۞ ADM Sleipnir
"Jupiter et Io" (1532–1533) por Jean-Baptiste Regnault |
Io (grego: Ιω, "lua" no dialeto argivo) foi na mitologia grega uma ninfa náiade, filha do deus rio Ínaco e princesa de Argos, além de uma das muitas amantes de Zeus. Io também era uma sacerdotisa de Hera, e para cortejá-la sem que sua esposa tomasse conhecimento, Zeus cobria os céus com um manto de nuvens escuras para que os dois não pudessem ser vistos juntos. Desconfiada, um dia Hera desceu do Olimpo para ver pessoalmente o que estava acontecendo, e para que ela não os flagrasse juntos, Zeus transformou Io em uma bela novilha branca.
Ao ver Zeus ao lado do belo animal, Hera pediu que Zeus o desse de presente a ela, e este não teve o que fazer. Hera levou a novilha consigo e colocou Argos Panoptes, um gigante dotado de cem olhos, para vigiá-la. Para resgatar sua amante, Zeus enviou o deus mensageiro Hermes até o local onde ela era vigiada por Argos. Lá, o gigante mantinha vigília constante sobre a novilha, mantendo cinquenta dos seus olhos abertos enquanto os outros cinquenta repousavam. Usando a flauta do deus Pã, Hermes tocou uma melodia que fez com que Argos fechasse todos os olhos ao mesmo tempo. Em seguida, matou o gigante arrancando sua cabeça e resgatou a novilha.
"Mercúrio, Argos e Io" (1592) por Abraham Bloemaert |
Io agora estava livre, mas Hermes não tinha o poder de restituir sua forma humana. Ele também não conseguiu completar sua missão sem ser notado. Hera logo percebeu que seu vigia estava morto, e o honraria colocando seus olhos sobre a plumagem do pavão, animal consagrado à ela. Em seguida, ela planejou sua vingança contra Io. A deusa enviou uma mutuca para persegui-la e picar seu couro, causando-lhe dores constantes. Assim, Io começou a vagar pelo mundo antigo tentando fugir da mutuca, que a perseguiria implacavelmente por onde quer que ela fosse. Primeiro, Io partiu de Argos em direção ao Épiro e depois a Dodona, antes de descansar na costa de um mar, e de atravessá-lo a nado; esse mar foi dito ter sido nomeado como Mar Jônico após a passagem de Io por ele. Da mesma forma, o estreito Bósforo (cujo nome significa “passagem do boi”) seria nomeado dessa forma após a travessia da náiade.
A parte mais significativa das andanças de Io, porém, ocorreu nas montanhas do Cáucaso. Lá, ela se deparou com o titã Prometeu, que na época estava acorrentado a uma montanha da região como punição por ter roubado o fogo dos deuses e entregado aos humanos. Prometeu, que tinha o dom da previsão, resolveu ajudá-la aconselhando-a sobre o caminho que ela deveria seguir para encontrar a sua salvação. Prometeu também consolou Io, proclamando que seus descendentes seriam numerosos e que um deles o libertaria no futuro. Seguindo as palavras de Prometeu, Io agora sabia que deveria viajar para o Egito e, com esperança renovada, recomeçou sua viagem.
Viajar das montanhas do Cáucaso para o Egito não era uma coisa fácil de se fazer na antiguidade, ainda mais na condição em que Io se encontrava. No entanto, a náiade conseguiu chegar no Egito, encontrando algum descanso às margens do rio Nilo. Lá, Io foi finalmente encontrada por Zeus, que tocou nela com suas mãos e fez com que ela recobrasse sua forma original. Io então foi capaz de dar à luz a criança que ela carregava em seu ventre desde sua primeira união com Zeus. Esta criança, um menino, recebeu o nome de Épafo. Alguns autores afirmam que mais uma criança nasceu dessa relação: uma menina chama Ceroessa, cujo filho com Poseidon fundaria a cidade de Bizâncio.
Ao descobrir sobre o recém nascido filho de Zeus, Hera enviou os Curetes, deuses selvagens das montanhas, para sequestrá-lo. Quando Zeus descobriu sobre o sequestro, enviou seus relâmpagos para matar os sequestradores, enquanto Io acabou forçada a viajar mais uma vez, agora em busca de seu filho perdido. Desta vez, as andanças de Io foram mais curtas, pois ela só teve que viajar até Biblos (Líbano), onde acabou encontrando Épafo seguro na corte do rei Malcander.
Mãe e filho retornaram ao Egito, onde Io se casou com Telégono, rei do Egito e, posteriormente, Épafo sucedeu seu padrasto e construiu a cidade de Mênfis. Épafo foi considerado uma encarnação de Ápis, o touro sagrado dos egípcios, enquanto Io foi associada à deusa egípcia Ísis. Os descendentes de Io governaram o Egito por gerações, mas depois voltaram para a Grécia, com Cadmo fundando a casa real de Tebas e Danaus a de Argos. Onze gerações depois, o maior de seus descendentes, Héracles, libertaria Prometeu. Assim, Io, ao lado de Atlas e Deucalião, é considerada um dos três principais ancestrais dos povos gregos.
Uma pintura mural romana mostrando a deusa egípcia Ísis (sentado à direita) dando as boas-vindas à heroína grega Io ao Egito |
fontes:
Nenhum comentário:
Seu comentário é muito importante e muito bem vindo, porém é necessário que evitem:
1) Xingamentos ou ofensas gratuitas ao autor e a outros comentaristas;
2)Comentários racistas, homofóbicos, xenófobos e similares;
3)Spam de conteúdo e divulgações não autorizadas;
4)Publicar referências e links para conteúdo pornográfico;
5)Comentários que nada tenham a ver com a postagem.
Comentários que inflijam um desses pontos estão sujeitos a exclusão.
De preferência, evite fazer comentários anônimos. Faça login com uma conta do Google, assim poderei responder seus comentários de forma mais apropriada, e de brinde você poderá entrar no ranking dos top comentaristas do blog.