7 de julho de 2025

Anel de Giges

۞ ADM Sleipnir

Arte de Fabian Parente

O Anel de Giges é um artefato mítico hipotético, mencionado pelo filósofo grego Platão em sua obra A República (Livro II, 359a–360d). O anel, que confere ao seu portador o poder de se tornar invisível, é utilizado por Platão como uma alegoria filosófica para explorar questões éticas, especialmente a natureza da justiça e a fragilidade da virtude humana quando não há risco de punição.

Origem do anel

O anel está associado à figura de Giges da Lídia, um rei histórico que fundou a dinastia Mermnada no reino da Lídia. Segundo a lenda, Giges era originalmente um pastor a serviço do rei Candaules. Após um terremoto, ele descobriu uma fenda em uma montanha, onde encontrou um túmulo contendo um cadáver gigantesco que portava um anel de ouro. Ao colocar o anel, Giges percebeu que se podia tornar-se invisível ao girá-lo. Utilizando esse poder, ele seduziu a rainha, assassinou o rei e usurpou o trono.


A história é narrada por Glauco, irmão de Platão, no diálogo A República, como parte de um debate sobre a natureza da justiça. Glauco questiona se alguém agiria de maneira justa se pudesse cometer injustiças sem sofrer consequências, sugerindo que a moralidade é mantida apenas pelo medo da punição ou pela preocupação com a reputação.

Significado filosófico

O Anel de Giges funciona como um experimento mental que examina se os seres humanos agiriam moralmente na ausência de supervisão. Glauco argumenta que, se uma pessoa justa e uma injusta recebessem tal anel, ambas acabariam agindo da mesma forma, pois a impunidade corromperia até mesmo os mais virtuosos. Sócrates, no entanto, refuta essa ideia posteriormente no diálogo, defendendo que a justiça é um bem intrínseco e que a verdadeira felicidade deriva do autocontrole e da harmonia da alma. Ele afirma que usar o anel para cometer injustiças escravizaria o indivíduo aos seus desejos, enquanto resistir à tentação demonstraria o domínio da razão sobre os impulsos.

Influência cultural

O mito do Anel de Giges exerceu influência duradoura na filosofia e na literatura. O orador romano Cícero retomou a narrativa em sua obra De Officiis para discutir a integridade moral. 

A obra O Homem Invisível (1897), de H.G. Wells, reinterpreta a lenda do anel ao narrar a história de um cientista que desenvolve um meio de se tornar invisível, mas acaba sendo corrompido pelo poder que isso lhe confere. Assim como Giges, o protagonista da obra de Wells sucumbe à impunidade proporcionada pela invisibilidade, reforçando o tema platônico da fragilidade da moral humana quando não há consequências para as ações.

Além disso, é possível que tenha inspirado J.R.R. Tolkien na criação do Um Anel, em O Senhor dos Anéis, embora não existam evidências que comprovem essa inspiração. Assim como o anel de Giges, o artefato de Tolkien simboliza o poder corrompedor da impunidade e da tentação.

Arte de Marta Nael

fontes:
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