30 de setembro de 2014

Y Ddraig Goch, o "Dragão Vermelho de Gales"

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Y Ddraig Goch ("dragão vermelho") é o dragão que figura na bandeira nacional do País de Gales. A bandeira também é chamada de Y Ddraig Goch. O mais antigo registro do uso do dragão como símbolo galês é no Historia Brittonum, escrito por volta do ano 829, mas é popularmente suposto ter sido o estandarte de batalha do rei Arthur e de outros antigos líderes celtas. Sua associação com esses líderes, juntamente com outras evidências da arqueologia, literatura e história documental levam muitos a supor que ele evoluiu de um símbolo nacional romano-britânico anterior. Durante o reinado dos monarcas Tudor, o dragão vermelho foi usado no brasão de armas da coroa inglesa (ao lado do tradicional leão inglês).


Brasão de armas da Inglaterra durante o período Tudor

História

Mabinogion 

Na história "Lludd e Llefelys", o dragão vermelho travava um combate contra um dragão branco invasor. Seus urros levam as mulheres a abortarem, animais a perecerem e plantas a se tornarem estéreis. Lludd, rei da Grã-Bretanha, vai até seu sábio irmão Llefelys na França. Llefelys diz-lhe para cavar um buraco no centro da Grã-Bretanha, preenchê-lo com hidromel, e cobri-lo com uma tenda. Lludd faz isso, e os dragões bebem o hidromel e adormecem. Lludd então os aprisiona, ainda envoltos na tenda, em Dinas Emrys, no noroeste do País de Gales. 


Historia Brittonum 

O conto dos irmãos Lludd e Llefelys é retomado no Historia Brittonum. Os dragões permaneceram em Dinas Emrys por séculos até que o rei Vortigern tenta construir um castelo no local. Todas as noites, as muralhas e fundações do castelo eram demolidas por tremores de terra. Vortigern então consulta seus conselheiros, que lhe dizem para encontrar um menino sem pai natural e sacrificá-lo. 

O rei aceitou o conselho e enviou homens à todas as partes do reino para encontrarem uma criança sem pai. Justamente quando parecia que os homens não iriam encontrar essa criança, eles se depararam com dois meninos que estavam brigando. Um desses meninos escarnecia o outro por este não ter um pai. Ao ouvir isso, os homens imediatamente agarraram o menino e levaram à presença do rei. Assim que o menino chegou, todos se concentraram em torno da morte do menino quando o mesmo lhes perguntou: -"Por que me trouxeram aqui?

-"Para ser condenado à morte", respondeu o rei. -"Sem o seu sangue, não posso construir a minha cidade.

-"Quem te disse isso?", Perguntou o menino. O rei disse que tinha sido os seus sábios e o menino pediu que eles fossem trazidos a sua presença. O menino então perguntou aos sábios do rei: -"O que faz vocês pensarem que a cidade não pode ser construída a menos que o meu sangue seja derramado sobre esta terra? Digam-me, o que há debaixo esta terra? "

Os sábios não foram capazes de responder a ele e permaneceram em silêncio. 

-"Existe um poço", disse o menino. -"Cavem e vejam vocês mesmos." 

Os sábios cavaram, e assim como o menino disse, havia mesmo um poço no local. 

-"Vocês sabem o que há dentro do poço?", Perguntou o menino. Mais uma vez, os sábios ficaram em silêncio. 

-"Existe um vaso", disse o menino. -"Dentro deste vaso tem uma tenda. E se vocês desdobrarem a tenda, irão encontrar duas serpentes: uma vermelha e outra branca". 

Foi exatamente como o menino disse. Os homens descobriram o vaso, e dentro havia uma tenda com duas serpentes adormecidas. 

-"Agora observem-as", disse o menino. 



Conforme o rei e os seus homens observavam, viram as serpentes acordarem e começarem a brigar. A branca era a mais forte das duas e parecia estar prevalecendo contra a vermelha, mas o vermelha logo reagiu e jogou a serpente branca para fora da tenda. Embora a serpente branca fosse fria e calculista, a ardente determinação da serpente vermelha foi decisiva para superar a sua pálida inimiga. O menino virou-se para os sábios do rei e perguntou-lhes sobre o significado dessas duas serpentes. Mais uma vez, os sábios ficaram em silêncio, sem saber a resposta. 

O menino virou-se em direção ao rei e disse: "O poço representa este mundo e a tenda é o seu reino. As serpentes são na verdade dragões. O dragão vermelho representa você e o dragão branco representa os saxões, que atualmente ocupam grande parte do seu território. Um dia, o povo da Britânia se levantará e expulsará os saxões de nossa terra. Quanto à sua fortaleza, não deve ser construída aqui. Você deve encontrar um novo local para ela". Pela ignorância de seus homens supostamente sábios, o rei Vortigern condenou-os à morte e ele poupou a vida do menino. Este menino mais tarde viria a se tornar Merlin.

A mesma história se repete na História dos Reis da Grã-Bretanha, de Geoffrey de Monmouth , onde o dragão vermelho é também uma profecia da chegada do Rei Arthur. 

Henrique VII 

Henrique VII usou o dragão vermelho em seu estandarte durante Batalha de Bosworth, quando ascendeu ao trono inglês em 1485. O dragão foi representado sobre um campo verde e branco que representa a Casa dos TudorHenrique VII foi também o primeiro a usar o dragão nas suas moedas. Emblema do País de Gales, o dragão foi reintroduzido nas moedas de libras atuais.




29 de setembro de 2014

Kumbhakarna

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Arte de Corbella

Kumbhakarna (sânscrito कुम्भकर्ण) era um rakshasa (ou asura, conforme a fonte) da mitologia hindu, filho do sábio Visravas com a rakshasa Kesinie, e o irmão mais novo de Ravana e Vibhishana. Possuía um tamanho colossal e um apetite insaciável. Seu banquete era composto por manadas de vacas, ovelhas, cabras e até humanos, e ao terminar sua refeição consumia muitos barris de vinho. Apesar de tudo, era descrito como um ser de bom caráter. 

Kumbhakarna
 era considerado tão piedoso, inteligente e corajoso que Indra tinha ciúmes dele. Junto com seus irmãos ele realizou uma grande penitência para o Senhor Brahma. Quando chegou o momento de pedir a Brahma uma benção, sua língua foi presa pela deusa Saraswati, que o fez a pedido de Indra. Então, ao invés de pedir indraasana ("trono de Indra"), ele pediu nidraasana ("cama para dormir"). Também é dito que ele pretendia pedir nirdevatvam (aniquilação dos devas), e em vez disso pediu nidravatvam ("sono"). Horrorizado e movido por amor fraterno, Ravana persuadiu Brahma a amenizar a dádiva. Brahma permitiu que Kumbakharna dormisse por apenas seis meses anuais, permanecendo acordado pelos seis meses restantes do ano (em algumas versões, ele fica acordado somente um dia do ano). Quando acordava, Kumbhakharna comia tudo que encontrava pela vizinhança, incluindo os seres humanos. 


Durante a guerra contra Rama, Ravana e seu exército estavam sendo humilhados, e então decidiu que precisava da ajuda de seu irmão Kumbhakarna, que ainda dormia por conta da maldição. Ravana e seus homens tiveram muita dificuldade para fazê-lo acordar. Kumbhakarna dormia em uma caverna que era tão gigantesca quanto ele. Tropas de demônios entraram na caverna, tendo de tolerar o terrível hálito que partia de sua boca aberta, que roncava assustadoramente. Eles levaram baldes de sangue para alimentá-lo, e fizeram barulhos ensurdecedores, mas nada disso o fez acordar. Foi necessário fazer mais de mil animais (dentre cavalos e elefantes) marcharem sobre ele para finalmente conseguir despertá-lo.


A morte de Kumbhakarna

Quando soube do motivo que levou Ravana a travar uma guerra contra Rama, Kumbhakarna tentou convencer Ravana de que o que ele fez era errado e que ele deveria devolver Sita à Rama e buscar o seu perdão. No entanto, Ravana era irredutível quanto a devolver Sita, e devido a sua lealdade para com o irmão, Kumbhakharna escolheu lutar a seu lado na batalha. Após ficar completamente bêbado, Kumbhakarna entrou em batalha. Poderoso, devastou sozinho o exército de Rama, aniquilando milhares de macacos com sua arma. Com suas mãos enormes, ele agarrava trinta macacos de uma só vez e os devorava. Além disso, feriu Hanuman, o deus macaco e servo leal de Rama e deixou Sugriva inconsciente, restando a Rama a tarefa de detê-lo. Em um ato de grande heroísmo, Rama cortou um braço de Kumbhakarna, depois o outro, em seguida suas pernas e, finalmente, sua cabeça.

Kumbhakarna tinha dois filhos, Kumbha Nikumbha, que também lutaram na guerra contra Rama e também acabaram sendo mortos. 

27 de setembro de 2014

São Cosme & São Damião

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Cosme e Damião  (grego: Κοσμάς και Δαμιανός), cujo os nomes verdadeiros eram Acta e Passio, eram irmãos supostamente gêmeos nascidos em Egeia, na Ásia Menor, que alcançaram uma grande reputação graças a suas habilidades médicas. As curas eram atribuídas não só ao seu conhecimento, mas também as suas orações e sua fé. Segundo as lendas, eram tomados pelo espírito da caridade, e nunca recebiam nenhum tipo de pagamento por seus serviços. Devido a isso, eram chamados de anagiros (em grego antigo: Ανάργυροι anargyroi, ana, "desprovido de", "que não recebe" ou "não aceita" e argiros (argentum), "prata", ou seja, "que não aceitam prata").

A façanha médica mais famosa dos irmãos foi o enxerto da perna de um recém-falecido etíope para substituir a perna ulcerada ou cancerosa de um paciente, sendo tema de muitas pinturas e iluminações.


Perseguição e Morte

De acordo com a tradição cristã, durante a perseguição cristã promovida pelo imperador romano Diocleciano, Cosme e Damião foram presos por ordem do prefeito da Cilícia, Lísias, que lhes ordenou a se retratarem, sob pena de tortura. No entanto, segundo a lenda eles permaneceram fiéis à sua fé, e resistiram a todo tipo de tortura sem sofrer dano algum. Eles foram afogados, queimados, apedrejados e alvejados por setas, mas nada lhes causava dano. Eles somente foram mortos após serem decapitados, no dia 27 de setembro entre os anos de 287 e 300. Antimo, Leôncio e Euprepio, seus irmãos mais novos, também foram executados nesse dia.

Culto

O culto aos gêmeos mártires foi trazido para o Brasil em 1530 por Duarte Coelho e tornaram-se padroeiros de Iguaraçu, em Pernambuco. Sua igreja é a mais antiga do Brasil, e foi construída em 1535. 

Os santos são considerados padroeiros das crianças, médicos e farmacêuticos, e são celebrados em 27 de setembro (26 de setembro pela Igreja Católica e 1º de novembro pela Igreja Ortodoxa), especialmente no Rio de Janeiro, quando as crianças recebem sacos de doces com a efígie dos santos impressa neles e em todo o estado da Bahia, onde são sincretizados com os orixás Ibejis, filhos de Xangô e Iansã. Católicos e adeptos do candomblé oferecem comidas típicas como caruru. Uma característica marcante na Umbanda e no Candomblé em relação às representações de São Cosme e São Damião é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de até sete anos de idade, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade. Junto com o caruru são servidas também as comidas de cada orixá, e enquanto as crianças se deliciam com a iguaria sagrada, à sua volta, os adultos cantam cânticos sagrados (oríns) aos orixás. 



25 de setembro de 2014

Qalupalik

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Qalupalik (também Qaluppiluik ou Qallupaluit) é uma criatura marinha pertencente à mitologia inuíte, dita habitar as águas localizadas abaixo das geleiras do Alaska. Parece haver controvérsias sobre se existem múltiplas Qalupalik ou apenas uma. 

Essa criatura é caracterizada como um ser humanóide, de cabelos longos, pele esverdeada e unhas compridas. Segundo o mito, ela usa um amautiit (uma espécie de bolsa que os esquimós usam para carregar seus filhos) para sequestrar e levar para o fundo do mar os bebês e crianças que desobedecem seus pais. Ela cantarola para atrair as crianças até a beira do mar e agarrá-las, colocando-as em seu amautik. Alguns dizem que ela sequestra as crianças a fim de comê-las, já outros dizem que ela passa a criá-las como se fossem seus filhos. 

Esta lenda era contada para as crianças com o intuito de evitar que elas vagassem sozinhas, e até hoje ainda é contada nas escolas e livros. O mito foi adaptado em 2010 pelo diretor Ame Papatsie como um  curta de animação em stop motion chamado "Qalupalik".


24 de setembro de 2014

Lestrigões

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Os Lestrigões (ou Lestrígonessão uma tribo de gigantes antropófagos da mitologia greco-romana. O termo lestrigão foi derivado da palavra grega laisêion, "couro cru" ou "pele" e trygaô, "reunir." Eram conhecidos por serem uma sociedade ativa, diligente, e praticamente incansável. Homero conta que, sempre com as portas abertas, de dia e de noite, os pastores lestrigões entravam e saíam. Nesse vaivém constante, o pastor que entrava saudava o pastor que saía, e o pastor que não sucumbia ao sono dobrava o seu salário durante a noite. Em Lestrigônia não haviam campos arados, nem hortas, nem pomares, nem jardins, pois os pastores lestrigões não precisavam semear para viver, se alimentando de seus próprios rebanhos. Os lestrigões eram pastores ávidos, insistentes, sempre atentos à possibilidade de lucro, sempre dispostos a, em mais de uma maneira, devorar as ovelhas. 

Mitologia

Na Odisséia (livro IX), Odisseu (Ulisses) e sua companhia, composta por uma dúzia de navios, aportaram em Telépio, capital da Lestrigônia, após fracassar em obter a ajuda de Éolo e passarem seis dias e seis noites vagando pelo mar sem destino.

Os navios entraram em um porto cercado por penhascos íngremes, com uma única entrada entre dois cabos. Os capitães atracaram seus navios uns próximos aos outros, mas Odisseu achou prudente manter seu próprio navio fora do porto, amarrado a uma rocha. Ele subiu em uma rocha alta para fazer o reconhecimento do local, mas não conseguiu ver nada, além de um pouco de fumaça saindo do chão. Ele então enviou três homens para investigarem o local. 

Os homens seguiram a entrada a pé e eventualmente encontraram uma jovem, que estava a caminho da Fonte da Artakia para buscar um pouco de água. A jovem disse ser filha de Antífates, o rei dos lestrigões, e guiou os três homens até sua casa. No entanto, assim que chegaram lá, encontraram uma mulher gigantesca, a esposa de Antífates, que prontamente chamou o marido. Antífates deixou a assembléia do povo imediatamente e ao chegar em casa agarrou um dos homens e começou a devorá-lo. Os outros dois homens (chamados Euríloco e Polites) fugiram em direção aos navios, na tentativa de avisar Odisseu, mas Antífates levantou um clamor aos moradores, de maneira que os fugitivos foram perseguidos por milhares de lestrigões. Os gigantes subiram o topo dos penhascos e de lá atiraram pedras enormes contra a frota de Odisseu, antes que pudessem escapar. Os navios foram atingidos e destruídos, e seus homens foram espetados como se fossem peixes e devorados pelos lestrigões. 

Somente Odisseu e alguns tripulantes conseguiram escapar desse massacre, pois o navio de Odisseu estava atracado em um ponto mais afastado. O resto de sua companhia foi completamente aniquilada pelos lestrigões. Os sobreviventes do ataque escaparam em alta velocidade, e acabam indo parar na ilha da feiticeira Circe

Leia mais sobre Odisseu/Ulisses AQUI

Lestrigões destruindo a frota de Odisseu


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23 de setembro de 2014

Cobra Norato

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A lenda da Cobra Norato (ou somente Honorato), é uma das mais famosas do folclore paraense.  Seu mito na verdade é uma fusão de dois mitos amazônicos: o da Cobra Grande e o do Boto.

A lenda conta que em numa tribo indígena da Amazônia, uma índia engravidou da Boiúna (Cobra-Grande, Sucuri), e posteriormente deu à luz duas crianças gêmeas. Quando ela viu seus filhos, teve um grande susto pois eles eram um casal de cobras negras. A índia então resolveu se aconselhar com o pajé da aldeia, e lhe perguntou se deveria matá-los ou jogá-los no rio. O pajé lhe respondeu que se ela os matasse, ela também morreria. Então ela não teve outra alternativa senão soltá-los no leito do rio Tocantins.


Os irmãos criaram-se livremente nas águas dos rios, atingindo um tamanho descomunal e deixando sua cor negra, ganhando agora um tom esverdeado.  A população chamavam-nos de Cobra Norato e Maria Caninana. Cobra Norato era forte e bondoso. Era incapaz de fazer o mal, e não deixava que pessoas morrerem afogadas ou fossem devoradas por outros peixes grandes. Em noites de luar, ele abandonava sua casca de cobra e se transformava num belo e alto rapaz. Nesta forma, ele sempre visitava sua mãe na aldeia.

Já Maria Caninana era a mais pura expressão da maldade, e nunca visitou sua mãe, muito menos deixava os rios. Era considerada um verdadeiro demônio e praticava todo tipo de maldade possível. Alagava canoas, mexia com os outros animais, assombrava e afogava viajantes e banhistas, causava o naufrágio de embarcações, dentre outros. Devido a todo mal que sua irmã causava, Cobra Norato decidiu matá-la e os dois travaram um terrível combate, transformando as águas do rio Madeira num imenso redemoinho. 

Arte de Lorena Herrero (HET)

Cobra Norato pois fim às perversidades de sua irmã e passou a viver sozinho, mas sempre que havia uma festa ou um evento nos povoados e ribeirinhos, ele deixava sua pele de serpente e ia dançar com as moças e conversar com os rapazes. 

Muitas vezes Honorato dormia na casa de sua mãe, e sempre pedia para que ela fosse à beira do rio, onde ele deixava o seu corpo de cobra e que pinga-se três gotas de leite em sua boca e lhe desse uma cutilada que o fizesse sangrar. Uma vez que ela fizesse isso, ele ficaria desencantado para sempre, porém isso deveria ser feito antes que o galo cantasse. 

Sua mãe tentou muitas vezes atender o pedido do filho, mas seu corpo de cobra era tão grande, feio e monstruoso que ela não tinha coragem, e sempre voltava para casa sem ser capaz de cumprir o pedido do filho. Ele, porém, garantia que seu corpo, apesar da aparência, nada lhe faria de mal. Honorato fez o mesmo pedido a muitas outras pessoas, garantindo-lhes a mesma coisa, mas quando elas iam para cumprir o pedido e viam o tamanho da cobra, fugiam aterrorizadas. 

Uma dia finalmente, um soldado com quem Honorato havia feito amizade conseguiu obter a coragem necessária para desencantá-lo. O soldado foi até o leito do rio e lá encontrou o corpo de cobra de Honorato. Ele atingiu a cabeça da cobra com um machado e pingou as três gotas de leite entre seus enormes dentes aguçados. Assim, Honorato ficou livre de seu encanto, e dizem que viveu durante muitos anos no Pará.


fontes:

22 de setembro de 2014

Cálice de Licurgo

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O Cálice de Licurgo é um cálice de vidro fabricado na Roma Antiga durante o século IV e que possui a peculiar propriedade de mudar de cor conforme a direção em que é iluminado. O cálice fica da cor verde-jade quando é iluminado de frente, mas quando iluminado por trás, torna-se da cor vermelho-sangue. Essa propriedade intrigou os cientistas durante décadas, desde sua aquisição pelo Museu Britânico na década de 50 e permaneceu sendo um mistério até 1990, quando um grupo de pesquisadores ingleses examinou alguns pequenos fragmentos do mesmo e então desvendaram o mistério.

Com a ajuda de um microscópio eletrônico, os pesquisadores observaram os fragmentos do vidro e descobriram que ele continha partículas de prata e de ouro com cerca de 50 nanômetros de diâmetro. Pra se ter uma idéia do tamanho dessas partículas, seriam necessárias mil delas para se alcançar o diâmetro de um grão de sal refinado. Com isso, pode-se dizer que os artesãos romanos foram os pioneiros no uso da nanotecnologia. A mistura exata dos metais preciosos sugere que os romanos tinham consciência do que estavam fazendo - "um feito incrível", disse um dos pesquisadores, o arqueólogo Ian Freestone, da University College London. 

Origem do Nome

O Cálice de Licurgo recebeu este nome porque possui uma cena envolvendo a morte do rei Licurgo da Trácia. Licurgo era pai de Dryas, e opositor ferrenho de Dioniso (deus grego da festa e do vinho). Conta-se que certa vez Licurgo soube que Dioniso (ainda criança na época) e seus seguidores caminhavam pela Trácia tentando estabelecer seu culto, e então os perseguiu empunhando o seu machado. Licurgo consegue matar Ambrósia (principal seguidora de Dioniso), mas Dioniso e os demais conseguiram escapar pulando no mar, graças à ajuda da deusa Tétis.

Posteriormente, Dioniso amaldiçoou o reino de Licurgo com uma seca interminável, e fez com que Licurgo ficasse louco. Em seu acesso de loucura, matou sua esposa e também o seu filho Dryas, o qual confundiu com um ramo de hera (uma planta sagrada para Dioniso). Os súditos de Licurgo consultaram um oráculo e descobriram que a maldição lançada por Dioniso perduraria até que o rei Licurgo morresse. Assim, os súditos decidem matá-lo. As versões de sua morte são variadas: Alguns dizem que ele próprio cortou os próprios pés com seu machado antes de se matar; outros que Zeus infligiu-lhe a cegueira e o mesmo foi desprezado por todos, morrendo em miséria; ou que ele foi dilacerado por seus próprios cavalos; ou devorado pelas panteras do deus; ou envolto em vinhas e despachado para o reino dos mortos, onde ele seria eternamente estrangulado, apedrejado e atormentado por ménades e sátiros. Esta última é a cena representada no cálice.


fontes:

19 de setembro de 2014

A Gangue do Palhaço

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A lenda da Gangue (ou Kombi) do Palhaço ficou famosa aqui no Brasil nos anos 90, por intermédio de uma série de notícias publicadas pelo jornal paulista NP (Notícias Populares). Na época o jornal publicou uma série especial chamada "Os Crimes Que Abalaram O Mundo", e um desses crimes envolvia um palhaço norte-americano que assassinava crianças na década de 60.

Baseando-se nessa história, alguém deu início a uma série de boatos sobre um palhaço que estaria rodando as ruas de Osasco e sequestrando crianças para retirar e vender seus órgãos ou para levá-las para a prostituição. De Osasco, os boatos se espalharam por todo o estado, e os elementos da história cada vez mais aumentavam. De um palhaço, passou para um grupo de três palhaços dirigindo uma Kombi branca ou azul e que sequestravam crianças na porta das escolas.

Infográfico publicado no jornal Notícias Populares, mostrando os locais onde haviam relatos sobre a Gangue do Palhaço 

O Notícias Populares publicou notícias sobre o caso de 20 de maio à 5 de junho de 1995, e mesmo o jornal colocando nas matérias que o assunto não passava de um boato, e também a negativa da polícia de que tal gangue existia, a história repercutia ainda mais.

Muitas pessoas juraram ter visto a Gangue do Palhaço. Uma dona de casa moradora do Tucuruvi (zona norte de São Paulo), afirmou na época que a gangue havia tentado raptar seus filhos no começo de 1995. "Um negro numa Kombi branca parou em frente de casa e pediu para levar meus filhos para a escola. Não topei, e ele falou que eu ia me arrepender." De acordo com ela, a perua era suspeita. "Não tinha placa, os vidros eram fumês e tinham cortinas". Uma outra afirmou que "eles tentaram atacar uma criança em frente a uma creche". 

"Retrato-Falado" de um dos suspeitos, segundo uma suposta testemunha (LOL)
Muitos palhaços perderam seus empregos, e circos viram seu público diminuir por conta do medo da população em relação aos palhaços. Houveram ainda casos onde palhaços foram ameaçados de morte. A própria polícia teve muito trabalho, chegando a receber inúmeras ligações de pessoas que viram ou que tinham "informações" sobre a gangue, todas elas furadas.

Somente em 5 de junho de 1995, o Notícias Populares, com a ajuda do jornalista policial Gil Gomes, deram fim a história da Gangue do Palhaço. "O 'bando do palhaço' não existe" foi a manchete da última reportagem da série, publicada no dia 5 de junho. O "NP", a polícia e o repórter Gil Gomes investigaram o caso por dois meses e chegaram à mesma conclusão: tudo não passava de boato.

Desde que as notícias começaram a ser veiculadas, Gil Gomes começou sua investigação, entrevistando os pais das crianças desaparecidas e a polícia. "Tudo não passa de boato. Até hoje, nenhuma criança foi encontrada morta sem os órgãos", garantiu Gil Gomes. O delegado-geral da polícia de São Paulo na época, Antônio Carlos Machado, também afirmou que a gangue não existia. "Fizemos uma investigação em todo o Estado. Nenhum caso desse tipo foi registrado", afirmou.



18 de setembro de 2014

Soucouyant

۞ ADM Sleipnir

Arte de Justin Morle

Soucouyant (ou Soucouyan, Soucoyah, Sukuya, Soucriant) é uma espécie de criatura vampírica presente no folclore caribenho, e pertence à uma classe de espíritos conhecidos como Jumbee. Ela é descrita como um metamorfo que toma a forma de uma velha mulher durante o dia, mas que à noite arranca sua pele enrugada, a guarda em um pilão e se transforma em uma bola de fogo. Nesta forma, ela voa pelo céu noturno em busca de sua próxima vítima. Ela é capaz de entrar nas casas de suas vítimas através de rachaduras, fendas e até mesmo buracos de fechaduras. 

Soucouyants sugam o sangue de suas vítimas através de mordidas em seus braços e pernas enquanto dormem, deixando marcas preto-azuladas no local da mordida. Acredita-se que se uma Soucouyant consumir muito sangue de sua vítima, a mesma morrerá e se tornará uma Soucouyant, ou então morrerá de vez, deixando apenas sua pele para que a Soucouyant assuma um novo disfarce. 

Arte de nilsvansante

A pele de uma Soucouyant é considerada valiosa, e utilizada em práticas de magia. As próprias Soucouyants também são praticantes de magia, e costumam ceder parte do sangue que sugam para um demônio chamado Bazil, que habita em árvores de algodão de seda, em troca de poderes malignos para utilizar em seus rituais.

Para se prevenir contra o ataque de uma Soucouyant e destruí-la, deve-se espalhar arroz ou outro tipo de grãos perto da residência ou numa encruzilhada próxima. A Soucouyant se verá obrigada a contar todos os grãos, um por um. Isso certamente a impedirá de retornar à sua pele antes do amanhecer e então acabará morrendo. Outra forma de destruí-la é localizar a sua pele e então jogar sal grosso sobre ela, impossibilitando que a Soucouyant volte a usar a mesma. 

Acredita-se que a lenda sobre a Soucouyant surgiu através de lendas de vampiros trazidas por colonos europeus ao Caribe. Estas lendas teriam se misturado com as crenças de escravos africanos e assim originado a mesma. A crença ainda perdura em algumas ilhas do Caribe, incluindo Dominica, St. Lucia, Haiti e Trinidad & Tobago, além do Suriname, onde é a criatura é conhecida como Soukougnan ou Soukounian 

Arte de gemgfx



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17 de setembro de 2014

Homens-Escorpião

Os Homens-Escorpião (também conhecidos como Aqrabuamelu e Girtablilu) são criaturas de destaque na mitologia acadiana/mesopotâmica, principalmente no Enuma Elish e na versão babilônica da Epopéia de Gilgamesh.

Eles são filhos de Tiamat, a deusa dragão mãe do universo. Eles eram criaturas gigantes, cujas cabeças tocavam os céus. Eles possuíam a cabeça, braços e torso de um homem; mas abaixo da cintura tinham a cauda e as patas dos escorpiões. Guerreiros mortais, eles poderiam lutar tanto com suas caudas de escorpião ou com seus arcos e flechas, que nunca erravam os seus alvos. Os povos mesopotâmicos os invocavam como poderosas figuras de proteção contra o mal e as forças do caos. 



Mitologia

Os Aqrabuamelu foram criados pela deusa Tiamat para auxiliarem na guerra em que travava contra os deuses mais jovens por terem traído e aprisionado seu companheiro, o deus Apsu. No fim, Tiamat é derrotada pelo deus Marduk e com isso os Aqrabuamelu foram rebaixados à categoria de guardas dos portões do deus do sol Shamash, localizados nas montanhas de Mashu. Estes portões eram a entrada de Kurnugia, o submundo segundo a mitologia babilônica. Eles abriam as portas para que Shamash saísse e iluminasse o dia e as fecham à noite, após Shamash retornar ao submundo. Eles também alertavam os viajantes sobre o perigo que habitava além dos portões. 

O grande herói babilônico Gilgamesh, após uma longa e perigosa jornada, chega aos picos gêmeos do Monte Mashu. Lá ele se depara com os portões, os quais nenhum homem jamais atravessou, guardado por dois terríveis homens-escorpião. Depois de interrogá-lo e reconhecer sua natureza semi-divina, eles permitem que Gilgamesh passe, e ele o faz, conseguindo completar a viagem antes que o sol o alcançasse.

Arte de DomeGiant


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16 de setembro de 2014

Mokele-mbembe

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Mokele-mbembe (Mokèlé-mbèmbé) é um criptideo semelhante à um dinossauro saurópode, e é dito habitar as remotas florestas da República do Congo. Também existem avistamentos desse criptideo em outros países da África Central, como Camarões e Gabão.  Mokele-mbembe significa "aquele que interrompe o fluxo dos rios" no idioma lingala. Padres franceses na região o chamam de "animal monstruoso." Mokele-mbembe também é usado como um termo genérico para se referir a outros criptídeos africanos, como Emela-ntouka, Mbielu-mbielu-mbielu e Nguma-monene

A primeira aparição conhecida da criatura foi relatada por um homem chamado Abade Proyart, no área do pântano Likouala da selva congolesa (anteriormente conhecida como Zaire)

Descrição

O Mokele-mbembe é descrito como um animal com uma cauda e pescoço longos e faixas de formas arredondadas, com três garras. O animal conhecido mais próximo dessa descrição é um dinossauro saurópode, como o Apatossauro. Quando uma gravura de um dinossauro saurópode é mostrada a algum nativo da região de Likouala, eles rapidamente afirmam que se trata da imagem de um Mokele-mbembe. 

Desenho na areia feito por um nativo da região do pântano Likouala, descrevendo o Mokele-mbembe

O tamanho de um Mokele-mbembe é comparado ao de um hipopótamo ou um elefante. O seu comprimento tem sido relatado como sendo entre 5 e 10 metros. O comprimento de seu pescoço e de sua cauda estaria entre 1,6 e 3,3 metros. Existem relatos de que ele teria um adorno na parte de trás da cabeça, que seria semelhante à crista de um galo. Também existem relatos de que ele teria um chifre em sua cabeça. 

A sua pele é escamosa e de coloração castanha ou avermelhada. Sua carne é aparentemente venenosa. Segundo um relato, um grupo de moradores certa vez matou um Mokele-mbembe e comeram sua carne. Todos que comeram a sua carne teriam morrido pouco tempo depois. 

Comportamento 

Os pigmeus da região do Pântano Likouala relatam que a dieta exclusiva do Mokele-mbembe consiste da planta Malombo. Uma vez que ele só se alimenta dessa planta, o Mokele-mbembe é classificado como um herbívoro. Acredita-se que o Mokele-mbembe não é capaz de reproduzir nenhum tipo de som, embora existam relatos conflitantes. 


O Mokele-mbembe vive a maior parte do tempo debaixo d'água, exceto quando está se alimentando ou migrando para outra parte do pântano. Tem sido relatado que o Mokele-mbembe não gosta de hipopótamos e os mata quando cruzam o seu caminho, porém ele não os come. Também foi relatado que o Mokele-mbembe pode virar barcos e matar seus ocupantes, mordendo-os ou batendo-lhes com sua cauda, ​​porém, assim como os hipopótamos, ele não come as pessoas.

Teorias e Evidências

Estudiosos do assunto ainda duvidam da possibilidade do Mokele-mbembe existir ou ser um exemplar vivo de dinossauro. O fato de uma espécie de dinossauro ter sobrevivido por 70 milhões de anos sem deixar nenhum fóssil na região é um verdadeiro mistério. Seria necessário existirem vários exemplares para que a espécie pudesse se manter durante tanto tempo e, apesar das inúmeras expedições feitas na região desde a década de 1880, nem uma carcaça, nem um osso, nada exceto algumas pegadas e os relatos da população local, foi encontrado. Pode ser possível que as testemunhas tenham se confundido ao avistar elefantes selvagens atravessando os rios com as trombas no ar.


fontes:
Ruby