۞ ADM Sleipnir
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| Arte de Pouya Zariff |
Zāl (persa: زال, alternativamente grafado como Zaal; também conhecido como Dastān) é um lendário rei iraniano da região de Sistão, e é reconhecido como um dos maiores guerreiros do épico Shahnameh ("O Livro dos Reis"), escrito pelo poeta Ferdowsi. Zāl nasceu em uma família de renomados guerreiros que, por gerações, serviram como generais no exército persa. Seu pai, Sām, e seu avô, Nariman, foram heróis lendários da Pérsia antiga, conhecidos por protegerem a "Terra do Irã" (Iran-zamin). Zāl também foi o pai de Rostam, o maior herói do Shahnameh, e de Zawara, outro guerreiro notável.
Nascimento e Infância
Zāl nasceu com cabelos brancos, uma característica rara e incomum. Por essa razão, seus pais o nomearam Zāl, termo que, em persa, refere-se a pessoas com albinismo. Seu pai, Sām, interpretou a aparência do filho como um sinal de má sorte, atribuindo-a à influência do espírito maligno Ahriman. Devido a isso, Zāl foi abandonado ainda bebê nas montanhas Alborz, o ponto mais alto do Irã. Lá, Zāl foi encontrado pelo Simurgh, uma criatura mítica semelhante a uma fênix, conhecida por sua sabedoria e tamanho colossal.
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| Arte de MinohKim |
O Simurgh levou o bebê para seu ninho e o criou como se fosse seu próprio filho. Anos depois, caravanas que passavam pelas montanhas avistaram um jovem nobre no ninho do pássaro, com uma aparência impressionante. A notícia chegou a Sām, que, arrependido, foi até o local para recuperar seu filho. No entanto, ele não conseguiu escalar o ninho elevado. Após orar por perdão, o Simurgh devolveu Zāl ao seu pai, mas antes de partir, deu ao jovem uma de suas penas, dizendo:
"Queime esta pena se precisar de mim, e que seu coração nunca se esqueça de sua ama, cujo coração se parte de amor por você."
Essa pena tornou-se um símbolo de proteção e ajuda divina na vida de Zāl.

Zāl e Rudabeh
Após se reconciliar com seu pai, Zāl tornou-se um governante respeitado e poderoso. Durante uma de suas viagens reais para inspecionar as províncias orientais de seu reino, ele chegou a Cabul, onde conheceu Rudabeh, a filha de Mehrab, um rei vassalo descendente do tirano Zahhak. Rudabeh era conhecida por sua beleza extraordinária e inteligência, e Zāl imediatamente se apaixonou por ela. No entanto, o romance entre os dois não foi simples, pois a família de Zāl desaprovava a união com uma descendente de Zahhak, considerado um símbolo do mal na mitologia persa.
O amor entre Zāl e Rudabeh floresceu em segredo. Em um dos encontros mais memoráveis, Zāl aproximou-se do palácio de Rudabeh, onde ela, para ajudá-lo a escalar as muralhas, ofereceu suas longas tranças como uma corda. No entanto, Zāl, precavido, trouxe sua própria corda e escalou as paredes do palácio.

Os dois se encontraram em um momento de paixão intensa, e Rudabeh acabou engravidando. Quando Mehrab descobriu o romance, ficou furioso, mas também temia as consequências de enfrentar Zāl, um guerreiro poderoso e respeitado. Zāl, por sua vez, sabia que seu pai, Sām, e o imperador Manuchehr, desaprovariam seu casamento com uma descendente de Zahhak. Para conseguir a aprovação, ele escreveu uma carta emocionada a seu pai, lembrando-o do juramento que havia feito de apoiar todos os desejos de Zāl. Sām, embora relutante, consultou os Mubeds (sacerdotes) e astrólogos para saber se o casamento seria auspicioso. Os astrólogos previram que a união seria abençoada e que o filho de Zāl e Rudabeh se tornaria um grande conquistador.
Zāl também foi à corte de Manuchehr para provar seu valor. Lá, ele foi submetido a uma série de testes, incluindo responder a enigmas complexos propostos pelos sábios do imperador e demonstrar suas habilidades em combate. Zāl respondeu a todas as perguntas com sabedoria e mostrou-se um guerreiro excepcional, derrotando os melhores combatentes da corte em torneios de arco e flecha e combate montado. Impressionado, Manuchehr finalmente aprovou o casamento dos dois.
O Nascimento de Rostam
A união de Zāl e Rudabeh foi abençoada com o nascimento de Rostam, o maior herói da mitologia persa. No entanto, o parto de Rostam foi extremamente difícil. Rudabeh sofreu complicações que ameaçaram sua vida e a do bebê. Em um momento de desespero, Zāl queimou a pena que o Simurgh havia lhe dado. O pássaro mítico apareceu imediatamente e instruiu Zāl a passar uma de suas penas pela barriga de Rudabeh, como se fosse uma faca. Esse ato mágico permitiu o nascimento seguro de Rostam, que cresceu para se tornar o maior campeão do Shahnameh.

Governo e Conquistas
Após o nascimento de Rostam, Zāl governou Zabolistão (como a região de Sistão é chamada no Shanameh) com sabedoria e justiça. Ele serviu não apenas como rei, mas também como general e conselheiro do imperador persa, desempenhando um papel crucial nas campanhas militares contra os Turanianos, os inimigos tradicionais do Irã. Zāl era conhecido por sua estratégia brilhante e habilidades de combate, liderando suas tropas a várias vitórias significativas. Sua reputação como um dos maiores guerreiros de seu tempo só cresceu com o passar dos anos.
Família e Conflitos
Zāl viveu uma vida extraordinariamente longa, ultrapassando os trezentos anos. Durante esse tempo, ele testemunhou tanto a glória quanto a tragédia em sua família. Além de Rostam, Zāl e Rudabeh tiveram outro filho, Zawara, que também se tornou um guerreiro notável, embora menos famoso que seu irmão mais velho. Zawara lutou ao lado de Rostam em várias campanhas, demonstrando lealdade e coragem.
Após a morte de sua amada esposa, Rudabeh, Zāl teve outro filho, Shagad, com uma serva. Apesar de avisos de conselheiros sobre o caráter maligno de Shagad, Zāl recusou-se a abandoná-lo, temendo repetir o erro que seu pai, Sām, havia cometido ao abandoná-lo quando criança.
Anos mais tarde, Zāl enfrentou um dos momentos mais dolorosos de sua vida quando seus dois filhos, Rostam e Shagad, entraram em conflito. Shagad, movido por inveja e ressentimento, conspirou contra Rostam, levando a uma tragédia familiar que resultou na morte de ambos os irmãos. Zāl, já idoso, foi profundamente afetado pela perda de seus filhos.
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| Rostam (sobre o cavalo) e Shagad (atrás da árvore) matam um ao outro |
Conflito com Bahman
Outro desafio significativo na vida de Zāl foi o conflito com Bahman, filho de Esfandiyar. Esfandiyar havia sido morto por Rostam em um combate lendário, e Bahman jurou vingança. Ele invadiu o Zabolistão com um exército poderoso, determinado a destruir a família de Zāl. Zāl, já muito velho para lutar, foi capturado por Bahman e aprisionado. Seus tesouros foram saqueados, e ele foi humilhado diante de seus inimigos.
No entanto, a intervenção de Pashotan, tio de Bahman e um homem de grande sabedoria, mudou o curso dos eventos. Pashotan convenceu Bahman a libertar Zāl, argumentando que a vingança não traria honra e que Zāl merecia respeito por suas contribuições ao Irã. Bahman, embora relutante, concordou e libertou Zāl, permitindo que ele retornasse ao seu reino.
Morte
Zāl passou seus últimos anos governando Zabolistão mais uma vez, mas sua dinastia já estava em declínio. Ele morreu de causas naturais em idade avançada, marcando o fim de uma era gloriosa. Com sua morte, a linhagem de heróis que ele representava começou a se fragmentar, e o poder de sua família diminuiu gradualmente.
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| Arte de Merriya |
- ENCYCLOPAEDIA IRANICA FOUNDATION. Welcome to Encyclopaedia Iranica. Disponível em: <https://www.iranicaonline.org/articles/zal>;
- WIKIPEDIA CONTRIBUTORS. Zāl. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Z%C4%81l>.
Zāl





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