7 de dezembro de 2025

Haakapainiži

۞ ADM Sleipnir

Haakapainiži (ou Aatakapitsi entre os Chemehuevi; também chamado Hakapainije; Nikama, "Gigante; ou Taünara, “Gafanhoto”) é uma figura monstruosa do folclore indígena do sudoeste dos Estados Unidos, particularmente entre os povos Kawaiisu e Chemehuevi. Conhecido também como “o Gafanhoto”, é caracterizado como um ogro associado à violência, ao canibalismo e ao rapto de crianças. Embora seja tradicionalmente vinculado ao sul da Califórnia, sua morada é descrita como uma rocha situada em um lago no atual estado de Nevada.

Aspectos e formas

Segundo as narrativas, Haakapainiži é um ser metamórfico, capaz de assumir diferentes aparências. Sua forma mais recorrente é a de um enorme gafanhoto antropomórfico, que caminha apoiado em duas bengalas e carrega um cesto nas costas. As pernas, dotadas de espinhos cortantes, seriam tão longas que permitiriam ao monstro percorrer grandes distâncias — como as 20 milhas entre Inyokern e Onyx — em um único passo. Em outras versões, manifesta-se como um gigante humanoide, um velho aparentemente inofensivo ou um enxame de gafanhotos. Apesar de sua natureza predatória, Haakapainiži é descrito como um ser que canta enquanto caminha, ocultando suas intenções malévolas sob uma aparência enganosa.

Função mítica

Na tradição oral, Haakapainiži é classificado como um bogeyman (ou bicho-papão), utilizado pelos adultos como figura de advertência para controlar o comportamento das crianças. Costuma-se dizer que ele captura os pequenos e os coloca em seu cesto para devorá-los posteriormente.

Lendas

Os relatos tradicionais sobre Haakapainiži descrevem uma série de episódios que evidenciam sua natureza enganosa e predatória. Em uma das histórias mais conhecidas, o ogro encontra uma jovem menina e utiliza um ardil para capturá-la. Ele cospe muco na própria mão e, fingindo gentileza, oferece-lhe o que chama de “gordura”:

— Venha pegar esta gordura, netinha — teria dito.

Quando a criança se aproxima, ele a agarra e a lança dentro do cesto que carrega nas costas, levando-a até Nevada, onde a devora. Tentando repetir o mesmo truque com um menino, Haakapainiži é enganado: o garoto segura-se em um galho e consegue escapar, frustrando o monstro.

Em outro episódio, Haakapainiži passa a noite ao lado das Irmãs Codornas, que acreditam em suas palavras amáveis. O ogro assegura que dormirá acima delas e promete não se esticar durante o sono. As irmãs acordam ilesas ao amanhecer e, confiantes, comentam sobre a bondade do estranho visitante. No entanto, Haakapainiži subitamente estica suas longas pernas espinhosas e arranca-lhes os olhos, revelando sua verdadeira natureza.

Versões paralelas dessa narrativa aparecem entre os Chemehuevi, nas quais o personagem equivalente, Aatakapitsi, engana as Moças Verme-de-Tâmara-de-Iúca. Seu marido, Kwanantsitsi, o "Falcão-de-Cauda-Vermelha", devolve a visão das esposas e parte em busca de vingança. A perseguição, porém, revela a natureza ilusória do monstro: cada vez que Kwanantsitsi se aproxima, Aatakapitsi encolhe até transformar-se em um enxame de gafanhotos. Tomado de fúria, o herói os golpeia com um bastão até que todos estejam mortos; então, ao recuar, percebe o corpo gigantesco do inimigo, agora sem vida.

A morte definitiva de Haakapainiži é atribuída ao Rato, que o engana com astúcia. O pequeno animal aquece uma pedra de afiar flechas no fogo e, fingindo oferecer alimento, diz:

— Feche os olhos e abra a boca; vou te dar um dos meus filhos.

Quando o ogro obedece, o Rato lança a pedra incandescente em sua boca, queimando-lhe o interior e provocando sua destruição. De acordo com a tradição, a antiga morada do Rato e os restos petrificados de Haakapainiži ainda seriam visíveis nas proximidades de Inyokern, na Califórnia.

Arte de Baptiste Perez

fonte:

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