Saraswati (ou também Sarasvati, sânscrito: सरस्वती, "elegante") é a deusa hindu do conhecimento, da sabedoria e das artes, sendo a protetora dos artesãos, pintores, músicos, atores, escritores e artistas em geral. Ela também protege aqueles que buscam conhecimento, os estudantes, os professores, e tudo relacionado à eloquência. Saraswati também é adorada como a deusa do aprendizado no jainismo e em algumas seitas budistas.
Saraswati é a consorte de Brahma, e faz parte do Tridevi, junto com Lakshmi e Parvati. Ela aparece pela primeira vez no Rigveda e, em textos religiosos posteriores, ela é identificada como a inventora do sânscrito.
Representações
Saraswati é geralmente representada como uma mulher muito bela, de pele branca como o leite. Ela possui quatro braços (algumas imagens podem mostrar apenas dois braços), que representam os quatro aspectos da personalidade humana: mente, intelecto, prontidão e ego. Em uma de suas mão ela carrega os Vedas (simbolizando todo o conhecimento) e em outra carrega um rosário. Com as outras duas mãos, ela toca a música do amor e da vida em um instrumento de cordas chamado vina. Ela é representada vestindo um sari branco - simbolizando a pureza - e montada em um cisne branco e/ou uma lótus branca. O pavão é outro animal associado à deusa.
Mitologia
Saraswati é a esposa do grande deus Brahma. No entanto, de acordo com algumas tradições, ela foi esposa de Vishnu, que também era casado com Lakshmi. Saraswati e Lakshmi não se entendiam e constantemente brigavam por ciúmes. Vishnu, então, após uma discussão entre as deusas, teria cedido Saraswati para Brahma.
Alguns hindus acreditam que todas as criaturas nasceram da união de Brahma e Saraswati, começando com Manu, o primeiro homem. Mais especificamente, o filho de Saraswati é o rishi (sábio) Sarasvata. Nutrido pelas abundantes águas de sua mãe, Sarasvata foi capaz de resistir à Grande Seca da mitologia hindu e assim sobreviver como o receptáculo definitivo dos textos sagrados dos Vedas.
Surgimento de Saraswati I
No início da criação, havia somente o caos por toda parte. Brahma não sabia como trazer ordem a esse caos. Enquanto pensava sobre o problema, ele ouviu uma voz dizer-lhe que o conhecimento poderia ajudá-lo a alcançar a ordem. Então, da boca de Brahma surgiu Saraswati.
Por meio dos sentidos, pensamento, compreensão e comunicação, Saraswati ajudou Brahma a entender como transformar o caos em criação. Quando ela tocou sua vina, Brahma ouviu a música suave em meio ao rugido de comoção. O caos começou a tomar forma; o sol, a lua e as estrelas nasceram. Os oceanos foram preenchidos e as estações alteradas. O alegre Brahma então nomeou Saraswati de Vagdevi, a deusa da fala e do som. Assim Brahma tornou-se o criador do mundo, com Saraswati como sua fonte de sabedoria.
Surgimento de Saraswati II
Nesta versão da lenda, Saraswati surgiu da testa Brahma. Brahma ficou encantado com a beleza de Saraswati e logo desejou tomá-la como sua consorte. Saraswati não gostava de suas investidas e tentou evitá-lo a todo custo, mas para onde quer que ela se movia, Brahma fazia nascer uma cabeça virada para sua direção, para que ele sempre pudesse vê-la. No fim, Brahma acabou conseguindo conquistá-la.
A Maldição de Saraswati para Brahma
Embora seja um dos mais importantes deuses hindus, Brahma raramente é adorado ativamente, e de acordo com a mitologia, isso se deve a uma maldição lançada por Saraswati.
Certa vez, Brahma havia organizado um importante ritual de fogo para os deuses, no qual a presença de Saraswati era essencial. Ele avisou Saraswati para ter certeza de que ela estava na hora certa e não iria demorar para se preparar para o evento. Quando a hora do ritual chegou, Saraswati ainda não havia aparecido, e Brahma, envergonhado, pediu o conselho dos deuses. Os deuses lhe responderam criando uma nova esposa para ele, Gayatri, para que a cerimônia pudesse ir adiante no momento preciso. Quando Saraswati finalmente apareceu, ela não ficou muito satisfeita em ver seu marido com outra mulher e então amaldiçoou Brahma a nunca ser adorado pela humanidade (mesmo que ele seja adorado hoje em partes do sudeste da Ásia).
Adoração e Rituais
O nome de Saraswati significa "elegante", "fluente" e "aguado", e isso é indicativo de seu status como um dos primeiros rios fronteiriços arianos. O rio Saraswati, assim como o rio Ganges, flui do Himalaia e é considerado uma fonte sagrada de purificação, fertilidade e boa sorte para aqueles que se banham em suas águas. Este rio sagrado, novamente como o Ganges, se transformou em uma divindade personificada.
A deusa tem seus próprios festivais, sendo o mais notável o Saraswati Puja, realizado no primeiro dia da primavera. Durante o festival, os adoradores usam amarelo, que é associado com sabedoria e prosperidade. Estátuas da deusa também são cobertas de seda amarela, e os crentes rezam por bênçãos em suas canetas, livros e instrumentos musicais. As crianças são ensinadas a escrever pela primeira vez durante o festival, os sacerdotes brâmanes recebem boa comida e os antepassados são venerados. Saraswati também é adorada junto com outras grandes deusas na celebração pan-indiana de Navaratri. Como padroeira da música, ela é frequentemente adorada por músicos antes de shows e, como deusa de atividades intelectuais, pelos alunos antes dos exames.
Epítetos
Entre os epitetos de Saraswati estão Bharati (eloqüência), Shatarupa (existência), Vedamata ('mãe dos Vedas'), Brahmi (deusa esposa de Brahma), Maha Sarasvati (origem primal), Maha Vidya (deusa do conhecimento supremo), Sarada (doadora da essência primal), Vach (deusa da voz e da fala), Vagisvari (origem da linguagem) e Vag Vadini (deusa da eloquência).