31 de março de 2014

Varcolac

۞ ADM Sleipnir



Varcolac (também conhecido como Vircolac Varcolaci (plural)) é uma criatura presente no folclore romeno, principalmente na região da Transilvânia. É geralmente retratado como um híbrido vampiro-lobisomem, porém já foi retratado como demônio, fantasma e até mesmo como dragão.

Um Varcolac surge quando ocorre algum desvio da ordem estabelecida por uma comunidade. Alguns exemplos são: a morte de um bebê que não foi batizado previamente, uma pessoa que comete suicídio, a morte de filhos gerados por casamentos não oficializados, etc. Esta condição também pode ser hereditária (muito parecido com a licantropia), sendo transmitida de geração em geração. Para evitar que um cadáver se torne um Varcolac, em primeiro lugar eles devem ser imersos totalmente em água corrente o mais breve possível após a morte.

Hábitos

Durante o dia, o Varcolac se assemelha aos humanos e se comporta como qualquer outra pessoa normal. Na forma humana, a criatura tem a pele pálida, seca, cabelos escuros, e olhos ferozes e profundos (se esses olhos possuem alguma cor específica ou têm uma tendência a brilhar no escuro é desconhecido). Ele é um monstro extremamente poderoso que tem prazer em matar e beber sangue humano fresco. Como a maioria dos vampiros, o Varcolac é um caçador noturno e geralmente se alimenta à noite, no entanto ele prefere caçar em sua forma astral, que é invisível aos olhos humanos.

Nessa forma, o Varcolac prefere utilizar trapaças combinadas com sua incrível velocidade, do que atacar seu alvo de forma imprudente com sua força formidável. Viajando em seu corpo astral (que, quando visto, é descrito como semelhante à um dragão ou um monstro com muitas bocas), o Varcolac pode se mover tão rápido quanto o vento ao longo das linhas astrais invisíveis, e as lendas contam ainda que ele é tão poderoso que pode provocar um eclipse (seja de natureza lunar ou solar). 

Segundo a lenda, o Varcolac faz isso a fim de se alimentar do sangue da lua ou de devorar a própria lua. Segundo a tradição, durante um eclipse, a população bate panelas, dispara armas de fogo e toca os sinos das igrejas para espantar o Varcolac para longe. Normalmente, a lua derrota a criatura com sua força superior. Se a lua fosse realmente devorada, o mundo chegaria ao fim. Uma crença popular sustenta que Deus ordena ao Varcolac para que ele devore a lua, com o intuito de fazer o seu povo se arrepender de seus pecados.




Habilidades

O Varcolac é dito possuir um grau surpreendente de força (algumas fontes afirmam que a criatura é mais forte do que qualquer outra espécie de vampiro) e é declaradamente capaz de abrir caminho através de paredes de pedra com seus punhos. Ele é capaz de arremessar os corpos mutilados e quebrados de suas vítimas nos galhos mais altos das árvores (onde eles se tornam difíceis de serem encontrados). Além de ter uma força sobrenatural, o Varcolac é um metamorfo poderoso, que pode assumir qualquer forma que desejar. A criatura é dita ser capaz de mudar a sua massa, bem como a sua forma física. Pode assumir a forma de um pequeno e preto fantasma alado, um demônio com as pernas de um bode e cascos fendidos, um pequeno dragão, um cão ( ele sempre aparece como dois cães ), uma pulga, um gato, um sapo, ou uma aranha. O Varcolac não é , no entanto, limitado a estas formas . A criatura pode assumir qualquer forma que desejar, possivelmente incluindo a forma de outras pessoas. Usando a sua capacidade de mudar de forma, o Varcolac é capaz de atrair os seres humanos inocentes perto o suficiente para fazer o seu ataque selvagem . Uma vez que ele ataca, o vampiro drena completamente o sangue de sua presa infeliz.

Pontos fracos


Como todos os vampiros , o Varcolac tem uma fraqueza fatal: o alho. Enquanto uma coisa tão simples pode parecer risível, a presença tanto do bulbo quanto da flor enfraquece consideravelmente a criatura. Ele é supostamente capaz de forçar a criatura a se tornar de carne e sangue novamente, possibilitando que a criatura possa ser morta com estacas, ser decapitada ou incinerada, até que nada além de cinzas e ossos carbonizados permaneçam.

Além disso,  se o seu corpo for movido de lugar enquanto ele pratica a projeção astral, o corpo astral não será capaz de encontrar o seu caminho de volta ao mundo dos vivos. O corpo do Varcolac irá dormir para sempre ou morrer. 



29 de março de 2014

A Edda Poética: Parte IX - Þrymskviða

۞ ADM Sleipnir

Tradução e notas de Márcio Alessandro Moreira.


O Þrymskviða ("A Canção de Þrymr") é um dos poemas mais famosos da Edda Poética e nos informa como Þórr recuperou o seu martelo roubado por Þrymr. O mito nórdico teve popularidade duradoura pela Escandinávia e continuou sendo contado e cantado em diversas formas até o século 19 d.c. .

Þrymskviða

01-Dessa vez Vingþórr* ficou furioso
quando ele acordou
e seu martelo
tinha desaparecido,
sua barba tremia*,
seu cabelo sacudia,
o filho de Jörð*
resolveu procura-lo.

02-E essas foram às primeiras
palavras que ele disse:
"Ouça-me, Loki,
o que eu falo agora
quando ninguém sabe
em parte alguma na terra
nem acima no céu:
que o martelo do Áss* foi roubado!"

03-Eles foram para o belo
lar de Freyja,
e essas foram às primeiras
palavras que ele disse:
"Freyja, tu me emprestarás
o teu casaco de penas*,
para que o meu martelo
eu possa encontrar?"

Freyja disse:
04-"Eu ti darei mesmo
que fosse feito de ouro,
e ti darei mesmo
que fosse feito de prata."
05-Então Loki voou,
- o casaco de penas zumbiu, -
até que ele saiu
da corte dos Æsir
e chegou à
terra dos Jötnar.

06-Þrymr estava sentado sobre um monte,
o senhor dos Þursar*,
trançando coleiras douradas
para os seus cães cinzentos
e aparando as jubas
e dos seus cavalos.

Þrymr disse:
07-"O que há com os Æsir?
O que há com os Álfar*?
Por que tu vieste sozinho
em Jötunheimr?"
Loki disse:
"Os Æsir vão mal,
os Álfar vão mal;
Tu tem escondido
o martelo de Hlórriði*?"

Þrymr disse:
08-"Eu tenho escondido
o martelo de Hlórriði
oito milhas
abaixo da terra;
nenhum homem o conseguirá
de volta,
a menos que me tragam
Freyja como esposa."

09-Então Loki voou,
- o casaco de penas zumbiu, -
até que ele saiu
da terra dos Jötnar
e chegou à
corte dos Æsir.
Ele se encontrou com Þórr
no meio da terra,
e essas foram às primeiras
palavras que ele disse:

10-"Tu tens mensagens
tanto quanto dificuldades?
Diga-me, enquanto tu ainda estás no ar,
às prolongadas notícias,
muitas vezes sentado
às histórias podem falhar
e deitado
falar mentiras*."

Loki disse:
11-"Eu tenho dificuldades
e mensagens;
Þrymr tem o teu martelo,
o senhor dos Þursar;
nenhum homem o conseguirá
de volta,
a menos que lhe tragam
Freyja como esposa."

12-Eles foram para o belo
lar de Freyja para procura-la,
e essas foram as primeiras
palavras que ele disse:
"Se vista, Freyja,
com o véu nupcial;
nós dois viajaremos
para Jötunheimr."

13-Dessa vez Freyja ficou furiosa
e bufou de raiva,
todos os salões dos Æsir
debaixo dela tremeram,
caiu o grande
colar Brísingamen*:
"Eu serei conhecida
como uma prostituta,
se eu for contigo
para Jötunheimr."

14-Logo foram todos os Æsir
para a Þing*
e todas as Ásynjur*
para a discussão,
e sobre isso debateram
os Tívar regentes*
de como eles conseguiriam
o martelo de Hlórriði de volta.

15-Então Heimdallr disse isso,
o mais branco dos Æsir,
ele que vê adiante tão bem
como outro Vanir*:
"Então nós vestiremos Þórr
com o véu nupcial,
ele usará o grande
colar Brísingamen."

16-"Deixe sobre ele
as chaves* oscilarem
e deixe o vestido
cair em seus joelhos,
sobre o peito
pedras preciosas
e cubram
a sua cabeça."

17-Então Þórr disso isso,
o poderoso Áss:
"Os Æsir me
chamaram de ergi*
se eu me permitir ser vestido
em véu nupcial."

18-Então Loki disso isso,
o filho de Laufey:
"Silêncio, Þórr,
não diga mais nada.
Logo os Jötnar
habitaram em Ásgarðr,
a menos que tu consigas recuperar
o teu martelo."

19-Então eles vestiram Þórr
com véu nupcial
e com o grande
colar Brísingamen,
sobre ele deixaram
as chaves oscilarem
e deixaram o vestido
cair em seus joelhos,
sobre o peito
pedras preciosas
e cobriram
a sua cabeça.

20-Então Loki,
o filho de Laufey, disse:
"Eu irei contigo
e eu serei a criada,
nós dois nos dirigiremos
para Jötunheimr."

21-Logo os bodes*
foram dirigidos para a casa,
eles aceleraram os arreios,
e correram bem;
as montanhas se partiam,
as chamas chamuscavam a Terra
quando o filho de Óðinn* viajava
para Jötunheimr.

22-Então Þrymr disse isso,
o senhor dos Þursar:
"Levantem-se Jötnar,
e espalhem palha nos bancos,
agora eles estão me trazendo
Freyja, como esposa,
a filha de Njörðr
do Nóatún."
23-"Aqui na corte pastam
vacas de chifres dourados*,
bois totalmente negros
para a alegria dos Jötnar;
eu possuo muitos tesouros,
eu possuo muitas joias,
para mim parece que só
falta Freyja."

24-Eles foram para lá
antes da chegada do entardecer
e para os Jötnar
a cerveja foi trazida;
ele comeu um boi inteiro,
oito salmões,
todas as guloseimas,
que as mulheres devem ter*,
o marido de Sif* bebeu
três tonéis de hidromel.

25-Então Þrymr disse isso,
o senhor dos Þursar:
"Onde já se viu uma noiva
comer tão vorazmente?
Eu nunca vi uma noiva
comer tão amplamente,
nem uma donzela
beber muito hidromel."

26-Perto dele se sentou
a instruída criada*,
que encontrou palavras
para falar para o Jötunn:
"Freyja não comeu nada
por oito noites,
de tanto que ela estava ansiosa
por Jötunheimr."

27-Ele dobrou o véu,
desejando beijá-la,
mas pulou para atrás da outra
extremidade do salão.
"Por que são terríveis
os olhos de Freyja?
Parece para mim que dos olhos
dela o fogo arde*."

28-Perto dele se sentou
a instruída criada,
que encontrou palavras
para falar para o Jötunn:
"Freyja não tem dormido
por oito noites,
de tanto que ela estava ansiosa
por Jötunheimr."

29-Veio à miserável
irmã do Jötunn,
por presentes nupcial*
ousando pedir:
"Me de da tua mão
esses anéis vermelhos,
se tu queres ter
o meu amor,
meu amor
e toda a minha amizade."

30-Então Þrymr disse isso,
o senhor dos Þursar:
"Traga o martelo
para santificar a noiva,
coloque o Mjöllnir
sobre o joelho da donzela*,
consagre nós dois juntos
pela mão de Vár*!"

31-O coração de Hlórriði
riu em seu peito,
quando o de mente forte*
viu o seu martelo;
primeiro ele matou Þrymr,
o senhor dos Þursar,
e a família do Jötunn
ele esmagou todos.

32-Ele matou a velha
irmã dos Jötnar,
que por presente nupcial
havia pedido;
ela recebeu um golpe de morte
em vez de moedas*,
um golpe do martelo
em vez de um montão de anéis.
E assim o filho de Óðinn
conseguiu seu martelo de volta.


Notas do Þrymskviða:
  • 01/1* Vingþórr é outro nome de Þórr.
  • 01/5* Uma saga conta que quando a barba de Þórr sacudia produzia tempestades.
  • 01/7* Þórr é o filho de Jörð.
  • 02/8* Áss significa "Deus" e se refere ao próprio Þórr.
  • 03/6* Casaco de penas é a forma de falcão de Freyja.
  • 06/2* Þursar são os Gigantes.
  • 07/2* Álfar são os Elfos.
  • 07/8* Hlórriði é outro nome de Þórr.
  • 10/8* Isso parece indicar que Loki poderia inventar algo para Þórr, por isso o Deus pede a Loki para ser rápido ao contar as novidades.
  • 13/6* O colar caiu ao chão.
  • 14/2* Þing é a assembleia dos povos nórdicos.
  • 14/3* Ásynjur são as Deusas.
  • 14/6* Tívar regentes são os Deuses.
  • 15/4* Heimdallr aqui é referido como outro Vanir.
  • 16/2* As chaves são o símbolo das mulheres casadas e noivas.
  • 17/4* Ergi é uma forma de chamar um homem com modos femininos.
  • 21/1* Os bodes de Þórr que puxam seu carro foi trazido até os Deuses para eles seguirem viagem para o mundo dos Gigantes.
  • 21/7* Þórr.
  • 23/2* Na Gautreks Saga é dito que o fazendeiro Rennir tinha os chifres de seus bois favoritos enfeitados com ouro e prata.
  • 24/8* Possivelmente se trata de algum alimento dedicado à noiva ou as mulheres do noivado.
  • 24/9* Þórr.
  • 26/2* Loki disfarçado de criada.
  • 27/8* Aqui indica o olhar fulminante de Þórr, que também aparece nas miniaturas dos martelos encontrados pela Escandinávia e usado pelos Vikings. Esses pequenos martelos tinham o olhar fulminante, o bico de águia, e a barba que são os símbolos de Þórr.
  • 29/3* O dote.
  • 30/6* Þórr e seu martelo são agentes da fertilidade. É notavelmente semelhante aos poemas rúnicos referentes à runa Þurisaz.
  • 30/8* Vár é a nona das Deusas, segundo Snorri. Ela protege os juramentos e os votos feitos entre homens e mulheres. Ela se vinga de todos os que quebram esses juramentos.
  • 31/3* Þórr.
  • 32/6* Aqui indica que a irmã de Þrymr além dos anéis da mão de Þórr ainda queria moedas como dote.
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28 de março de 2014

Apsaras

۞ ADM Sleipnir


As Apsaras (também conhecidas como Vidhyadaris) são um grupo de belos e etéreos espíritos femininos presentes na mitologia hindu e budista. Elas são deusas menores da água e das nuvens, e que habitam o céu. Na clássica literatura indiana, as apsaras são retratadas frequentemente dançando sedutoramente nos tribunais dos deuses ou casadas com gandharvas - espíritos da natureza que tocam músicas celestiais para os deuses. Ambos os grupos de entidades estão particularmente relacionados com a corte de Indra, o deus dos céus e tempestade, e também o rei dos deuses (embora esse título seja menos absoluto no hinduísmo do que em outras cosmologias).

Apsaras pode ser reconhecidas por suas cinturas minúsculas e seus atributos femininos evidentes. Normalmente, elas são retratadas dançando graciosamente, vestidas (ou parcialmente vestidas) com saias de seda linda e enfeitadas com jóias de ouro e pedras preciosas. Muitas vezes, elas dão cambalhotas nos céus ou brincam na água . Além disso apsaras tendem a ser coroadas com lindos cocares ornamentados.


Em muitos mitos, as apsaras aparecem como personagens coadjuvantes. Dentre elas, Urvasi Menaka Rambha Tilottama são os mais famosas.   Elas são mais ou menos análogas às ninfas e náiades da mitologia grega, as valquírias da mitologia nórdica e aos anjos dos mitos abraâmicos.

Indra se sentia constantemente ameaçado por sábios e heróis que acumulavam grandes poderes espirituais e mágicos através da austeridade física. Uma de suas maneiras favoritas de lidar com eles era enviar apsaras para seduzi-los e fazer com que caíssem de sua posição, e é por isso que muitos heróis dos mitos indianos tem uma apsara sexy como uma mãe e um eremita louco como um pai. Além de serem dançarinas magistrais, apsaras podem alterar sua forma à vontade. Elas também governam sobre as vicissitudes dos jogos de azar.

Esculturas de apsaras são um componente principal nos templos indianos clássicos e as suas formas belíssimas e ondulantes continuam a ser um dos pilares da arte indiana. Essas dançarinas celestiais também são particularmente apreciadas no Sudeste Asiático. A arte clássica e arquitetura da Indonésia, Camboja, e Laos freqüentemente apresentam esses adoráveis ​​espíritos. 


27 de março de 2014

Osschaart

۞ ADM Sleipnir

Arte de Matias Machuca para o cardgame Mitos y Leyendas

Osschaart (também conhecido como OssaartOsschaard, Oeschaart, Ossaert, Oessaart, Osschaert, Osgaard) é um espírito/demônio metamorfo do folclore belga/holandês, conhecido por sua habilidade de assumir diferentes formas de animais e por carregar sempre consigo pesadas correntes. Ele costumava assombrar a região de Hamme, próxima a Dendermonde, na Bélgica, e se tornou um dos espíritos mais temidos e enigmáticos da cultura local.

O Osschaart não era um espírito necessariamente maligno, mas gostava de punir aqueles que se desviavam do caminho da virtude, especialmente pecadores e pessoas maldosas. Sua área de atuação incluía a capela de Twee Bruggen, onde ele costumava aparecer de maneira especialmente intensa. Sua travessura mais comum era pular nas costas de quem passava por seu território, obrigando a pessoa a carregá-lo até ficar totalmente exausta. As vítimas só se livravam dele ao alcançar uma encruzilhada ou uma imagem da Virgem Maria, pois Osschaart não conseguia passar por esses locais.

A aparência do Osschaart variava conforme suas intenções. Em alguns relatos, ele era descrito como um touro com cabeça humana, com correntes pesadas arrastando pelos pés. Outras vezes, ele aparecia como um cavalo gigantesco, um coelho, um cachorro ou até mesmo um anão ou gigante. No vilarejo de Knoche-sur-mer, o Osschaart também assumia a forma de um fantasma com cabeça de touro.

Osschaart não se limitava a assustar transeuntes; também era comum que ele subisse em barcos de pescadores que se esqueciam de devolver o primeiro peixe capturado à água, uma tradição local para apaziguar o espírito. Em uma história, um pescador que negligenciou essa prática foi punido pelo Osschaart, que se materializou, imobilizando-o e fazendo com que sua pesca desaparecesse.

Em outra história, um pescador de Kieldrecht chamado Blommaert tentou enganar o Osschaart. Depois de perceber que o espírito estava roubando seus peixes, Blommaert cobriu a lareira com esterco de cavalo para impedir que o Osschaart os cozinhasse. O truque funcionou inicialmente, mas, como resultado, no dia seguinte, Blommaert encontrou sua rede de pesca completamente cheia de esterco. O espírito riu alto, deixando claro que não era fácil enganá-lo.

Apesar de ser um espírito travesso, Osschaart foi eventualmente banido. Um padre em Hamme, cansado das punições que ele infligia aos moradores, realizou um exorcismo e o condenou a vagar pelas margens do mar por 99 anos. Ainda hoje, alguns acreditam que o espírito está à espreita, e em Spije, Malines, há um pequeno riacho com uma ponte em forma de caixão que dizem ser o seu túmulo.

Osschaert na capa do disco "Osschaert"(2017) da banda de death, mteal holandesa  Bullcreek


Postagem revisada e atualizada em 18/09/2024

fontes:

26 de março de 2014

Arianrhod

۞ ADM Sleipnir


Arianrhod (Aranrhod, Aryanrot, Aranrot e Aranro) é uma deusa lunar da mitologia celta/galesa, e adorada como uma deusa da fertilidade, do nascimento, da iniciação e da reencarnação. Seu nome significa "roda de prata" (arian - prata e rhod - roda). O castelo de Arianrhod representa toda a Via Láctea e é conhecido como Caer Arianrhod, o disco de estrelas em torno da estrela polar, que não conhece destruição, pois este nunca se dissipa abaixo do horizonte, mesmo em pleno verão. A deusa Arianrhod costuma ser reverenciada na lua cheia.  

Relações

Arianrhod é filha de Don (equivalente galesa da deusa celta Danu, a mãe de todos os deuses celtas), que era a irmã de Math o mágico. Os irmãos de Arianrhod são Gwydion, um mágico - poeta e herdeiro de Math fab Mathonwy, e Gofannon, o deus da forja. O consorte original de Arianrhod era Nwyvre ("céu","espaço","firmamento"), porém os mitos relacionados a ele se perderam no tempo. O único conto existente de Arianrhod é encontrado no Mabinogion, uma coleção de histórias galesas gravadas no período medieval, embora eles sejam, obviamente, os mitos pagãos do panteão galês.


Arianrhod e o nascimento virginal

O Rei Math governava Gwynedd, mas sofria de uma maldição que só lhe permitia viver se seus pés repousassem no ventre de uma virgem em tempos de paz. Infelizmente, o seu sobrinho Gilvaethwy tinha caído no amor com a sua virgem suporte, Goewin. Ele confidenciou seu segredo a seu irmão Gwydion, e como ele sabia que Math estava livre da maldição em tempos de guerra, maquinou uma guerra entre Math e seu vizinho, o Rei Pryderi. Math foi forçado a ir para a batalha, deixando sua virgem suporte para trás. Gilvaethwy aproveitou a oportunidade, violentou Goewin, e fez dela sua esposa relutante. Naturalmente, Math ficou furioso quando ele voltou.

Em uma tentativa de recuperar o favor de Math, Gwydion sugeriu sua irmã Arianrhod para o cargo de virgem suporte de Math. No entanto, era necessário um procedimento mágico para provar a sua pureza. Arianrhod tinha que passar por cima do bastão de Math (um objeto fálico), mas assim que ela o fez, ela deu à luz um menino de cabelos dourados chamado Dylan eil Tôn ("Dylan das Ondas"), que imediatamente pulou no mar e nadou para longe. Arianrhod vai embora do palácio indignada, e ao passar pela porta deu à luz a outra criança ainda não completamente formada. Ninguém além de Gwydion viu a criança nascer, e então ele resolveu  pegar a criança criá-la em segredo. O menino cresceu muito rápido, tanto que ao completar quatro anos de idade, ele já era tão alto quanto um menino de oito anos.

As maldições sobre Llew

Quando Gwydion levou o garoto ao castelo de Arianrhod para conhecê-la, ela recusou-se a reconhecê-lo como seu filho, e ainda o amaldiçoa dizendo-lhe que ele nunca teria um nome até que ela lhe desse um. Tendo ouvido isso, Gwydion cria um plano para enganar Arianrhod. Disfarçados como sapateiros, Gwydion e Llew navegaram até o castelo de Arianrhod. Arianrhod pensou em adquirir alguns sapatos novos, e então desceu para consultá-los. Enquanto Gwydion ajustava os sapatos, uma carriça veio e pousou no barco. O garoto pegou seu arco e atirou -o na perna . Arianrhod ficou impressionada e disse que "'ele possui uma mão firme !" ( Llew Llaw Gyffes) , nomeando, assim, seu filho. Irritada por ter sido enganada, ela declarou que o menino nunca portaria armas nem armaduras que não lhe fossem conferidas por ela. 

Llew cresceu triste por saber que nunca poderia se tornar um guerreiro. Compadecido, Gwydion disfarçou a si próprio e a Llew como bardos, e foram até a fortaleza de Arianrhod novamente. Chegando lá, encantaram a todos com suas narrativas e conforme o costume, ofereceram-lhes hospedagem para passarem a noite. Ao amanhecer, Gwydion procurou uma muralha bem alta e de lá lançou um feitiço poderoso que aprendeu com Math, fazendo parecer como se um grande exército estivesse invadindo a fortaleza de Arianrhod. O ar ressoava com gritos e trombetas e a baía parecia estar cheia de embarcações inimigas. Arianrhod avisa aos dois sobre o que ocorria e os aconselha a irem embora, porém Gwydion diz que eles são capazes de ajudá-la a defender a fortaleza, só precisavam que ela desse uma arma e armadura ao seu discípulo. Arianrhod prontamente deu a Llew um capacete, uma armadura e uma lança. Instantaneamente os sons de batalha cessaram, e Arianrhod, enganada novamente, colocou uma terceira e última maldição sob Llew - ele nunca se casaria com uma mulher que nascesse da Terra dos homens. Após essa terrível maldição, Gwydion pede a ajuda de Math, e os dois então resolvem criar uma mulher para Llew. Eles colheram flores do carvalho, botões de giesta e da rainha-dos-prados, e depois misturaram esses ingredientes proferindo poderosos encantamentos, formando assim a noiva de Llew, Blodeuwedd ("rosto de flor").


25 de março de 2014

Bakunawa

۞ ADM Sleipnir

Arte de Allen Michael Geneta

O Bakunawa (Bakonaw , Baconaua ou Bakonaua) é uma divindade da mitologia filipina, muitas vezes representado como uma serpente marinha gigante. Acredita-se que ele era o deus do submundo e ele muitas vezes foi considerado o responsável pelos eclipses. 

Ele aparece como um dragão ou serpente gigante do mar, com uma boca tão grande quanto um lago, uma língua vermelha como sangue, os bigodes e as guelras de um peixe-gato, e dois pares de asas : um par maior e um par menor encontrado mais para baixo de seu corpo. 

Mitologia

No início do mundo, haviam sete luas no céus. Bathala - o criador da terra, mar e céu - as tinha criado para iluminarem o céu à noite. Estas luas eram um espetáculo para ser visto: brilhando como prata recém -polido em meio a um céu de veludo. Bakunawa ficou tão encantado com a beleza das luas que uma noite, ele se levantou do mar e engoliu uma das luas. Excessivamente orgulhoso de seu feito, ele se esgueirou de volta para o seu domínio marinho. Infelizmente, ele logo percebeu que a lua dentro dele estava derretendo como cera de vela.

Arte de giong2296

Querendo devorar uma lua que durasse mais tempo, o Bakunawa subiu para o céu na noite seguinte e engoliu outra lua. Mas esta também se dissipou. Noite após noite, Bakunawa devorava outra lua do céu, e todas elas derretiam dentro dele. No fim, apenas uma lua restou no céu, e Bathala ficou furioso. Ao invés de matar Bakunawa, puniu a besta e ordenou -lhe para não devorar a última lua.

Dizem que Bakunawa obedece a ordem de Bathala, mas não a maior parte do tempo. De vez em quando ele tenta devorar a última lua, e é por isso que ele fica vermelha e provoca um eclipse. Mas as pessoas na terra levantam um clamor alto,  batendo panelas, gritando e gemendo, tudo para assustá-lo e fazê-lo cuspir a lua de volta para o céu. Outros tomam uma abordagem mais suave, tocando música doce para fazê-lo cair em um sono profundo, de modo que a lua irá rolar para fora de sua boca e flutuar de volta para o céu, onde ela pertence. No entanto, todos se perguntam se chegará um dia onde Bakunawa terá sucesso em seu desejo de engolir a última lua.

Arte de ladysantos30


Outra Versão 

Outros contos dizem que o Bakunawa tem uma irmã, que possui a forma de uma tartaruga marinha. Ela sempre visitava uma ilha nas Filipinas, a fim de colocar seus ovos. No entanto, os moradores logo descobriram que cada vez que a tartaruga marinha visitava a ilha, a água parecia segui-la, fazendo com que a ilha tivesse seu tamanho reduzido. Com medo que sua ilha  desaparecesse por completo, os moradores mataram a tartaruga. 

Quando Bakunawa descobriu isso, emergiu do mar e devorou a lua. As pessoas ficaram com medo e oraram a Bathala, pedindo para ele punir a criatura. Bathala se recusou, porém disse a eles para baterem algumas panelas e frigideiras, a fim de perturbar a serpente. A lua foi então regurgitada e Bakunawa desapareceu, para nunca mais ser visto novamente. 


fonte: 


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24 de março de 2014

Pontos

۞ ADM Sleipnir


Na mitologia grega, Pontos (ou Ponto, grego: Πόντος "Mar") era uma antiga divindade pré-olímpica dos mares, e um dos protogenoi (deuses primordiais). Geralmente confundido com o titã Oceano, Pontos foi gerado por Gaia através de partenogênese (porém o poeta Higino afirma que Pontos é filho de Gaia com Éter, o ar). Pontos é a primeira divindade a surgir como força primal das águas, sendo  personificado como o mar primitivo.

Com Gaia, a deusa Terra, Pontos foi pai de muitas divindades marinhas: Nereu (o "velho mar"), Taumante ( personificação dos perigos do mar), Fórcis e sua irmã/consorte Ceto, e também Euríbia, consorte do titã Crio. Com Talassa, sua contraparte feminina, Pontos gerou praticamente toda a vida marinha, e também os Telquines (demônios marinhos que segundo algumas versões do mito de Poseidon, seriam os responsáveis pela confecção de seu tridente).

Em mosaicos romanos, Pontos é representado como uma cabeça gigante saindo do mar, adornado com uma barba cinza molhada e chifres de garras de caranguejo. Pontos e Talassa foram completamente substituídos por Poseidon e Anfitrite na arte clássica e nos mitos. .



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22 de março de 2014

A Edda Poética: Parte VIII - Lokasenna

۞ ADM Sleipnir

Tradução e notas de Márcio Alessandro Moreira.


O Lokasenna ("A Discórdia de Loki") é um dos poemas mitológicos do Edda Poética. Nesse poema os Deuses são insultados por Loki um a um até a chegada de Þórr. Þórr ameaça mata-lo então Loki resolve partir, mas não sem antes ridicularizar o Deus do Trovão. Loki tinha acusado os Deuses de imoralidade e conduta sexual imprópria, além de praticarem magia, de serem incapazes de resolver situações e outros de serem covardes.

Lokasenna

Ægir, que também é chamado Gymir, tinha preparado cerveja para os Deuses, depois que ele adquiriu o poderoso caldeirão, como agora será contado. Óðinn e Frigg vieram para essa festa*. Þórr não veio porque ele estava no leste. A esposa de Þórr, Sif, estava lá, com Bragi e sua esposa Iðunn. Týr estava lá. Ele era maneta. O lobo Fenrir cortou fora à mão dele, quando ele foi amarrado. Njörðr e sua esposa Skaði estavam lá, e também Freyr e Freyja, e Víðarr, o filho de Óðinn. Loki estava lá e os atendentes de Freyr, Byggvir e Beyla. Lá estavam muitos Æsir e Álfar**. Ægir tinha dois atendentes,Fimafengr e Eldir. Lá estava ouro que brilhava como luz de fogo. A cerveja foi trazida ali***. Era um grande santuário. Os homens elogiavam muito, como eram bons os serventes de Ægir. Loki não podia ficar ouvindo isso, e ele matou Fimafengr. Então os Æsir sacudiram seus escudos e começaram a gritar com Loki e eles o conduziram para os bosques, e eles voltaram para beber. Loki voltou e encontrou Eldir lá fora. Loki disse pra ele:

01-"Diga-me, Eldir,
antes que tu de
um único passo a frente,
o que os filhos dos Sigtívar*
estão dizendo aqui dentro em
cima de suas cervejas."

Eldir disse:
02-"Os filhos do Sigtívar
falavam de suas armas
e de suas proezas na guerra;
dos Æsir e Álfar
que estão lá dentro,
nenhum tem uma palavra amigável para ti."

Loki disse:
03-"Eu irei entrar
no salão de Ægir
para ver esse sumbel*;
eu trarei veneno na bebida
dos filhos dos Æsir,
e eu misturarei esse hidromel com maldade."

Eldir disse:
04-"Saiba que se tu
entrar no salão de Ægir
para ver esse sumbel,
se tu salpicar os Regin* no salão,
com grosseria e discussão,
eles se limparam em ti*."

Loki disse:
05-"Saiba Eldir,
que se tu e eu
trocarmos palavras doloridas,
eu serei rico
em réplicas
se tu falares demais."

Depois Loki foi para dentro do salão. Mas quando eles viram quem estava diante deles,
entrando, todos eles ficaram em silêncio.

Loki disse:
06-"Eu, Loptr*, venho
com sede para esse salão
de uma longa viagem,
peço aos Æsir,
que me deem
um gole do famoso hidromel."

07-"Por que estão tão quietos
contidos Deuses,
vocês não podem falar?
Escolha um lugar
e um assento para mim no sumbel,
ou peçam para eu partir."

Bragi disse:
08-"Os Æsir nunca
escolheram um lugar e um assento
para ti no sumbel,
porque os Æsir sabem,
quais pessoas eles devem
dar uma festa esplêndida."

Loki disse:
09-"Lembra-se disso, Óðinn,
quando no início dos dias*
nós dois misturamos juntos nosso sangue?
Tu disseste que não
provaria cerveja,
a menos que fosse trazido pra nós dois."

Óðinn disse:
10-"Levante-se então Víðarr,
e deixe o pai do lobo
se sentar no sumbel,
para que Loki
não fale mal de nós
no salão de Ægir."

Então Víðarr se levantou e encheu o copo de Loki. Mas antes dele beber, ele falou aos
Æsir:

11-"Salve os Æsir,
Salve as Ásynjur*
e todos os Deuses mais sagrados, -
exceto por esse Áss*,
Bragi, que se senta
no banco."

Bragi disse:
12-"Um cavalo e uma espada
eu ti darei das minhas riquezas
e o meu anel como compensação a ti,
para que tu não pagues
os Æsir com ódio,
e não enfureça os Deuses contra ti."

Loki disse:
13-"Cavalo e bracelete
sempre devem estar
ti faltando, Bragi;
dos Æsir e Álfar,
que aqui estão
tu és o mais cauteloso em batalha
e o mais tímido com o arco*."

Bragi disse:
14-"Eu sei, que se eu estivesse lá fora,
assim como eu estou aqui dentro,
no salão de Ægir,
tua cabeça
eu teria em minhas mãos;
eu pagaria tuas mentiras com isso."

Loki disse:
15-"Tu és bravo no banco,
pois tu não fazes desse modo,
Bragi, o orgulho do banco;
vá tu combater,
se tu estás enfurecido;
nenhum herói pensa antes de agir."

Iðunn disse:
16-"Eu ti peço, Bragi,
ajude suas crianças por parentesco
e todos os filhos adotados*,
não digas
palavras maldosas para Loki
no salão de Ægir."

Loki disse:
17-"Silêncio, Iðunn,
eu digo que de todas as esposas,
tu é a mais libidinosa*,
desde que em teus braços
brilhantes* tu colocaste
o matador de teu irmão*."

Iðunn disse:
18-"Eu não falarei
palavras maldosas, Loki,
no salão de Ægir:
eu silenciei Bragi,
que está alegre pela cerveja*;
eu não desejo, que lutem furiosamente."

Gefjon disse:
19-"Por que os dois Æsir
estão trocando palavras doloridas
aqui dentro?
Loptr sabe disso,
que ele não está brincando*
e ele detesta todos os vivos."

Loki disse:
20-"Silêncio, Gefjon,
agora isso eu devo relatar,
quem ti iludiu com alegria,
o garoto branco*
que ti deu um colar
e tu se deitaste sobre ele."

Óðinn disse:
21-"Tu estás louco Loki,
fora de si,
para tu provocar a fúria de Gefjon,
porque eu creio que ela conhece
o örlög* de todos os homens
tão claramente como eu."

Loki disse:
22-"Silêncio, Óðinn,
tu nunca soube
repartir a batalha com os homens;
frequentemente tu dás
a vitória para aqueles a quem tu não deverias dar*,
mas para os mais estúpidos [homens]."

Óðinn disse:
23-"Se eu dei
a vitória para aqueles a quem eu não deveria dar,
para os mais estúpidos [homens],
tu sabes que por oito invernos
tu estavas debaixo da terra
dando leite como uma vaca e uma mulher*,
e lá tu geraste bebês,
eu creio que isso era de natureza argr*."

Loki disse:
24-"Mas eles dizem que tu trabalhaste
magia seiðr* na ilha Sámsey,
e tu batias em tambores como as Völur*;
na forma de um Vitki*
tu viajaste entre os homens,
e eu creio que isso era de natureza argr."

Frigg disse:
25-"Vocês [dois] nunca
deveriam dizer
aos homens os seus örlög,
o que vocês dois Æsir
praticaram no início dos tempos;
esqueçam o passado."

Loki disse:
26-"Silêncio, Frigg,
tu és filha de Fjörgynn*
e sempre tem sido a mais luxuriosa,
quando então Vé e Vili
tu pegou, esposa de Viðrir*,
ambos em seu abraço*.

Frigg disse:
27-"Tu sabes, que se eu tivesse
no salão de Ægir
um filho como Baldr*,
tu não chegarias sair
dos filhos dos Æsir,
e tu terias um furioso combate*.

Loki disse:
28-"Mas tu desejas Frigg,
eu falarei mais
de meus danos:
porque eu determinei
que tu não veras
Baldr montando de novo no salão*."

Freyja disse:
29-"Tu estás louco Loki,
quando tu dizes
palavras horríveis e vergonhosas;
eu creio que Frigg
conhece todos os örlög,
embora ela não diga nada."

Loki disse:
30-"Silêncio, Freyja,
eu sei tudo sobre tu,
tu não é sem defeitos:
dos Æsir e Álfar,
que estão aqui dentro,
todos tem feito de ti uma prostituta."

Freyja disse:
31-"Tua língua é falsa,
eu creio que tu
cantas o que não é bom;
os Æsir estão furiosos contigo
e as Ásynjur,
tu voltara para a casa entristecido."

Loki disse:
32-"Silêncio, Freyja,
tu és uma feiticeira
e muito maliciosa,
desde que tu foste pega com teu irmão*
pelos alegres Regin
e tu então se lembrara, Freyja, que tu peidou."

Njörðr disse:
33-"Isto é inofensivo,
embora ela tenha
um marido, um amante ou ambos;
é surpreendente, que um Áss efeminado
venha aqui dentro
e tendo gerado bebês."

Loki disse:
34-"Silêncio, Njörðr,
tu foste enviado do leste
como um refém para os Deuses;
as filhas de Hymir
ti usaram como utensílio,
e mijaram em tua boca*."

Njörðr disse:
35-"Esse é o meu conforto,
quando eu fui enviado de longe daqui
como refém para os Deuses,
então eu gerei um filho,
que ninguém odeia,
e ele parece o melhor dos Æsir."

Loki disse:
36-"Pare agora Njörðr,
tenha um pouco de moderação,
porque eu não esconderei mais:
com tua irmã*
tu tiveste tal filho,
e era pior do que se poderia esperar."

Týr disse:
37-"Freyr é o melhor
de todos os corajosos cavaleiros
na corte dos Æsir;
ele não faz as donzelas chorar
nem as esposas
e liberta todos de suas correntes."

Loki disse:
38-"Silêncio, Týr,
tu nunca soube
trazer a batalha entre dois homens*;
sua mão direita
eu devo relatar,
a que Fenrir cortou de ti."

Týr disse:
39-"Eu perdi a mão,
mas tu [perdeu] Hróðrsvitnir*,
que é uma tristeza para nós dois;
não é prazeroso para o lobo,
que está acorrentado
esperando pelo Ragnarökr."

Loki disse:
40-"Silêncio, Týr,
acontece que sua esposa
teve um filho comigo*;
nenhum ouro nem um centavo
tu nunca teve
como compensação, miserável."

Freyr disse:
41-"Eu vejo o lobo deitado
perante a boca do rio*
até a ruína dos Regin;
a menos que tu se cales,
tu serás o próximo
a ser capturado, forjador do mal."

Loki disse:
42-"Tu compraste
a filha de Gymir com ouro
e então vendeu tua espada;
mas quando os filhos de Múspell
cavalgarem através de Myrkviðr*,
tu não saberá como lutar, miserável."

Byggvir disse:
43-"Saiba, se eu tivesse a linhagem
de Ingunnar-Freyr,
e tal assento abençoado*,
eu esmagaria a medula óssea
desse corvo maligno
e ele mancaria de todos os membros."

Loki disse:
44-"Que coisa minúscula é essa
que eu vejo abanando o rabo
e fungando?
Nos ouvidos de Freyr
tu sempre ficas
e tagarelando abaixo dos moinhos."

Byggvir disse:
45-"Eu me chamo Byggvir,
e todos os Deuses e homens
dizem que eu sou rápido;
eu sou triunfante aqui,
bebendo cerveja junto
com todos os filhos de Hroptr*."

Loki disse:
46-"Silêncio, Byggvir,
tu nunca soube
compartilhar comida com os homens,
e na palha do chão
tu nem poderá ser encontrado,
quando os homens forem para a guerra."

Heimdallr disse:
47-"Loki está bêbado,
assim tu estás fora de ti
- por que tu não nos deixa [sozinhos], Loki? -
Porque muita bebida
governa todos os homens,
que ele próprio nem lembra o que fala."

Loki disse:
48-"Silêncio, Heimdallr,
tu foste, em dias de outrora,
colocado numa vida horrível;
chuva nas costas
tu sempre terás
e acordado vigiando os Deuses*."

Skaði disse:
49-"Tu estás feliz Loki,
mas teu rabo não abanara
tão livremente por muito tempo,
porque os Deuses ti amarrarão
sobre a rocha afiada
com os intestinos gelado de teu filho."

Loki disse:
50-"Saiba, se eu for amarrado na rocha afiada
com os intestinos gelado do meu filho
pelos Deuses,
eu fui o primeiro e o mais importante
no assassinado,
quando nos agarramos Þjazi*."

Skaði disse:
51-"Saiba, se tu foste o primeiro e o mais importante
no assassinato,
quando vocês agarraram Þjazi,
de meus altares
e campos
sempre virá funesto conselho [para ti]."

Loki disse:
52-"Gentil em conversa
tu foste com o filho de Laufey*,
quando tu me convidaste para tua cama;
nós temos que relatar tais coisas,
se nós iremos
contar nossos defeitos."

Então Sif foi adiante e encheu um copo gelado de hidromel para Loki e disse:

53-"Nós ti saudamos agora, Loki,
e tome esse copo gelado
cheio de hidromel antigo,
tu deixarás apenas eu
entre os filhos dos Æsir
permanecer sem falta."

Ele [Loki] pegou o chifre e bebeu:
54-"Tu serias a única
se tu foste assim,
tranquila e feroz perto dos homens*;
apenas eu sei,
tanto que eu conheço bem,
seu amante* além de Hlórriði**,
e esse era o maldoso Loki."

Beyla disse:
55-"Todas as montanhas tremem;
eu creio que Hlórriði
está de volta ao lar;
ele trará paz
para aqueles que discutem aqui,
todos os Deuses e homens."

Loki disse:
56-"Silêncio, Beyla,
tu és esposa de Byggvir
e muito imbuída com malícia,
pior desgraça
nunca houve entre os filhos dos Æsir;
está toda suja*, criada."

Então Þórr veio e disse:
57-"Silêncio, espírito efeminado,
meu poderoso martelo
Mjöllnir ti privara da fala;
o penhasco dos ombros*
eu golpearei de teu pescoço,
e então tua vida terá desaparecido."

Loki disse:
58-"O filho de Jörð*
chegou agora aqui dentro,
por que tu estás assim tão furioso Þórr?
Tu não estarás tão corajoso,
quando tu fores combater contra o lobo*,
e ele devorara Sigföðr* por inteiro."

Þórr disse:
59-"Silêncio, espírito efeminado,
meu poderoso martelo
Mjöllnir ti privara da fala;
eu ti lançarei
no leste,
depois tu nunca mais serás visto."

Loki disse:
60-"De tuas viagens do leste
tu nunca deves
contar para os homens,
desde que no polegar da luva*
tu einheri, se sentou encolhido,
e tu não se parecia então com Þórr."

Þórr disse:
61-"Silêncio, espírito efeminado,
meu poderoso martelo
Mjöllnir ti privara da fala;
com minha mão direita
eu ti golpearei com a ruína de Hrungnir*,
de modo que todos os teus ossos se partiram."

Loki disse:
62-"Eu pretendo viver
muito tempo,
embora tu me ameaces com o martelo;
fortes correias tu pensou
que Skrýmir* tinha,
e tu não pode então obter provisões,
e embora tu estas inteiro, tu estavas faminto."

Þórr disse:
63-"Silêncio, espírito efeminado,
meu poderoso martelo
Mjöllnir ti privara da fala;
com a ruína de Hrungnir
eu ti enviarei para o Hel
abaixo do Nágrindr*."

Loki disse:
64-"Eu disse perante aos Æsir,
eu disse perante aos filhos dos Æsir,
o que eu penso,
mas perante tu apenas
eu devo sair andando,
porque eu sei que tu bates*."

65-"Tu preparas cerveja, Ægir,
mas tu nunca mais
farás um sumbel novamente;
o fogo se joga em cima de
todas tuas posses,
que estão aqui dentro
e queimara* suas costas."

Depois disso, Loki se escondeu no Fránangrsfors na forma de um salmão. Lá os Æsir o pegaram. Ele foi amarrado com os intestinos de seu filho Narfi, mas seu filho Váli foi transformado em lobo. Skaði pegou uma serpente venenosa e a colocou sobre a face de Loki. Desde então o veneno saia pingando. Sigyn, a esposa de Loki, se senta ali e segura uma vasilha abaixo do veneno. Mas quando a vasilha está cheia, ela joga o veneno fora, enquanto isso o veneno pinga sobre Loki. Então ele estremece tão violentamente que a terra toda treme. Isso é chamado agora de terremoto.


Notas do Lokasenna:
  • * Festa ou Banquete.
  • ** Elfos.
  • *** Snorri diz no Skáldskaparmál, que a cerveja e os alimentos se faziam sozinhos no salão de Ægir. Sendo uma divindade do mar seria natural Ægir ser relacionado com a abundância.
  • 01/4* Sigtívar são os Deuses.
  • 03/3* Sumbel é uma celebração onde pessoas bebem em comunhão em ato ritual.
  • 04/4* Salpicar os Deuses no sentido de abusar. Regin são os Deuses.
  • 04/6* Como Loki disse que "molharia" os Deuses com insultos, Eldir retrucou dizendo
  • que os Deuses "se limpariam se secando nele".
  • 06/1* Loptr é outro nome de Loki.
  • 09/2* Fizeram um pacto de sangue para se tornarem irmãos.
  • 11/2* Ásynjur são as Deusas.
  • 11/4* Áss significa "Deus"' e é o singular de Æsir.
  • 13/7* O arco de guerra.
  • 16/3* Essas "crianças" possivelmente são os Deuses a quem Iðunn doa as maças, as fontes não mencionam nenhum nome de qualquer filho de Bragi e Iðunn.
  • 17/3* Que tem desejo sexual intenso e constante.
  • 17/5* Possivelmente ela estava no banho.
  • 17/6* Seria Bragi? Não se sabe com certeza quem é esse irmão.
  • 18/5* Bêbado.
  • 19/5* Gefjon conhece o futuro e sabia que Loki entrou no salão para provocar os Deuses.
  • 20/4* O garoto branco parece indicar Heimdallr, mas pode se tratar de Skjöldr ou Gylfi, mas nada pode ser provado quem é esse personagem.
  • 21/5* Örlög ("Lei Primaria") é o destino de cada ser, é o resultado de nossas ações, é a lei da causa e efeito.
  • 22/5* Loki acusa Óðinn de ser injusto na hora de escolher os mortos.
  • 23/6* Loki é famoso por mudar de forma e gerar criaturas, mas esses versos são referentes a algum mito perdido.
  • 23/8* Argr significa "covarde" ou "homem efeminado".
  • 24/2* Óðinn foi ensinado na magia seiðr por Freyja e Sámsey é talvez a ilha Dinamarquesa de Sämso.
  • 24/3* Völur é o nome para feiticeiras ou praticantes das artes do seiðr e significa "Profetisas".
  • 24/4* Vitki é nome para praticantes de magia e profeta.
  • 26/2* Fjörgynn é o nome masculino para "Terra", mas pode ser um erro de Fjörgyn.
  • 26/5* Viðrir é outro nome de Óðinn.
  • 26/6* Colocando ambos perto do seio.
  • 27/3* Aqui Frigg confirma que é mãe de Baldr.
  • 27/6* Aqui indica um caráter guerreiro de Baldr.
  • 28/6* Loki aqui se gaba de ser o arquiteto da morte de Baldr.
  • 32/4* Possivelmente Freyr era o consorte original de Freyja até ela ir para os Æsir.
  • 34/6* Aqui parece indicar que Njörðr tem alguma conexão marinha com as filhas de Hymir. Hymir é um Gigante que vive a beira mar. Loki insulta Njörðr dizendo que as filhas de Hymir urinaram em sua boca.
  • 36/4* Essa irmã nunca foi nomeada, mas acredita-se se tratar de Jörð.
  • 38/3* Passagem de difícil interpretação, alguns traduzem como "tu nunca soube resolver a batalha...", outros traduzem como "tu nunca soube fazer a paz...", enquanto outros traduzem como "tu nunca soube trazer a justiça".
  • 39/2* Hróðrsvitnir é outro nome de Fenrir.
  • 40/3* Essa esposa e filho nunca foram mencionados em qualquer fonte.
  • 41/2* Esse rio é o rio Ván.
  • 42/5* Myrkviðr parece ser uma floresta no mundo de Múspellsheimr.
  • 43/3* Ingunnar-Freyr é outro nome de Freyr e o assento abençoado parece indicar a proeminência de Freyr entre os Deuses.
  • 45/6* Hroptr é outro nome de Óðinn.
  • 48/6* Também pode ser traduzido como: "... e vigiando como o guardião dos Deuses."
  • 50/6* Isso é mais uma provocação à Skaði, pois Þórr se gaba de ter matado Þjazi no Hárbarðsljóð.
  • 52/2* Laufey é o nome da mãe de Loki.
  • 54/3* Também pode ser traduzida como: "... se tu tivesses cuidado e fosses verdadeira para teu marido..."
  • 54/6* Também pode ser traduzida como: "... fez a esposa de Hlórriði de prostituta...", Óðinn também acusa Sif de infidelidade no Hárbarðsljóð.
  • 54/6** Hlórriði é outro nome de Þórr.
  • 56/6* No sentido dela estar cagada, suja de fezes.
  • 57/4* Penhasco dos ombros é kenningr para "cabeça".
  • 58/1* Jörð é a Deusa da terra.
  • 58/5* O lobo Fenrir, o manuscrito tem "lobo", mas o correto seria serpente e quem mata o lobo é Víðarr e não Þórr. Isso também parece indicar que Þórr já havia matado a Serpente Miðgarðr confirmando assim a versão de Úlfr Uggason em que o Deus matou o monstro e sobreviveu e que o Ragnarökr é uma farsa (com mitos rearranjados pela igreja).
  • 58/6* Sigföðr outro nome de Óðinn.
  • 60/4* Na história de Skrýmir (na verdade Útgarðr-Loki disfarçado).
  • 61/5* Ruína de Hrungnir é kenningr para o martelo de Þórr.
  • 62/5* Mesma história de Skrýmir (na verdade Útgarðr-Loki disfarçado).
  • 63/6* Significa "Portões da Morte".
  • 64/6* Loki se retira por medo das ameaças de Þórr por ser um Deus que ele teme.
  • 65/7* Isso indica a chegada do Ragnarökr.

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Ruby