22 de outubro de 2025

Krã-kam-djuáre

۞ ADM Sleipnir

Krã-kam-djuáre (“Dentes na Cabeça”) é uma figura mítica da mitologia Kayapó, povo indígena pertencente ao tronco linguístico , habitante da região central do Brasil. De acordo com o mito, ele era um velho temido na aldeia por seu comportamento maligno. Ele costumava chamar as jovens mulheres — chamadas Me-kureré — sob o pretexto de que o ajudassem a catar piolhos. Entretanto, escondidos entre seus longos cabelos havia dentes que mordiam os dedos das moças enquanto elas trabalhavam. Após provar-lhes o sangue, o velho as matava e devorava, pois era antropófago.

Certa vez, Krã-kam-djuáre chamou uma mulher bonita, que, ao sentir os dentes ocultos em sua cabeça, gritou de dor. Quando seus parentes perguntaram o motivo, ela, tomada pelo medo, não revelou a verdade. Decidiu então fugir da aldeia, mas não sabia como escapar sem ser descoberta. Na casa de sua mãe vivia um tatu amigo, que se ofereceu para cavar um túnel subterrâneo ligando a habitação à floresta, além do círculo das casas. Assim, a mulher conseguiu fugir, deixando um periquito de estimação para esconder a entrada do túnel com as asas.

Ao perceber a fuga, o velho iniciou a perseguição. A mulher encontrou refúgio com a Garça (Kube-kamrí), que a escondeu engolindo-a e deixando à mostra apenas o fio de madrepérola de seu colar. Quando o perigo passou, a garça retirou a mulher em segurança. Mais adiante, foi o Jacaré (Kube-mi) quem a ajudou, transportando-a nas costas através de um rio.

Quando alcançou a outra margem, ainda perseguida, a mulher lançou na água um pedaço de madeira, que imediatamente foi devorado pelas piranhas. Lançou outro, mais grosso, com o mesmo resultado. Inspirada, ela traçou um caminho falso (pru-kaigó), deixando pegadas bem visíveis até a beira da água, como se tivesse atravessado o rio a nado, e escondeu-se na mata. Ao chegar, o velho, enfurecido e apressado, seguiu o falso rastro e atirou-se nas águas — sendo devorado pelas piranhas.

Com a morte de Krã-kam-djuáre, as mulheres ficaram livres de sua perseguição. No entanto, segundo a tradição, os piolhos teriam permanecido como herança de sua existência, castigando os humanos até os dias atuais. 


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