۞ ADM Sleipnir
Mayahuel (também Mayahual, Mayouel) é a deusa asteca do agave (conhecida como octli na língua nauátle), planta usada para produzir pulque. O pulque é uma bebida que era sagrada para os astecas e utilizada em muitos rituais. O agave é uma planta espinhosa, e os sacerdotes astecas usavam esses espinhos para cometer suicídio ritual. Além do agave, Mayahuel é associada com a fertilidade, o parto e a embriaguez. Ela é consorte do deus da cura Patecatl, que também é uma divindade associada ao pulque.
No calendário asteca, Mayahuel é a governante do oitavo dia, Tochtli (coelho), e da oitava trecena, 1-Malinalli (grama).
Representações
Mayahuel é normalmente representada como uma jovem mulher emergindo de uma agave, com um anel de jade perfurando o nariz e segurando um octecomatl (uma espécie de taça/jarra contendo pulque). Ás vezes é representada com uma pele de coloração azul com manchas amarelas, outras com o rosto tingido de preto e vermelho. Ela também costuma aparecer vezes representada com muitos seios com os quais, segundo os mitos, alimentava seus filhos, os Centzon Tōtōchtin (literalmente "400 coelhos") com pulque. Acreditava-se que os Centzon Tōtōchtin eram deuses responsáveis por provocar a embriaguez das pessoas.
Arte de John-Paul Howard |
Mitos
A criação da Agave
O mito mais conhecido sobre Mayahuel conta sobre como surgiu a primeira planta agave. Existem várias versões desse mito, sendo a seguinte uma delas:
Mayahuel vivia no céu com sua vó, uma das Tzitzimime (deusas estelares), e era mantida por ela sob severa vigilância. Um dia, porém, o deus do vento Ehecatl (um aspecto de Quetzalcoatl), vê Mayahuel pela primeira vez, e encantado com sua beleza, se apaixona perdidamente por ela. Percebendo que a única forma dos dois ficarem juntos seria afastar Mayahuel de sua avó, Ehecatl seduz a jovem deusa e a convence a fugir e ir com ele para a terra, onde poderiam ficar juntos.
Arte de mazzertecpatl |
Quando a avó de Mayahuel tomou ciência de sua fuga, foi atrás dos dois acompanhada por suas irmãs tzitzimime. Na tentativa de escapar dessa perseguição, Ehecatl transformou a si próprio e Mayahuel em ramos de árvore As Tzitzimime acabaram desvendando o disfarce de Mayahuel, e ainda transformada em um ramo, a mataram despedaçando-a completamente e espalhando seus pedaços pelo chão.
Lamentando o triste fim de sua amada, Ehecatl recolheu os pedaços de Mayahuel e os enterrou. Para sua surpresa e felicidade, no local nasceram ramas de uma nova planta, o agave, e junto com ela, a própria Mayahuel também renasceu. Por esta motivo, acreditava-se que o aguamiel, a seiva doce coletada da agave, era o sangue da deusa.
A invenção do Pulque
Uma outra lenda conta que antes de ser uma deusa, Mayahuel era humana, sendo a modesta esposa de um lavrador chamado Pantecalt. Um dia, enquanto espantava os ratos que constantemente atacavam a plantação do marido, ela notou um deles agindo estranhamente. Ela notou também que no local havia uma planta desconhecida por eles, e que o seu caule estava todo roído. Do caule escorria uma seiva leitosa e ela resolveu coletá-la com uma cabaça e levá-la para casa, onde tentaria encontrar uma utilidade para ela.
Chegando em casa, Mayahuel resolveu provar um pouco da seiva, e tendo achado o sabor muito bom, logo provou mais um pouco. Quando Pantecalt chegou, a viu bebendo e pediu que lhe servisse um pouco também. Logo os dois acabaram com toda a seiva que Mayahuel havia coletado, ficando completamente extasiados e alegres.
Eles decidiram voltar até o local onde Mayahuel havia encontrado a planta, colhendo mais seiva e bebendo ali mesmo. Os dois cantaram e dançaram a noite toda até perderem os sentidos e apagarem. Quando acordaram, se surpreenderam ao descobrir que estavam na presença dos deuses, que queriam saber que bebida eles haviam consumido que os deixaram tão felizes. Mayahuel então ofereceu a eles a cabaça contendo a seiva, e os deuses beberam. Eles gostaram tanto da bebida que a batizaram de "pulque", passando a adotá-la em suas cerimônias. Como prêmio por terem feito a descoberta, Mayahuel e Pantecatl foram integrados ao panteão como deuses. Mayahuel tornou-se a deusa do pulque, enquanto Pantecatl tornou-se Xochipili, deus das flores, da poesia e das festas.
Arte de Thor Odenson |
fontes:
- As Melhores Histórias das Mitologias Asteca, Maia e Inca, de A. S. Franchini
- https://en.wikipedia.org/wiki/Mayahuel
- https://www.thoughtco.com/mayahuel-the-aztec-goddess-of-maguey-171570
Aee muito bom, tô surpreso com essa semana de posts, tá muito legal
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