۞ ADM Sleipnir
Arte de Nala J. Wu |
Pele é a deusa do fogo e dos vulcões na mitologia havaiana/polinésia. Ela é uma divindade poderosa e destrutiva, a qual dizem viver na cratera do vulcão Kilauea, na grande ilha do Havaí. Pele é conhecida por seu temperamento violento e imprevisível, mas também por suas visitas comuns entre os mortais. Dizem que ela costuma aparecer como uma mulher alta, bonita e jovem, ou como uma mulher muito velha, feia e frágil. Ela é muitas vezes acompanhada por um cão branco e, normalmente, testa as pessoas. Contam-se histórias sobre Pele vagando entre os homens na forma de uma velha mendiga, perguntando-lhes se eles têm alguma comida ou bebida sobrando. Aqueles que compartilham com ela são recompensados e poupados, mas aqueles que são gananciosos e cruéis com ela são punidos, tendo suas casas ou plantações destruídas para que eles mesmos tenham que contar com a bondade dos outros.
Entre seus muitos epítetos, estão Pele honua mea ("Pele da Terra Sagrada"), Ka wahine ʻai honua ("A mulher devoradora da terra"), Pele ‘ai’houn ("Pele a Devoradora da Terra"), Tūtū Pele ("Violenta Pele" ou "Velha Pele") ou ainda Madame Pele, que é uma forma respeitosa de se referir à ela.
Arte de Crimsonea |
Mitologia
De acordo com um mito, Pele nasceu em Honua-Mea, parte do Taiti. Pele fazia parte de uma família composta por seis filhas e sete filhos nascidos de Haumea (uma antiga deusa da terra) e Moemoe-a-aulii (criador do céu e da terra). Pele migrou do Taiti para as ilhas havaianas, mas existem vários mitos que relatam os motivos dessa migração. Alguns dizem que Pele fugiu do Taiti para escapar da raiva de sua irmã mais velha, a deusa do mar Namaka, cujo marido ela havia roubado. Em outras histórias, ela foi expulsa do Taiti por ter provocado uma grande enchente ou ela migrou para o Havaí simplesmente porque desejava viajar.
Pele partiu em uma canoa com vários irmãos, incluindo a deusa das nuvens Hi’iaka. Por muitos dias no mar vazio, a família encontrou apenas atóis muito pequenos para sustentar a vida. Portanto, Pele usou uma vara de adivinhação para localizar lugares prováveis para construir ilhas e fez com que elas nascessem em erupções de vulcões submarinos.
Arte de K. Nami L. |
A Perseguição de Namaka
Em muitas versões do mito, sempre que Pele encontrava um local para habitar e fazia ilhas surgirem através de erupções vulcânicas, sua irmã Namaka surgia em seu encalço para confrontá-la e impedi-la de se estabelecer afundando as ilhas recém criadas por ela. Pele continuou migrando de um lugar para o outro e Namaka continuou perseguindo-a, até que chegaram em uma ilha que Namaka não era capaz de afundar com seus poderes (umas versões dizem que era Mauna loa, outras Mauna Kea, entre outras).
Nesse local, Pele e Namaka travaram sua última batalha. As lavas vulcânicas e as águas do oceano se chocaram furiosamente, e no fim Pele acabou levando a pior. Algumas versões relatam que seu corpo se dissolveu e tornou-se uma nuvem de vapor que passou a pairar sobre a ilha. Uma versão ainda relata que seus ossos deram origem à uma colina chamada Ka-iwi-o-Pele ("ossos de Pele"). Embora tenha perdido seu corpo, Pele permaneceu viva e atuante na região. Algumas histórias afirmam que a deusa se estabeleceu na cratera do vulcão Kilauea, e que vive lá até os dias de hoje.
A rivalidade com Poliahu
Pele é considerada rival da deusa havaiana da neve, Poliahu, e de suas irmãs Lilinoe (uma deusa da chuva fina), Waiau (deusa do lago Waiau) e Kahoupokane (uma fabricante de kapa cujas atividades de fabricação de kapa criam trovões, chuva e relâmpagos).
Um dia, enquanto praticava he’e hölua (trenó de lava havaiano) com os mortais, Poliahu foi acompanhada por uma bela estranha que a desafiou. Como a estranha não possuía um trenó, Poliahu lhe emprestou um para que pudessem competir. Na primeira corrida, Poliahu passou facilmente a rival. Graciosamente, Poliahu trocou trenós com ela, antes de vencê-la novamente na segunda corrida. Na terceira corrida, porém, a estranha tentou evitar que Poliahu ganhasse abrindo correntes de lava à sua frente, revelando então sua verdadeira identidade: a deusa dos vulcões, Pele.
Poliahu correu para o topo da montanha, fugindo dos ataques de Pele. Assim que recuperou sua compostura, Poliahu jogou neve na lava e congelou-a, confinando-a à extremidade do sul da ilha. Até hoje, é dito que Pele governa os vulcões Kilauea e Mauna Loa, mas deve submeter-se a Poliahu no extremo norte da ilha.
Poliahu, arte de Fiona Aubriot |
Pele, Lohiau e Hi'iaka
Uma vez instalada no Kilauea, Pele viajou para uma ilha vizinha e se apaixonou por um jovem chefe chamado Lohiau. Após voltar para casa, Pele enviou sua jovem irmã Hi'iaka com a missão de trazer Lohiau até ela. Ela investiu Hi'iaka de poderes sobrenaturais, os quais a jovem utilizou para superar vários obstáculos durante a sua jornada.
Quando Hi'iaka chegou no lar de Lohiau, ela descobriu que o jovem chefe havia morrido de coração partido por causa da saudade que sentia da deusa Pele. Hi'iaka então pegou seu espírito e usou seus poderes mágicos para trazê-lo de volta a vida. Enquanto isso, Pele ficava cada vez mais impaciente, imaginando que sua irmã havia roubado o seu amado Lohiau.
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Pele e Kamapua’a
Kamapua'a, conhecido como o "deus porco" ou "criança porco" era um kupua dotado de poderes que o permitiam mudar de forma, geralmente se transformando em um porco selvagem. Aventureiro e travesso, Kamapua'a conheceu Pele e se apaixonou por ela quando esteve em sua ilha. A deusa inicialmente o rejeitou, mas com o tempo acabou cedendo aos seus encantos.
Porém, o romance dos dois duraria pouco tempo. Logo, seus conflitos superaram em muito o amor que um nutria pelo outro, levando-os a uma batalha massiva na qual Kamapua'a tentou extinguir a chama de Pele. Eventualmente, os dois deuses concordam em dividir a ilha entre eles, com Pele tomando as regiões de Puna, Ka'u e Kona (local atual dos campos de lava do Havaí), e Kamapua'a tomando os distritos de Kohala, Hamakua e Hilo onde a umidade prevalece . Ainda hoje, existem muitas formações ao redor das ilhas que o povo havaiano vê como evidência das batalhas anteriores entre Pele e Kamapua'a.
Arte de KuriusLibra |
A "Maldição de Pele"
A chamada Maldição de Pele é a crença de que qualquer coisa nativamente havaiana, como areia ou pedras, trará má sorte para aqueles que a levarem embora do Havaí. Uma versão sobre a origem dessa lenda é a seguinte: um guarda florestal descontente, irritado com a quantidade de pedras que estavam sendo retiradas das ilhas pelos visitantes, começou a dizer que Pele os amaldiçoaria com azar se eles pegassem alguma coisa. Outra versão frequentemente contada é que motoristas de ônibus, cansados da sujeira e fuligem trazidas em seus ônibus pela coleta de pedras dos turistas, contavam a história no início de cada passeio para desencorajar a coleta de pedras.
O mito pegou, contado como se fosse um tabu havaiano original, e todos os anos inúmeros turistas os enviam de volta para escapar da terrível sorte que Pele lhes causou. Assim, embora a lenda em si seja provavelmente de origem do século XX, a remoção de rochas como lembranças agora é desaprovada pelos havaianos. Além disso, é ilegal remover minerais de dentro de um parque nacional dos EUA .
Arte de Emi Sandu |
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