídos". Contudo em outras fontes apócrifas estes são por vezes chamados de querubins. A igreja Ortodoxa faz de Uriel um arcanjo e o festeja com Rafael, Gabriel e Miguel na festa de "Miguel e os outros Poderes Incorpóreos", em 21 de novembro.

Seu caráter de mensageiros, ou intermediários, é assinalada pelo seu papel de elo entre os Principados e os Anjos, interpretando e iluminando as ordens superiores para seus subordinados, além de inspirar misticamente as mentes e corações humanos para execução de atos de acordo com a vontade divina. Atuam assim como arautos dos desígnios divinos, tanto para os Anjos como para os homens, como foi no caso de Gabriel na Anunciação a Maria. A cultura popular faz deles protetores dos bons relacionamentos, da sabedoria e dos estudos, e guerreiros contra as ações do Diabo..
  • Anjos
Os anjos são os seres angélicos mais próximos do reino humano, o último degrau da hierarquia angélica acima descrita e pertencentes à sua terceira tríade. A tradição hebraica, de onde nasceu a Bíblia, está cheia de alusões a seres celestiais identificados como anjos, e que ocasionalmente aparecem aos seres humanos trazendo ordens divinas. São citados em vários textos místicos judeus, especialmente nos ligados à tradição Merkabah. Na Bíblia são chamados de מלאך אלהים (mensageiros de Deus), מלאך יהוה (mensageiros do Senhor), בני אלוהים (filhos de Deus) e הקדושים (santos). São dotados de vários poderes supernaturais, como o de se tornarem visíveis e invisíveis à vontade, voar, operar milagres diversos e consumir sacrifícios com seu toque de fogo. Feitos de luz e fogo (Jó 15:15; Salmos 104:4), sua aparição é imediatamente reconhecida como de origem divina também por sua extraordinária beleza.

Anjos especiais
  • Anjo da guarda

Dentre os anjos da tradição cristã está o tipo do anjo da guarda, chamado "fravashi" pelos seguidores de Zoroastro, e ao anjo da guarda, como o nome diz, é confiada individualmente cada pessoa ao nascer, protegendo-a do mal até onde a ordem divina o permita, fortalecendo corpo e alma e inspirando-a à prática das boas ações.
  • O Anjo do Senhor
Na Bíblia, sobretudo no Antigo Testamento há várias menções à aparição do Anjo do Senhor. A expressão "Anjo do Senhor" causa curiosidade por tratar-se não apenas de mais um anjo e sim de um anjo específico, considerando a antecedência do artigo definido.

De acordo com algumas posições teológicas, o Anjo do Senhor que fez vários contatos com personagens bíblicos, entre os quais Abraão, Hagar, Gideão, sendo aparições do próprio Deus e constituindo, portanto, uma espécie de teofania ou até mesmo uma cristofania.

Também é conhecido como o "Anjo da Presença", embora este termo tenha em certas filosofias um significado bem específico. O Anjo da Presença, segundo o pensamento gnóstico e cristão esotérico, não é um ser com vida própria, mas sim uma forma-pensamento que representa Cristo durante o sacramento da Eucaristia e é um veículo da Sua consciência e das Suas bênçãos.
  • Lúcifer
Segundo diversas tradições, Lúcifer seria um Querubim que se rebelou contra o Arcanjo Miguel, e contra o próprio Deus, sendo posto por Miguel para fora do Céu. Com Lúcifer foram todos seus seguidores.


Outros teólogos e alguns grupos cristãos como as Testemunhas de Jeová, afirmam que "a única referência a Lúcifer na Bíblia aplicava-se a Nabucodonosor, rei de Babilônia. E embora a arrogância dos governantes babilônicos realmente refletisse a atitude de Satanás que também anseia ter poder e deseja colocar-se acima de Deus, a Bíblia não atribui claramente o nome Lúcifer a Satanás".




Fontes: 
Ruby