۞ ADM Sleipnir
Tonatiuh ("movimento do sol" na língua nauátle, também chamado de "Senhor da Turquesa") é um deus-sol da mitologia asteca, também presente na cultura dos povos mixtecas e toltecas. Ele era conhecido como o "quinto sol", pois os astecas acreditavam que ele assumiu o posto quando o quarto sol foi destituído, e de acordo com sua cosmogonia, cada sol representava um deus com a sua própria era cósmica. Os astecas acreditavam viver na 5ª era cósmica, que é a nossa era (o presente).Tonatiuh também era conhecido como o líder de Tollan, o céu asteca.
Iconografia
Tonatiuh costuma ser mais frequentemente representado como um disco solar simbólico, o qual foi esculpido pelos astecas no passado em monumentos e esculturas em grande escala. Durante as cerimônias de sacrifício realizadas em sua homenagem, um imitador do deus costumava carregava esse disco nas costas. O deus também podia ser representado pintado de vermelho e usando um cocar de penas de águia e segurando um escudo que se assemelha ao disco solar.
Muitos estudiosos consideram que o rosto central da famosa Pedra do Sol (também conhecida como Pedra do Calendário), encontrada na base do Templo Mayor da capital asteca de Tenochtitlan, e hoje abrigada no Museu Nacional de Antropologia do México, é o rosto de Tonatiuh.
Mitologia
O mito de Tonatiuh começa quando ele ainda era chamado Nanauatzin (ou Nanahuatl). Segundo a lenda, Nanauatzin era um deus feio, pobre e leproso, e por isso era desprezado pelos demais deuses. Um dia, os deuses se reuniram em Teotihuacan para decidir quem ficaria responsável pela criação do novo sol, e essa tarefa exigia que o voluntário se atirasse em uma fogueira e sacrificasse sua vida. Nanauatzin foi um dos que se voluntariaram a se sacrificar, ao lado de outro deus chamado Tecciztecatl. Tecciztecatl era um deus belo e orgulhoso, e insistiu que ele seria quem iria se sacrificar, porém no momento de consumar o ato, ele hesitou em se atirar nas chamas. Foi então que Nanauatzin, demonstrando ser mais corajoso, prontamente pulou no fogo.
Ao ver o ato de Nanauatzin, Tecciztecatl ganhou coragem e também pulou, formando assim dois sóis no céu. Os deuses não gostaram da atitude de Tecciztecatl, e atiraram um coelho em sua direção, o que deixou uma marca nele e fez seu brilho diminuir ao ponto em que ele só podia ser visto à noite (transformando-se assim na lua). Já Nanauatzin havia se tornado o verdadeiro sol, recebendo um novo nome, Tonatiuh, só que havia um problema: em sua primeira aparição nos céus, ele se recusou a se mover. Guardando mágoas pelo desprezo que sofreu no passado, Tonatiuh exigiu que todos os deuses lhe oferecessem seus corações como sacrifício.
A vaidade e arrogância de Tonatiuh irritaram os deuses, em particular Tlahuixcalpantecuhtli (que representava a estrela da manhã, Vênus), que atirou um dardo/flecha contra Tonatiuh tentando fazer com que ele se movesse. Tonatiuh no entanto retaliou o ataque jogando o dardo de volta, atingindo Tlahuizcalpantecuhtli em sua testa, transformando-o instantaneamente em pedra e no deus Itztlacoliuhqui-Ixquimilli, uma divindade associada ao gelo e ao frio. Nesse momento, os deuses perceberam que só o sacrifício exigido por Tonatiuh faria com que ele se movesse, então Quetzalcoatl ofereceu-lhe o coração de centenas de deuses que se sacrificaram para esse fim. A oferta surtiu efeito, e finalmente Tonatiuh começou sua jornada.
Um deus de muitos sacrifícios
O deus Itztlacoliuhqui-Ixquimilli continuaria a se opor a Tonatiuh, levantando-se de tempos em tempos para confrontá-lo. Tonatiuh tinha ainda que lidar com Tlaltecuhtli, divindade da terra a qual acreditava-se que engolia o sol todas as noites e o regurgitava pela manhã. Por conta disso, Tonatiuh tinha que ser fortalecido por meio de sacrifícios humanos para que pudesse não só cumprir sua tarefa diária mas também lidar com essas adversidades.
Os guerreiros eram intimamente associados à Tonatiuh porque era seu dever assegurar um suprimento constante de vítimas sacrificiais para ele. Acreditava-se que os espíritos dos guerreiros mortos eram conduzidos à vida após a morte pelo próprio Tonatiuh. Além disso, dado o papel vital do sol em garantir o bem-estar do cosmos e a posição do governante asteca como guerreiro chefe, Tonatiuh tinha seu próprio altar de sacrifício durante as cerimônias de coroação. Em tempos de grandes combates, como fome, seca e guerra, Tonatiuh poderia receber o grande número de sacrifícios sangrentos. Não se sabe exatamente quantas vidas foram tomadas para atender as necessidades de Tonatiuh, mas o fato é que para os astecas, uma das mortes mais honradas era o sacrifício para o deus Sol.
Arte de dem0n-be |
Nomes e Associações com outros deuses
A ideia mesoamericana de um deus solar com qualidades marciais remonta à clássica figura maia K'inich Ajaw. Para a civilização zapoteca (500 aC - 900 dC) nas terras altas do sul do México central, no vale de Oaxaca, Tonatiuh era Copijcha (também conhecido como Cocicho). A civilização tolteca, que floresceu no México central entre os séculos X e XII, o associou intimamente à Quetzalcóatl, o deus serpente emplumada.
Para os astecas do antigo México (entre 1345-1521 d.C.) Tonatiuh também era conhecido como Cuauhtlehuanitl ('Águia Ascendente') e Cuauhtemoc ('Águia Descendente'). O sol era associado ao ouro e, para os mixtecas, era feito de turquesa. Por isso Tonatiuh às vezes é conhecido como "Senhor da Turquesa" (como também o é, confusamente, Xiuhtecuhtli, o deus asteca do fogo).
A associação de Tonatiuh com Pedro de Alvarado
Durante a conquista espanhola no século XVI, os astecas se referiram ao explorador e conquistador espanhol Pedro de Alvarado como Tonatiuh. Alvarado era considerado violento e agressivo e tinha uma barba ruiva, lembrando-os de seu deus-sol (que muitas vezes era pintado de vermelho).
fontes:
- https://www.worldhistory.org/Tonatiuh;
- https://en.wikipedia.org/wiki/T%C5%8Dnatiuh;
- South and Meso-American Mythology A to Z, 2ª Edição, de Ann Bingham;
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