29 de dezembro de 2021

Furu-utsubo

۞ ADM Sleipnir

Furu-utsubo (japonês 古空穂 ou ふるうつぼ , "Aljava velha") é um yokai do folclore japonês, e um dos muitos do tipo tsukumogami (japonês 付喪神, "espírito artefato"), surgido a partir de aljavas de arqueiros que tiveram uma morte trágica em combate. Essas aljavas, juntamente com outras armas e armaduras, ganham vida devido às energias residuais deixadas por seus finados donos, passando a se moverem por conta própria.

Arte de ShotaKotake

Uma antiga lenda envolvendo o nascimento de um Furu-utsubo envolve Miura Yoshiaki, um comandante militar que viveu no antigo Japão no final do período Heian. Yoshiaki era um guerreiro valente e habilidoso no manejo do arco e também da espada, e durante as Guerras Genpei (série de conflitos que ocorreram no antigo Japão, entre 1180 e 1185 e que colocaram frente a frente os clãs Taira e Minamoto), Yoshiaki tomou parte no conflito ao lado do clã Minamoto. 

Yoshiaki encontraria seu fim quando Hatakeyama Shigetada, um samurai a serviço do clã Taira, promoveu um cerco contra o castelo onde ele e sua família viviam. Yoshiaki providenciou para que sua família conseguisse escapar do castelo em segurança. Quando os últimos sobreviventes já haviam fugido, Yoshiaki ficou para trás, permanecendo sozinho para defender o castelo contra o invasor. Conta-se que após sua morte heróica, sua aljava favorita foi preenchida pelo sentimento da perda de seu mestre. Assim, ela acabou ganhando vida e tornando-se um yokai.

Furu-utsubo aparece no livro Gazu Hyakki Tsurezure Bukuro (百器徒然袋, "A Bolsa Ilustrada dos Cem Demônios Aleatórios" ou " Uma Horda de Utensílios Assombrados"), ilustrado por Toriyama Sekien, e o 4º livro de sua famosa série.

Ilustração de Toriyama Sekien no Gazu Hyakki Tsurezure Bukuro



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27 de dezembro de 2021

Mayari

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Arte de Gabrielle Bittel

Mayari é a deusa da lua de acordo com a antiga mitologia do povo tagalo filipino, também presente na mitologia do povo pampanganoFilha de Bathala, o deus supremo dos tagalos, com uma mulher mortal, Mayari é conhecida como a mais bela das deusas. Em alguns mitos de origem, ela é a irmã de Tala, a deusa das estrelas, e Hanan, a deusa da manhã. Em algumas histórias, Tala é ditar ser sua filha ao invés de ser sua irmã.

Mayari, Hanan e Tala, arte de mizuikiamee


A disputa entre Mayari e Apolaki

Em um mito pampagano, Hanan é substituída pelo deus solar Apolaki (também conhecido como Adlaw). Nesse mito, Bathala morre de velhice, e Mayari confronta Apolaki pelo direito de governar a Terra em seu lugar. Apolaki queria governar a terra sozinho, enquanto Mayari insistia em direitos iguais. Os dois se enfrentaram usando varas de bambu como armas, e em um determinado momento do combate, Apolaki atingiu Mayari no rosto, fazendo com que ela perdesse a visão de um dos olhos. 

Após o ato, Apolaki se arrepende e concorda com a proposta de Mayari, que os dois deveriam governar o mundo juntos. Apolaki governaria e iluminaria a terra durante o dia e Mayari a noite. Quando Apolaki está no trono, o mundo é inundado com uma luz quente, porque a luz irradia de seus dois olhos brilhantes. Por outro lado, quando Mayari está reinando, o mundo é banhado por uma luz fria e suave, pois ela é cega de um olho.

Arte de Crisia Luna

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24 de dezembro de 2021

Apalpador

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O Apalpador (também conhecido como Apalpa-Barrigas ou ainda Pandigueiro) é, segundo a tradição de Natal da região da Galícia, um gigante carvoeiro que nas noites de 25 ou 31 de dezembro desce de sua morada nas montanhas para visitar as casas das pessoas, onde ele entra pela chaminé, se aproxima das crianças que estão dormindo na casa e então toca suas barrigas. 

A intenção do ato é checar se eles se alimentaram bem durante o ano. Antes de ir embora, ele lhes deixa um montinho de castanhas (para que não passem fome), eventualmente algum outro presente, além de lhes desejar que tenham muita felicidade e fartura no ano vindouro.

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22 de dezembro de 2021

Zyuzya

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Arte de Eugene Kot

Zyuzya (do bielorusso зюзець (zyuetz)  "ser frio, congelar") é um espírito do inverno pertencente ao folclore bielorruso, tido como a personificação do frio e da geada, e um análogo local do Papai Noel, embora difira bastante deste. Ele é descrito como sendo um homem corpulento, com cabelos brancos como a neve e uma barba comprida da mesma cor. Ele veste apenas um manto desabotoado, não usando nenhum tipo de gorro ou mesmo calçado. Outro detalhe que o torna bem identificável é uma maça de ferro que ele carrega consigo. Com essa maça, o Zyuzya costuma golpear o tronco das árvores para fazer com que o gelo nelas formado pelo tempo frio quebre. ‌‌‌‌


Os bielorussos dizem que o Zyuzya passa a maior parte do inverno na floresta. Às vezes, ele visita as aldeias, seja para avisar os camponeses sobre a chegada de um inverno rigoroso ou para ajudar alguém. Se alguém pedir sua ajuda, é improvável que ele se recuse, mas requer que ele seja tratado com bondade e respeito.
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De acordo com tradições locais, é costume preparar guloseimas (especialmente kutia, um tipo de doce de trigo e sementes de papoula) e deixá-las para o Zyuzya sobre a mesa ou na entrada da casa durante a passagem de ano.



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20 de dezembro de 2021

Caganer

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Um Caganer (em língua catalã, "cagão" ou "cagador") é uma estatueta retratada no ato de defecar que aparece em presépios na Catalunha e em áreas vizinhas com cultura catalã, como Andorra, Valência e norte da Catalunha (no sul da França ). É mais popular e difundido nessas áreas, mas também pode ser encontrado em outras áreas da Espanha (Murcia), Portugal e sul da Itália (Nápoles). 

Tradicionalmente, a estatueta é representada como um camponês, usando o tradicional boné vermelho catalão (a barretina) e com as calças abaixadas, mostrando o traseiro nu, e defecando. Ela é usada como um símbolo de boa sorte e prosperidade, pois está relacionado com a adubação do solo para o próximo ano. Acredita-se que uma pessoa sem um Caganer em seu presépio certamente terá um ano ruim. 

A origem exata do Caganer não é conhecida. Sabe-se apenas com certeza que tem pelo menos 200 anos e que teve início em comunidades agrícolas. Embora o Caganer original fosse um fazendeiro, hoje em dia é possível comprar estatuetas modernas representando uma variedade de pessoas famosas e personagens fictícios no ato de defecar. 

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17 de dezembro de 2021

Zepar

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Arte de TheRafaArts

Zepar (também grafado Zephar) é de acordo com a demonologia um grande duque do inferno e possui vinte e seis legiões de demônios sob o seu comando. De acordo com a Goetia, ele é o 16° dentre os 72 espíritos de Salomão. 

Quando invocado, Zepar aparece diante de seu invocador como um soldado trajando uma armadura ou roupas vermelhas. Suas especialidade é a de fazer com que mulheres amem os homens (e vice-versa), podendo fazer com que estes mudem de forma até que aquelas que desejam sintam algo por eles. Zepar é também capaz de tornar as mulheres estéreis se for comandado à fazê-lo

Selo de Zepar


Alguns autores relatam que ele também induz pessoas a praticarem a pederastia (relação sexual entre um homem mais velho e um adolescente de mesmo sexo, que não seja membro da família).

Cultura popular
  • Assim como outros espíritos goetianos, Zepar aparece na franquia de jogos Shin Megami Tensei, além de aparecer como uma classe de inimigos em Bloodstained: Ritual of the Night;
  • No game RPG The Last Remnant, Zepar dá nome a duas espadas;
  • Em Umineko no Naku Koro ni, Zepar possui a aparência de uma garota com longos cabelos azul-claros. Aparecendo ao lado de Furfur, firmou um contrato demoníaco com Beatrice, a Bruxa Sem Fim;
  • No mangá e anime Magi: The Labyrinth of Magic, Zepar é um dos 7 djins pertencentes ao personagem Sinbad.
Arte de Viktor Sankov

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15 de dezembro de 2021

Ngayurnangalku

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Os Ngayurnangalku (cujo nome significa literalmente “vai me comer”) são uma tribo de temíveis criaturas canibais, que de acordo com a crença do povo aborígene Martu, habitam a região abaixo do lago salgado Kumpupintil, na Austrália Ocidental.

Ditos serem espíritos ancestrais surgidos durante o Tempo do Sonho, os Ngayurnangalku possuem dentes pontiagudos e unhas em formas de garras, as quais eles utilizam para destroçar qualquer um que seja tolo o suficiente para passar pelo seu território, que inclui ainda o espaço aéreo sobre o lago. Não só os Martu, mas outras tribos que habitam a região próxima ao lago reconhecem a existência dos Ngayurnangalku nos dias de hoje e fazem o possível para se manterem distantes .

foto aérea do lago Kumpupintil


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13 de dezembro de 2021

Nasu babā

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Nasu babā (ou Nasubi babājaponês 茄子 婆 ou な す ば ば あ,  "bruxa berinjela") é um yokai pertencente ao folclore japonês, dito assombrar o Monte Hiei, em particular os arredores do complexo do templo budista Enryaku-ji. Sua aparência é descrita como a de uma bruxa bem velha e feia. Sua pele possui uma coloração roxa escura e seu rosto se assemelha a uma berinjela com dentes.

Apesar de sua aparência grotesca e assustadora, Nasu babā não é um yokai perverso. Ela passa a maior parte do tempo espreitando em quartos escuros ao redor de Enryaku-ji ou vagando pelo Monte Hiei, longe de olhares curiosos. No entanto, quando ocorre algum incidente no templo, dizem que ela toca o sino do mesmo para alertar as pessoas que vivem ali. Em 1571, Oda Nobunaga atacou Enraku-ji e incendiou o complexo do templo. Os monges em fuga relataram terem visto através das chamas uma velha desgrenhada tocando o sino do templo para alertar a todos sobre o incêndio.

Nas raras ocasiões em que o caminho da Nasu babā se cruza com o de uma pessoa, ela a cumprimenta com um grande sorriso. O choque costuma ser suficiente para fazer a pessoa desmaiar, mas a Nasu babā é capaz de reanimá-la com sua magia e enviá-la com segurança ao seu destino.

Origem 

Uma lenda conta que a Nasu babā já foi uma mulher humana. Ela teria sido uma mulher nobre de alto escalão que viveu há centenas de anos e serviu na corte imperial. Porém, devido a algum crime que ela cometeu (alguns dizem que ela matou um animal e comeu sua carne, outros dizem que ela cometeu um assassinato) ela foi sentenciada a ir para o inferno após a morte. No tempo que lhe restava de vida, porém, ela se arrependeu de seus pecados e pediu aos budas e aos sacerdotes de Enryaku-ji que a perdoassem. Quando a sua morte ocorreu, seu corpo foi mandado ao inferno, porém, seu espírito recebeu permissão dos budas para permanecer no Monte Hiei. Até hoje, em sinal de gratidão aos budas, ela toca o sino do templo para avisar a todos sobre algum desastre.



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10 de dezembro de 2021

Fórcis & Ceto

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Fórcis (grego Φορκυς, "do mar"?) e Ceto (grego Κητω, "baleia" ou "monstro marinho") são duas antigas divindades marinhas pertencentes à mitologia grega, as quais representavam os perigos ocultos dos mares. Filhos dos deuses primordiais Pontos Gaia, e irmãos dos deuses Nereu, Taumas e Euríbia, Fórcis e Ceto se uniram como casal e produziram muitos monstros perigosos.

Dentre os monstros atribuídos como seus filhos estão, segundo o poeta Hesíodo, Equidna (esta também mãe dos mais famosos monstros da mitologia grega, como o Leão de Neméia e Cérbero), as Gréias, as Górgonas (incluindo Medusa) e o dragão de cem cabeças Ladon. O filósofo Apolodoro atribui ainda ao casal a paternidade do monstro marinho Cila.


Em mosaicos antigos, Fórcis era retratado como um deus de cabelos grisalhos e cauda de peixe, com pele pontiaguda de caranguejo e patas dianteiras em forma de garras de caranguejo. Em sua mão ele segura uma tocha. Já Ceto era representada como uma bela mulher com a parte inferior do corpo de uma sereia.

Os Cetos

Cetos (grego Κητος; ou Cetea, grego Κητεα) é um termo genérico que engloba qualquer grande criatura marinha e incluía não só monstros marinhos, mas também baleias e tubarões. Ceto, em particular, era tida como a deusa que representava esses criaturas. Dois dos Cetos mais famosos são o morto por Perseu durante o salvamento de Andrômeda e o enviado por Poseidon para atacar Tróia, sendo morto por Héracles.


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8 de dezembro de 2021

Mondjoli-mbembe

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Arte de OGYungLilBig

Os Mondjoli-mbembe (ou somente Mondjoli) são uma raça de homens com cabeça de pássaro (garça, cegonha ou íbis), que de acordo com o folclore congolês/ugandense habitariam em rios e pântanos desses países, onde se alimentam de peixes e obtém deles poderes místicos que os permitem se teleportar de lugar para outro em um instante.

Quando os Mondjoli-mbembe pescam seus peixes, eles costumam deixá-los amontoados, e caso um pescador encontre esse monte, eles não se importam se o mesmo ficar com metade deles. Porém, se o pescador pegar todos os peixes do monte, os mondjoli-mbembe farão os pescadores desaparecerem sem deixar vestígios.

Arte de Jean Claude Thibault

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6 de dezembro de 2021

Myodusa

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Myodusa (ou Myodousa, coreano 묘두사; chinês 猫頭 蛇, "cobra com cabeça de gato") é uma criatura descrita como tendo o corpo de uma enorme serpente e a cabeça de um gato, e oriunda de uma lenda transmitida em Jangdan-gun, um antigo condado coreano localizado na parte noroeste da província de Gyeonggi-do.

De acordo com a lenda, a criatura vivia em uma fenda atrás de um templo budista de Jangdan-gun. Ela tinha uma natureza pacífica, convivendo em harmonia com os humanos e principalmente com os pássaros, que a tratavam como se ela fosse o seu rei. Nas ocasiões em que a Myodusa colocava sua cabeça para fora da fenda, bandos de pássaros costumavam voar ao seu redor. Em relação aos humanos, ela costumava receber ofertas de comida deles em agradecimento, pois ela possuía a capacidade de exalar uma espécie de fumaça azul que ao ser inalada, podia curar ferimentos e doenças, principalmente a malária. Portanto, era um costume pessoas com tais problemas de saúdes serem levadas até sua presença para receberem esse tratamento especial.


A relação harmoniosa entre a Myodusa e os humanos durou cerca de 50 anos, até que certo dia um seonbi (ver significado no último parágrafo) chamado Park Man-ho, entendendo que a crença e o culto a uma criatura como essas ia contra o Confucionismo, disparou várias flechas (ou somente uma, segundo algumas fontes) contra ela até matá-la. Essa lenda é interpretada como uma história que simboliza a derrota das crenças populares devido à disseminação do confucionismo durante a Dinastia Joseon. 

Sobre os Seonbi

Os seonbi eram homens eruditos virtuosos que durante os períodos Goryeo e Joseon da Coréia serviam ao público sem uma posição governamental, escolhendo abandonar posições de riqueza e poder para levarem uma vida de estudo e integridade. Aqueles que escolheram servir ao governo eram obrigados a ajudar o rei a governar a nação de maneira adequada e, uma vez fora do cargo, levavam uma vida tranquila no campo, ensinando e conduzindo o povo na direção certa. Hoje, o termo é uma palavra figurativa para um homem erudito que não cobiça riquezas, mas valoriza a retidão e os princípios. 

Seonbi, arte de u kyoung An

fontes:

3 de dezembro de 2021

Ootakemaru

۞ ADM Sleipnir

Arte de Javier Bahamonde

Ootakemaru (ou Ōtakemarujaponês 大嶽丸 ou おおたけまる, "grande pico da montanha") é no folclore japonês o nome de um poderoso e violento oni (demônio yokai) dito ter habitado as montanhas Suzuka, na fronteira entre as províncias de Ise e Ōmi, durante o reinado do imperador Kanmu (781 a 806). Embora sua lenda não seja tão conhecida nos dias de hoje, ele já foi considerado entre os mais temíveis yokais na história japonesa. 

Ao lado de Shuten dōji e Tamamo-no-mae, Ootakemaru faz parte do Nihon san dai yōkai, ou os Três Grandes Yokais do Japão (não deve ser confundido com uma classificação separada que classifica oni, tengu e kappa como Nihon san dai yōkai; ou com Nihon san dai aku yōkai, uma classificação semelhante e mais recentemente popularizada que troca Ootakemaru pelo Imperador Sutoku). Ootakemaru é ainda considerado um kijin, um ser que é tanto um demônio como uma divindade.

Arte de Loobatyr

Lenda 

Há muito tempo, Ootakemaru aterrorizou viajantes nas montanhas de Suzuka e roubou tributos destinados ao imperador em Kyōto. Em resposta aos seus atos, o imperador enviou seu xogum, Sakanoue no Tamuramaro, para exterminar Ootakemaru e por um fim na situação.

Tamuramaro reuniu um exército composto por trinta mil cavaleiros e então partiu rumo as montanhas de Suzuka. No entanto, Ootakemaru era muito poderoso e, usando seus poderes mágicos, convocou uma grande tempestade. Ele cobriu as montanhas com nuvens negras, tornando impossível para o exército de Tamuramaro enxergar qualquer coisa. Enquanto isso, fortes chuvas e ventos castigavam os cavaleiros e relâmpagos caiam como fogo sobre eles. Tamuramaro e seus cavaleiros passaram sete anos vagando pela região em busca de Ootakemaru, mas não conseguiam encontrá-lo.

Arte de Matthew Meyer

Tamuramaro encontra Suzuka Gozen

As Montanhas Suzuka eram o lar de uma tennyo ("mulher celestial") chamada Suzuka Gozen. Quando Ootakemaru a viu, ficou encantado com sua beleza e tornou-se determinado em passar uma noite em sua companhia. Para disfarçar sua aparência demoníaca, Ootakemaru assumia todas as noites a forma de um homem diferente e belo, e ia até o palácio de Suzuka Gozen buscando sua atenção, porém todas as vezes suas investidas eram negadas pela deusa. Enquanto isso Tamuramaro, frustrado por não conseguir encontrar o paradeiro de Oootakemaru após tanto tempo, orou certa noite aos deuses e budas para que estes o ajudassem em sua missão. Na mesma noite, enquanto cochilá-va, Tamuramaro acabou tendo a visão de um homem velho, o qual lhe disse: “Para derrotar Ootakemaru, você deve obter a ajuda de Suzuka Gozen”

No outro dia, Tamuramaro enviou os trinta mil cavaleiros que o acompanhavam de volta à Kyōto, e resolveu escalar sozinho as Montanhas Suzuka. Nas profundezas das montanhas, Tamuramaro acabou encontrando um palácio, onde vivia uma bela mulher que o convidou a passar a noite com ela. “Desci do céu para ajudá-lo a derrotar o demônio que assombra essas montanhas. Eu vou capturá-lo para você" - disse a mulher a Tamuramaro, e ele então percebeu ela não era ninguém menos que Suzuka Gozen.

Tamuramaro e Sukuna Gozen

Suzuka Gozen conduziu Tamuramaro pelas montanhas para mostrar a ele o castelo demoníaco de Ootakemaru. Ela também o alertou que Ootakemaru não poderia ser derrotado enquanto ele possuísse as Sanmyō no ken (Kenmyōren, Daitōren e Shōtōren: três espadas sagradas de grande poder). Para que sua vitória fosse possível, precisariam de um plano para desarmar Ootakemaru, então os dois retornaram ao palácio de Suzuka, e lá armaram uma armadilha para o oni.

À noite, Ootakemaru voltou a procurá-la disfarçado como sempre fazia, e para sua supresa, Suzuka Gozen finalmente o convidou a entrar. Já dentro do palácio, ela lhe disse: “Um guerreiro chamado Tamuramaro está vindo aqui para me matar. Por favor, me empreste suas Sanmyō no ken para que eu possa me defender”. O oni então entregou a ela as espadas Daitōren e Shōtōren para que ela pudesse se defender, mas manteve a Kenmyōren consigo.

A batalha entre Tamuramaro e Ootakemaru

Na noite seguinte, Ootakemaru retornou mais uma vez ao palácio de Suzuka Gozen, mas desta vez Tamuramaro o aguardava. Ao encontrar Tamuramaro, Ootakemaru revelou sua verdadeira forma, transformando-se em um enorme demônio com mais de dez metros de altura, e olhos que brilhavam como o sol e a lua. 

Iniciou-se então terrível combate entre os dois, e o céu e a terra tremeram com a fúria de sua batalha. Ootakemaru atacou Tamuramaro com sua espada remanescente e com uma lança, mas o xogum era um guerreiro sagrado, protegido por Kannon, o bodisatva da misericórdia, e por Bishamonten, o deus da guerra. Ootakemaru dividiu seu corpo em milhares de onis, que partiram para cima de Tamuramaro para atacá-lo. Tamuramaro por sua vez puxou de sua aljava uma flecha sagrada e disparou. A flecha se dividiu em mil flechas que por sua vez se dividiram em mais dez mil flechas e atingiram os onis em seus rostos, matando-os. Ootakemaru então tenta uma última investida feroz contra Tamuramaro, que se monstra mais rápido e corta a sua cabeça com sua espada, Sohaya.

Depois de anos, Tamuramaro retornou à Kyoto trazendo consigo a cabeça de Ootakemaru e a apresentou ao imperador, o qual ficou tão satisfeito com o xogum que concedeu-lhe a província de Iga como recompensa. Tamuramaro retornou para Iga, casou-se com Suzuka Gozen e os dois viveram felizes juntos por muitos anos.

Ootakemaru renasce

O reinado de terror de Ootakemaru, no entanto, não havia acabado. Seu espírito viajou para a Índia por um tempo e, eventualmente, voltou ao Japão e assombrou Kenmyōren. Ootakemaru foi capaz de reconstruir seu corpo e mais uma vez se tornou um kijin. Ele também reconstruiu seu inexpugnável castelo de demônios, desta vez no Monte Iwate, na província de Mutsu, e mais uma vez começou a aterrorizar o Japão.


A batalha final entre Tamuramaro e Ootakemaru

Tamuramaro e Suzuka Gozen viajaram para Mutsu para encontrar seu inimigo mais uma vez e derrotá-lo de uma vez por todas. Em um momento onde Ootakemaru estava longe de seu castelo, Tamuramaro esgueirou-se por uma porta dos fundos secreta que Suzuka Gozen havia revelado a ele durante sua primeira passagem pelo castelo demoníaco. Quando Ootakemaru voltou, Tamuramaro estava esperando por ele. Os dois travaram uma nova e feroz batalha, e mais uma vez Tamuramaro foi capaz de cortar cabeça de Ootakemaru. A cabeça do oni voou para o ar e ao cair, atingiu a cabeça de Tamuramaro, a qual ela mordeu com força. Felizmente, Tamuramaro estava usando dois capacetes, e embora a cabeça do oni tenha mordido tão forte a ponto de destruir um dos capacetes, Tamuramaro foi capaz de evitar um ferimento mortal. A cabeça de Ootakemaru foi mais uma vez levada de volta para Kyōto, onde desta vez trancada com segurança no templo budista Byōdō-in, para que Ootakemaru jamais conseguisse reunir seu corpo novamente.

Possíveis origens

Devido ao período de tempo e aos locais em que sua história se passa, além do fato de que seu principal inimigo era o xogum Sakanoue no Tamuramaro, acredita-se que Ootakemaru pode ser uma interpretação folclórica de Aterui, um chefe do povo Emishi do nordeste do Japão, que empreendeu uma campanha devastadora contra o povo Yamato. Sua lenda também serve de base para o famoso festival Nebuta Matsuri da prefeitura de Aomori, no qual grandes carros alegóricos retratando guerreiros derrotando onis desfilam pelas ruas.

Cultura Popular

Ootakemaru aparece como um boss no game Nioh 2, para PS4, PS5 e Windows. Ele também aparece aparece como um personagem de raridade SSR no game Omnyoji, para Windows, Android e iOS.

Ootakemaru no game Nioh 2


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1 de dezembro de 2021

Bedawang Nala

۞ ADM Sleipnir

Arte de gun toro

Bedawang Nala (ou somente Bedawang) é, de acordo com o mito de criação balinesa, uma tartaruga gigante que sustenta o mundo em suas costas, tendo sido criada pela serpente cósmica Antaboga, após um longo período de meditação. Após criar Bedawang Nala, Antaboga se retirou, e a tartaruga terminou de criar todas as demais coisas, como os astros e também os seres humanos.

Além de sustentar o mundo, em torno de Bedawang estão enroscadas duas gigantescas serpentes chamadas Basuki e Anantaboga. Em suas costas, Bedawang ainda carrega uma enorme pedra negra, que sela a entrada para o submundo. Acredita-se que quando Bedawang se move, provoca terremotos e erupções vulcânicas na Terra.

Arte de Gunk Nick

fonte:

29 de novembro de 2021

Nyarlathotep

۞ ADM Sleipnir

Arte de João Sergio

Nyarlathotep, conhecido pela alcunha de "Caos Rastejante", é uma fictícia divindade alienígena criada por H.P. Lovecraft, cuja primeira aparição se deu no poema em prosa de mesmo nome, escrito e publicado em 1920. Um dos Deuses Exteriores, Nyarlathotep é filho de Azathoth, talvez o mais poderoso de todos eles. Apesar de aparecer como personagem em apenas quatro histórias e dois sonetos (mais do que qualquer outro deus de Lovecraft), Nyarlathotep é mencionado com frequência em outras obras, tais como "Sussurros nas Trevas" (1931) e "Sombras Perdidas no Tempo"(1935), e até mesmo nos trabalhos de outros autores na área de fantasia e ficção-científica.

O mais próximo dos humanos

Nyarlathotep difere das outras divindades nos mitos de várias maneiras. A maioria dos Deuses Exteriores está exilada nas estrelas, como Yog-Sothoth e Azathoth, e a maioria dos Grandes Antigos (outra classe de seres poderosos, mas abaixo dos Deuses Exteriores) está dormindo e sonhando, como Cthulhu. Nyarlathotep, no entanto, é ativo e frequentemente anda pela Terra. Nyarlatoteph tem livre acesso a todos os planos e mundos, sendo o único que entra em contato com os seres humanos regularmente. 

A maioria dos Deuses Externos usa línguas alienígenas estranhas, enquanto Nyarlathotep usa a linguagem humana e pode facilmente se passar por um ser humano. Na verdade, diz-se que ele possui mil formas distintas, podendo assumir a aparência que quiser. Seus avatares variam muito, dependendo do seu objetivo. Já foi descrito como um homem elegante com o poder de controlar animais, uma monstruosidade de vários quilômetros de altura com uma língua gigante no lugar da cabeça, como um furacão de ventos negros, uma mulher chinesa obesa, ou simplesmente como um deus sem rosto. Estudiosos especulam que um obscuro faraó da IV Dinastia do Egito era na verdade um avatar de Nyarlathotep e que a própria esfinge seria uma representação em tamanho natural de uma outra forma deste deus.


Ao contrário dos outros Deuses Exteriores, espalhar a loucura é mais importante e agradável para Nyarlathotep do que a morte e a destruição. A maioria deles é todo-poderoso, porém sem um objetivo ou propósito claros, mas Nyarlathotep parece ser deliberadamente enganador e manipulador, e até mesmo usa propaganda para atingir seus objetivos. Nesse aspecto, ele é provavelmente o mais semelhante aos humanos dentre os Deuses Exteriores.

As muitas identidades divinas de Nyarlathotep 

Nyarlathotep é provavelmente o mais adorado deus cósmico na Terra. Existem muitas culturas e seitas espalhadas pelo mundo que o adoram ou já o adoraram sob vários nomes e formas diferentes. Muitas delas inclusive já foram destruídas pelo próprio Nyarlatoteph depois que perderam sua utilidade para o deus. Segundo algumas pessoas, a presença deste ser nefasto em nosso planeta foi de fato a origem de todos os mitos de deuses malignos, desde o zoroastra Ahrimam até o Diabo do Cristianismo. Nas pirâmides astecas ele se apresentava como Tezcatlipocaassim como foi Thoth e Seth para os antigos egípcios; representou o papel de inúmeras divindades solares no oriente, foi muitos deuses no sub-continente indiano, ocupou o Monte Olimpo como o tempestuoso Zeus dos helênicos, vestiu-se como o Homem Verde dos celtas, incorporou o severo Odin dos nórdicos e assumiu inúmeras outras identidades divinas ao longo das eras. 

Arte de João Sergio

Arauto dos Deuses Exteriores e Grandes Antigos

Nyarlathotep é aquele que legitima o desejo dos Deuses Exteriores, sendo seu "mensageiro, coração e alma""a figura imemorial do representante ou mensageiro de poderes ocultos e terríveis". Ele também é o arauto de Azathoth, cujos desejos irregulares e espasmódicos ele cumpre de imediato. Nyarlathotep é investido com a chancela dos Deuses Exteriores. O que ele decide, está decidido, em nome das forças primais da existência.  

Se um planeta deve morrer, se uma realidade precisa se desfazer, se uma estrela há de se extinguir ou nascer, é Nyarlathotep quem providencia para que isso ocorra. Se as sementes dos Grandes Antigos precisam fertilizar algum recanto do universo, é ele quem as lança, planta e colhe. Sua autoridade é tão grande que nenhum outro Deus ousaria ficar em seu caminho. Nem mesmo Yog-Sothoth que representa o Tempo/Espaço ou mesmo Shub-Niggurath que personifica o ciclo da vida, podem se interpor diante de Nyarlathotep quando ele está cumprido alguma missão. Seu acesso aos caminhos do espaço e tempo são irrestritos, bem como sua autoridade sobre a vida e a morte.

Arte de Andreas Christanetoff

Segundo alguns, Nyarlathotep também cumpre o papel de intermediário entre os Grandes Antigos. Cabe a ele ouvir, pesar e decidir. Como uma espécie de mediador, sua função é resolver contendas com um poder de decisão irrevogável. Ao longo das eras, mais de um Grande Antigo foi extirpado da existência, simplesmente por afrontar o julgamento de Nyarlathotep. Suas relações com os Grandes Antigos podem variar enormemente, espelhando respeito, amizade ou amarga rivalidade. Cthugha, a Chama Viva que arde na estrela de Formauhaut é um inimigo declarado, Hastur é tratado como um valoroso aliado, enquanto o grande Cthulhu mantém com ele uma relação de neutralidade silenciosa. Quando Nyarlathotep é convocado para uma disputa, é impossível prever as consequências do seu envolvimento.

Arte de Maichol Quinto


Cultura Popular

Como uma das criações mais famosas de H. P. Lovecraft e o mais "humano" de seus horrores cósmicos, Nyarlathotep apareceu e foi referenciado por inúmeras outras obras na cultura popular. No mundo da música, ele é referenciado em "The Thing That Should Not Be" do Metallica. Também é referenciado no nome de álbuns e músicas de inúmeras outras bandas como Dream Theater, Rage e Nile.

Na literatura fora dos Mitos de Cthulhu, Nyarlathotep também é muitas vezes referenciado. Em "A Dança d a Morte" de Stephen King e em sua série de livros Torre Negra, o personagem Randall Flagg era conhecido (entre muitos outros nomes) como Nyarlathotep. Seu conto "Crouch End" apresenta o nome soletrado "Nyarlahotep". Em Torre Negra VII: A Torre Negra, uma versão fictícia do próprio Stephen King menciona Nyarlathotep.

Em games, Nyarlathotep aparece na franquia Shin Megami Tensei, Persona, Demonbane, e Bloodbourne, entre outros. No cardgame Yu-Gi-Oh!, o card Outer God Nyarla é inspirado em Nyarlathotep.

No podcast brasileiro Nerdcast, Nyarlathotep aparece fortemente durante o episódio O Mistério de William Faraday do RPG Call of Cthulhu.

Arte de Walter Brocca


fontes:
Ruby