23 de setembro de 2014

Cobra Norato

۞ ADM Sleipnir


A lenda da Cobra Norato (ou somente Honorato), é uma das mais famosas do folclore paraense.  Seu mito na verdade é uma fusão de dois mitos amazônicos: o da Cobra Grande e o do Boto.

A lenda conta que em numa tribo indígena da Amazônia, uma índia engravidou da Boiúna (Cobra-Grande, Sucuri), e posteriormente deu à luz duas crianças gêmeas. Quando ela viu seus filhos, teve um grande susto pois eles eram um casal de cobras negras. A índia então resolveu se aconselhar com o pajé da aldeia, e lhe perguntou se deveria matá-los ou jogá-los no rio. O pajé lhe respondeu que se ela os matasse, ela também morreria. Então ela não teve outra alternativa senão soltá-los no leito do rio Tocantins.


Os irmãos criaram-se livremente nas águas dos rios, atingindo um tamanho descomunal e deixando sua cor negra, ganhando agora um tom esverdeado.  A população chamavam-nos de Cobra Norato e Maria Caninana. Cobra Norato era forte e bondoso. Era incapaz de fazer o mal, e não deixava que pessoas morrerem afogadas ou fossem devoradas por outros peixes grandes. Em noites de luar, ele abandonava sua casca de cobra e se transformava num belo e alto rapaz. Nesta forma, ele sempre visitava sua mãe na aldeia.

Já Maria Caninana era a mais pura expressão da maldade, e nunca visitou sua mãe, muito menos deixava os rios. Era considerada um verdadeiro demônio e praticava todo tipo de maldade possível. Alagava canoas, mexia com os outros animais, assombrava e afogava viajantes e banhistas, causava o naufrágio de embarcações, dentre outros. Devido a todo mal que sua irmã causava, Cobra Norato decidiu matá-la e os dois travaram um terrível combate, transformando as águas do rio Madeira num imenso redemoinho. 

Arte de Lorena Herrero (HET)

Cobra Norato pois fim às perversidades de sua irmã e passou a viver sozinho, mas sempre que havia uma festa ou um evento nos povoados e ribeirinhos, ele deixava sua pele de serpente e ia dançar com as moças e conversar com os rapazes. 

Muitas vezes Honorato dormia na casa de sua mãe, e sempre pedia para que ela fosse à beira do rio, onde ele deixava o seu corpo de cobra e que pinga-se três gotas de leite em sua boca e lhe desse uma cutilada que o fizesse sangrar. Uma vez que ela fizesse isso, ele ficaria desencantado para sempre, porém isso deveria ser feito antes que o galo cantasse. 

Sua mãe tentou muitas vezes atender o pedido do filho, mas seu corpo de cobra era tão grande, feio e monstruoso que ela não tinha coragem, e sempre voltava para casa sem ser capaz de cumprir o pedido do filho. Ele, porém, garantia que seu corpo, apesar da aparência, nada lhe faria de mal. Honorato fez o mesmo pedido a muitas outras pessoas, garantindo-lhes a mesma coisa, mas quando elas iam para cumprir o pedido e viam o tamanho da cobra, fugiam aterrorizadas. 

Uma dia finalmente, um soldado com quem Honorato havia feito amizade conseguiu obter a coragem necessária para desencantá-lo. O soldado foi até o leito do rio e lá encontrou o corpo de cobra de Honorato. Ele atingiu a cabeça da cobra com um machado e pingou as três gotas de leite entre seus enormes dentes aguçados. Assim, Honorato ficou livre de seu encanto, e dizem que viveu durante muitos anos no Pará.


fontes:
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7 comentários:

  1. Obrigada por postar, fico muito feliz!
    Letícia :3

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  2. NÃO SEI QUEM SOU EU,NÃO QUERO SABER :D8 de outubro de 2014 às 15:41

    Quem é o outro? da ultima foto? o soldado?

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  3. NÃO SEI QUEM SOU EU,NÃO QUERO SABER :D8 de outubro de 2014 às 15:42

    ou não?

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  4. NÃO SEI QUEM SOU EU,NÃO QUERO SABER :D8 de outubro de 2014 às 15:47

    dica, deviam fazer sobre o " alerião" e o " merleta" ;)

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  5. NÃO SEI QUEM SOU EU,NÃO QUERO SABER :D8 de outubro de 2014 às 15:51

    cara,foi mal eu lembrei de outro agora '-' me desculpa ai,o "COCATRICE" é uma ave

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  6. o cara da ultima foto representa os dois lados da moeda, a forma de cobra e a de homem dele vivendo em harmonia, o que explica a bondade que havia nele, já sua irmão não tinha harmonia entre as duas partes sendo apenas a cobra feroz sem presença de humanidade.

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