30 de setembro de 2025

Aillén Mac Midgna

۞ ADM Sleipnir


Aillén Mac Midgna (ou simplesmente Aillén) era na mitologia celta/irlandesa um monstro cuspidor de fogo, ora descrito como sendo uma fada, ora como um goblin. Também chamado de “O Incendiário”, Aillén era um músico membro da tribo dos Tuatha Dé Danann, os antigos deuses e heróis da Irlanda pré-cristã. Ele hipnotizava suas vítimas ao tocar uma melodia encantadora em sua harpa de fada, fazendo com que todos ao redor caíssem em um sono profundo e inescapável.

Durante 23 anos consecutivos, Aillén aterrorizou o local mais sagrado da Irlanda: a colina de Tara, sede do Grande Rei da Irlanda. A cada véspera de Samhain — o festival celta que marca o fim do verão e o início do ano novo — Aillén surgia em Tara, tocava sua harpa mágica com fervor e, quando todos os presentes adormeciam, ele incendiava os grandes salões reais com sua respiração flamejante. Depois de reduzir tudo a cinzas, retornava tranquilamente ao seu monte encantado em Sídh Finnachaid, deixando o povo para reconstruir tudo, apenas para repetir a tragédia no ano seguinte.


Ninguém conseguia detê-lo, pois o feitiço de sua música impedia qualquer tentativa de defesa ou ataque. Isso perdurou até que surgiu Fionn mac Cumhaill, o herói lendário da Irlanda. Após provar seu valor e conquistar um lugar entre os guerreiros Fianna, Fionn soube das atrocidades de Aillén e decidiu enfrentá-lo. Detentor do conhecimento absoluto adquirido ao provar o Salmão da Sabedoria, Fionn pediu ao Rei Supremo a liderança dos Fianna, prometendo derrotar Aillén em troca. Como nenhum guerreiro havia conseguido sequer resistir ao monstro, o rei aceitou o acordo.

Sabendo que não era imune à música mágica de Aillén, Fionn buscou uma solução. Outro guerreiro, Fiacha, possuía uma lança envenenada, mas não sabia usá-la. Fionn, com sua sabedoria, sabia exatamente como manipulá-la. 


Na véspera do Samhain, ele inalou os vapores tóxicos da lança, que eram tão potentes que o mantiveram desperto e protegido contra o encantamento de Aillén. Quando o mesmo apareceu e começou a tocar sua harpa, todos ao redor adormeceram — exceto Fionn. Ele esperou o momento certo, aproximou-se sorrateiramente e, com um golpe preciso, transpassou Aillén com a lança envenenada, matando-o e libertando Tara de sua maldição anual.

Fiel à sua palavra, o rei concedeu a Fionn o comando dos Fianna. Goll mac Morna, líder do grupo até então e antigo inimigo de Fionn, renunciou ao seu posto e jurou lealdade ao novo capitão. Assim, Fionn mac Cumhaill iniciou sua jornada como um dos maiores heróis da mitologia irlandesa, marcando o fim de uma era de terror e o início de uma nova liderança lendária.

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29 de setembro de 2025

Inari

۞ ADM Sleipnir


Inari (japonês: 稲荷; ou Inari-Ōkami, japonês 稲荷大神; também chamado de Oinari) é o kami (deus) xintoísta associado à agricultura e as raposas, sendo o protetor dos alimentos e o provedor da prosperidade. Ela é uma das divindades mais veneradas do Japão, com mais de 40.000 santuários dedicados a seu culto por todo o país.

Etimologia e Nomes

O nome Inari deriva da palavra japonesa ine (稲), que significa "muda de arroz", podendo ser traduzido como "portador do arroz". A divindade é também conhecida por outros nomes e títulos, como Ta-no-kami (田の神, "deus do arrozal", Susshe Inari – "Inari do Sucesso", Manzoku Inari – "Inari da Satisfação" e Ukanomitama-no-kami – "deus do sustento".

Inari é frequentemente associado à deusa da alimentação Ukemochi e, no sincretismo com o budismo japonês, é identificado com Daikiniten (versão japonesa da deidade hindu Dakini), também associada à cozinha e aos Cinco Grãos. No contexto budista, Inari é considerado discípulo de Buda e é conhecido como Inari Daimyojin.

Inari Daikiniten

Iconografia 

Uma divindade complexa com muitas faces, Inari é referida como uma divindade masculina, feminina e andrógina dependendo do contexto,  das tradições regionais e crenças individuais, podendo ainda ser vista como um coletivo de três deuses (Inari sanza) ou cinco (Inari goza). 

Em algumas representações, aparece com barba, vestes da corte, segurando um saco de arroz, uma Cintamani (joia flamejante que realiza desejos), ou uma chave de celeiro.  Porém, frequentemente aparece como uma mulher, carregando dois fardos de arroz e montada em uma raposa raposa ou seguida por duas delas.


Inari e a Raposa

A raposa (kitsune) é um elemento central no culto a Inari. Acredita-se que seja mensageira da divindade e protetora dos santuários. Muitas esculturas de raposas aparecem adornadas com babadores vermelhos, segurando uma chave de celeiro na boca. Os templos dedicados a Inari costumam ter pequenas aberturas nas paredes para permitir a entrada e saída simbólica do espírito da raposa.

É comum que fiéis deixem oferendas específicas para agradar a raposa, como o inari-zushi — arroz envolto em tofu frito, embebido em licor doce de arroz. Acredita-se que, se a raposa estiver satisfeita com a oferenda, intercederá positivamente junto ao deus em favor do fiel.


Origens e Expansão do Culto

A veneração a Inari teria começado no século VIII d.C., quando um homem chamado Hata no Irogu, ao praticar arco e flecha usando bolinhos de arroz (mochi) como alvo, atingiu um que se transformou magicamente em uma pomba branca. A ave voou até um pico do Monte Inari, chamado Mitsumine, onde Irogu encontrou arroz crescendo espontaneamente. O evento foi interpretado como manifestação espiritual, dando origem ao culto a Inari como kami (deus) do arroz e da fertilidade.

Durante o Período Yayoi (300 a.C. – 250 d.C.), com a introdução do cultivo do arroz no Japão, Inari tornou-se central nas práticas agrícolas e festividades ligadas ao plantio e à colheita. Sua importância cresceu com o tempo, estendendo-se além do meio rural e incorporando funções como: protetor dos alimentos; patrono dos comerciantes, artesãos e ferreiros; protetor de casais e amantes; solucionador de problemas e provedor de prosperidade e sucesso material.

No século IX, o monge budista Kukai (Kobo Daishi), fundador da escola Shingon do budismo japonês, declarou Inari como divindade guardiã do templo To-ji, em Heiankyo (atual Quioto). Segundo relatos, Kukai teria encontrado um velho carregando arroz no Monte Inari e interpretado o encontro como uma manifestação do deus. Quando o imperador adoeceu gravemente, sua recuperação teria ocorrido após a concessão de um posto de prestígio a Inari na corte.

Durante o Período Edo (1603–1868), Inari passou a ser associado ao comércio e às finanças, refletindo as transformações da sociedade japonesa. Na Era Meiji (1868–1912), com o avanço da industrialização, consolidou-se como kami da economia, posição que ainda ocupa para muitos fiéis atualmente.

Arte de Hatsumi Neon

Santuário Fushimi Inari Taisha

O principal centro de culto a Inari é o Santuário Fushimi Inari Taisha, situado ao sul de Quioto. Fundado em 711 d.C. pelo clã Hata, foi originalmente construído no topo do Monte Inari e transferido para sua localização atual no século IX. O templo era administrado por monges budistas até a separação oficial entre xintoísmo e budismo em 1873.

O complexo é famoso por seus milhares de portões vermelhos (torii), doados por devotos em busca de bênçãos. Os portões se alinham formando caminhos cobertos, sendo mais de 5.000 no total. O preço para doar um torii varia, partindo de aproximadamente 3.000 dólares. O prédio principal foi destruído em 1468 durante as Guerras de Onin e reconstruído em 1499. No centro do templo, uma grande pedra simboliza o shintai (a presença espiritual) de Inari, ladeada por estátuas de raposas.

O santuário é visitado ao longo de todo o ano, com picos durante o Hatsumode (primeira visita ao templo no Ano-Novo) e no início de fevereiro, durante o Hatsuuma Taisai, festival tradicional em honra a Inari.

Arte de Matteo Spirito


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28 de setembro de 2025

Barbmoáhkka

۞ ADM Sleipnir

Bárbmoáhkká ("esposa das aves migratórias" na língua sami) é uma deusa da mitologia sámi, responsável pela proteção e supervisão das aves migratórias. Segundo a tradição dos antigos sámi, Bárbmoáhkká vivia em uma terra distante ao sul, conhecida como Barbmoriika ou “Terra de Barmol”, onde o sol sempre brilhava e para onde as aves migratórias se retiravam durante o inverno no norte da Escandinávia. Ela convocava as aves deste país do sul para retornarem à Sápmi na primavera.

Na mitologia sámi, a grou (Guorga) era considerada o rei das aves e responsável por registrar quantas aves migratórias chegavam e quantas morriam durante a viagem. A grou também anunciava a chegada da primavera, funcionando como um presságio da estação. Bárbmoáhkká, por sua vez, decidia quantas aves permaneceriam com ela e quantas seriam distribuídas pelo mundo, garantindo a sobrevivência das espécies e o suprimento para os caçadores.

O culto a Bárbmoáhkká está intimamente ligado à observação da natureza e à prática da caça, refletindo a relação simbiótica entre os sámi e a fauna migratória da região de Varanger e do norte da Escandinávia. O tema aparece em estudos de etnografia e mitologia, sendo preservado em registros de tradições orais e trabalhos acadêmicos sobre a cultura sámi.

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27 de setembro de 2025

Espada Yuchang

۞ ADM Sleipnir

A Espada Yuchang (em chinês: 鱼肠剑; literalmente, "espada intestino de peixe") é uma arma lendária da China antiga, célebre por ter sido utilizada no assassinato do rei Liao de Wu em 515 a.C. Segundo a tradição, a lâmina recebeu esse nome porque fora ocultada dentro de um peixe para enganar os guardas. Algumas versões afirmam que os padrões da lâmina lembravam as vísceras de um peixe cozido; outras sugerem que a espada era tão pequena que podia ser escondida em seu interior.




Origem e forja

De acordo com os relatos, a espada foi forjada pelo renomado ferreiro Ou Yezi, sob ordens do rei de Yue, em algum momento entre o final do século VI a.C. e o início do século V a.C. Para sua confecção, utilizou-se minério do Monte Chi Jin (赤堇山) e bronze do Rio Ruo Ye (若耶溪), sendo trabalhada em meio a tempestades intensas.

Quando concluída, foi examinada pelo especialista Xue Zhu, que previu um destino trágico para a arma:

“Ministros matarão seus senhores com ela. Filhos matarão seus pais com ela.”

Posteriormente, o reino de Yue presenteou Wu com a espada, que acabou nas mãos de Helü de Wu, junto com outras lâminas lendárias, como a Shengxie e a Zhanlu.

Contexto histórico

Na mesma época, viveu Zhuan Zhu (专诸), natural de Magang (马港), que trabalhava como açougueiro. Era descrito como homem de força extraordinária — de olhos fundos, boca larga, costas como as de um tigre e cintura espessa como a de um urso —, sendo ainda reconhecido por sua devoção filial e espírito de justiça. Em 522 a.C., Wu Zixu fugiu do Estado de Chu após a execução de sua família pelo rei Ping de Chu. Refugiado em Wu, tomou conhecimento das habilidades de Zhuan Zhu e, ciente das ambições de Helü, que conspirava contra seu tio, o rei Liao, apresentou-o ao príncipe.

O cenário dinástico de Wu era conturbado: o pai de Helü, rei Zhufan, tivera três irmãos — Yuji, Yu Mei e Ji Zha. Embora Ji Zha fosse o mais talentoso, recusara o trono. Após a morte de Yu Mei, seu filho Liao assumiu o reinado (c. 526 a.C.), o que alimentou o ressentimento de Helü e o motivou a buscar a usurpação.

O assassinato do rei Liao

No nono ano do reinado de Liao, após a morte do rei Ping de Chu, Wu lançou uma campanha militar contra Chu. Contudo, seu exército foi cercado, e a situação expôs fragilidades internas. Aproveitando-se disso, Helü tramou a morte do tio. Em 515 a.C., organizou um banquete e convidou o rei Liao, sob rígida vigilância. 

Durante o evento, fingiu sofrer de uma dor no pé e deixou a sala, enquanto Zhuan Zhu se preparava para o ataque. A espada Yuchang foi escondida dentro de um peixe servido ao monarca. No momento oportuno, Zhuan Zhu golpeou e matou o rei. Logo em seguida, foi morto pelos guardas reais. Ainda naquele ano, Helü de Wu assumiu o trono e recompensou o filho de Zhuan Zhu com uma posição de prestígio em seu governo.

Após o assassinato, não há registros claros sobre o paradeiro da espada; em vez disso, ela sobreviveu na tradição literária e histórica como um emblema de traição, heroísmo e inevitável tragédia — cumprindo a profecia de Xue Zhu.

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26 de setembro de 2025

A Jornada ao Oeste: Capítulo LXVI

۞ ADM Sleipnir

Arte de Moyi Zhang


CAPÍTULO LXVI:

OS DEUSES PADECEM EM COMBATE. MAITREYA SUBJULGA O MONSTRO MALIGNO.


O Grande Sábio não teve alternativa a não ser montar numa nuvem e seguir em direção ao Monte Wudang, no Continente Austral de Jambudvipa, para pedir a ajuda do Conquistador de Demônios e libertar Sanzang, Bajie, o Monge Sha e os outros guerreiros celestiais de seu tormento. 

Sem interromper o voo em nenhum instante, avistou finalmente o maravilhoso reino do imortal. Enquanto descia da nuvem, olhou ao redor e percebeu que estava diante de um lugar verdadeiramente extraordinário: uma montanha sagrada que protegia toda a região sudeste. Era tão alta que desaparecia entre as nuvens, e sua cúpula brilhava sob a luz avermelhada do entardecer. Dela nasciam nove cursos de água (1) que irrigavam as distantes terras de Jing e Yang (2). O mais notável, porém, era que servia de elo entre as montanhas de Yüe e o reino de Chu. Em seu cume abria-se a Caverna do Grande Vácuo, onde eram ministrados os ensinamentos de  Zhu e Lu (3). Seus trinta e seis salões, visitados por mais de dez mil peregrinos que lhe ofereciam incenso, eram todos revestidos de placas de ouro. Ali havia orado o piedoso rei Yü (4), e ali peregrinara o rei Shun. Por toda parte, viam-se placas de jade gravadas com inscrições em letras douradas.Sobre as torres, pássaros de plumagem azulada voavam com tanta graça que pareciam competir com os estandartes vermelhos que adornavam as muralhas. A fama daquela montanha se estendia até os confins do mundo, já que seu cume tocava o próprio vazio. Ainda assim, as ameixeiras exibiam orgulhosamente a delicadeza de seus botões, e todas as encostas estavam cobertas por um manto de plantas exóticas. Nos leitos dos riachos, dragões faziam morada, enquanto famílias de tigres se escondiam entre os penhascos. Os cantos dos pássaros eram tão melodiosos e persistentes que pareciam manter entre si estranhas conversas musicais. Cervos se aproximavam dos viajantes como se fossem domesticados, e bandos de garças brancas pousavam sobre os antigos zimbros, como nuvens atraídas pela umidade fresca de suas copas. Ainda mais orgulhsas, fênices de plumagens vermelhas e azuladas soltavam seus cantos voltados diretamente para o sol. Bastava um olhar para perceber que aquela era a morada de um imortal, cuja misericórdia alcançava até os lugares mais distantes da Terra. Não por acaso, ele era filho do Rei da Perfeita Alegria e da Rainha da Virtude Vitoriosa. Ela o concebeu após sonhar que havia engolido o sol. Depois de carregá-lo no ventre por catorze meses, deu à luz no palácio, ao meio-dia do primeiro dia do terceiro mês, no ano "jiachen", que correspondia ao primeiro ano da era Kaihuang (5)Esse patriarca foi, em sua juventude, muito corajoso e impetuoso, mas, com o tempo, sua ferocidade deu lugar à sabedoria. Logo renunciou ao trono de seus antepassados e entregou-se inteiramente a uma vida de disciplina e sacrifícios. Seus pais não puderam impedir que ele deixasse o palácio real. Na montanha em que passou a habitar, dedicou-se à meditação com tal fervor que rapidamente atingiu a perfeição e foi arrebatado aos Céus em plena luz do dia. O Imperador de Jade substituiu seu nome antigo por Zhenwu, concedendo-lhe um assento sobre uma serpente e uma tartaruga (6), e colocando o vazio sobre sua cabeça. Todos os seres do Céu e da Terra passaram a chamá-lo de Supremo Eficiente, porque conhece todos os segredos e tudo o que realiza sempre alcança bom êxito. Não por acaso, derrotou milhares de monstros em cada kalpa.

Apreciando o maravilhoso espetáculo da montanha, o Grande Sábio logo chegou ao Palácio da Grande Harmonia. Após passar por três portões, entrou em um salão onde estavam pelo menos quinhentos ministros, envolvidos numa atmosfera de santidade. Com solenidade, perguntaram:

— Quem é você?

— Sun Wukong, o Grande Sábio, Sósia ao Céu respondeu o Peregrino imediatamente. — Gostaria de ter uma audiência com o patriarca.


Assim que os ministros comunicaram sobre a visita inesperada, o próprio imortal saiu para receber o Peregrino e conduziu-o ao interior do Palácio da Grande Harmonia.

— Lamento incomoda-lo com um assunto desses, mas não havia mais ninguém a quem recorrer — confessou o Peregrino.

— Do que se trata? — perguntou o patriarca.

— Como talvez já saiba — explicou o Peregrino —, estou a caminho do Paraíso Ocidental, acompanhando o monge Tang em busca das escrituras sagradas. No Continente Ocidental de Aparagodaniya ergue-se uma montanha chamada Pequeno Paraíso Ocidental, onde vive um monstro que construiu o que ele mesmo chama de Pequeno Monastério do Trovão. Não é de se estranhar que, ao ver longas fileiras de arhats, protetores e monges sábios no salão principal, meu mestre acreditou estar diante do verdadeiro Buda. Mas, no instante em que se curvou em reverência, foi capturado e amarrado. Eu também fui surpreendido e preso dentro de um par de címbalos dourados lançados pelo monstro. Fiquei completamente selado, sem qualquer fresta para escapar. Felizmente, o Guardião de Cabeça Dourada levou o caso ao Imperador de Jade, que enviou as Vinte e Oito Constelações à Terra naquela mesma noite. Mas nem elas conseguiram abrir os címbalos. Só graças ao Dragão de Ouro, que perfurou o metal com seu chifre, consegui ser libertado. Depois destruí os címbalos, enfurecendo ainda mais o monstro, que nos perseguiu e lançou uma tira de tecido mágico, capaz de aprisionar a todos, inclusive as Constelações. Fomos amarrados novamente, mas naquela noite consegui escapar e libertar tanto as Constelações quanto o Monge Tang. Mais tarde, quando procurei por nossa bagagem, voltei a despertar a fúria do monstro. Ele retornou à batalha contra os guerreiros celestiais e, ao tirar tecido mágico e entoar sua canção, reconheci o som e fugi imediatamente. O resto dos meus companheiros, porém, foi aprisionado outra vez. Por isso decidi recorrer ao senhor. Sei que, sem sua ajuda, jamais conseguirei libertar meu mestre e os outros deuses de forma definitiva.


— Em tempos antigos — respondeu o patriarca —, dominei todo o norte, libertando-o dos monstros e pondo fim ao império dos demônios. Por isso, o Imperador de Jade condeceu-me o nome de Zhenwu. Depois, fiz o mesmo nas regiões do nordeste, por ordem do Honrado das Origens Primordiais, que colocou sob meu comando os Quinhentos Deuses, o Leão de Juba Longa, várias feras selvagens e muitos dragões venenosos. Naquele tempo, minha aparência já havia mudado por completo. Usava o cabelo solto e meus pés, descalços como os de uma criança, repousavam sobre uma serpente sagrada e uma tartaruga divina. Hoje habito o Monte Wudang, desfrutando da paz deste Palácio da Grande Harmonia, da serenidade dos mares e da pureza tranquila que se espalha pelo universo. Isso só foi possível porque todos os demônios e espíritos malignos desapareceram do Continente Austral de Jambudvipa e do Continente Setentrional de Uttarakuru. De qualquer forma, não posso empunhar minhas armas sem uma ordem das Regiões Superiores. Se o fizesse, o Imperador de Jade consideraria um ato de desrespeito; mas, se nada fizer, parecerá que já não me preocupo com os assuntos humanos. Suponho que os monstros da rota do Oeste não sejam tão poderosos quanto os de outras regiões. Por isso, acredito que bastará contar com a ajuda dos meus dois generais, a Tartaruga e a Serpente, e dos Cinco Dragões Celestes. Com a ajuda deles, será possível capturar o monstro e libertar seu mestre da terrível provação que enfrenta.


Após agradecer ao patriarca, o Peregrino partiu apressado rumo ao Ocidente, acompanhado pela Serpente, pela Tartaruga e pelos dragões, todos fortemente armados. Logo chegaram ao Pequeno Monastério do Trovão, onde desafiaram o monstro a sair e enfrentá-los em combate. Naquele mesmo instante, o Rei das Sobrancelhas Amarelas se reunia com seus capitães em uma das torres, com quem comentava surpreso:

— É estranho que o Peregrino não tenha dado sinais de vida nos últimos dois dias. Fico me perguntando aonde terá ido buscar ajuda.

Mal tinha terminado de falar quando um dos demônios que guardava o portão entrou e anunciou, exaltado:

— O Peregrino retornou, acompanhado por algumas figuras com aparência de dragão, serpente e tartaruga, e estão procurando briga diante do nosso portão.


— Onde foi que esse macaco arranjou lutadores tão estranhos? — exclamou o monstro. — Sabe dizer de que lugar eles vêm?

Antes que o demônio pudesse responder, o monstro vestiu sua armadura e saiu do monastério, gritando:

— Que espécie de dragões são vocês para se atreverem a vir perturbar a paz de um imortal?


— Besta maldita! — responderam, ao mesmo tempo, os cinco dragões e os dois generais, furiosos. — Caso ainda não saiba, estamos a serviço do Honorável Conquistador de Demônios, que mora no Palácio da Grande Harmonia, no Monte Wudang. Ele próprio nos enviou para detê-lo. Se libertar imediatamente o monge Tang e as Constelações, sua vida será poupada; caso contrário, esmagaremos todos os seus súditos arrasaremos sua montanha  e reduziremos a cinzas esses edifícios de que tanto se orgulha.

— Bestas imundas! — rugiu o monstro, enfurecido. — Que tipo de magia possuem para ousarem falar comigo assim? Não fujam! Provem o gosto da minha maça!

Os cinco dragões e os dois generais lançaram-se ao ataque, brandindo espadas, cimitarras e lanças, levantando uma densa nuvem de pó e lama. O Grande Sábio juntou-se a eles de imediato, empunhando seu bastão de ferro. Assim começou outro combate extraordinário, no qual todos os combatentes se esforçaram ao máximo. A Tartaruga e a Serpente atacaram o monstro com um força implacável, comparável ao fogo e à água. Os cinco dragões, deslocando-se até aquele ponto tão ocidental para libertar o mestre, descarregaram sobre ele machados, espadas e lanças. 


Os golpes eram tão rápidos que pareciam raios desenhados no ar, intensificados pelo brilho frio do aço. Em frente a todos, a maça de dentes de lobo mostrava poderes mágicos que nada deviam ao bastão de ouro com as extremidades douradas. O choque das armas produzia um ruído tão seco como os estampidos da pólvora, enquanto os gritos dos combatentes superavam e ferocidade os rugidos dos tigres e os uivos dos lobos. Ao ouví-los. espíritos e deuses tremiam de espanto. Mas, apesar de toda a bravura, nenhum dos lados conseguiu vantagem significativa. Mais de meia hora havia se passado, quando o monstro sacou uma tira de tecido branco. Ao vê-la, o Peregrino gritou, alarmado:

— Cuidado!


Os dragões, a Tartaruga e a Serpente não entenderam o motivo do alarme e, imprudentemente, baixaram a guarda, dando um passo à frente para ver do que se tratava. Nesse instante, ouviu-se um zumbido intenso. Percebendo que não havia nada a fazer, o Grande Sábio elevou-se até o Nono Céu e conseguiu escapar ileso. 


Os dragões, a Tartaruga e a Serpente ficaram presos entre as dobras do tecido, sem entender o que tinha acontecido. O monstro os levou de volta ao monastério, onde foram amarrados com cordas e lançados em uma masmorra subterrânea construída por ele. Por hora, não falaremos mais deles. Falaremos, sim, do Peregrino, que se deixou cair na encosta da montanha e disse a si mesmo, desanimado:

— Não há como acabar com esse monstro!

Aos poucos, os olhos do Peregrino foram se fechando e, por um instante, parecia ter adormecido. Mas quase imediatamente ouviu uma voz dizendo:

— Não adormeça, Grande Sábio! Levante-se e vá ajudar o mestre! Se não o fizer, é possível que morra muito em breve.


O Peregrino abriu os olhos com preguiça e, ao ver que se tratava do Sentinela do Dia,  pôs-se de pé num salto e gritou, furioso:

— Pode-se saber onde esteve todo esse tempo? Com certeza a aproveitar o sangue das oferendas dos fiéis! Como se atreve a chegar agora, correndo, depois de passar o dia inteiro vagando por aí? Mostre as nádegas, para que eu possa lhe dar uns golpes com o meu bastão. Pelo menos servirá para aliviar este tédio que me corrói o espírito.


— Como pode dizer tal coisa? — repreendeu-o o Sentinela do Dia, curvando-se apressadamente. — Você é visto como uma espécie de imortal entre os homens, e todos sabem que imortais nunca se aborrecem. Além disso, estamos todos empenhados na mesma missão por ordem expressa da Bodhisattva. Quem não se preocuparia com a proteção do monge Tang? Se não me viu o dia todo, foi porque estive cuidando disso com o espírito desta montanha e outros deuses de menor importância. Desde quando uma dedicação assim merece ser castigada?

— Se é verdade que esteve protegendo o mestre — replicou o Peregrino —, diga-me onde o monstro o mantém preso e em que lugar estão as Constelações, os Guardiões, os Protetores dos Monastérios e todos os demais. Sabe a que tipo de tortura foram submetidos?


— O mestre e seus irmãos estão pendurados no corredor ao lado do salão principal do monastério — respondeu o Sentinela do Dia. — Quanto às Constelações, havia rumores de que estavam aprisionadas em masmorras subterrâneas, mas só pudemos confirmar isso quando vimos entrar nelas os dragões, a serpente e a tartaruga que vieram resgatá-los. Estranhamos não vê-lo por aqui. De qualquer forma, não é hora de descansar. É preciso que vá, o quanto antes, pedir ajuda.

— Para onde posso ir? — perguntou o Peregrino, com lágrimas escorrendo pelo rosto. — Tenho vergonha de recorrer tanto ao Céu quanto ao fundo dos mares. O que direi à Bodhisattva se me perguntar o que aconteceu? Como poderei encarar Buda? Aqueles que acabou de ver presos eram a Tartaruga, a Serpente e os Cinco Dragões do patriarca Zhenwu. Não resta mais nenhum lugar a que recorrer!

— Acalme-se, Grande Sábio — respondeu o Sentinela do Dia, sorrindo. — Conheço um exército que certamente será capaz de derrotar esses demônios. Ele está no Continente Austral de Jambudvipa, na cidade de Pizhou, no Monte Xuyi, também chamado Suzhou. Lá reside o Bodhisattva Preceptor Real (7), o qual possui poderes realmente extraordinários. Entre seus discípulos está o Pequeno Príncipe Zhang, e com ele servem quatro guerreiros celestes que há muito tempo subjugaram a Senhora Mãe das Águas (8)Vá até ele pessoalmente e peça ajuda. Tenho certeza de que ele não se negará a ajudá-lo, e então será possível capturar o monstro e libertar o mestre.

— Muito bem concluiu o Peregrino, mais animado. — Volte lá para dentro e não permita que aquele monstro faça algum mal ao monge Tang enquanto eu estiver ausente.

Com um salto, o Peregrino montou numa nuvem e seguiu diretamente para o Monte Xuyi, chegando em pouco menos de um dia de viagem. Era um lugar verdadeiramente extraordinário. Ao sul, várias bacias fluviais facilitavam a travessia, algo que não ocorria ao norte, onde corria majestoso o rio Huai. A leste, a montanha se estendia até o próprio mar; a oeste, suas encostas prolongavam-se até Fengfu. No cume erguiam-se edifícios imponentes, próximos aos quais nasciam incontáveis riachos. As rochas tinham formas tão tortuosas e caprichosas, que rivalizavam com os pinheiros centenários que cresciam ao lado. As árvores frutíferas estavam na época certa, e exalavam um aroma tão penetrante que parecia competir com as milhares de flores, que brilhavam como gemas à luz do sol. Os habitantes desse paraíso eram tantos que o movimento constante lembrava o frenesi de um formigueiro. À distância, os barcos que se aproximavam da margem pareciam patos selvagens em busca de alimento. Dominando toda a paisagem, no cume do monte, erguiam-se o Templo do Penhasco Benéfico, o Palácio da Montanha Oriental, o Santuário dos Cinco Milagres e o Monastério da Montanha da Tartaruga, onde o incenso e o badalar dos sinos subiam sem cessar aos céus. Acima da cidade, como a guardá-la com sua beleza indescritível, podiam ser vistos o Regato de Cristal, o Vale das Cinco Pagodas, o Terraço dos Imortais e o Jardim dos Pessegueiros.  As nuvens deslizavam preguiçosas, sem pressa de seguir viagem, enquanto os pássaros cantavam escondidos entre as copas. Para que falar da beleza que cercava os montes Tai, Sung, Hang e Hua (9)

A morada daquele imortal não tinha nada a invejar às dos que habitavam em Peng e Ying. A serenidade daquele cenário prendia, extasiado, os olhos do Grande Sábio. Após cruzar o rio Huai, entrou na cidade de Pizhou e dirigiu-se ao monastério onde vivia o grande sábio budista. Seus salões possuíam a magnificência de um palácio, e seus corredores pareciam a própria encarnação da elegância. Junto ao edifício principal elevava-se uma torre tão alta que se perdia entre as nuvens, perfurando com sua ponta dourada o jade esverdeado do vazio. Não podia ser de outra forma, porque o universo parecia apoiar-se sobre ela. Isso explicava por que nenhuma sombra manchava sua vertente oriental ou ocidental. Ao soprar o vento, todos os seus sinos emitiam um som tão puro como o dos carrilhões celestes. Diante do salão principal erguiam-se, banhados pelo sol, os troncos ásperos de um grupo de pinheiros centenários, onde aves nidificavam e lançavam seu canto melodioso sobre as águas sempre correntes do rio Huai. 

Ainda encantado por tanta beleza, o Peregrino dirigiu-se à segunda porta. O Bodhisattva Preceptor Real já havia sido informado de sua chegada e saiu para recebê-lo, acompanhado pelo Príncipe Zhang. 

Depois da saudação solene que a ocasião exigia, o Peregrino disse:

— Comprometi-me a acompanhar o monge Tang até o Paraíso Ocidental, com o objetivo de obter as escrituras sagradas. Ao passar pelo Pequeno Monastério do Trovão, o monstro das Sobrancelhas Amarelas assumiu a aparência do Patriarca Budista e capturou meu mestre, que havia se ajoelhado perante ele em sinal de respeito. Eu mesmo caí em sua armadilha e fui enclausurado dentro de dois címbalos de ouro, dos quais as Constelações prontamente me resgataram. Depois de reduzir em pedaços aquela estranha prisão, lutei bravamente contra o monstro, mas ele sacou uma tira de tecido mágico e prendeu os deuses, os guardiões, meu mestre e meus dois irmãos. Voei então ao Monte Wudang e solicitei a ajuda do Respeitável do Céu Misterioso (10), que prontamente disponibilizou os Cinco Dragões, a Tartaruga e a Serpente. Apesar da sua habilidade indiscutível no manejo das armas, eles também caíram sob o poder daquele monstro. Isso fez com que me sentisse como um órfão e, sem ter para onde recorrer, decidi vir suplicar-lhe que, fazendo uso do extraordinário poder com que um dia dominou a Mãe das Águas e salvou a vida a incontáveis multidões, liberte meu mestre da terrível provação pela qual está a passar. Prometo que, assim que regressemos com as escrituras e tivermos implantado sua doutrina nas Terras do Leste, proclamaremos aos quatro ventos a sua profunda sabedoria e faremos com que a memória de seu auxílio perdure para sempre.

— O assunto que acabou de expor — concluiu o Preceptor Real — está intimamente relacionado, como você mesmo afirmou, ao futuro da religião budista, e eu deveria ir com você pessoalmente. Infelizmente, estamos no início do verão, época em que o rio Huai costuma transbordar, e há pouco tempo dominei o Grande Sábio Macaco das Águas (11), uma criatura que enlouquece ao entrar em contato com o elemento que lhe dá nome. É muito provável, portanto, que, se o palácio for abandonado, ele se levante novamente em armas. E, como bem sabe, ninguém além de mim é capaz de enfrentá-lo. O mais prudente, agora, é que eu envie meu jovem discípulo e quatro guerreiros celestiais sob seu comando para acompanhá-lo. Eles certamente o ajudarão a capturar esse monstro.


Após agradecer, o Peregrino montou numa nuvem e seguiu para o Pequeno Monastério do Trovão, acompanhado pelo Príncipe Zhang e pelos quatro guerreiros celestes. O príncipe empunhava uma lança de amoreira branca, enquanto os outros eram mestres no manejo de espadas de lâmina avermelhada. Assim que chegaram, lançaram um desafio ao monstro, e os demônios que guardavam o portão correram para informar ao seu senhor. 


O monstro não tardou a surgir, cercada por toda a sua corte de demônios.

— A quem foi buscar desta vez, macaco estúpido? — rugiu o monstro, em tom desdenhoso.

— Maldito monstro sem lei! — gritou o Príncipe Zhang, ordenando o avanço dos quatro guerreiros. — Não há carne em seu rosto e nem pupilas em seus olhos, e é por isso que não consegue nos reconhecer!

— Quem é você, para se atrever a vir até aqui acompanhando este inútil? — voltou a perguntar o monstro, no mesmo tom.


— Sou discípulo do Bodhisattva Preceptor Real, Grande Sábio de Suzhou — respondeu o príncipe —, e estes que me acompanham são os quatro guerreiros celestiais que meu senhor colocou sob meu comando para capturá-lo.

— Quer explicar que espécie de poderes possui um rapaz tão insignificante como você, para se atrever a vir insultar-me diante da minha própria porta? — perguntou mais uma vez o monstro, soltando uma risada cortante.

— Já que insiste, irei dizê-lo— respondeu o príncipe. — Sou natural do país da Areia que Flui. Meu pai era rei daquela terra, mas não pôde evitar que eu adoecesse gravemente devido à influência maléfica de uma estrela. Isso me levou a buscar pela cura cada vez mais longe da pátria que me viu nascer. Tive a sorte de finalmente encontrar alguém capaz de pôr fim ao meu mal. Bastou metade de uma pequena pílula para eliminar a enfermidade que me escravizava desde a juventude. Agradecido, renunciei às prerrogativas de príncipe e tornei-me seu discípulo, assimilando os ensinamentos que conduzem à eterna juventude. Por isso, minha aparência permanece a de um rapaz. Mas o mais importante foi ter tido a honra de participar do banquete de aniversário de Buda, percorrendo sua santa morada sobre uma nuvem. Comparado a isso, pouco vale ter dominado o monstro das águas com a ajuda do vento e das nuvens, ou ter domesticado os tigres e dragões de uma montanha. Em retribuição, várias localidades ergueram templos em minha honra, espalhando minha fama até os confins do mar. Não existem armas mais eficazes para capturar feras do que minha lança de amoreira e minhas largas mangas de monge. Ainda assim, prefiro levar uma vida tranquila na cidade de Pizhou, onde resido, desfrutando dos prazeres conquistados com minhas façanhas. Não por acaso, o nome Zhang é conhecido em toda a terra.

— Quer explicar que método de imortalidade alguém pode aprender, renunciando à própria pátria para seguir os ensinamentos do Bodhisattva Preceptor Real? — perguntou o monstro, sorrindo com desprezo. — Imagino que esses ensinamentos tenham bastado para dominar o monstro do rio Huai e percorrer, num piscar de olhos, as mil cordilheiras e os dez mil rios que separam este lugar da cidade onde agora vive. Mas tenha certeza de uma coisa: nada disso vai servir quando medir forças comigo. Por que deu ouvidos às falsas razões do Peregrino e veio morrer diante da porta deste monastério?

Enfurecido com tais palavras, o Príncipe Zhang desferiu uma poderosa estocada de lança contra o rosto do monstro. Os quatro guerreiros avançaram junto a ele, enquanto o Grande Sábio brandia seu terrível bastão de ferro. O monstro não recuou ante tantos adversários. Ao contrário, enfrentou-os com coragem inigualável, devolvendo os golpes com sua temível maça de dentes de lobo.


Assim teve início uma batalha feroz, na qual o príncipe, os guerreiros e Wukong tentavam subjugar o falso Buda usando a lança de amoreira branca, as espadas de lâminas avermelhadas e o bastão de ouro. A maça do inimigo era tão resistente que nem o ferro da lança nem o aço das espadas conseguiam arranhá-la. O ruído do combate era tão intenso que se assemelhava ao som de um ciclone passando, como se aquele fosse o próprio país das tempestades. Todos os combatentes davam o melhor de si, buscando a glória do triunfo e da restauração da honra do Buda ultrajado. Seus avanços e recuos levantavam nuvens espessas de terra e pó, obscurecendo completamente as Três Luminárias. Jamais se vira tanto ódio concentrado em um só coração. Não por acaso, estava em jogo a pureza dos princípios dos Três Veículos.

O combate se prolongou por horas, mas nenhum dos lados conseguiu obter uma vantagem significativa. O monstro então decidiu recorrer a seu pedaço de tecido branco. Ao vê-lo sacar o objeto, o Peregrino gritou, alarmado:

— Cuidado! Afastem-se!

O príncipe e os guerreiros não compreenderam a advertência e olharam para ele, surpresos. Antes que pudessem reagir, ouviu-se um silvo agudo, e todos foram presos pelo tecido, como insetos em uma teia. Apenas o Peregrino conseguiu escapar.


 Como da vez anterior, o monstro arrastou os prisioneiros como um fardo e retornou triunfante ao monastério, amarrando-os com cordas e lançando-os em uma masmorra. Por ora, não falaremos mais deles. Falaremos, sim, do Peregrino, que se elevou pelos ares e só desceu de sua nuvem quando viu o monstro e seus seguidores fecharem as portas do palácio. Só então pousou sobre a encosta ocidental da montanha e chorou, desolado, dizendo:

— Desde o momento em que a Bodhisattva Guanyin me libertou do tormento e abracei a fé do Zen, entreguei-me por completo à nobre missão de alcançar as Terras do Oeste. Jamais sonhei com outra coisa que não fosse entrar junto do mestre no Monastério do Trovão. Após passar por tantas provações, parecia que enfim encontraríamos a calma. Quem poderia imaginar que estávamos prestes a enfrentar o monstro mais cruel e poderoso que existe? Todos os planos para resgatar o mestre fracassaram de forma vergonhosa, tornando inúteis minhas idas e vindas, do leste ao oeste, em busca de ajuda.

Quando seus lamentos alcançavam o auge do desespero, viu pelo sudoeste uma nuvem multicolorida descendo à Terra como uma chuva torrencial, inundando a montanha.


 Quase de imediato, ouviu uma voz que dizia:

— Não me reconhece, Wukong?

O Peregrino virou-se e viu um homem de orelhas grandes, queixo proeminente, rosto mais quadrado que redondo, ombros largos, barriga descomunal e extremamente gordo. Toda sua figura irradiava uma felicidade contagiante, fazendo seus olhos brilharem como dois lagos sob a luz cinzenta do outono. As mangas largas da túnica espalhavam, a cada gesto, boa sorte e riquezas incontáveis. Calçava sandálias de palha, que realçavam ainda mais seu aspecto robusto e afável. Tratava-se, de fato, de Maitreya, o Monge Risonho, venerado por todos os honoráveis que habitam o paraíso.


O Peregrino prostrou-se imediatamente, tocando a testa no chão, e dizendo com reverência:

— Para onde se dirige o Grande Patriarca Budista da Viagem Oriental? Mereço dez mil mortes por ter ousado interromper vosso caminho!

— Vim especialmente por causa daquele monstro no Pequeno Monastério do Trovão — respondeu Maitreya.


— Jamais poderei agradecer tanta gentileza — respondeu o Peregrino. — Posso perguntar de que região esse monstro veio, e que tipo de tesouro é esse tecido mágico que ele manuseia com tanta destreza? Suplico, Grande Patriarca, que revele isso a este discípulo.

— Esse monstro não é outro senão o jovem de sobrancelhas amarelas encarregado de tocar as pedras sonoras (12) na minha presença — explicou o patriarca. — No terceiro dia do terceiro mês, compareci à Festa das Origens Primordiais e o deixei à guarda do meu palácio. Aquele desalmado aproveitou para roubar alguns dos meus tesouros e conquistar certa proeminência espiritual, fazendo-se passar por Buda. A tira de tecido que mencionou é, na verdade, minha bolsa da fertilidade, também chamada de Saco das Sementes Humanas. Quanto à maça de dentes de lobo, trata-se do martelinho que usava para bater nas pedras sonoras.


— Monge risonho! — exclamou o Peregrino. — Deixou aquele rapaz escapar, assumir o falso título de patriarca budista e enganar até mesmo este velho Macaco. Isso não é outra coisa senão pura negligência na sua própria casa!

— Foi minha negligência, em primeiro lugar — reconheceu Maitreya —, mas era necessário que tanto mestre quanto discípulo passassem por essa nova provação para atingir maior perfeição. Isso explica o cerco constante dos monstros, que transformam em méritos os sofrimentos que impõem. E para ajudá-los a conquistar mais um mérito, eu mesmo vim aqui.

— Mas este monstro possui poderes extraordinários — objetou o Peregrino. — Como irá dominá-lo, se o senhor não é um homem de armas?


— Erguerei nesta encosta uma cabana de ramos com seu pomar de melancias— respondeu Maitreya, sorrindo. — Enquanto isso, quero que enfrente o monstro, sem usar toda a sua força. Limite-se a atraí-lo até o pomar. Todas as melancias estarão verdes, menos uma, grande e madura, que será, na verdade, você. Estou seguro de que assim que o monstro o vir, desejará saciar a sede, e eu, claro, não porei qualquer objeção aos seus desejos. Quando estiver dentro do estômago dele, pode fazer o que achar conveniente. Aproveitarei a ocasião para recuperar  a tira de tecido e capturá-lo, da mesma forma que ele fez com o seu mestre e os demais.

— O plano é, sem dúvida, esplêndido reconheceu o Peregrino —,mas como o senhor reconhecerá a melancia na qual irei me transformar? E como farei para que o monstro me perseguir até aqui?

— Eu sou o Honrado-que-governa-o-universo. Como meus olhos perspicazes da sabedoria não reconheceriam você?  respondeu Maitreya. — Pode se metamorfosear no que quiser que eu o reconhecerei. Mas, caso o monstro se recuse a segui-lo, irei ensiná-lo uma magia que o fará ceder por completo.

— Mas o que aquele monstro vai fazer é me prender com aquele tecido mágico — disse o Peregrino. — e não sair correndo atrás de mim. Que magia seria capaz de fazê-lo me seguir até aqui?

— Apenas estenda a sua mão  ordenou Maitreya, sorrindo.

O Peregrino estendeu imediatamente a mão esquerda. Maitreya levou o dedo à boca e escreveu em sua palma a palavra “contenção” com um pouco de sua saliva sagrada.


— Caso o monstro resista a segui-lo — explicou, ainda sorrindo —, basta abrir a mão e mostrar-lhe o que está escrito nela. Tenha certeza de que ele obedecerá como se fosse uma criança.

O Peregrino cerrou o punho, segurou o bastão de ferro e dirigiu-se à porta do monastério, gritando com voz potente:

— Monstro desprezível, aqui está novamente o Grande Sábio Sun! Saia imediatamente e decidamos, de uma vez por todas, quem é o mais forte!


Os demônios que guardavam o portão correram para informar seu senhor da sua chegada.

— Quantos guerreiros trouxe com ele desta vez? — perguntou o monstro.

— Nenhum — respondeu um dos demônios. — Veio sozinho.

— Esse macaco já esgotou todas as suas ideias e já não lhe resta um pingo de força no corpo — comentou o monstro, soltando uma gargalhada. — Não tem mais a quem recorrer. Por isso decidiu arriscar a vida de uma vez por todas.


O monstro vestiu sua armadura, pegou o tecido mágico e avançou para a porta, brandindo arrogantemente a maça de dentes de lobo

— Sun Wukong, não pode continuar lutando! — gritou com voz potente. — Não percebe que suas forças já chegaram ao limite?

— O que quer dizer com isso, besta maldita? — replicou o Peregrino.

— Que não tem mais a quem recorrer e que gastou toda a sua energia em vão — respondeu o monstro, com desprezo. — Percebe-se que está tão desesperado que decidiu arriscar tudo de uma só vez. A prova é que desta vez não trouxe nenhum guerreiro consigo. É disso que falo quando digo que não pode continuar lutando.

— Parece que não sabe distinguir o bem do mal — provocou o Peregrino. — Pare de se gabar e prepare-se para provar o gosto do meu bastão!


Ao ver que o Peregrino brandia o bastão com apenas uma das mãos, o monstro não conteve o riso:

— Está maluco, macaco pulguento! Quer explicar por que vai lutar usando só uma mão?

— Como assim, por quê? — riu o Peregrino. — É simples. Uma mão basta para acabar com você. Se não fosse pelo seu maldito tecido, derrotaria você num piscar de olhos. E não só você, mas cinco ou seis como você.


— Muito bem — concluiu o monstro— Prometo que desta vez não usarei meu tesouro. Vamos ver quem é o mais forte! — E lançou-se à batalha, brandindo sua terrível maça com dentes de lobo.

O Peregrino não perdeu tempo. Voltou o punho com a palavra mágica para o monstro e abriu diante de seus olhos. O falso Buda caiu imediatamente sob o feitiço. Parecia que sua única obsessão era golpear o adversário com a maça, esquecendo completamente o tecido mágico ou o caminho de volta ao monastério.  Mesmo empunhando o bastão de ferro com as duas mãos, os golpes do Peregrino tornaram-se excessivamente fracos, recuando como se estivesse, de fato, no limite de suas forças. 


O monstro perseguiu-o sem compaixão até a encosta oeste da montanha. O Peregrino logo avistou o pomar de melancias. Sem hesitar, lançou-se sobre ele e transformou-se em um melão esplêndido, doce e completamente maduro.


O monstro ficou desconcertado, olhando em todas as direções, sem saber o que havia acontecido com o seu adversário. Em dois passos, chegou à cabana de ramos e perguntou, com autoridade:

— Quem plantou estas melancias aqui?

— Eu, grande senhor — respondeu Maitreya, disfarçado de jardineiro, saindo para dar-lhe as boas-vindas.

— Já estão maduras? — voltou a perguntar o monstro.

— Algumas, sim — respondeu Maitreya.

— Nesse caso — concluiu o monstro, no mesmo tom autoritário de antes—, pegue uma para que eu possa saciar minha sede.


Maitreya ofereceu imediatamente ao monstro a melancia na qual o Peregrino havia se transformado. Sem sequer olhar para ele, o monstro começou a devorá-la com a voracidade de um animal. 



O Peregrino deslizou por sua garganta, torcendo-lhe as costelas. Não satisfeito, dobrou seu estômago, puxou os seus intestinos e fez com eles toda sorte de travessuras. A dor era tão intensa que o monstro não parava de ranger os dentes nem de fazer movimentos estranhos com a boca, enquanto lágrimas escorriam abundantemente de seus olhos. Ele caiu no chão, rolando pela terra, com tal desespero que o pomar de melancias foi reduzido a pura polpa.

— Esse é o fim! — gritou o monstro, desolado. — Ninguém vai me livrar deste tormento?


— Maldito monstro! — exclamou Maitreya, recobrando sua forma habitual. — Lembra-se de mim?

O monstro levantou a cabeça e, ao reconhecer quem era, correu até ele, ajoelhando-se e pressionando as mãos firmemente contra o estômago.

— Poupe minha vida, senhor! — suplicou, batendo a testa no chão. — Prometo que não farei mal algum novamente!


Maitreya estendeu o braço e retirou dele a bolsa da fertilidade e o martelinho para bater nas tabuinhas. Assim que os teve em mãos, disse, levantando a voz:

— Pare de atormentá-lo, Sun Wukong.

O Peregrino, tomado pela fúria, ignorou suas palavras e continuou lançando socos e arranhando as entranhas da criatura como se fosse uma fera. A dor era tão intensa que o monstro caiu ao chão por completo.

— Já basta, Wukong! — gritou novamente Maitreya. — Deixe-o em paz de uma vez!


Só então o Peregrino atendeu aos desejos de Maitreya, resmungando:

— Abra a boca e deixe-me sair!

Apesar do sofrimento extremo que quase o fez perder a razão, o monstro ainda conservava o coração são e fez o que lhe foi ordenado. Como diz o provérbio: “Ninguém perece até que o coração se quebre, assim como, quando secam as raízes, as flores murcham e as folhas caem.”

O Peregrino saiu sem dificuldade do ventre da criatura e recuperou sua forma habitual. Tentou então atacar o monstro, mas Maitreya já havia envolvido o monstro na bolsa da fertilidade e o pendurado em sua cintura. 


Segurando nas mãos o martelinho, Maitreya perguntou, com voz severa:

— Onde guardou os címbalos que roubou de mim?

— Sun Wukong os quebrou em pedaços — respondeu o monstro, de dentro da bolsa, com voz lastimosa. A única coisa que o preocupava agora era a própria vida.

— Se o que diz é verdade — insistiu Maitreya —, devolva-me pelo menos o ouro de que eram feitos.

— O que restou deles está sobre o trono de lótus no salão principal do monastério — confessou o monstro.

Segurando a bolsa em uma mão e o martelinho na outra, Maitreya riu e disse:

— Wukong, irei com você para recuperar o meu ouro.


Depois de demonstrar tamanho poder do dharma, o Peregrino não ousou demorar a voltar ao monastério, onde encontrou as portas firmemente fechadas. Maitreya voltou-se para elas, e com apenas um toque de seu martelinho, as portas se abriram sozinhas. No interior, reinava o mais completo caos: os demônios já haviam sido informados da derrota de seu senhor e apressavam-se a preparar suas coisas para fugir. Incontrolável, o Peregrino avançou contra eles e, num piscar de olhos, derrotou mais de setecentos. À medida que caíam, recuperavam sua forma original; a maioria eram espíritos de árvores, animais e aves. 


Maitreya, por sua vez, reuniu todos os pedaços de ouro e, soprando sobre eles seu hálito sagrado, reuniu-os com tal perfeição que não se percebia diferença alguma em relação aos címbalos originais. 


Assim que concluiu sua missão, Maitreya despediu-se do Peregrino e retornou ao reino da felicidade suprema numa nuvem. O Grande Sábio correu então para libertar o monge Tang, Bajie e o Monge Sha, que permaneciam suspensos de uma viga. 


Após tantos dias sem comer, Bajie sentia uma fome tão feroz que nem se preocupou em agradecer ao Peregrino pelo resgate. Como um louco, correu até a cozinha em busca de algo para comer. A sorte o acompanhava, pois, no momento em que o Peregrino lançou seu último desafio, o monstro se preparava para um banquete farto. Bajie lançou-se sobre o arroz e, de uma só vez, devorou mais da metade de uma panela. Só então lembrou-se do mestre e voltou com três tigelas cheias até a borda.

Assim que saciaram a fome, agradeceram ao Peregrino por tudo e perguntaram como ele havia derrotado o monstro. O Peregrino contou sobre a visita ao patriarca taoísta, que lhe colocou à disposição a Tartaruga e a Serpente, sobre o pedido de ajuda ao Príncipe Chang e o encontro com Maitreya, que acabou dominando o monstro. Ao ouví-lo, o coração de Sanzang encheu-se de profunda gratidão, e ele perguntou, emocionado:

— Onde estão presos todos esses deuses e sábios?

— O Sentinela do Dia me disse ontem que eles estão numa masmorra muito úmida — respondeu o Peregrino. — É melhor que eu e Bajie os libertemos o quanto antes.

A refeição havia devolvido as forças de Bajie, que, pegando seu ancinho, acompanhou o Grande Sábio até a parte de trás do monastério. Após destruir a porta da masmorra, libertou todos os prisioneiros, que retornaram alegres ao salão principal. Sanzang vestiu sua esplêndida túnica bordada e inclinou-se respeitosamente diante de cada um, em sinal de gratidão e submissão. 


Os primeiros a partir foram os cinco dragões e os dois guerreiros, que se dirigiram rapidamente a Wudang. Em seguida, partiram o Príncipe Zhang e seus quatro generais, tomando o caminho para a cidade de Pizhou. Por último, remontaram voo as Vinte e Oito Constelações, retornando às suas moradas celestes, assim como os Guardiões e Protetores dos Monastérios.

Os peregrinos descansaram naquele local por meio dia. Na manhã seguinte, após alimentar o cavalo e organizar bem os pertences, retomaram a jornada. Antes de seguir, incendiaram o falso monastério, e não demorou para que seus valiosos tronos, torres cobertas de joias, esplêndidos salões e altas estruturas fossem reduzidos a cinzas. Assim, conseguiram escapar de uma prova terrível e seguiram viagem, com todos os obstáculos e dificuldades finalmente superados.


Ainda não sabemos quanto tempo levariam para alcançar o Grande Monastério do Trovão. Quem desejar descobrir terá que acompanhar atentamente as explicações que serão oferecidas no próximo capítulo.


CAPÍTULO LXVII EM BREVE


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Notas do Capítulo LXVI

  1. Na China, existem vários locais conhecidos como “nove cursos de água”, mas pelo contexto, aqui faz-se referência às bacias dos principais rios do sul;
  2. Em relação à nota anterior, Jing e Yang designam as Prefeituras de Jingzhou e Yangzhou;
  3. Zhu Xi e Lu Jiuyuan foram dois famosos pensadores do neoconfucionismo que viveram durante a dinastia Sung;
  4. Shuen e Yü foram dois lendários imperadores dos tempos antigos, célebres, respectivamente, por sua piedade filial e pela façanha de enfrentar a grande inundação;
  5. Entre 581–600 d.C;
  6. Zhenwu costumava ser representado em pé sobre uma serpente e uma tartaruga, animais que, segundo a lenda, se tornaram seus discípulos após serem derrotados em batalha;
  7. Em chinês 國師王菩薩 (Guoshiwang Bodhisattva). Personagem fictício provavelmente baseado em Sangha , também conhecido como o Grande Sábio de Sizhou (泗州大聖, 'Sizhou Dasheng'; 628–710), Sangha foi um eminente monge chinês que viveu na dinastia Tang . Ele foi um monge altamente venerado durante as dinastias Tang e Song.  Acredita-se que o Grande Sábio de Sizhou seja um avatar da bodhisattva Guanyin.
  8.  Em chinês 水母娘娘 (Shuimu Niangniang);
  9. Os montes Tai, Lung, Hang e Hua são quatro das nove montanhas sagradas da China;
  10. Outro epíteto de Zhewu;
  11. Provavelmente, Wuzhiqi, considerado por muitos um protótipo de Sun Wukong;
  12. As pedras sonoras chinesas, conhecidas como qing (磬), são instrumentos musicais antigos, geralmente em formato de L, feitos de pedra e usados em cerimónias e música ritualística.


  • Tradução em pt-br por Rodrigo Viany (Sleipnir). Favor não utilizar sem permissão.
  • Tradução baseada na tradução do chinês para o espanhol feitas por Enrique P. Gatón e Imelda Huang-Wang, e do chinês para o inglês feita por Collinson Fair.
fontes consultadas para a pesquisa:
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