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Jambavan (sânscrito: जाम्बवान्, também conhecido como Jambavanta (sânscrito: जाम्बवन्त) é uma figura proeminente na mitologia hindu, conhecido como o "rei dos ursos". Ele é de uma espécie conhecida como riksha, que embora se assemelhasse em muitos aspectos aos humanóides macacos conhecidos como vanaras, lembravam mais a ursos. Jambavan é uma figura sábia, devota e imortal, tendo participado de diversos eventos importantes, especialmente nos épicos indianos Ramayana e Mahabharata. Ele esteve presente durante a agitação do oceano de leite e acredita-se que ele tenha circulado Vamana, o quinto avatar de Vishnu, sete vezes quando este estava recuperando o controle dos três mundos governados pelo asura Mahabali. Juntamente com Parashurama e Hanuman, Jambavan é um dos poucos seres que interagiram com Rama (sétimo avatar de Vishnu) e viveram para interagir também com Krishna (oitavo avatar de Vishnu).
Origem
Existem duas versões sobre seu nascimento nos textos purânicos. Na primeira versão de sua origem, encontrada no Ramayana, Brahma sentou-se por um longo tempo refletindo sobre a criação de seres poderosos, que poderiam auxiliar Vishnu. Durante essa meditação profunda, Brahma sentiu vontade de bocejar. Quando ele abriu a boca para bocejar, Jambavan saltou de dentro dela. Brahma então exclamou: "Eu já criei Jambavan, o nobre urso, que saltou da minha boca quando bocejei."
Na segunda versão, o nascimento de Jambavan ocorre em um momento de grande agitação cósmica. Um dia, enquanto a noite avançava e o tempo de Brahma estava terminando, dois asuras, Madhu e Kaitabha, surgiram da cera dos ouvidos de Vishnu e começaram a causar caos nas águas do grande dilúvio. Ao verem uma flor de lótus flutuando na superfície da água, eles perceberam Brahma sentado nela e o desafiaram para uma luta. Aterrorizado com o desafio dos asuras, Brahma começou a suar. O suor escorreu de seu rosto até suas coxas, e desse suor surgiu Jambavan. Por ter nascido do suor de Brahma, ele recebeu o nome "Ambujata", que significa "nascido das águas do suor". Além disso, Jambavan foi o primeiro ser a entrar no território de Jambunada (um local mítico rico em ouro), o que lhe valeu o nome "Jambavan".
Idade
Na época em que Rama (o sétimo avatar de Vishnu) apareceu, Jambavan já tinha vivido por seis manvantaras. Um manvantara é uma era governada por um Manu (o progenitor da humanidade em cada ciclo), e cada Manvantara é extremamente longo, durando milhões de anos. Além disso, ele também havia passado por 164 Caturyugas, que são ciclos de quatro eras chamadas Satya Yuga, Treta Yuga, Dvapara Yuga, e Kali Yuga. Cada Caturyuga equivale a um ciclo completo de eras, totalizando milhões de anos.
Para contextualizar melhor, a era atual é o 28º Caturyuga do sétimo Manvantara, o que significa que Jambavan já era incrivelmente antigo durante a época de Rama. Ele testemunhou todas as encarnações do deus Vishnu desde Matsya (o avatar em forma de peixe) até Rama. Isso faz de Jambavan uma das criaturas mais antigas e sábias da mitologia hindu, tendo acompanhado eventos cósmicos de várias eras.
Papel no Ramayana
No épico Ramayana, Jambavan aparece como parte do exército de Vanaras, liderado por Sugriva, o rei dos vanaras, que se aliou a Rama para resgatar Sita de Ravana, o rei demônio de Lanka. Jambavan, sendo o mais velho e sábio, é o conselheiro estratégico durante a busca por Sita. Uma das histórias mais emblemáticas de sua participação ocorre quando a busca chega à beira do oceano, que separa a Índia de Lanka.
Diante do vasto mar, os vanaras ficam perplexos sobre como atravessar essa barreira natural. É neste momento que Jambavan, em sua sabedoria, lembra Hanuman de seus poderes extraordinários. Hanuman, o filho do deus do vento, tem habilidades divinas que ele próprio havia esquecido. Jambavan o inspira com palavras de encorajamento, recordando-lhe sua verdadeira natureza como um ser dotado de força incomensurável e a capacidade de saltar distâncias incríveis. Com essa inspiração, Hanuman realiza o famoso salto de um continente ao outro, culminando na descoberta de Sita em Lanka e o início da grande batalha que se segue.
Jambavan continua a ser uma presença calma e confiante ao longo da jornada de Rama. Sua função não é apenas de conselheiro, mas também de um líder moral, que mantém o exército unido e firme diante dos desafios. Sua longevidade e experiência são fundamentais para a condução da estratégia, sempre com um olhar sábio e experiente.
Papel no Mahabharata
No Mahabharata, Jambavan reaparece em uma história que destaca não apenas sua força, mas também sua sabedoria e justiça. A jóia Syamantaka, um artefato divino que trazia prosperidade a quem a possuía, estava originalmente com Satrajit, um devoto do deus do sol, Surya. Satrajit presenteou a jóia a seu irmão, Prasena, que, ao sair para caçar, foi atacado e morto por um leão. O leão, por sua vez, foi morto por Jambavan, que levou a jóia para sua caverna e a guardou.
Krishna, que havia sido injustamente acusado de roubar a jóia, decidiu encontrar o verdadeiro culpado. Após seguir o rastro até a caverna de Jambavan, os dois entraram em um combate épico que durou 28 dias. A força física de Jambavan, acumulada ao longo de milênios, era lendária, mas, ao final do combate, ele reconheceu Krishna como uma encarnação de Vishnu e se rendeu. Como sinal de reverência, Jambavan oferece não só a jóia Syamantaka, mas também sua filha Jambavati em casamento a Krishna.
- WWW.WISDOMLIB.ORG. Story of Jāmbavān. Disponível em: <https://www.wisdomlib.org/hinduism/compilation/puranic-encyclopaedia/d/doc241637.html>.
- WILLIAMS, G. M. Handbook of Hindu Mythology. [s.l.] ABC-CLIO, 2003.
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