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30 de junho de 2021

Nezha

۞ ADM Sleipnir

Arte de P1ka 9

Nezha (chinês 哪吒) é uma divindade protetora taoísta e um herói bastante popular na mitologia, na religião e na cultura popular chinesa. Sua aparência jovem e principalmente seu comportamento, por vezes rebelde e que contrasta com as demais divindades chinesas, o tornaram uma figura mais fácil de se identificar pelo povo, principalmente pelos mais jovens. 

Seu nome foi originalmente emprestado de Nalakuvara, um yaksha (espírito benevolente) da mitologia hindu. Nalakuvara foi transliterado em chinês para Nàluójiūpóluó (那羅鳩婆羅), sendo eventualmente corrompido e reduzido para Nǎzhā (哪吒) e posteriormente romanizado para Nezha.

Iconografia

Nezha é geralmente descrito como uma criança ou um jovem voando ou flutuando com seus pés sobre duas rodas em chamas, empunhando uma lança com a ponta em chamas em uma das mãos e um anel dourado na outra. Ele também costuma estar envolvido por uma faixa de seda vermelha. Por vezes, ele aparece representado com três cabeças e seis braços. Costumeiramente, Nezha é representando enfrentando dragões, serpentes e outros seres malignos.

Arte de jh shao

Origem

De acordo com mitos primários, Nezha era originalmente um guarda-costas do Imperador de Jade. Conta-se que ele era um ser gigante, com cerca de 18 metros de altura e dotado de três cabeças e seis braços. Em seu papel como guarda-costas, Nezha estava sempre a postos, enxergando e vigiando todos os lados ao mesmo tempo, enquanto empunhava armas e escudos com cada uma de suas mãos. Conta-se ainda que quando ele falava, sua voz abalava os corredores do Céu e as próprias fundações da Terra. Preocupado com os muitos espíritos demoníacos que estavam causando estragos na Terra, o Imperador de Jade nomeou Nezha para caçá-los e destruí-los. Para cumprir essa missão, deveria encarnar na Terra como como um ser humano. 

Arte de yuxuan liu


O Nascimento de Nezha

De acordo com o romance Fengshen Yanyi (chinês: 封神演義 ou 封神演义; literalmente "Investidura dos Deuses" ou "A Criação dos Deuses"), Nezha nasceu durante a dinastia Shang em uma fortaleza militar localizada no Passo de Chentang. Seu pai era um comandante militar chamado Li Jing (chinês 李靖), e sua mãe era conhecida como Senhora Yin (chinês 殷氏), e o casal já tinha dois filhos, chamados Jinzha (chinês 金吒e Muzha (chinês 木吒).

A gestação da Senhora Yin foi bastante longa, tendo carregado Nezha em seu ventre por 42 meses (exatamente 3 anos e 6 meses). Uma noite, ela sonhou que um monge entrava em seu quarto, colocava um objeto de ouro entre seus seios e anunciava que ela daria à luz a encarnação da "pérola inteligente". Assustada, a Senhora Yin acordou seu marido para perguntar o que significava esse sonho, e foi quando ela sentiu as primeiras dores do parto. A parteira e as servas foram chamadas para ajudar, mas logo fugiram para onde Li Jing aguardava, gritando e bastante assustadas. Pegando sua espada, Li Jing correu para o quarto de sua esposa, que estava tomado por uma luz vermelha brilhante. No chão, uma bola de carne horrível rolava para frente e para trás em um estado de frenesi.

Temendo pela vida de sua esposa, Li Jing ergueu sua espada e a golpeou. A bola então começou a se abrir como uma flor de lótus, e para a surpresa de todos, dela surgiu não um bebê, mas um menino, equipado com uma arma, o Anel do Universo (乾坤圈), e também com uma faixa de seda vermelha, a qual emitia raios de luz dourados. Ao ver seus pais, o menino então curvou-se diante deles e os cumprimentou.


Nesse momento, o casal recebeu a visita de Taiyi Zhenren, o monge que havia aparecido no sonho da Senhora Yin, e que era na verdade um imortal taoista. Ele revelou a família a identidade de Nezha e seu importante papel na história futura, além de colocar Nezha sob sua proteção como discípulo. Em algumas versões do mito, foi Taiyi Zhenren quem deu à Nezha o Anel do Universo.

A Morte do Filho do Rei Dragão

Desde cedo, Nezha manifestava grande força e poder, mas nem sempre ele tinha controle sobre estes. Certo dia, enquanto caçava na margem de um rio perto do Mar do Leste, resolveu mergulhar para se refrescar do calor. Involuntariamente, enquanto nadava seus movimentos faziam com que as águas do rio estremecessem, e esses tremores foram tão grandes que foram sentidos por todo o Mar Oriental, fazendo inclusive o palácio do rei dragão Ao Guang estremecer. Ao Guang decidiu enviar um de seus servos, Li Gen (chinês 李 艮) para ir até a superfície e descobrir o que estava acontecendo. Quando Li Gen avistou o menino, gritou com ele chamando sua atenção, mas a natureza de luta contra os demônios de Nezha assumiu o controle. Nezha arremessou seu Anel do Universo contra Li Gen, matando-o instantaneamente. 

Como seu servo não voltou, Ao Guang decidiu enviar seu terceiro filho, Ao Bing, para investigar. Os dois se encontraram e também se enfrentaram, e mais uma vez Nezha levou a melhor, matando Ao Bing. Nezha ainda o esfolou e arrancou seus tendões para fazer um cinto de pele de dragão.

Arte de A Zhi

Outra versão desse mito diz que Ao Guang havia ficado furioso com os tremores provocados por Nezha, e fez uma grande seca atingir a região do Passo de Chetang. O povo ofereceu grande parte de sua comida para apaziguar a fúria de Ao Guang, mas ele não ficou satisfeito com isso, e exigiu que lhe enviassem duas crianças para que ele as devorasse. Ele enviou Li Gen até lá para buscar as crianças, e quando ele chegou, encontrou Nezha brincando com elas. Nezha não permitiu que Li Gen as levasse e então o matou. Foi aí que ele enviou seu filho Ao Bing para cumprir a missão, e ele teve o mesmo fim que Li Gen.

Ao Guang busca reparação

Ao saber da morte de seu filho, Ao Guang ficou muito furioso, e resolveu ir até os pais de Nezha em busca de reparação. O Rei Dragão Oriental exigiu de Li Jing a morte de Nezha. Nesse ponto a lenda possui algumas variações. Em algumas versões Ao Guang ameaça inundar toda a China caso Li Jing não atendesse seu requerimento; em outras, ele ameaça reclamar pessoalmente com o Imperador de Jade.

Arte de artursadlos

Em uma versão, Nezha resolve de cara se sacrificar, tirando sua própria vida para que Ao Guang fique satisfeito e desista de inundar tudo. Em outra, Nezha confronta Ao Guang, arrancando suas escamas e fazendo com que ele fuja. Posteriormente Ao Guang pede ajuda a seus irmãos e eles sequestram os pais de Nezha, e para salvá-los, o jovem comete suicídio, entregando seus ossos e carne à Ao Guang.

Renascimento

Por ter morrido tão jovem, a alma de Nezha ficou inquieta, e dessa forma não conseguia passar para a vida após a morte. Certa noite, ele apareceu em um sonho para sua mãe, e pediu-lhe que construísse um templo para ele, para que sua alma pudesse ter um lugar para descansar. Feliz por ter visto seu filho novamente, mesmo que em sonho, a Senhora Yin resolveu erguer um templo para ele. Li Jing, no entanto, não gostou nada disso pois para ele Nezha havia trazido vergonha e desonra para sua família. Ele então destruiu o templo (incendiando-o ou apenas quebrando-o com um martelo), e isso despertou a fúria de Nezha contra seu pai.  

Ao mesmo tempo, o mestre de Nezha, Taiyi Zhenren, sentia falta de seu discípulo e resolveu trazê-lo de volta a vida. Ele criou um novo corpo para ele feito de raízes de lótus para que sua alma pudesse retornar, e assim que Nezha renasceu, seu mestre o presenteou com  dois itens mágicos: a Lança com Ponta de Fogo (火尖槍) e as Rodas de Vento e Fogo (風火輪(), as quais lhe deram a habilidade de se mover a velocidades incríveis. 


Nezha caça o seu pai

A primeira coisa que Nezha resolveu fazer ao renascer foi ir atrás de seu pai para matá-lo. Os dois travaram muitas batalhas, e logo Li Jing percebeu que seu corpo mortal não era páreo para o seu filho renascido e equipado com seus poderosos itens mágicos. Num de seus últimos confrontos, Li Jing decidiu fugir, e encontrando seu segundo filho mais novo, Muzha, pediu que ele o defendesse de Nezha. Nezha e Muzha se enfrentaram, mas Muzha não era páreo para o irmão, que não hesitou em matá-lo. Quando Nezha estava prestes a matar seu pai, ele foi interrompido. 


Em uma versão do mito, ele foi primeiramente interrompido pela divindade Wenshu Guangfa Tianzun, que o amarra a um poste de ouro com amarras também de ouro e ordena que seu discípulo Jinzha, irmão de Nezha, o açoitasse. Por fim Taiyi Zhenren aparece e revela que todo o conflito entre Li Jing e Nezha havia sido engendrado por ele como uma forma de tentar ensinar alguma disciplina ao jovem.

Nezha é forçado a se submeter à Li Jing

Tudo parecia ter se resolvido, mas Nezha tentaria mais uma vez por um fim à vida de seu pai. Desta vez, seria o buda Randeng Daoren quem o impediria. Ele apareceu diante de Li Jing e disse para que ele se escondesse atrás dele. Assim que Nezha aparece diante dele, Randeng Daoren lhe aplica um sermão tentando convencê-lo a não prosseguir com sua vingança. Diante da negativa de Nezha, Randeng Daoren empurrou Li Jing para a frente e permitiu que os dois se enfrentassem. Porém, Randeng Daoren havia cuspido nas costas de Li Jing, e isso lhe deu poderes mágicos - o suficiente para que ele agora fosse páreo para enfrentar Nezha. Ao perceber o que Randeng Daoren havia feito, Nezha direcionou seus ataques contra ele, mas o buda os evitou criando uma grande lótus branca de sua boca.

Vendo que Nezha estava determinado a seguir com sua vingança, Randeng Daoren liberou uma nuvem roxa de sua manga que o envolveu e o imobilizou. Em seguida, ele o aprisionou em uma grande pagoda (uma espécie de torre) dourada, e assim o forçou a se submeter ao pai. 


Randeng Daoren resolveu também ensinar a técnica à Li Jing, para que assim nunca mais Nezha se rebelasse contra ele. A partir desse dia, Li Jing se tornou o "Rei Celestial Portador da Pagoda". Nezha, por sua vez, passou a colaborar com seu pai. 

Jornada ao Oeste

No clássico romance chinês Jornada ao Oeste (chinês: 西遊記), Nezha aparece como um general sob o comando de seu pai, Li Jing. Ele chega a ser enviado para confrontar o Rei Macaco, Sun Wukong, quando este se rebelou contra o Imperador de Jade, porém falha em impedí-lo. Posteriormente, os dois acabam se tornando amigos.


Culto

Nezha é adorado na religião popular chinesa, onde é chamado de "Marechal do Altar Central", "Príncipe Nezha", ou "Terceiro Príncipe". Como ele costuma ser representado voando em suas rodas de fogo, ele também é considerado o deus protetor dos motoristas, os quais tendem a colocar uma pequena estátua de Nezha em seus veículos.

Nezha também é freqüentemente considerado como o deus protetor dos filhos e do respeito aos pais. Pais costumam fazer oferendas a Nezha na esperança de que seus filhos cresçam fortes, saudáveis ​​e sejam sempre zelosos e respeitosos.

Cultura popular

Nezha é uma figura proeminente na cultura chinesa, aparecendo em vários programas de TV, filmes, músicas e games. As obras mais proemientes são a série de animação infantil The Legend of Nezha, originalmente veiculada na China entre 2003 e 2004 tendo 52 episódios, e os filmes Nezha Conquers the Dragon King (1979), Ne Zha (2019) e o mais recente New Gods: Nezha Reborn (2021).

Nos games, Nezha é um personagem jogável em Warriors Orochi, Smite e Warframe. No mobile game Fate/Grand Order, ele é um espírito heróico invocável da classe Lancer, porém a peculiaridade aqui é que Nezha é representado como uma mulher.

Arte de Brolo, para o MOBA Smite

fontes:
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28 de junho de 2021

Wati-Kutjara

۞ ADM Sleipnir

Arte de Kati Sarin

Wati-Kutjara (também conhecidos como Wati-kutjarra, Wadi Gudjaraou ainda Kurukadi, "iguana branca" e Mumba, "iguana negra") são dois homens-iguanas gêmeos pertencentes à mitologia aborígene australiana. 

De acordo com os mitos, os dois dormiram debaixo da terra por muito tempo antes do Tempo do Sonho, quando subitamente despertaram e começaram a vagar pela região do deserto ocidental australiano, criando animais, plantas, rochas e depressões aonde quer que fossem. Wati-Kutjara também ensinaram as pessoas ao longo do caminho a fazer fogo e cozinhar alimentos. Eles também fizeram instrumentos cerimoniais para o povo, como o tabuleiro inma, o qual dizem conectar cada indivíduo a seus ancestrais e à música e sonho de seus ancestrais, além de ser uma arma mágica. 

Durante sua jornada, os irmãos confrontaram e derrotaram muitos espíritos malignos, dentre os quais estava Kulu, o espírito da lua. Wati-Kutjara flagraram Kulu perseguindo um grupo de mulheres (ou uma única mulher, segundo uma variação da lenda) na tentativa de violentá-las, e utilizando um bumerange, os irmãos o castraram e o mataram. As mulheres que Kulu havia tentando estuprar se tornaram o conjunto de estrelas conhecidos como Plêiades. Já o espírito de Kulu retornou para a lua, e como ele havia morrido, a lua se tornou pálida. Ao final de sua jornada, Wati-Kutjara se tornaram a constelação de Gêmeos.

Abaixo deixo um vídeo curtíssimo ilustrando a jornada de Wati-Kutjara:

Wati-Kutjara Beast Film from Kati Sarin on Vimeo.

fontes:

  • Wikipédia
  • https://sarinkati.wordpress.com
  • A Bíblia da Mitologia, de Sarah Bartlett

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25 de junho de 2021

Bathala

۞ ADM Sleipnir

Arte de 3stan

Bathala (também Batala, Bathalang Maykapal, Abba, Lumikha) é o deus supremo, criador e conservador do universo, de acordo com a antiga mitologia do povo tagalo filipino. Sua origem é desconhecida, mas seu nome sugere influências hindus. De acordo com o historiador William Henry Scott, Bathala  foi derivado do sânscrito bhattara  que significa "nobre senhor".  Sua contraparte na mitologia do povo visaya é Kaptan.

Geralmente representado como um homem barbudo e de cabelos brancos, Bathala era originalmente visto como uma divindade sem gênero. Seus mitos variam conforme a região de onde se originam, e também em alguns casos possuem uma grande influência do cristianismo e de outras crenças. Até mesmo suas relações familiares são confusas e costumam variar conforme o mito. Tentarei aqui trazer tudo o que pude encontrar a respeito do deus, e elucidar suas relações com outros deuses.

Arte de glenoxzartwork

Mito de Criação I

Segundo um dos muitos mitos de criação, Bathala era um dos únicos seres vivos a existir no universo. Os outros eram a serpente Ulilangkalulua e a cabeça alada e errante Galangkalulua. Cada um desses seres acreditava ser o único ser vivo no universo. Bathala vivia na Terra num período onde ela era composta de rochas duras. Não haviam mares nem oceanos. Também não haviam plantas e nem animais. Como seu único habitante, Bathala muitas vezes desejava ter alguns companheiros, mas se perguntava como poderia fornecer comida, bebida e abrigo a eles, uma vez que não havia nada na Terra além de pedras. 

O que era verdade para Bathala também era verdade para Ulilangkalulua, que dominava acima das nuvens. Em seu reino, Ulilangkalulua não via nada além de nuvens brancas, e sua condição solitária o levou a visitar outros lugares. Ele costumava descer à Terra e se divertir escalando altas montanhas e entrando em cavernas profundas. Certo dia, quando estava no topo de uma colina muito alta, Ulilangkalulua viu alguém sentado em uma grande pedra logo abaixo dele. Ele ficou muito surpreso, e demorou um certo tempo até se aproximar. Ao finalmente ter coragem, Ulilangkalulua perguntou: "Senhor, diga-me quem é você?"

“Eu sou Bathala, o governante do universo” - respondeu o deus. Ulilangkalulua ficou furioso ao ouvir essas palavras. Ele se aproximou de Bathala e disse: “Já que você se declara o governante de todas as coisas, eu o desafio para um combate!”Um grande e longo confronto entre os dois ocorreu, e ao final, Ulilangkalulua acabou sendo derrotado e morto. Bathala levou seu corpo para um local próximo de sua morada e o queimou.

Bathala x  Ulilangkalulua, arte de Val Tarroza

Alguns anos depois desse evento, Galangkalulua, o deus errante, encontrou por acaso a morada de Bathala. Bathala o recebeu e o tratou com gentileza, e assim, os dois viveram juntos na terra por muitos anos como verdadeiros amigos. Infelizmente, um dia Galangkalulua acabou ficando muito doente. Bathala passou dias e noites acordado cuidando do amigo, mas ele não melhorava. Quando Galangkalulua estava prestes a morrer, ele chamou Bathala e disse: “Você tem sido muito gentil comigo e não tenho nada com que retribuir sua gentileza. Mas se você fizer o que eu digo, há uma maneira de te beneficiar. Certa vez, você me disse que planejou criar criaturas com a mesma aparência que você para ter súditos e companheiros, e que não teve sucesso porque não sabia como poderia fornecer a eles todas as coisas necessárias para que vivessem. Agora, quando eu morrer, enterre meu corpo no túmulo de Ulilangkalulua. Deste túmulo surgirão as coisas que irão satisfazê-lo. ”

Bathala fez o que Galangkalulua disse a ele, e a promessa de Galangkalulua foi cumprida. Do seu túmulo, cresceu uma planta cujo fruto continha água e carne. Bathala estava muito ansioso para examinar as diferentes partes da árvore porque nunca tinha visto tal coisa antes. Ele pegou um dos frutos e o descascou. Ele descobriu que sua casca interna era dura e que o próprio fruto lembrava a cabeça de seu amigo Galangkalulua. Tinha dois olhos, nariz achatado e boca redonda. Bathala então olhou para a própria árvore e descobriu que suas folhas eram na verdade as asas de Galangkalulua e seu tronco, o corpo de seu inimigo, Ulilangkalulua.

Bathala agora podia executar seu antigo plano. Ele criou o primeiro homem e a primeira mulher, e construiu uma casa para eles, cujo telhado e paredes eram feitos de folhas de coco e os postes eram troncos de coqueiro. Assim, esse casal viveu feliz sob o coqueiro por muitos anos, até que o mundo inteiro ficou repleto com seus filhos. 

Mito de Criação II

Uma variação do mito de criação anterior substitui Ulilangkalulua e Galangkalulua respectivamente pelos deuses primordiais Aman Sinaya e Amihan. Aqui, Bathala é tido como o deus governante do céu, enquanto Aman Sinaya é  a deusa governante do mar. Todos os dias um tentava destruir o outro, com Bathala lançando raios contra Aman Sinaya, enquanto ela contra atacava usando suas ondas e tufões. 

Um dia, Aman Sinaya enviou tempestades para o céu, causando um grande tumulto. Para detê-la, Bathala teve de atirar pedras das montanhas em sua direção. Essas pedras se transformaram em milhares de ilhas na superfície do mar, criando assim o arquipélago filipino.

Tentando por um fim no conflito, o deus Amihan assumiu a forma de um pássaro e voou para frente e para trás entre os dois deuses várias vezes. Isso fez com que o céu e o mar ficassem mais próximos um do outro do que antes. Então, quando os dois domínios finalmente se encontraram, os deuses decidiram parar a batalha e se tornarem amigos. Para comemorar, Bathala plantou uma semente no fundo do oceano. Esta, mais tarde, se transformou em uma enorme cana de bambu que se projetava na beira do mar. 

Amihan ouviu vozes de dentro dessa cana, e após bicá-la duas vezes, ela se quebra ao meio. De dentro dela, surgiram os primeiros seres humanos, o primeiro homem, Malakas ("forte") a primeira mulher Maganda ("linda"). Com a união dos dois, o mundo foi povoado.

Arte de Nestor Redondo

Mito de Criação III

Um terceiro mito de criação do mundo conta que Bathala era um ser tão gigantesco que o sol brilhava fortemente ao lado dele enquanto ele viva curvado por causa do céu ser muito baixo. Um dia, Bathala perfurou o olho do sol com uma faca (chamada bolo), fazendo com que ele gerasse menos calor, o suficiente para criar e sustentar a vida na Terra. Com sua força, Bathala então empurrou o céu um pouco além da terra, no nível onde está agora. Dessa forma, a terra poderia agora receber a vida.

Filhos

Com uma mulher humana, Bathala é dito ter tido 3 filhos, cujos nomes variam conforme a fonte. Geralmente são Mayari (a deusa da lua), Tala (deusa das estrelas) e Hanan, (a deusa da manhã). Algumas fontes incluem Apolaki (deus do sol e da guerra) no lugar de Hanan. Acredita-se que Bathala era originalmente o deus tanto do sol e da lua, e que depois passou esse posto para seus filhos.

Kaluwalhatian 

Kaluwalhatian (ou Kawalhatian) é o nome dado à morada de Bathala e de outros deuses, conhecidos como anitos ou diwatas. Localizada nos céus, é de lá que Bathala observa a humanidade. Ele fica satisfeito quando seu povo segue suas regras, dando-lhes tudo de que precisam a ponto deixá-los mal acostumados. Às vezes, porém, Bathala pode se enfurecer e assim enviar relâmpagos e trovões contra aqueles que o irritarem.

Anitos, os servos de Bathala

Anito é um termo usado para se referir a espíritos, ancestrais falecidos, ninfas e natureza e até mesmo deuses. Os antigos filipinos mantinham estátuas para representar esses espíritos, para as quais pediam orientação e proteção mágica. Acreditava-se que árvores, rochas, corpos d'água e animais eram todos animados por um anito. De acordo com o autor Miguel de Loarca em sua obra Relacion de las Yslas Filipinas (1582)os anitos são os assistentes, os ministros de Bathala, que os envia à terra para ajudar os homens. Por isso, não era costumeiro aos homens intercederem diretamente à Bathala, mas sim aos anitos.

Bathala no mito de Bakunawa

Bathala figura em um mito envolvendo Bakunawa, uma das muitas criaturas devoradoras da lua presentes na mitologia e folclore filipinos. Nesse mito, Bathala havia criado sete luas para iluminar o céu durante a noite, e Bakunawa, tendo visto aquelas belas luzes no céu, dia após dia emergia das águas para devorar uma por uma. Quando estava prestes a engolir a última, Bathala pediu para que ele não o fizesse. Bakunawa concordou, mas de vez em quando ele desobecede o pedido de Bathala e tenta engolir a ultima lua.

O advento do cristianismo

Após a chegada dos missionários espanhóis às Filipinas, no século XVI, Bathala passou a ser identificado como o deus cristão, por isso sua sinonímia com Diyos (Deus) ou Dibino (Divino), de acordo com Jose Villa Panganiban, escritor do Diksyunaryo-Tesauro Pilipino-Ingles (dicionário de sinônimos filipino-inglês), em algumas línguas visaianas, Bathala também significa Deus. Por um tempo, Bathala foi incorporado ao ensino cristão pelos frades a fim de ajudar na conversão da população ao cristianismo.

Arte de artistmyx


fontes:
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23 de junho de 2021

Cat Sìth

۞ ADM Sleipnir

Cat Sìth ("gato fada", também Cat-sìth, Cat Sidhe ou Cat sí, singular; plural: Cait SìthCait-sìth ou Cait Sidhe) é uma espécie de fada ou espectro pertencente aos folclores celta, escocês e irlandês. Sua aparência se assemelha a um grande gato preto com uma mancha branca em seu peito. Acredita-se que um Cat-sìth é capaz de roubar a alma de uma pessoa passando por cima de um cadáver antes do seu enterro, antes que a alma fosse reivindicada pelos deuses. 

Para evitar isso, vigílias chamadas Feill Fadalach ("Festa tardia") são realizadas para manter os Cait-sìth longe de um cadáver, antes de seu enterro. Outras medidas também podem ser empregadas. como borrifar erva-dos-gatos pela casa ou aparar a fogueira do ambiente onde o corpo está sendo velado, para tornar o ambiente menos acolhedor para um Cat Sìth.


Acredita-se que durante o Samhain, festival que marca o início do inverno no hemisfério norte, um Cat Sìth abençoa as residências que deixam um pires de leite para ele beber, enquanto amaldiçoa aquelas que não o fazem, fazendo com que o leite das vacas sequem.

Alguns contos sugerem que os Cat-sìth não seriam fadas, mas sim bruxas. De acordo com o folclorista John Gregorson Campbell (1836–1891), essas bruxas seriam capazes de assumir a forma de um gato nove vezes (o que pode ser a origem do ditado que os gatos têm nove vidas). Elas seriam capazes de retornar à sua forma humana após oito transformações, mas caso elas usassem o nono e último, permaneceriam na forma de um gato para sempre.

Acredita-se que as lendas sobre Cait Sìth podem ter sido inspiradas nos gatos Kellas, que são um híbrido distinto entre gatos selvagens escoceses e gatos domésticos encontrados apenas na Escócia.

fontes:

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21 de junho de 2021

Aim

۞ ADM Sleipnir

Aim (também chamado Aym, Aini ou Haborym) é, de acordo com a demonologia, um poderoso duque do inferno e possui vinte e seis legiões de demônios sob o seu comando. De acordo com a Goetia, ele é o 23º dentre os 72 espíritos de Salomão. Ele é geralmente descrito como um homem elegante, porém dotado de três cabeças: uma de uma serpente, outra de um gato (ou bezerro) e a última de um homem com duas estrelas em sua testa. Ele cavalga uma víbora, e em sua mão ele carrega uma espécie de tocha, capaz de incendiar cidades e grandes áreas.

Aim pode tornar os homens inteligentes e responder honestamente a qualquer pergunta feita a ele. Ele pode ainda ensinar astrologia e artes liberais. Com sua tocha, Aim pode também incendiar qualquer coisa que o magista desejar. Seu outro nome, Haborym, parece estar ligado ao aspecto incendiário deste.

Selo de Aim

Cultura Popular

A maioria, senão todas as aparições de Aim na cultura popular se dão por meio do seu outro nome, Haborym. Sob esse nome, ele aparece na franquia de jogos Shin Megami Tensei, e também nomeia um personagem espadachim na franquia de jogos Ogre Battle.

Também sob o nome de Haborym, ele aparece no anime/mangá Shakugan no Shana como um dos membros da organização Bal Masqué. Ele aparece ainda em uma HQ do Hellboy, numa cena onde os demônios observavam o herói, ainda com 2 anos de idade, provando panquecas no mundo humano. Ao ver o herói provando o alimento, Haborym atesta: "Agora ele nunca mais voltará para nós".



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18 de junho de 2021

Shio no Chōjirō

۞ ADM Sleipnir

Arte de MetroRetr0

Shio no Chōjirō (japonês  塩の長次郎 ou しおのちょうじろう) é um personagem do folclore japonês, conhecido por seu amor pela carne de cavalo e pela maldição que esse prazer pecaminoso trouxe sobre ele. Sua história é um exemplo famoso de umatsuki (possessão pelo espírito de um cavalo).

Chōjirō era um homem muito rico e viveu em Oshiro no Ura, província de Kaga, no JapãoEle tinha uma predileção por comer carne de cavalo - o que era um tabu no Japão feudal - e, em sua casa, ele possuía mais de 300 cavalos. Sempre que um de seus cavalos morria, Chōjirō cortava sua carne e a temperava com sal ou missô para conservá-la. Dessa forma, ele sempre tinha carne de cavalo à sua disposição.

Com o passar do tempo, o número de cavalos de Chōjirō começou a diminuir e, consequentemente, o seu estoque de carne de cavalo em conserva. Certo dia, quando toda sua carne em conserva já havia acabado, Chōjirō foi até o seu estábulo e escolheu um cavalo já velho e que não servia mais para trabalho. Então, Chōjirō o matou e comeu sua carne. A partir desse momento, sua vida mudou, pois ele passou a ser assombrado pelo fantasma desse cavalo.

Todas as noites, o espírito do velho cavalo aparecia diante de Chōjirō em seus sonhos e mordia sua garganta. Além disso, todos os dias, no exato horário em que Chōjirō o havia matado, seu espírito vingativo aparecia diante de Chōjirō e entrava em sua boca, forçando passagem pela sua garganta até chegar em seu estômago, onde ele se debatia violentamente.

O sofrimento de Chōjirō era insuportável. Ele vivia com febre alta e alucinações, e estava sempre gritando e balbuciando, confessando todos os pecados de sua vida em um doloroso delírio. Médicos o examinaram e padres oraram por ele, mas ninguém era capaz de ajudá-lo. Chōjirō acabou enlouquecendo, e sua condição piorou. Cem dias após o início da assombração, Chōjirō finalmente sucumbiu à maldição do cavalo. Conta-se que quando ele morreu, seu corpo estava curvado como o de um velho cavalo que passou a vida inteira transportando cargas pesadas.

Origem da lenda

A história de Chōjirō é um conto antigo e bem conhecido no Japão, tendo muitas variações. Talvez sua aparição mais famosa esteja na coleção de histórias ilustradas do período Edo chamada Ehon Hyaku Monogatari (絵本百物語, "Livro Ilustrado de Cem Histórias")publicado em 1841 por Takehara ShunsenNo entanto, esse conto já era bem conhecido antes disso, com variações em todo o Japão. 

Ele pode ter sido inspirado em parte por um famoso mágico performático que viveu no final do século XVII chamado Shioya Chōjirō. Shioya Chōjirō era capaz de engolir espadas e outros truques, mas era mais conhecido por seu domínio do donbajutsu (“técnica de engolir cavalos”), truque no qual ele aparentemente engolia um cavalo vivo diante do público. Ilustrações de suas performances parecem ter sido usadas como base para a ilustração do conto no Ehon Hyaku Monogatari.

fonte:

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16 de junho de 2021

Minta

۞ ADM Sleipnir

Arte de apollonaris

Minta (Mintha, do grego: Μινθη, "hortelã", também Minthe ou Mentha) é na mitologia grega uma náiade, filha do potamoi (deus-rio) Cócito, que personificava o rio de mesmo nome que flui pelo submundo, e onde Minta habitava. Um monte localizado na Grécia, na região sul da Élida, leva o seu nome.

De acordo com a mitologia, Minta era amada pelo deus Hades, antes  dele sequestrar a deusa Perséfone e fazer dela sua esposa. Quando isso aconteceu, Hades deixou Minta de lado, mas a náiade não aceitava ter sido trocada. Minta vivia se gabando de ser mais bela que a filha de Zeus e Démeter, e também dizia que Hades logo se cansaria dela e voltaria para os seus braços.

Quando tais declarações chegaram aos ouvidos de Deméter, a deusa transformou Minta na planta que hoje conhecemos como hortelã. Algumas versões da lenda contam que foi a própria Perséfone quem transformou a atrevida náiade, após flagrá-la tentando seduzir seu marido. 

A hortelã era uma das plantas usada em antigos ritos funerários para mascarar o cheiro dos mortos e, portanto, era considerada uma planta sagrada de Hades. 

Arte de CORinAZONe

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14 de junho de 2021

Cruviana

۞ ADM Sleipnir

Arte de Adriano Abreu (@adrianobreuartes)

Cruviana (também conhecida como Corrubiana, Mãe do Ar, Deusa dos Ventos ou Senhora das Ventaniasé uma divindade do ar presente nas crenças de algumas tribos indígenas e no folclore da região norte do Brasil, e também conhecida no Nordeste, em particular no estado do Piauí. Ela é geralmente descrita como uma bela mulher com o dom de manipular e moldar o ar, além de ser capaz de se transformar em brisa. Nessa forma, ela costuma abordar forasteiros à noite, os envolvendo e seduzindo enquanto dormem. No dia seguinte, o mesmo acorda completamente apaixonado e encantado pela Cruviana, tanto que perde qualquer vontade que tenha de voltar para sua terra natal.

Sua presença normalmente é indicada por um vento muito gelado, que percorre as ruas durante a madrugada. Inclusive, o nome cruviana tornou-se sinônimo de vento frio. Muitos contos e cordéis citam a Cruviana como uma patrulhadora dos ventos em todas as regiões do Brasil, sendo o Norte e o Nordeste as regiões onde ela mais mantém sua vigilância. 

Arte de Grazi Katsura

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11 de junho de 2021

Yue Lao

 ۞ ADM Sleipnir

Yue Lao (chinês 月老, também Yue Xia Lao Ren, chinês 月下老人,  "o velho sob a lua"), é o deus chinês do amor e do casamento. Dito viver sob a lua ou "nas regiões obscuras" (Yue ming), Yue Lao é caracterizado por sua longa barba branca e pura, pelo uso de mantos imperiais amarelos e por sua expressão amigável. Ele carrega consigo uma corda ou linha vermelha de seda, a qual ele utiliza para unir casais em potencial, união essa a qual dizem que nada pode impedir. Sua lenda é a origem da popular lenda japonesa do fio vermelho do destino (Akai-ito).

A história de Wei Gu

Uma lenda originária do período da Dinastia Tang, conta sobre um jovem chamado Wei Gu (chinês 韋固), que certo dia vagava pelas ruas, lamentando o fato de não ter uma esposa. Nos arredores de uma cidade próxima, ele notou um senhor com uma longa barba branca lendo atentamente um livro.

Wei Gu perguntou ao senhor o que ele estava lendo, já que estava em um idioma que ele não conseguia compreender. O senhor, que era Yue Lao, então respondeu que aquele era o "livro do mundo inferior", no qual ele registrava a união de todos os casais. Curioso, Wei Gu perguntou ao senhor que ele encontraria uma esposa em breve, e o senhor contou-lhe que a sua futura esposa tinha apenas três anos de idade, e que ele só casaria com ela quando completasse dezessete anos.

Não acreditando em Yue Lao, mas ainda curioso, Wei Gu perguntou-lhe se ele poderia conhecê-la, e Yue Lao pediu que ele o seguisse. Levando Wei Gu até o mercado, Yue Lao lhe mostrou uma senhora carregando uma garotinha em seu colo, e então lhe disse que aquela garotinha era sua futura esposa.

Wei Gu ficou bastante irritado com aquilo, talvez pelo fato de que levaria muito tempo para que ele tivesse a esposa que tanto desejava. Ele perguntou à Yue Lao o que aconteceria caso ele a matasse, e Yue Lao lhe respondeu com outra pergunta, sobre como ele poderia matá-la se estava destinado a casar com ela. Após responder a pergunta de Wei Gu, ele desapareceu.Nesse ponto a história costuma variar. Uma versão diz que Wei Gu pegou uma pedra e atirou contra a menina, atingindo-a entre os olhos, enquanto outra diz que ele pagou um homem para ir até a menina e matá-la, porém o homem apenas conseguiu fazer um corte na região entre os seus olhos.

Passados quatorze anos, Wei Gu tornou-se um general do distrito de Xiangzhou, e Wang Tai, governador do distrito, deu a mão de sua filha em casamento a ele. A jovem era muito bela e educada, porém não conseguia encontrar nenhum pretendente. Os dois se casaram, e apesar de estar muito satisfeito com sua esposa, tinha um detalhe que Wei Gu achava muito estranho: sua esposa sempre usava uma espécie de enfeite de flores em sua testa, entre as sobrancelhas, o qual ela não tirava nem para lavar seu rosto.

Um dia, Wei Gu finalmente resolveu perguntá-la a respeito do mesmo, então ela chorou e respondeu: “Eu sou uma filha adotiva; o governador Wang Tai é meu tio. Meu pai morreu logo depois que eu nasci, e minha mãe e meu irmão também morreram muito cedo. Eu fui criada pela minha babá, que sempre me levava ao mercado quando ia vender verduras. Há quatorze anos atrás, alguém em meio à multidão me machucou em meio a testa sem nenhuma razão óbvia. O enfeite que uso serve para esconder essa cicatriz, a qual me impedia de encontrar um pretendente."

Ao ouvir isso, Wei Gu lembrou do seu encontro com Yue Lao, e finalmente acreditando em suas palavras, contou tudo à sua esposa e implorou por seu perdão.

Cultura Popular

Yue Lao tem sido historicamente uma divindade muito popular, sendo considerado uma espécie de "cupido chinês". Nos dias atuais, ele ainda recebe orações, principalmente de jovens casais, que também passam a usar um cordão fino e vermelho em volta do pulso para expressar seu desejo de ficarem juntos para sempre.


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9 de junho de 2021

Amentet

۞ ADM Sleipnir

Arte de Jerome Ressot

Amentet ( “Ela do oeste”, também conhecida como Ament, Amentit, Imentet e Imentit) é uma deusa egípcia associada aos mortos e considerada a personificação da margem oeste do Nilo. Como o sol se põe ao oeste, a direção foi associada pelos egípcios à morte e à entrada do submundo. Logo, o nome foi aplicado a cemitérios e tumbas em todo o Egito. Embora ela nunca tenha sido oficialmente adorada, Amentet foi mencionada em vários hinos e passagens do Livro dos Mortos.

Amentet era a consorte de Akeno barqueiro que guiava Rá por partes do submundo, e também era responsável por transportar as almas dos mortos para o mundo subterrâneo (semelhante ao grego Caronte). Acreditava-se que Amentet vivia debaixo de uma árvore na beira do deserto com vista para a entrada do Duat, o submundo. Ela encontrava a almas dos recém-falecidos e oferecia-lhes pão e água antes de conduzi-los ao reino dos mortos. Esse amparo os revitalizava e os preparava para o renascimento de suas almas e para as provações que enfrentariam no caminho para Aaru, o (“campo de juncos”, o paraíso egípcio).

Iconografia e associações

Amentet era freqüentemente retratada como uma rainha ocasionalmente carregando um cetro e a cruz ankh. Em sua cabeça, ela usa o sinal que representa o oeste (um semicírculo no topo de uma vara longa e outra curta) e uma pena ou um falcão. Ela era freqüentemente retratada em túmulos e caixões, protegendo os mortos, e nessas representações, ela costumava receber asas.

Amentet às vezes se fundia com as deusas Hathor Ísis (há quem acredite que Amentet não fosse uma divindade a parte, mas uma forma alternativa dessas duas deusas), Neith, Mut e Nut. Ela também era intimamente relacionada a Néftis e Maat e, de acordo com alguns mitos, era filha de Hórus e Hathor. Em sua associação com Ísis e Néftis, ela costumava ser retratada como um milhafre.

Às vezes ela era emparelhada com a divindade composta Ra-Horakthy, que representava o sol nascente, enquanto ela representava o sol poente. Ela também aparece com Iabet, (a deusa do deserto oriental) no texto funerário chamado Livro da Terra

Arte de Sol Devia

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Ruby