۞ ADM Sleipnir
Idunna (também Iduna ou Idun, do nórdico antigo Iðunn, "A Rejuvenecedora") era a deusa da primavera e do renascimento na mitologia nórdica. Ela e seu consorte Bragi, o deus da música e da poesia, viviam em Brunnaker (literalmente "bosque das maças"), localizado ao sul de Asgard, a morada dos deuses. Idunna possuía o importante papel de protetora dos "frutos da juventude", que possuem poder de retardar a chegada da velhice, fazendo com que os deuses, que não eram imortais, mantivessem-se jovens, belos e vigorosos ao longo dos anos. De acordo com o Gylfaginning, Idunna guarda esses frutos em um cesto (ou urna), e independente de quantos frutos era tirasse do cesto, o número de frutos permanecia o mesmo. Embora seja comum dizer que as frutos que Idunna guardava eram maçãs, foi apontado que a palavra nórdica antiga para maçã era epli e que era usada para descrever qualquer tipo de fruta ou noz.
A presença de Idunna em Asgard era de extrema importância, pois os deuses enfrentavam terríveis conseqüências se não tivessem acesso aos seus frutos, como podemos ver no famoso conto "O Sequestro de Idunna", presente no Skáldskaparmal, a segunda parte da Edda em Prosa de Snorri Sturluson.
O Sequestro de Idunna
A história começa com Odin, Loki e Hoenir em uma de suas habituais excursões pelo mundo. Depois de vagarem por um longo tempo, encontraram-se em uma região deserta, onde eles não puderam encontrar nenhuma moradia hospitaleira. Cansados e com muita fome, os deuses acabaram encontrando uma manada de bois. Eles mataram um dos bois, acenderam uma fogueira e sentaram-se ao lado dela para descansar enquanto esperavam a carne cozinhar. Quando pensaram que o boi já estava cozido, foram verificar. Para sua grande surpresa, sua carne ainda estava crua.
Eles tentaram cozinhar o boi pela segunda vez, mas falharam novamente. Foi então que os deuses ouviram uma voz vinda do alto de um carvalho próximo a eles, informando que era responsável por fazer com que o boi permanecesse cru. Quando os deuses ergueram os olhos, viram uma enorme águia empoleirada sob o carvalho, e ela se dirigiu até eles declarando que removeria o seu feitiço e a carne do boi ficaria pronta em um instante, desde que eles permitissem que ela comesse uma parte dele.
Os deuses concordaram com isso e águia mergulhando para baixo, acendeu as chamas com sua enormes asas e a carne logo ficou cozida. Mas a águia pegou com suas garras toda a carne do boi para si, o que deixou Loki muito irritado. Loki pega uma estaca e atinge o corpo da águia, que imediatamente alça voo, com a estaca fincada em seu corpo e levando Loki, que ainda a segurava. O deus da trapaça clamou por misericórdia implorando que ela o deixasse ir mas a águia, que na verdade era um jötunn chamado Thiazi (antigo nórdico Þjazi), se recusou a fazé-lo de graça. Em troca de sua liberdade, Loki teve que prometer a Thiazi que traria a ele a deusa Idunna, juntamente com seus frutos da juventude. Uma vez liberto, Loki retornou à presença de Odin e Hoenir, no entanto, tomou muito cuidado para não revelar aos dois sobre como ele obteve sua liberdade.
Assim que retornou à Asgard, Loki começou a arquitetar um plano para atrair Idunna para fora da morada dos deuses, pois estava aterrorizado com o feroz Thiazi e sabia que devia, de alguma forma, manter sua promessa. Poucos dias depois, aproveitando-se da ausência de Bragi, Loki procura Idunna em Brunnaker, dizendo a ela que havia encontrado alguns frutos em Midgard que se pareciam com os dela. Ele a convence a trazer sua cesta de frutos e acompanhá-lo até Midgard para que eles pudessem compará-los. Loki e Iduuna atravessaram a Bifrost, a ponte arco-íris, e assim que chegaram em Midgard, Thiazi, transformado em águia, desceu dos céus e agarrou Idunna, levando-a para longe. Uma vez em Jotunheim, Thiazi levou Idunna para sua fortaleza chamada Thrymheim, onde trancafiou Idunna na torre mais alta.
Resgatando a Deusa da Juventude
Enquanto isso, em Asgard, os deuses e deusas começaram a envelhecer e perder suas forças e capacidades. Eles se reuniram para decidir o que fazer, e notaram que Loki estava ausente. Logo concluíram que o deus da trapaça tinha algo a ver com o desaparecimento de Idunna, e trataram de procurá-lo. Assim que foi encontrado, Loki recebeu um ultimato dos deuses, devendo trazer Idunna de volta urgente, sob pena de ser torturado e morto por eles.
Temendo as ameaças dos deuses mais do que Thiazi, Loki promete a eles trazer Idunna de volta. Ele toma emprestado a plumagem de falcão de Freya, e a usa para voar até Thrymheim, e felizmente para ele, Thiazi tinha ido pescar e deixou Idunna desprotegida. Loki encontra Idunna sozinha e deprimida, lamentando seu exílio de Asgard e de seu amado Bragi, e ele a transforma em uma noz e segurando-a firmemente com suas garras, ele parte de Thrymheim voando rapidamente em direção a Asgard, esperando alcançar suas muralhas antes que Thiazi retornasse ao seu castelo e desse falta dela.
Os deuses se reuniram sobre as muralhas de Asgard, aguardando ansiosos pelo retorno de Idunna. De repente, eles avistaram Loki chegando, mas em seu rastro estava o gigante Thiazi, que em forma de águia, se esforçava para alcançar Loki e reivindicar sua presa. Thor, que ainda enxergava um pouco melhor que os demais, avistou Loki se aproximando, e bradou aos demais deuses para prepararem uma fogueira. Apesar de tropeçarem e esbarrarem uns nos outros devido as condições em que se encontravam, os deuses conseguiram fazer o que Thor sugeriu. Enquanto isso Loki, sabendo que sua vida dependia do sucesso de sua missão, fez um enorme esforço para alcançar as muralhas de Asgard, caindo exausto em meio aos demais deuses. Já Thiazi, já próximo de alcançar a muralha, guinchava pavorosamente.
Erguendo seu martelo com muita dificuldade, Thor lançou-o contra uma rocha provocando uma chuva de faíscas que acenderam a fogueira. Ao ver as enormes chamas, Thiazi tentou deter o seu voo, porém já era tarde demais. As chamas logo o envolveram, e só o que sobrou foram os seus olhos, os quais Odin tomou em suas mãos e os lançou aos céus em forma de estrelas.
Os deuses ficaram muito felizes com o retorno de Idunna, que logo se apressou em distribuir seus frutos para todos eles, e assim todos recuperaram sua vitalidade.
No Lokasenna ("A discórdia de Loki"), um dos poemas da Edda Poética, os deuses, durante um banquete, são insultados e acusados de várias coisas por Loki. Idunna é acusada por ele de adultério. Loki diz:
eu digo que de todas as esposas,
Não se sabe, porém, a quem Loki se referia como irmão.
fontes: