۞ ADM Sleipnir
Arte de Luciano Neves |
Espantalhos, também chamados Homens de Palha, são bonecos muito comuns utilizados em sítios, fazendas e chácaras com o objetivo de assustar corvos e roedores de hortas e plantações. Apesar de hoje existirem métodos mais eficazes de proteger uma plantação, espantalhos são ainda utilizados nos dias atuais por fazendeiros em todo o mundo, sendo um símbolo notável de fazendas e do campo na cultura popular.
Normalmente simulando a forma de um homem, espantalhos costumam ser confeccionados com roupas velhas, preenchidas com palha e/outros materiais. A cabeça pode ser feita com pano ou com uma vassoura velha fincada no centro do boneco, sendo vestida ainda por um chapéu que ajuda a disfarça-lo ainda mais. Por fim, os espantalhos são fixados em meio as plantações em pedaços de madeira, geralmente em formato de cruz, simulando estarem de braços abertos.
Espantalhos no mundo antigo
Embora nem sempre com a aparência que eles tem agora, os espantalhos existem há muito tempo e foram usados em várias culturas diferentes. Nos campos da Grécia antiga por exemplo, estátuas de madeira representando o deus Príapo eram esculpidas e colocadas em jardins e pomares. Embora fosse filho de Afrodite, Príapo era terrivelmente feio, e sua característica mais proeminente era seu falo enorme e constantemente ereto. Os pássaros tendiam a evitar os pomares onde Príapo residia, de modo que, à medida que a influência grega se espalhou pelo território romano, os fazendeiros romanos logo adotaram a prática.
Já o Japão pré-feudal usava diferentes tipos de espantalhos em seus campos de arroz, sendo o mais popular o kakashi. Velhos trapos sujos e fazedores de barulho como sinos e gravetos eram montados em um poste no campo e depois incendiados. As chamas (e provavelmente o cheiro) mantinham os pássaros e outros animais longe dos arrozais. Eventualmente, os fazendeiros japoneses começaram a fazer espantalhos que pareciam pessoas em capas de chuva e chapéus. Às vezes, eles eram equipados com armas para torná-los ainda mais assustadores. Falando em Japão, há um deus xintoísta chamado Kuebiko, que é representado como um espantalho e dito ser o protetor dos campos.
Durante a Idade Média na Grã-Bretanha e na Europa, crianças pequenas costumavam trabalhar nos campos como assustadores de corvos. O trabalho delas era correr pelos campos, batendo palmas ou blocos de madeira, para espantar os pássaros que poderiam comer os grãos. À medida que a população diminuía devido à peste, foi havendo uma escassez de crianças para realizar esse trabalho, e os fazendeiros então começaram a tentar outras alternativas, dentre elas encher roupas velhas com palha, colocar um nabo ou uma cabaça por cima e pendurá-las nos campos. Eles logo descobriram que esses guardiões realistas faziam um bom trabalho em manter os corvos afastados.
Espantalhos nas Américas
Os espantalhos também são encontrados em culturas nativas americanas. Em algumas partes do que hoje são a Virgínia e as Carolinas, antes da chegada do homem branco, homens adultos costumavam sentar em plataformas elevadas, de onde gritavam para espantar para pássaros ou animais terrestres que se aproximavam das plantações.
Algumas tribos nativas descobriram que embeber sementes de milho em uma mistura de ervas venenosas também desencorajava os pássaros. No sudoeste, algumas crianças nativas americanas faziam competições para ver quem fazia o espantalho mais assustador, e a tribo Zuni usava linhas de estacas de cedro amarradas com cordas e peles de animais para manter os pássaros afastados.
Espantalhos também vieram para a América do Norte quando ondas de emigrantes deixaram a Europa. Os colonos alemães na Pensilvânia trouxeram com eles o bootzamon , ou bicho-papão, que montava guarda sobre os campos. Às vezes, uma contraparte feminina era adicionada à extremidade oposta do campo ou pomar.
Durante o apogeu do período agrícola da América, os espantalhos se tornaram populares, mas após a Segunda Guerra Mundial, os agricultores perceberam que poderiam realizar muito mais borrifando suas plantações com pesticidas como o DDT. Isso continuou até a década de 1960, quando foi descoberto que os pesticidas eram nocivos aos humanos. Hoje em dia, embora não se veja muitos espantalhos guardando os campos, eles são extremamente populares como decorações de outono. Em países mais rurais, os espantalhos ainda são comumente usados.
Folclore
Existem inúmeras histórias folclóricas sobre espantalhos que possuem a capacidade de se mover pelos campos que guardam por conta própria. De acordo com algumas dessas histórias, durante a lua cheia os espantalhos podiam capturar espíritos desencarnados, assumir uma vida animada e mover-se livremente.
Arte de Luke Fitzsimons |
Alguns mitos sugerem que os espantalhos têm a capacidade de se multiplicar. Durante a lua cheia; especialmente na lua cheia no Halloween, os espantalhos convergiam e se moviam como bandos por vilas inteiras fazendo travessuras, colhendo destruição e assustando humanos que eles achavam que não eram respeitosos.
Espantalhos, Halloween e a cultura popular
No Halloween, os Espantalhos servem unicamente como objetos de decoração, normalmente tendo sua cabeça composta por uma abóbora decorada com um rosto. Graças a cultura popular (e também ao folclore citado no tópico anterior) essas figuras ganham um ar mais assustador, uma vez que costumam aparecer em filmes, séries e outros veículos como criaturas que acabam ganhando vida e atacando as pessoas ao seu redor.
Arte de ArtDthi |
O espantalho poderia ter matado os dois hauhauhauahauaua
ResponderExcluirUltimamente tenho ficado um tanto quanto obcecado com a figura do espantalho, um ser neutro, eternamente inerte, porém observador e que espanta aqueles que se aproximam, podendo desfrutar de sua solidão por conseguinte, de certa maneira me confere uma sensação boa pensar dessa forma, já que o espantalho em suma não é incomodado
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