18 de outubro de 2025

Hubal

 ۞ ADM Sleipnir


Hubal (árabe: هُبَل) foi uma divindade árabe pré-islâmica, venerada principalmente pelos coraixitas na Caaba, em Meca, antes da consolidação do Islã. Era representado por uma estátua antropomórfica associada a práticas de adivinhação e controle do destino, desempenhando papel central na religião local até a destruição de seu culto por Maomé, em 630 d.C.

Etimologia

A origem do nome Hubal é incerta. Hipóteses linguísticas o relacionam ao deus Baal da tradição cananeia, possivelmente a partir da expressão aramaica hu bel (“ele é Baal”). Outra interpretação o associa à combinação dos termos Hu (“espírito” ou “deus”) e Baal (“senhor” ou “mestre”), indicando uma provável origem semítica comum.

Fontes islâmicas antigas, como os historiadores Ibn al-Kalbi e Al-Azraqi (séculos IX–X), afirmam que o ídolo foi trazido de Hīt, na Mesopotâmia, por Amr ibn Luhayy, chefe da tribo Khuza’a, sendo posteriormente adotado pelos coraixitas. Já pesquisadores modernos, como Philip K. Hitti, sugerem que o culto foi importado do norte da Arábia, possivelmente de Moabe ou de regiões nabateias. Inscrições encontradas em territórios nabateus mencionam Hubal ao lado de deuses como Dushara e Manawatu, reforçando a hipótese de influência nabateia no culto mequense.

Iconografia

Segundo relatos islâmicos primitivos, a estátua de Hubal tinha forma humana, confeccionada em ágata vermelha (ou cornalina), com a mão direita quebrada e substituída por uma mão de ouro. Diante de seu ídolo, eram dispostas sete flechas usadas em rituais de adivinhação para decisões sobre casamento, morte e questões tribais. A oferenda tradicional era o sacrifício de cem camelos, simbolizando devoção e busca de “boa sorte”.



Mitologia e função religiosa

A função exata de Hubal no panteão árabe é incerta. O orientalista Julius Wellhausen o identificou como filho da deusa al-Lāt e irmão de Wadd, enquanto o arqueólogo Hugo Winckler o associou a um deus lunar. Outros estudiosos, como Mircea Eliade e Charles J. Adams, descreveram Hubal como uma divindade guerreira e da chuva, associada à fertilidade e à coerência tribal entre os povos Kinana e Tihama.

Em um episódio preservado na tradição islâmica, ‘Abd al-Muttalib, avô de Maomé, consultou as flechas de Hubal para decidir qual de seus filhos deveria ser sacrificado em cumprimento de um voto. A escolha recaiu sobre ‘Abd-Allah, pai do profeta, mas o sacrifício foi substituído por cem camelos. Durante a Batalha de Uhud, Abu Sufyan ibn Harb, líder coraixita, invocou Hubal em busca de vitória sobre os muçulmanos — um dos últimos registros históricos do culto.

Culto

O culto a Hubal estava centrado na Caaba, em Meca, e era controlado pelos coraixitas, que administravam o santuário. O deus era considerado a principal divindade do panteão local e o guardião da sorte e do destino humano. A destruição do ídolo ocorreu em 630 d.C., quando Maomé conquistou Meca e purificou a Caaba, eliminando todos os símbolos politeístas e dedicando o santuário exclusivamente ao monoteísmo islâmico.

Interpretações modernas

Em tempos modernos, Hubal passou a ser usado como símbolo de idolatria e corrupção espiritual. A teoria de Robert Morey, apresentada em Moon-god in the Archaeology of the Middle East (1994), identifica Hubal como “deus lunar de Meca” e antecessor de Alá — hipótese que carece de fundamentação arqueológica e linguística e é amplamente rejeitada por especialistas. Pesquisadores como Farzana Hassan interpretam essa teoria como parte de um discurso evangélico que retrata o Islã como uma forma de paganismo reconfigurado.

Arte de faazadferoze


fontes:

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