4 de dezembro de 2025

Nahusha

۞ ADM Sleipnir


Nahusha (sânscrito: नहुष, IAST: Nahuṣa) é uma figura lendária da mitologia hindu mencionada nos Puranas (Padma Purana, Bhagavata Purana e Devi Bhagavata Purana) e no épico Mahabharata (especialmente nos livros Vanaparva e Anushasana Parva) como um rei da Dinastia Lunar (IAST: Chandravamsha; linhagem ou dinastia que afirma ser descendente de Chandra ou Soma). Sua história representa um dos exemplos mais notáveis de como a soberba e o descontrole das paixões podem derrubar até os seres mais elevados, servindo como uma parábola sobre as consequências da arrogância.

Genealogia e primeiros anos

Nahusha era filho de Āyus e neto de Pururavas, fundador da linhagem lunar. O Padma Purana relata sua infância e seu futuro casamento com Ashokasundari, filha de Shiva e Parvati. Segundo essa tradição, Parvati havia profetizado que Ashokasundari se casaria com o filho de Āyus. O asura Hunda, que desejava a jovem, tentou sequestrá-la e, ao falhar, recebeu de Ashokasundari uma maldição: ele seria morto pelo filho de Āyus.

Temendo o cumprimento da maldição, Hunda sequestrou o bebê recém-nascido de Āyus, concebido graças à bênção de Dattatreya (divindade asceta considerada encarnação da trimurti hindu), e ordenou sua morte. Seus seguidores, porém, abandonaram a criança no eremitério do sábio Vasishta, que o acolheu, deu-lhe o nome de Nahusha (“o destemido”) e o criou sob seus ensinamentos. 

Em sua juventude, Nahusha recebeu armas divinas, enfrentou Hunda e o matou, cumprindo a profecia e garantindo a segurança de Ashokasundari. Depois disso, reencontrou seus pais e se casou com ela. Como rei, governou Pratishthana com sabedoria, realizando austeridades, rituais e cem sacrifícios Ashwamedha (sacrifício ritualístico de cavalo na Índia antiga), feitos raros que contribuíram para sua reputação nos três mundos.



Ascensão ao trono celeste e queda 

Quando Indra, rei dos devas, se exilar após ter matado o asura Vritra (pois havia cometido bramahatya, o pecado de matar um brâmane), os deuses enfrentaram grande perturbação. Sob orientação de Brihaspati, o conselho divino escolheu Nahusha como sucessor temporário de Indra no trono celestial. Inicialmente relutante, Nahusha acabou aceitando o cargo pelo senso de dever cósmico.​

No início de seu reinado, Nahusha manteve uma conduta apropriada e virtuosa. Com o tempo, porém, o poder o corrompeu. Ele tornou-se arrogante e passou a exigir que rishis (sábios) o carregassem em seu palanquim, um desrespeito extremo aos guardiões da ordem espiritual. Para puni-lo, Indrani, esposa de Indra, elaborou um plano. Disse que aceitaria casar-se com ele se ele fosse buscá-la em um palanquim conduzido pelos sete rishis. Cego pela luxúria, Nahusha aceitou sem perceber a armadilha. 

Durante o trajeto, Nahusha, impaciente, começou a provocar os rishis para que acelerassem a marcha, gritando "Sarpa! Sarpa!" (que significa tanto "rápido" quanto "serpente" em sânscrito) enquanto chutava desrespeitosamente o sábio Agastya, um dos mais reverenciados ascetas da tradição hindu.​ Profundamente ofendido, Agastya canalizou sua ira espiritual em uma maldição: "Cai e torna-te uma serpente!" Imediatamente, Nahusha despencou dos céus e assumiu a forma de uma serpente gigante, vivendo em exílio nas florestas.


Redenção

A libertação de Nahusha da forma de serpente viria durante o Dwapara Yuga, através da intervenção de Yudhishthira, rei dos Pandavas e descendente direto de Nahusha. Segundo a narrativa do Mahabharata, durante o exílio dos Pandavas, Bhima (o segundo irmão Pandava) passou pela floresta e foi capturado pela serpente gigante. Yudhishthira, preocupado com o desaparecimento de seu irmão, foi em seu auxílio e encontrou Bhima nas garras da serpente. O rei ofereceu-se para responder perguntas do réptil, demonstrando grande sabedoria sobre dharma (justiça cósmica), casta, virtude e a natureza suprema. 

As respostas de Yudhishthira demonstraram tanta clareza moral e sabedoria que Nahusha reconheceu nele um ser de excepcional retidão. Por isso, recusou-se a matar Bhima. A satisfação espiritual de Nahusha com o diálogo quebrou a maldição, permitindo-lhe recuperar sua forma divina. Em seguida, ascendeu novamente aos céus, retomando sua posição entre os seres celestiais.



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