۞ ADM Sleipnir
Arte de Moyi Zhang |
O Grande Sábio e seus irmãos retornaram rapidamente à corte, onde foram recebidos com grande respeito pelo rei, pela rainha e por todos os súditos. Ele então relatou seu encontro com o bodhisattva, e todos os funcionários imperiais, em sinal de reconhecimento, prostraram-se ao chão, batendo repetidamente a testa no solo. Quando o clima parecia tomado por um contentamento geral, o Guardião da Porta Amarela apresentou-se, anunciando com voz firme:
— Será possível que aquele monstro tenha se disfarçado como o Bodhisattva Manjusri para nos enganar e, agora, tenha tomado nossa aparência para confundir a todos aqui presentes? — perguntou Bajie ao Peregrino, visivelmente preocupado.
— Não acredito nisso — respondeu o Peregrino. — Embora tudo neste mundo seja possível, isso me parece improvável.
Os funcionários imperiais permitiram a entrada dos visitantes, e o Peregrino, com grande alívio, constatou que eram quatro monges vindos do Monastério da Gruta Sagrada. Eles traziam a coroa do rei, seu cinto de jade verde, sua túnica marrom-avermelhada e suas botas.
— Ainda bem que chegaram! — exclamou o Peregrino, visivelmente satisfeito.
Então, ele pediu que o rei se aproximasse, e os monges do monastério começaram a vesti-lo com as insígnias reais que haviam sido cuidadosamente limpas por eles. Primeiro, retiraram o pano que cobria sua cabeça e o adornaram com o chapéu real. Em seguida, tiraram suas vestes de tecido simples, substituindo-as pela túnica marrom-avermelhada. Desamarraram o seu cinto de seda e retiraram suas sandálias monásticas, colocando em seu lugar o cinto de jade verde e as elegantes botas decoradas com desenhos de nuvens. Por fim, o príncipe foi instruído a trazer o bastão de jade branco e entregá-lo ao rei, convidando-o a reassumir o trono que lhe pertencia por direito. Afinal, como diz o antigo provérbio: "A corte não deve passar um único dia sem prestar homenagem ao seu senhor."
Sanzang recusou educadamente a oferta, explicando que estava decidido a obter as escrituras e a apresentar seus respeitos a Buda. O rei, no entanto, não se deixou desanimar. Voltou-se para o Peregrino e fez-lhe a mesma proposta, que foi rejeitada com as seguintes palavras
— Serei bem sincero. Se eu quisesse ser rei, já teria ocupado um dos muitos tronos existentes neste mundo há muito tempo. Mas nem eu, nem meus irmãos temos esse desejo. Preferimos levar a vida simples e sem complicações de monges comuns. Se aceitássemos sua oferta, teríamos que deixar o cabelo crescer, não poderíamos nos recolher para descansar antes que a noite estivesse completamente escura, e deveríamos nos levantar antes do início da quinta vigília. Isso sem contar o estado constante de preocupação com a segurança das fronteiras e o bem-estar dos súditos, sempre vulneráveis à fome e às desgraças. Não conseguiríamos viver! É melhor que o senhor continue como rei e nós sigamos cultivando a virtude.
O rei insistiu com determinação por várias vezes, mas, ao final, compreendeu que não havia outra escolha a não ser reassumir o trono que sempre fora seu. A primeira medida que tomou, ao voltar a usar o “nós” real, foi conceder uma anistia geral que se estendeu por todo o império. Em seguida, encheu o Monastério da Gruta Sagrada de riquezas incontáveis e organizou um banquete em homenagem a Sanzang no Palácio Oriental. Não satisfeito, convocou os melhores pintores do reino e encomendou retratos dos quatro Peregrinos, que passaram a adornar o Salão dos Carrilhões de Ouro a partir de então.
Finalizada a sua missão, o mestre e seus discípulos se prepararam para seguir viagem rumo ao Oeste. Em sinal de gratidão, o rei, a rainha e todos os súditos lhes ofereceram grandes quantidades de ouro, prata e seda. Contudo, Sanzang, falando em nome dos quatro, recusou energicamente. Tudo o que desejavam era um salvo-conduto que lhes permitisse selar o cavalo e partir o quanto antes.
Mesmo assim, o rei acreditava que não havia demonstrado gratidão suficiente e insistiu para que o monge Tang se acomodasse em sua própria carruagem-dragão. Funcionários imperiais, tanto civis quanto militares, abriram o cortejo, enquanto o próprio rei, o príncipe e todas as concubinas empurravam humildemente a carruagem.
— Após chegarem ao Paraíso Ocidental e cumprirem a sua missão de obter as escrituras sagradas, não se esqueçam de passar novamente por aqui.
— Assim o faremos — prometeu Sanzang.
O rei, então, retornou à cidade, seguido por todos os súditos, que, assim como ele, choravam sem parar.
Assim, finalmente o monge Tang e seus discípulos puderam continuar sua árdua jornada. Em suas mentes, havia apenas um objetivo: alcançar o mais rápido possível a Montanha do Espírito. O outono chegava ao fim, e o inverno, embora ainda tímido, já dava sinais de sua chegada. A geada começava a marcar os arces, e a floresta se encontrava nua e desolada. Apenas os milhetes pareciam resistir às primeiras rajadas de frio, fortalecidos pelas últimas chuvas do outono.Os ciruelos da montanha traziam um toque de cor ao tímido sol matinal, enquanto os bambuzais balançavam ao sabor do vento frio.
Depois de deixarem para trás o Reino do Galo Negro, os Peregrinos viajavam durante o dia e descansavam à noite. Cerca de meio mês se passou até que se depararam com uma montanha tão alta que parecia tocar as nuvens, obscurecendo o próprio sol. Diante de tal visão, Sanzang sentiu o ânimo vacilar. Então, interrompeu a caminhada e chamou pelo Peregrino.
— Deseja me dizer algo? — perguntou o Peregrino.
— Está vendo a imensa montanha que se ergue à nossa frente? — replicou Sanzang. — Seria prudente redobrarmos os nossos cuidados. Não seria nenhuma surpresa se uma criatura maligna habitasse ali, determinada a impedir nossa jornada.
— Talvez você tenha razão — comentou o Peregrino. — Mas não se preocupe e siga em frente. Tenho um plano de defesa preparado.
Ao ouvir isso, o mestre sentiu-se aliviado e fez o cavalo avançar. A montanha era, de fato, extremamente íngreme. Seu cume tocava o céu, enquanto o mais profundo de seus desfiladeiros parecia alcançar as portas do próprio inferno. As nuvens pareciam ter adotado aquele lugar como lar. Ora formavam anéis brancos e caprichosos que subiam livremente pelas encostas, ora se convertiam em uma névoa escura e ameaçadora. Elas dançavam entre os ciruelos avermelhados, os bambus em tons de jade, os cedros verdes e os pinheiros azulados. No coração daquela majestosa montanha, desfiladeiros de mais de mil metros de profundidade escondiam cavernas sombrias, habitadas por monstros de formas bizarras. Gotas d’água escorriam para essas cavernas, formando riachos de curso irregular. Na superfície, o cenário era mais acolhedor. Famílias inteiras de macacos frugívoros pulavam ruidosamente de galho em galho, sob o olhar assustado dos antílopes e a altiva movimentação dos cervos. À distância, era possível ver tigres retornando às suas tocas para passar a noite. Ao amanhecer, quando os primeiros raios de sol espreitavam atrás das escarpas, dragões saíam de seus covis e mergulhavam nos rios, agitando as ondas com suas garras. O menor ruído fazia as aves selvagens alçarem voo, batendo as asas freneticamente. Toda prudência era pouca, pois o bosque era repleto de bestas selvagens afiando suas garras nas resistentes cascas das árvores. Tamanha era sua ferocidade que qualquer um que tivesse a infelicidade de avistá-las era tomado pelo pânico. As cavernas onde viviam eram de difícil acesso, muitas delas compartilhadas com monstros. Por toda parte, as rochas exibiam um verde tão intenso que pareciam cobertas por jade. Esse tom harmonizava-se com o azul da névoa, que se espalhava como um véu sobre toda a paisagem.
Apesar de uma beleza tão singular, tanto o mestre quanto seus discípulos começaram a perder a confiança. E não era para menos. A poucos passos de onde estavam, surgiu uma nuvem avermelhada, que se condensou no ar e tomou a forma de uma bola de fogo.
Alarmado, o Peregrino correu até o monge Tang, agarrou sua perna e o fez descer rapidamente do cavalo, enquanto gritava:
— Parem! Um monstro está se aproximando!
Bajie e o Monge Sha empunharam suas armas e se posicionaram ao lado do mestre. Dentro daquela bola de fogo, de fato, havia um monstro. Há anos ele ouvira falar que o monge enviado pelo Grande Imperador dos Tang ao Paraíso Ocidental era na verdade a reencarnação da Cigarra de Ouro, um homem virtuoso que havia dedicado mais de dez vidas consecutivas à prática de boas ações. Dizia-se que quem provasse um pedaço de sua carne teria seus dias prolongados até alcançar a mesma idade do Céu e da Terra. O monstro esperava há muito pela chegada do Peregrino, e seus desejos pareciam prestes a se realizar. Contudo, ao observar de cima, notou, desconcertado, que tanto o monge Tang quanto seu cavalo estavam protegidos por outros três monges de aparência grotesca e gestos claramente combativos.
— Ora, veja só! — exclamou o monstro, surpreso. — Quem diria que um clérigo tão virtuoso teria a proteção de brutamontes como esses? Eles até já arregaçaram as mangas e se prepararam para lutar, como verdadeiros guerreiros. Um deles deve ter me reconhecido e alertado os outros para ficarem em guarda. Provar a carne desse monge vai ser muito mais difícil do que eu imaginava.
O monstro analisou a situação com mais atenção e chegou a algumas conclusões:
— Se eu sacar minhas armas, provavelmente não conseguirei nem me aproximar. Contudo, se recorrer à astúcia, tenho certeza de que alcançarei meus objetivos. Posso até mesmo usar a bondade para confundi-los ainda mais. Assim que conseguir desorientá-los, me livrarei deles facilmente. Vou brincar um pouco com eles e ver no que dá.
O monstro fez com que a bola de fogo se dissipasse no ar e se escondeu atrás de uma curva rochosa que havia um pouco mais à frente. Com um leve movimento do corpo, transformou-se em um menino de cerca de sete anos, completamente nu, pendurado no alto de um pinheiro.
— Socorro! Alguém me ajude! — gritava o menino, balançando-se angustiado na corda que o prendia.
Assim que o Grande Sábio percebeu que a bola de fogo havia desaparecido, disse ao seu mestre:
— Levante-se e sigamos nosso caminho.
— Mas você não disse que um monstro estava se aproximando? — questionou o monge Tang. — Como pode agora nos mandar seguir viagem?
— Há pouco — explicou o Peregrino —, vi uma nuvem avermelhada erguer-se do solo e se transformar em uma bola de fogo. Pensei que fosse algum monstro, mas, de repente, a bola de fogo se dissipou. Concluí que se tratava apenas de um monstro que passava por este local e que não tinha intenção alguma de nos fazer mal, seguindo o seu caminho. Portanto, é melhor fazemos o mesmo.
— O que você diz é muito convincente — provocou Bajie, com um sorriso zombeteiro. — Mas desde quando monstros deixam de fazer mal as pessoas?
— Na verdade, muitas vezes — respondeu o Peregrino. — Por exemplo, quando um rei monstro envia convites para os espíritos de várias montanhas e cavernas para participarem de um banquete, espíritos monstruosos de todas as direções — norte, sul, leste e oeste — vem para o evento, sem se importar com quem encontram no caminho. Seja alguém sem graça como você ou saboroso como o mestre, eles só querem chegar à festa. Provavelmente, está para acontecer um desses banquetes por aqui, e esse monstro deve ser um dos convidados.
Sanzang não parecia muito convencido, mas não teve outra escolha senão montar novamente em seu cavalo e seguir em frente. Quanto mais avançavam pela montanha, mais próximos soavam os gritos, que clamavam:
— Socorro! Me ajudem!
— Quem pode estar gritando dessa forma em um lugar tão deserto como este? — perguntou o mestre aos discípulos, visivelmente surpreso.
— Continue andando e não se preocupe com nada — sugeriu o Peregrino. — É comum ouvir todos os tipos de sons em lugares assim. Só os Céus sabem quantas criaturas diferentes habitam estas montanhas.
— Não estou falando de animais — retrucou Sanzang, firme. — Estou falando de alguém como nós.
— Já entendi o que quer dizer — disse o Peregrino, sorrindo — mas isso não é problema nosso. É melhor continuarmos nosso caminho.
Sanzang hesitou, mas acabou concordando. Ainda assim, mal haviam avançado mais meio quilômetro quando os gritos se repetiram, mais claros:
— Socorro! Me ajudem!
— Não é possível que esses sejam os gritos de um monstro — comentou Sanzang. — Também não parecem ecos. Escute com atenção. Sem dúvida, é algum homem em apuros. Precisamos ajudá-lo imediatamente!
— É melhor que, ao menos por hoje, deixe sua compaixão de lado — aconselhou o Peregrino. — Pode retomá-la assim que sairmos desta montanha. É estranho que, depois de ter lido tantas histórias sobre plantas possuídas por espíritos, tenha esquecido que tudo o que existe pode se transformar em um monstro. Muitos deles são inofensivos, mas, se nos depararmos com uma serpente enorme que tenha alcançado certo nível de perfeição, podemos correr grande perigo. Um espírito assim pode até saber o nome de uma pessoa. Escondido entre a vegetação ou nas rochas, pode chamá-lo repetidamente e, se alguém responder, perderá a vida naquela mesma noite, e seu espírito se fundirá ao da criatura. É melhor ignorarmos o seu chamado. Como dizem os antigos: "Escapar já é motivo para agradecer aos deuses". Por isso, peço encarecidamente que não dê ouvidos a essas vozes.
O mestre teve de reconhecer, mais uma vez, que o Peregrino estava certo e incentivou o cavalo a seguir em frente. No entanto, o Peregrino continuou a pensar consigo mesmo:
— Esses gritos devem ser, sem dúvida, do monstro que apareceu em nosso caminho. Me pergunto onde ele terá se escondido. Já sei! Vou usar o truque de "Câncer contra Capricórnio" (1) contra ele. Assim, evitarei que ele nos encontre.
Então, aproximou-se de onde estava o Monge Sha e ordenou:
— Segure as rédeas do cavalo e não o deixe andar rápido demais. Vou dar uma breve pausa.
Assim que o monge Tang e os outros avançaram alguns passos, o Peregrino recitou um feitiço poderoso para encurtar distâncias e mover a montanha. Com um único gesto de seu bastão de ferro, Sanzang e os discípulos cruzaram o pico da montanha, deixando o monstro para trás. O Grande Sábio não demorou a alcançá-los. Mas, nesse exato momento, Sanzang voltou a ouvir os gritos de socorro e comentou:
— Essa pobre pessoa é muito azarada por não ter nos encontrado. Creio que já passamos por ela. Conseguem ouvir os gritos dela do outro lado da montanha?
— Se ela ainda está por aqui, deve estar deste lado — disse Bajie. — É provável que o vento tenha mudado de direção e esteja nos confundindo.
— Não importa se o vento mudou ou não de direção — respondeu o Peregrino. — Vamos nos concentrar no que é realmente importante. Continuemos nosso caminho, sem nos preocupar com mais nada.
Ninguém comentou mais nada sobre o assunto, concentrando-se apenas na trilha íngreme e difícil a frente. O monstro, por sua vez, continuou gritando por socorro, mas ninguém apareceu para ajudá-lo. Então pensou consigo mesmo:
— Quando vi o monge Tang há pouco, ele estava a menos de cinco quilômetros de distância. Já estou aqui esperando a tanto tempo... Por que ele ainda não chegou? Será que ele tomou outro caminho?
O monstro então sacudiu o corpo novamente e instantaneamente se livrou da corda que o prendia. Então, ele se elevou pelos ares na forma de uma bola de fogo e partiu em busca do monge Tang. O Grande Sábio não confiava totalmente no sucesso de sua estratégia e olhava para trás a todo momento enquanto caminhava. Assim, não demorou a vê-lo se aproximando. Mais uma vez, ele se aproximou do monge Tang e o fez descer do cavalo, gritando:
— Tomem cuidado, irmãos. Pelo visto, o monstro continua nos seguindo.
Bajie e o Monge Sha rapidamente pegaram suas armas e cercaram seu mestre. Ao ver o que estava acontecendo, o monstro não pôde deixar de pensar, surpreso:
— Que monges astutos! Agora pouco vi o monge de rosto pálido montado no cavalo. Por que ele agora ele está ao lado da montaria, rodeado pelos outros três? Preciso mudar imediatamente de tática e me livrar daquele que tem o poder de detectar minha presença. Caso contrário, meus esforços serão em vão e jamais alcançarei o meu objetivo.
O monstro então desceu das nuvens e, transformando-se novamente no jovem de antes, pendurou-se no alto de um pinheiro. Mas desta vez, posicionou-se a apenas um quilômetro de distância de onde estava o monge Tang. Quando o Grande Sábio percebeu que a bola de fogo havia se dissipado novamente, pediu ao seu mestre que subisse no cavalo e retomasse a jornada.
— Já é a segunda vez que você nos avisa sobre a presença de um monstro — protestou o monge Tang, um tanto irritado. — Por que quer que continuemos, se ele está tão perto como diz?
— Trata-se de um monstro viajante, como mencionei antes — explicou o Peregrino. — Ele não ousará nos causar o menor mal.
— Seu macaco insolente! Está apenas brincando comigo! — repreendeu-o Sanzang, perdendo a paciência. — Quando surge um monstro de verdade, você nunca diz nada. Mas basta atravessarmos uma região tão pacífica como esta para você começar a nos assustar e gritar que um monstro está solta por aí. Como posso acreditar em você? Ainda mais quando me agarra sem o menor respeito pelas pernas e me obriga a descer do cavalo, sem razão alguma. Depois, tudo se resolve com a desculpa de que é um monstro viajante. Mas as coisas não são tão simples como você imagina. Imagine, por exemplo, que o susto me faça cair do cavalo e eu quebre uma perna. Você conseguiria viver com essa responsabilidade pesando sobre sua consciência? Diga! Você conseguiria?
Sanzang ficou tão furioso que começou a recitar o feitiço que a Bodhisattva havia lhe ensinado para dominar o macaco. A dor de cabeça que atormentava Wukong era tão intensa que o Monge Sha, com pena, pediu ao mestre que pusesse fim ao castigo. Sanzang então montou novamente em seu cavalo e seguiu adiante. Contudo, antes mesmo de se acomodar direito na sela, ouviu alguém gritar:
— Mestre, por favor, me ajude!
Surpreso, ele levantou os olhos e viu um menino totalmente nu pendurado em uma árvore.
Então, voltou-se para o Peregrino e o repreendeu, dizendo:
— Como pode ser tão insensato? Em você não há a menor gota de bondade! Só pensa em me causar problemas e destruir tudo o que encontra pelo caminho. Eu disse que alguém pedia nossa ajuda, mas você insistiu que era um monstro. Olhe bem e me diga. O que está pendurado ali? É uma monstro ou uma pessoa?
O Grande Sábio não ousou responder. Sabia que, se falasse, o mestre começaria a recitar o feitiço novamente, então preferiu evitar esse tormento. Fingindo arrependimento, baixou a cabeça, em silêncio. Enquanto isso, o monge Tang aproximou-se da árvore. Com o chicote em mãos, dirigiu-se ao estranho pendurado nos galhos:
— A qual família você pertence? Por que está preso aí? Se não me disser, temo que não poderei ajudá-lo.
Que pena que o monge Tang usava apenas seus olhos mortais! Até o monstro ficou surpreso por não ser reconhecido. Isso o encorajou a continuar sua farsa. Entre soluços, aumentou o choro e respondeu com voz entrecortada:
— A oeste desta montanha corre o Riacho do Pinheiro Seco, onde, às margens, fica o povoado em que minha família vive. Meu avô, chamado Hong (2), acumulou uma grande fortuna e ficou conhecido como "Hong, o Milionário". No entanto, já faz muito tempo que ele faleceu, e toda sua riqueza passou para meu pai. Mas a sorte dele não foi a mesma. Tudo o que tentou nos negócios acabou em fracasso, a ponto de também ser chamado de Hong, o Milionário... só que em tom de zombaria. Tentando recuperar o que perdeu, meu pai contraiu empréstimos de prata e ouro com um grupo de cavaleiros destemidos. Mas, na verdade, eram apenas bandidos disfarçados. Quando ele finalmente jurou não pegar mais nenhum empréstimo, já era tarde demais. Os bandidos, sentindo-se à vontade, atacaram nossa casa em plena luz do dia. Levaram tudo o que puderam, mataram meu pai e, ao verem a beleza de minha mãe, a sequestraram para aprisioná-la em um bordel. Apesar de tudo isso, minha mãe teve coragem suficiente para me esconder sob suas saias e me levar consigo, sem que ninguém percebesse. Mas minha sorte não durou muito. Os bandidos descobriram o truque e, ao chegarem a esta montanha, decidiram me matar. Minha mãe implorou por minha vida, e eles, sem se importarem, resolveram me pendurar em uma árvore para que a fome me consumisse e os animais selvagens devorassem meu corpo depois. Foi sorte vocês passarem por este lugar tão desolado. Com certeza, essa boa fortuna deve vir de méritos acumulados em outra vida. Por favor, me salvem! Se me levarem de volta para casa, recompensarei vocês generosamente, nem que eu tenha que me vender como escravo. Minha gratidão será tamanha que, mesmo depois de morto, recordarei este gesto.
Comovido, Sanzang acreditou em cada palavra do menino e ordenou que Bajie o desatasse. Enquanto ele se preparava para obedecer as ordens do mestre, o Peregrino interveio, fitando o monstro diretamente e exclamando:
— Maldita besta! Não pense que pode me enganar com seus choramingos e mentiras! Se, como diz, sua casa foi saqueada, seu pai foi morto e sua mãe levada pelos bandidos, a quem devemos confiá-lo, depois que o libertarmos? Além disso, como pretende nos recompensar, se não tem onde cair morto? Sua história não faz sentido e está cheia de buracos! Não subestime nossa inteligência!
O monstro começou a tremer. Ele sabia que o Grande Sábio era seu principal inimigo. Por isso, recorreu novamente à sua astúcia e, chorando copiosamente, disse:
— É verdade que meus pais morreram e que a fortuna da minha família se foi completamente. Mas ainda tenho algumas terras e parentes.
— Quais parentes? — perguntou o Peregrino, desconfiado.
— Todos os da minha mãe — respondeu o monstro, fingindo sinceridade. — Eles são originários de uma região ao sul desta montanha, embora a maioria das minhas tias viva ao norte. Sem contar o Senhor Li, marido de uma irmã da minha mãe, que mora perto da nascente do riacho de que falei antes, e o Senhor Hong, um tio distante, que vive no interior da floresta. Além disso, no vilarejo de onde venho, tenho vários primos e outros parentes. Eles certamente os recompensarão generosamente quando eu contar o que fizeram por mim. Tenho certeza de que venderão alguma terra para lhes dar tudo o que precisarem.
Ao ouvir isso, Bajie empurrou o Peregrino para o lado, dizendo:
— Para que fazer tantas perguntas? Não vê que ele não passa de um menino? Além disso, ele já disse que os bandidos levaram tudo o que havia de valor em sua casa. Mas terras e casas eles não puderam carregar, certo? Nós, por exemplo, comemos como feras, mas nem nós conseguiríamos acabar com a comida de dez simples acres de terra. Vamos tirá-lo daí e depois desfrutar da nossa boa ação quando ele falar com seus parentes.
Bajie não tinha olhos para mais nada, a não ser para a comida. Sem pedir ajuda a ninguém, pegou a faca usada para as oferendas e desatou o monstro. Sem parar de chorar, o monstro se virou para o monge Tang e começou a bater a cabeça no chão.
— Levante-se e suba no meu cavalo — ordenou o mestre, comovido. — A partir de agora, eu cuidarei de você.
O monge Tang então ordenou que Bajie o carregasse, mas o monstro também recusou, dizendo:
— Nesse caso — concluiu o monge Tang —, que o Monge Sha o carregue.
— Mestre — disse o monstro, depois de lançar-lhe um olhar —, quando aqueles bandidos destruíram minha casa, estavam com o rosto completamente pintado, usavam barbas postiças e empunhavam facas e bastões. Foi uma visão realmente aterrorizante. Ainda assim, com todo o respeito, este honrado mestre me causa mais medo do que eles. Se não se importar, preferiria que ele não me carregasse.
O monge Tang não teve outra alternativa a não ser ordenar que o Peregrino fizesse o trabalho. Wukong então soltou uma risada alta e exclamou:
— Certo! Deixem que eu o carrego!
Não conseguindo esconder sua alegria, o monstro aceitou de bom grado ser carregado pelo Peregrino. Para testar o seu peso, Wukong o ergueu do chão e percebeu que o monstro não pesava mais do que quinze quilos. Satisfeito, Wukong murmurou entre dentes:
— Como você é atrevido! Eu devia matá-lo agora mesmo! Como ousa tentar me enganar? Sei muito bem o que você é.
— Eu venho de uma boa família e tive o azar de sofrer uma grande desgraça. O que quer dizer com isso? — indagou o monstro.
— Se você realmente vem de uma boa família — replicou o Peregrino —, como é possível que tenha um corpo tão leve?
— Tenho ossos pequenos — respondeu o monstro.
— Quantos anos você tem? — perguntou Wukong.
— Tenho sete anos — respondeu novamente o monstro.
— Mesmo que você engordasse apenas quatro quilos por ano — calculou o Peregrino —, agora deveria pesar uns vinte e oito quilos. Mas, na verdade, mal chega à metade disso.
— Talvez seja porque não bebi leite suficiente quando era bebê — justificou o monstro.
— Está bem — concluiu o Peregrino. — Carregarei você até onde for necessário, mas, por favor, não urine em mim. Se precisar urinar, me avise, tudo bem?
Sanzang mal conseguia manter-se em cima do cavalo. Bajie o viu balançando perigosamente nas costas do animal, mas teve que fechar os olhos para protegê-los do impacto da areia. O Monge Sha igualmente, não conseguia enxergar nada. Somente o Grande Sábio percebeu que tudo aquilo era uma artimanha do monstro. Contudo, quando tentou se aproximar de seu mestre, já era tarde. O monstro havia levado o monge Tang para o alto da montanha. Sanzang desapareceu, sem deixar qualquer vestígio.
O vento começou a amainar e, em pouco tempo, o sol voltou a brilhar. O Peregrino viu o cavalo-dragão relinchando e dando coices de susto. O equipamento estava espalhado, desfeito, ao lado do caminho. Bajie estava encolhido atrás de uma pedra, assim como o Monge Sha, que não parava de gemer.
— Bajie! — gritou o Peregrino.
Ao ouvir a voz de Wukong, Bajie ergueu a cabeça e percebeu que a tempestade havia passado por completo. Mesmo assim, agarrou-se nervosamente ao Peregrino e exclamou:
— Que vento forte foi esse!
— Parecia um tornado — comentou o Monge Sha, aproximando-se deles.
— Onde está o mestre? — perguntou o Peregrino.
— O vento era tão forte que todos nós abaixamos a cabeça e cobrimos os olhos, tentando nos proteger. O mestre parecia ter colocado a cabeça sobre a sela — respondeu Bajie.
— Mas onde ele está agora? — insistiu Wukong.
— Ele deve ter sido levado pelo vento, como se fosse feito de junco — respondeu o Monge Sha.
— Irmãos, acho que chegou a hora de nos separarmos — concluiu o Peregrino.
— Você tem razão — concordou Bajie. — Ainda estamos a tempo de seguir caminhos diferentes. A viagem ao Oeste parece interminável. Podem me dizer quando vamos chegar? Às vezes duvido que nossa jornada tenha um fim algum dia.
— Como podem dizer isso? — repreendeu-os o Monge Sha, tão chocado com o que ouvia que todo o seu corpo começou a formigar. — Todos cometemos grandes ofensas contra o Céu em nossas vidas anteriores. Foi sorte nossa a Bodhisattva Guanyin iluminar nossos corações, nos entregar os mandamentos, mudar nossos nomes e nos convidar a abraçar a fé budista. Com o objetivo de acumular méritos e garantir o perdão total de nossas antigas culpas, aceitamos de bom grado proteger o monge Tang em sua jornada ao Paraíso Ocidental, para apresentar seus respeitos a Buda e obter as escrituras sagradas. Como podem agora falar em desistir e voltar cada um ao seu ponto de origem? Se fizermos isso, todo o esforço terá sido em vão, e as ações da Bodhisattva terão sido tão inúteis quanto uma chuva de areia no deserto. Sem contar que todos vão rir de nós. O que merece, afinal, alguém que começa algo e é incapaz de terminar?
— Você está certo — reconheceu o Peregrino. — Mas o que mais podemos fazer com um mestre tão teimoso e incapaz de ouvir os conselhos que lhe são dados? Como vocês bem sabem, eu possuo olhos de fogo e pupilas de diamante que me permitem distinguir claramente o bem do mal. Desde o início, soube que o menino pendurado no pinheiro era, na verdade, um monstro, e foi ele, justamente, quem causou esse tornado. Tentei alertá-los antes que isso acontecesse, mas nem vocês nem o mestre quiseram acreditar em mim, alegando que ele vinha de uma boa família e me forçando a carregá-lo. No fim, isso me agradou, pois me deu a oportunidade de vigiá-lo mais de perto, porém o monstro tentou me esmagar usando a magia do corpo pesado. Cansado de suas artimanhas, destruí o corpo dele deixando-o em pedaços. No entanto, ele usou a magia de libertação do cadáver e sequestrou o mestre com o redemoinho.
O Peregrino então continuou a falar:
— O monge Tang nunca ouve ninguém! Inúmeras vezes ele se recusou a aceitar ou sequer considerar meus conselhos. Foi por isso que sugeri que nos separássemos. Mas agora, irmão digno, ao demonstrar tamanha lealdade, você fez meus argumentos parecem egoístas e sem fundamento. Diga-me, Bajie, o que você acha que devemos fazer?
— Agora percebo que o que disse foi sem pensar — confessou Bajie. — Minha opinião, portanto, é que devemos continuar unidos. Além disso, não temos outra alternativa. Mesmo que o Monge Sha não tivesse razão, nossa obrigação é encontrar o monstro e libertar nosso mestre. Seria indigno de nós abandoná-lo, justamente quando mais precisa de nós.
— Então, vamos agir como um só homem — sugeriu o Peregrino, com o rosto iluminado. — Assim que recolhermos o equipamento e nos encarregarmos do cavalo, escalaremos a montanha e descobriremos onde estão o monstro e o mestre.
No entanto, percorreram cerca de setenta quilômetros de um caminho penoso e não encontraram o menor vestígio de vida. A montanha parecia vazia, desprovida de qualquer movimento. Apenas, de vez em quando, aparecia algum cedro sem ninhos ou um pinheiro solitário, ao qual nenhuma besta se aproximava para esfregar-se.
A inquietação crescia cada vez mais no coração do Grande Sábio a cada passo até que, por fim, ele não conseguiu mais suportar e, saltando até o topo de uma montanha, gritou:
— Transforme-se!
Imediatamente, o Peregrino se transformou em uma criatura com três cabeças e seis braços, exatamente como quando mergulhou o Céu em uma tremenda confusão no passado. Ele brandiu o bastão de ferro, que se multiplicou por três, e começou a golpear loucamente em todas as direções.
Ao vê-lo, Bajie exclamou, preocupado:
— Isso está indo de mal a pior, irmão Sha! Parece que o desaparecimento do nosso mestre fez Wukong perder o juízo. Veja só! Sem motivo algum, ele começou a lutar contra o vento!
Enquanto o Peregrino continuava sua fúria desenfreada, o alvoroço chamou a atenção dos deuses que habitavam a região. Um a um, eles se aproximaram. Pareciam miseravelmente pobres, vestidos apenas com trapos. Suas calças estavam tão gastas que não tinham entrepernas, e as pernas estavam completamente desfiadas. Assim que chegaram, prostraram-se com os rostos no chão e disseram:
— Aqui estão, Grande Sábio, todos os deuses e espíritos desta montanha.
— Como podem haver tantos? — perguntou o Peregrino, surpreso.
— Deixe-nos informá-lo, Grande Sábio! — respondeu um deles, enquanto balançava incessantemente o rosto contra o chão. — Esta montanha é chamada de Montanha do Pico de Sovela das Duzentas Milhas (3). Há um deus da montanha e um espírito local para cada dez milhas; portanto, ao todo somos vinte (3) deuses da montanha e vinte espíritos locais. Ontem mesmo soubemos que o Grande Sábio havia chegado, mas, como não conseguimos nos reunir de imediato, atrasamos nossa recepção. Esperamos que não se aborreça e que perdoe nossa falta de educação.
— Por ora, estão perdoados — tranquilizou-os o Peregrino. — Mas deixemos os elogios de lado. Quero que me informem exatamente quantos monstros habitam nesta montanha.
— Apenas um, Grande Sábio — responderam os deuses. — É ele o motivo de nossa pobreza. Por causa desse monstro, ninguém nos oferece incenso ou doações, nem os sacrifícios que outros deuses de outras regiões recebem. Mal temos túnicas para vestir e, às vezes, passamos meses sem sequer um grão de arroz para comer. Imagine como seria nossa vida se houvesse mais de um monstro por aqui!
— E onde habita esse monstro? — perguntou o Peregrino. — Na parte anterior ou posterior da montanha?
— Em nenhuma delas — responderam os deuses. — Por esta montanha corre um riacho, conhecido como Riacho do Pinheiro Seco, cujas margens abrem-se para uma caverna, chamada de Caverna da Nuvem de Fogo. Nela habita um monstro que possui poderes mágicos extraordinários, com os quais nos escraviza sem piedade, forçando-nos a fazer fogo, a tocar tambores, a manter sua porta protegida e a patrulhar o bosque à noite. Para piorar, os demônios que habitam com ele abusam de nossa má sorte, exigindo pagamentos altíssimos de tempos em tempos.
— Exatamente — responderam os deuses. — Não temos dinheiro algum, e tudo o que podemos fazer é caçar alguns antílopes das montanhas ou cervos selvagens para apaziguar esses demônios de vez em quando. Quando não temos nada para oferecer, eles vem e destroem nossos templos e tudo o que encontram pela frente, causando tanto tormento que não conseguimos viver em paz. Por isso suplicamos, Grande Sábio, que elimine esse monstro por nós e salve as diversas criaturas vivas desta montanha.
— Se visitam essa caverna com frequência — deduziu o Peregrino —, imagino que saibam o nome e a origem desse monstro.
— Sabemos, sim — responderam os deuses. — Ele é filho do Rei Touro Demônio com a Princesa Leque de Ferro (4). Durante mais de trezentos anos, esse monstro praticou a autocultivção na Montanha da Chama Ardente e alcançou a perfeição do fogo de Samādhi, e seus poderes mágicos são, de fato, imensos. O Rei Touro Demônio então lhe ordenou que ele se estabelecesse aqui, fazendo desta montanha seu domínio. Durante a infância, ele era conhecido como Menino Vermelho (5), mas hoje carrega o título de "Rei Menino Sábio".
Agradecido pela valiosa informação, o Peregrino despediu-se dos deuses e espíritos da montanha, recuperando quase imediatamente sua forma habitual. Com um salto, foi até onde estavam Bajie e o Monge Sha e disse:
— Podemos respirar aliviados. Esse monstro é meu amigo e tenho certeza de que não fará mal algum ao nosso mestre.
— Não diga bobagens! — exclamou Bajie, gargalhando. — Você foi criado no continente de Purvavideha, e este lugar faz parte de Aparagodaniya. Há pelo menos dez mil quilômetros, dois oceanos, inúmeros rios e cadeias montanhosas entre os dois. Como pode ser amigo dele?
— Está cometendo um erro ao julgar as pessoas dessa forma — repreendeu o Peregrino. — Não por acaso, outro provérbio afirma que "assim como uma folha de lótus pode atravessar a imensidão do oceano, os seres humanos podem se encontrar mais de dez mil vezes ao longo de suas vidas". Além disso, mesmo que não me reconheça como amigo de seu pai, tenho certeza de que ele não ousará fazer o menor mal ao nosso mestre. Talvez ele não nos ofereça nenhum banquete, mas tenho certeza devolverá o nosso mestre são e salvo.
Esperançosos com essas palavras, os três monges pegaram o equipamento e se prepararam para procurar a rota que haviam perdido. Sem parar de caminhar dia e noite, e após percorrerem não menos de cem quilômetros, chegaram a uma impressionante floresta de pinheiros. Nela, fluía suavemente um riacho de águas esverdeadas. Exatamente no ponto de sua nascente, via-se uma ponte de pedra que conduzia à entrada de uma caverna.
— Vejam aquelas rochas — disse o Peregrino aos seus dois companheiros. — Tenho certeza de que é o lugar onde o monstro vive. Vou até lá para conversar com ele e esclarecer toda essa história. Qual de vocês quer ficar aqui cuidando do cavalo e do equipamento? Decidam logo, porque o outro precisa vir comigo.
— Deixe-me ir com você — disse Bajie rapidamente. — Você sabe que eu não gosto de ficar parado esperando.
— Ótimo! Quanto a você, Monge Sha — acrescentou o Peregrino —, esconda o cavalo e o equipamento na floresta e cuide deles. Nós dois vamos resgatar o mestre.
Sem objeções, o Monge Sha ficou para trás enquanto o Peregrino e Bajie empunharam suas armas e seguiram em direção à caverna. Por mais astuto que fosse o monstro de fogo, a Mãe Madeira e o Macaco da Mente formavam uma dupla quase invencível.
Não sabemos o que aconteceu após eles chegarem na caverna. Quem quiser descobrir, deverá prestar atenção nas explicações que serão dadas no próximo capítulo.
CAPITULO XLI EM BREVE ...
Notas do Capítulo XL
- A expressão "Câncer contra Capricórnio" é uma metáfora para um confronto entre dois opostos;
- Hong significa vermelho em chinês;
- O nome dessa montanha ficou confusa de traduzir, aliás, o trecho inteiro era bem confuso. O texto em espanhol diz "Dez Mil Quilômetros" e os textos em inglês dizem "Seiscentas Milhas", e e a conta dos deuses não batia. Adaptei o nome para que a conta da quantidade de deuses fizesse sentido. Um adendo: ao que parece, não era pra ser exato mesmo, mas sim para passar um sentido de infinidade, mas fica estranho traduzido e passa a sensação de erro;
- Em chinês 铁扇公主 (tiě shàn gōng zhǔ), também referida como Rākṣasī;
- Em chinês 紅孩兒 (Hong Hai Er).
- Tradução em pt-br por Rodrigo Viany (Sleipnir). Favor não utilizar sem permissão.
- Tradução baseada na tradução do chinês para o espanhol feitas por Enrique P. Gatón e Imelda Huang-Wang, e do chinês para o inglês feita por Collinson Fair.
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