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26 de fevereiro de 2021

Hōichi, o "Sem Orelhas"

۞ ADM Sleipnir

Mimi-nashi Hōichi (japonês 耳なし芳一 ou みみなしほういち, "Hōichi, o Sem Orelhas") é um famoso personagem pertencente ao folclore japonês. Ele era um menestrel cego mestre na arte da Biwa (icônico instrumento de cordas japonês) e residia em Amidaji, um templo budista localizado na cidade de Shimonoseki. Hōichi era conhecido por sua habilidade em interpretar o Conto dos Heike (japonês 平家物語; em particular sua interpretação da Batalha de Dan no ura e a morte do imperador Antoku), e conta-se que o jeito com que Hōichi tocava o instrumento era tão esplêndido que ele podia até fazer fantasmas e demônios chorarem.

Sua história é bem conhecida no Japão e também fora dele, graças ao livro de Lafcadio Hearn (1850-1904), Kwaidan: Histórias e Estudos de Coisas Estranhas. A versão de Hearn foi baseada na história Biwa no hikyoku yorei wo nakashimu, publicada pelo escritor Isseki Sanjin em sua série Gayū kidan (Histórias secretas de jogos noturnos), de 1782.

Arte de Mateusz Ferenc

História

Certa noite, Hōichi tocava seu biwa no pórtico do templo Amidaji quando recebeu a visita de um samurai que exigia que Hōichi o acompanhasse até a presença de seu senhor, para quem ele deveria apresentar sua performance do Conto dos Heike. O samurai conduziu Hōichi ao local onde seu senhor estava, e parecia que um grande número de pessoas estava presente. De repente, uma voz ordenou que Hōichi tocasse a Batalha de Dan no ura do Conto dos Heike.Hōichi obedeceu o comando, e conforme tocava seu biwa, ficava surpreso com a reação dramática do público à sua apresentação. Quando Hōichi chegou no clímax da história, onde ele contava sobre a derrota dos Heike e o afogamento do jovem imperador Antoku, todos começaram a chorar bem alto. 

Terminada a apresentação, o público saudou Hōichi elogiando sua performance. Uma voz solicitou que ele voltasse na noite seguinte. Em seguida, o samurai acompanhou Hōichi de volta ao seu templo. O samurai também ordenou que Hōichi não contasse a ninguém sobre o que havia acontecido. Na noite seguinte, o samurai retornou até Hōichi, e o conduziu até o local onde ele havia se apresentado na noite anterior. Mais uma vez Hōichi tocou seu biwa, levando seu público às lágrimas. 

O sumo sacerdote de Amidaji notou que Hōichi estava saindo todas às noites, retornando somente na manhã seguinte. Quando perguntou a Hōichi onde ele estava indo, ele se recusou a contar. Preocupado, o sumo sacerdote ordenou que seus servos seguissem Hōichi em sua próxima saída. Ao anoitecer, o samurai mais uma vez veio buscar Hōichi. Os servos do templo o  seguiram até um antigo cemitério da família Heike. Lá, viram Hōichi sentado diante do túmulo do imperador Antoku. Enquanto ele tocava apaixonadamente seu biwa, hitodamas (bolas de fogo que de acordo com o folclore japonês são almas humanas) surgiam e dançavam no ar ao seu redor. Os servos, percebendo que Hōichi estava em perigo, correram até ele e o arrastaram para longe dos túmulos, conduzindo-o de volta ao templo. Lá, relataram ao sumo sacerdote o que havia acontecido.

O sumo sacerdote explicou a Hōichi que os nobres que ele vinha encontrando noite após noite eram na verdade os fantasmas daqueles que haviam perecido na Batalha de Dan no ura. E aqueles fantasmas não estavam satisfeitos com sua performance; na verdade, eles iriam acabar matando-o e ficariam com sua alma.

Sabendo que os fantasmas retornariam até Hōichi na noite seguinte para levá-lo até o túmulo dos Heike novamente, o sumo sacerdote pintou o Sutra do Coração por todo o seu corpo para protegê-lo. O Sutra faria com que Hōichi ficasse invisível para os fantasmas, mas como eles ainda poderiam ouvi-lo, o sumo sacerdote o orientou a não fazer nenhum som enquanto eles estivessem por perto.

Como previsto, o fantasma do samurai voltou na noite seguinte. Ele chamou pelo nome de Hōichi, mas ele permaneceu em silêncio. O fantasma continuou chamando por seu nome. Não sendo atendido, disse: “Por que você não responde? Eu vejo seu biwa, então eu sei que você está ai”. Hōichi ouvia os passos pesados e os resmungos do fantasma enquanto o mesmo o procurava. 

De repente, Hōichi ouviu o fantasma dizer: “Ah, agora eu vejo porque você não responde. Sua boca e seu corpo foram levados. Apenas suas orelhas permanecem aqui! Pois bem, levarei suas orelhas até meu senhor como prova de que fiz tudo o que podia fazer”. O fantasma do samurai então arrancou as orelhas de Hōichi, mas o menestrel não gritou nem emitiu nenhum ruído. O fantasma foi embora do templo levando as orelhas de Hōichi consigo.

De manhã, os servos do templo encontraram Hōichi caído inconsciente sobre uma poça de sangue. Quando viram o que havia acontecido, o sumo sacerdote percebeu seu erro. Ele havia pintado o sutra por todo o corpo de Hōichi, exceto em suas orelhas. Por isso, elas permaneceram visíveis para o fantasma. O sacerdote se desculpou com Hōichi e cuidou de seus ferimentos, e os fantasmas nunca mais vieram atrás dele. A história se espalhou por toda parte e Hōichi ficou mais famoso do que nunca. Pessoas vinham de todas as partes para ouvir o mestre biwa sem orelhas, cuja música tinha o poder de fazer fantasmas chorarem. 

Inspiração para a história

Acredita-se que a história de Hōichi foi baseada em um monge real do século XIV chamado Akashi Kakuichi. Kakuichi ficou cego por volta dos trinta anos de idade, quando começou a praticar o biwa. Em pouco tempo ele ultrapassou seu próprio mestre na arte do biwa e se tornou um dos mestres biwa mais influentes do Japão. A versão de Kakuichi do Conto dos Heike é até hoje a mais popular, sendo considerada padrão para estudos acadêmicos.

O Templo de Amidaji hoje

Hoje, o templo de Amidaji é conhecido como Akama jingū, e é dedicado ao imperador Antoku. Seu terreno contém um pequeno santuário dedicado a Hōichi e o túmulo de quatorze membros do clã Heike. De vez em quando, surgem relatos de fantasmas inquietos avistados dentro e ao redor do terreno do santuário.

fontes:

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24 de fevereiro de 2021

Kulariut

 ۞ ADM Sleipnir

Arte de Elartwyne Estole

Kulariut é uma espécie de criatura inofensiva pertencente ao folclore filipino, em especial ao folclore da província de Pampanga. Descrito como um ser semelhante a um símio de pele escura (ou coberto de pelos escuros), com olhos grandes e uma longa barba branca, o Kulariut tem como habitat natural os bambuzais ou florestas da região. Se houver alguma casa nas proximidades, ele poderá ser encontrado repousando em silêncio do telhado das mesmas.

De acordo com o folclore, o Kulariut possui o hábito de observar em silêncio as pessoas enquanto elas dormem. O porquê dele fazer isso ninguém sabe, mas parece que ele sente prazer em fazer isso. Apesar dos seus olhares noturnos, não existe qualquer relato de que um Kulariut tenha atacado alguém durante o sono.

Arte de ENRI

fontes:
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22 de fevereiro de 2021

Shikigami

۞ ADM Sleipnir

Arte de Luches

Shikigami (em japonês 式神 ou しきがみ, também chamados de Shikijin ou Shiki-no-kami) são espíritos familiares conjurados por onmyōjis (especialistas na prática do Onmyōdō, cosmologia esotérica tradicional do Japão que mistura ciência natural e ocultismo) em rituais com os mais variados propósitos e fins. Alguns são usados como amuletos para boa sorte, outros são usados como amuletos para proteção e alguns ainda são usados como maldições. Conjurar um shikigami significa conjurar um deus, um demônio, um yokai ou um fantasma e utilizar seu poder para uma ação ou outra.

Shikigami ganham vida por meio de uma complexa cerimônia de conjuração, e podem assumir as mais diversas formas, de acordo com a habilidade do conjurador. Os mais comuns são consagrados em pequenos objetos, como tiras de papel ou amuletos. Outros podem vir em forma animal, usando corpos de galinhas, vacas ou cães como recipientes. Os shikigami mais terríveis assumem a forma de humanos, fantasmas, yokais ou demônios (onis). Seu poder está conectado à força espiritual de seu mestre.

Arte de Matthew Meyer

Um Shikigami nunca age por conta própria, sendo escravos a serviço de usuários mágicos humanos que lhes dizem o que fazer. Porém, em casos onde o conjurador comete algum descuido na hora da conjuração, seu shikigami pode ficar fora de controle com o tempo, ganhando vontade própria e consciência. Nesse caso, o mesmo pode até atacar seu próprio mestre e matá-lo. 

Diz-se que um onmyōji comum pode conjurar um ou dois shikigami de uma vez só, porém de acordo com algumas lendas, Abe no Seimei (o mais poderoso e famoso onmyōji da história) era capaz de conjurar e usar doze shikigami simultaneamente.

Cultura Popular

Shikigami são um tema recorrente em animes, mangás e games:

  • Em Jujutsu Kaisen, o personagem Megumi Fushiguro é um feiticeiro jujutsu especialista em conjurar shikigami através de sombras. Outros usuários de shikigami são Junpei Yoshino e a maldição Dagon;
  • Em Fairy Tail, o mago Ivan Dreyar (filho de Makarov e pai de Laxus) é usuário de magia baseada em shikigami;
  • Em Nurarihyon no Mago, shikigami são utilizados ​​como armas por diversos personagens;
  • Em Inuyasha, a sacerdotisa Kykyo possuia dois shikigami chamados Kochō e Asuka;
  • Em Shaman King, Zenki e Goki são dois shikigami usados pelo antagonista Asakuna Hao.
  • Shikigami também aparecem no anime/mangá Kekkaishi, onde são usados ​​como ajudantes e em uma forma básica são tiras de papel;
  • Na série de jogos Touhou Project, há dois personagens baseados em shikigami: Ran Yakumo e Chen.
  • Na série de jogos Shikigami no Shiro (Castle of Shinigami nos EUA), os personagens usam shikigami como armas.

Megumi Fushiguro (Jujutsu Kaisen)

fontes:
  • http://yokai.com/
  • https://en.wikipedia.org/wiki/Shikigami
  • https://site.aliancacultural.org.br/shikigami

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19 de fevereiro de 2021

Hodei

۞ ADM Sleipnir

Hodei (Odei"trovão" ou "nuvem") é um espírito da natureza na mitologia basca que personifica as nuvens de tempestade e controla os trovões. Em algumas lendas, é tido como um filho de Mari, deusa suprema da mitologia basca, e em outras, ele é considerado o substituto de Urtzi, uma divindade celeste dos tempos pré-cristãos da região basca.

Hodei é conhecido por possuir um humor instável, enviando trovões e relâmpagos para assustar os seres humanos e arruinando colheitas com as tempestades que provoca. Existem alguns métodos usados para aplacar sua raiva, que incluem queimar galhos de louro, acender velas especiais consagradas a ele ou ainda colocar uma faca ou machado na soleira da porta principal da casa com a lâmina de corte virada para cima.


fonte:

  • https://euskalmitologia.com/my-product/hodei/
  • https://es.wikipedia.org/wiki/Odei

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17 de fevereiro de 2021

Shiro-uneri

۞ ADM Sleipnir

Arte de NightmareSyrup

Shino-uneri (japonês 白溶裔 ou しろうねり, "ondulação branca") é um yokai do folclore japonês, e um dos muitos do tipo tsukumogami (japonês 付喪神, "espírito artefato"). De acordo com as lendas, surge de um pano de prato, toalha, de um mosquiteiro ou de qualquer outro tipo de pano usado de uso doméstico, que após ser usado por muitos anos, assume a forma de um pequeno dragão.

Após ganhar vida, um Shiro-uneri voa pelo ar, perseguindo aqueles que cuidam da limpeza da residência, enrolando-se em torno deles e fazendo-os desmaiar com o fedor de mofo e sujeira acumulados em seu corpo ao longo dos anos. Seus ataques possuem um caráter mais travesso do que hostil, apesar de ocasionalmente acabar matando por estrangulamento aqueles em quem se enrola.


fonte:



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15 de fevereiro de 2021

Sigyn

۞ ADM Sleipnir

Arte de Felsus

Sigyn (pronuncia-se sig-in) ou Sigunn é uma deusa nórdica pertencente à classe dos Aesir, e famosa por ser consorte do deus das trapaças, Loki, com ele, teve um
 filho chamado Narfi (ou Nari). Seu nome provavelmente é formado a partir das palavras em nórdico antigo sigr , "vitória" e vina , "amiga". Seu nome, portanto, aparentemente significa "amiga da vitória" ou "amiga vitoriosa". Sigyn é atestada na Edda Poética, compilada no século XIII a partir de fontes tradicionais anteriores, e na Edda em Prosa, compilada no século XIII por Snorri Sturluson. Alguns estudiosos creem que ela foi uma antiga deusa pagã germânica em tempos remotos.

Suas atribuições como deusa são desconhecidas, mas alguns atribuem à ela o papel de deusa da fidelidade, baseando-se na sua postura de permanecer ao lado do marido enquanto ele era punido por ter orquestrado a trama que culminou na morte de Balder, além de tê-lo impedido de regressar dos mundo dos mortos.

A Punição de Loki 

Após capturarem Loki, os deuses também capturaram dois de seus filhos: Vali (cuja mãe é desconhecida; não confundir com o Vali filho de Odin) e Narfi (seu filho com Sigyn). Eles então transformam Vali em um lobo, e este dilacera e mata seu irmão Narfi. As entranhas de Narfi são utilizadas para atar Loki a três pedras, transformando-se em correntes de ferro logo em seguida. Depois, a deusa Skadi coloca uma serpente venenosa pendurada sobre o local onde Loki foi preso, de forma que gotas de veneno passam a gotejar da boca da serpente sobre o seu rosto. 

Arte de samflegal

Em seu sofrimento, Loki tem a companhia de Sigyn, que fica ao seu lado segurando uma tigela e recolhendo o veneno que goteja da serpente. Porém, sempre que o recipiente enche, Sigyn tem que deixar o local para despejar todo o veneno, retornando em seguida para continuar recolhendo-o, e nesse meio tempo, o veneno cai sobre Loki fazendo o deus contorcer-se de dor, de um modo tão violento que terremotos acabam por assolar todo o mundo. Este processo repete-se até o dia em que Loki consegue libertar-se, dando início ao Ragnarök.

Na estrofe 35 do poema Völuspá da Edda Poética, uma völva (vidente) diz a Odin, entre muitas outras coisas, que vê Sigyn sentada e bastante infeliz com o seu marido acorrentado, em um "bosque de fontes termais".


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12 de fevereiro de 2021

Serpopardo

۞ ADM Sleipnir
O Serpopardo é um animal mítico cujas representações foram encontradas em antigos artefatos egípcios e também mesopotâmicos. Trata-se de um animal semelhante a uma leoa ou leopardo, porém com um pescoço longo e serpentino. O termo serpopardo, aplicado por estudiosos modernos para se referir a esta criatura, não é usado nos textos originais. Trata-se de uma interpretação feita recentemente composta das palavras "serpente" e "leopardo", já que o nome original desta criatura é desconhecido.

Imagens dessa criatura aparecem principalmente como decoração nas paletas de cosméticos do período pré-dinástico do Egito (como exemplo a Paleta de Narmer e Paleta Pequena de Nekhen)  e como motivo decorativo nos selos cilíndricos do Período de Uruque (3500-3000 a.C.).  

Paleta de Narmer (3200-3000 AC)

O corpo de um Serpopardo é geralmente classificado como sendo inteiramente felino, não possuindo manchas nem outros traços que remetam a serpentes. No entanto, hoje há uma variedade de imagens e artes feitas por artistas modernos que retratam a criatura com traços tanto felinos quanto serpentinos. Normalmente, Serpopardos eram representados em dupla com seus pescoços longos e sinuosos entrelaçados. Em algumas representações, como a da Paleta de Narmer, eles são representados contidos por homens, ou ainda eram representados atacando outros animais.

O uso de serpopardos e de outros animais híbridos na arte mesopotâmica é visto por alguns estudiosos, em especial pelo arquélogo/egiptólogo Henri Frankfort (1897-1954), como "manifestações do aspecto ctônico do deus da vitalidade natural, que se manifesta em toda espécie de vida que brota da terra". Já na arte egípcia antiga, foi sugerido que o serpopardo representa "um símbolo do caos que reinava além das fronteiras do Egito". Leoas desempenhavam um papel muito importante nos conceitos religiosos do Alto e Baixo Egito, e é provável que fossem designadas como animais relacionados à proteção e à realeza. Os pescoços longos provavelmente trata-se de um exagero simples, usado para enquadrar um motivo artístico. 

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10 de fevereiro de 2021

As Encantadas

۞ ADM Sleipnir

Arte retirada do livro Lendas Chiaoscuro Studios Yearbook 2018, à venda na Amazon.


As Encantadas são um grupo de sereias que de acordo com uma lenda dos índios Caingangues do Paraná, habitavam uma gruta chamada de "Gruta das Encantadas", localizada na Praia das Conchas, ao sul da Ilha do Mel. Seu número varia conforme as histórias, sendo descritas como sendo lindas mulheres que bailavam e cantavam ao nascer do Sol e ao crepúsculo. Seu canto era inebriante, dormente e perigoso para qualquer mortal. Se um pescador as escutasse, era certo que ele perderia o rumo de sua embarcação, batendo nas rochas e naufragando.

Acauã e Jurema

De acordo com uma história, as Encantadas eram filhas de Acauã e Jurema, dois índios de tribos inimigas que tiveram um romance escondido e amaldiçoado. Quando as famílias descobriram o casamento secreto, amaldiçoaram as filhas do casal, que seriam muito belas, porém seriam sereias e jamais poderiam se casar. 

Desesperados, Acauã e Jurema clamaram pela piedade de TupãO deus se compadeceu da tristeza do casal, dando-lhe a Ilha do Mel para que pudessem se refugiar, porém não livrou o casal da maldição. Acauã e Jurema tiveram sete belas filhas, que ao chegarem à adolescência transformaram-se em sereias sanguinárias. Acauã e Jurema então esconderam as filhas em uma gruta no sul da ilha, a chamada Gruta das Encantadas.


A união de um homem com uma das Encantadas

Certa vez um homem (um marinheiro ou um índio, conforme a versão do conto), tendo ouvido desde criança as histórias sobre a gruta, resolveu se aproximar dela. Subiu no alto do rochedo, ficando à espreita da entrada da gruta, e quando os primeiros raios de luz despontavam ao leste, o homem começou a ouvir uma doce e suave melodia vindo do interior da gruta. Um grupo de mulheres nuas, desenhadas de sombras, foram surgindo de dentro dela, e à medida que alcançavam a entrada da gruta, seu canto ia tornando-se mais intenso. O canto dizia: "Cagmá, iengvê, oanan eiô ohó iá, engô que tin, in fimbré ixan an ióngóngue, iamá que nô ô caicó, katô nô ó eká maingvê..." , cuja tradução seria a seguinte: "Passe com cuidado a ponte. Viva bem com os outros; assim como eles vivem bem, você também pode viver. Lá você há de ver muita coisa que já viu aqui em minha terra, assim como o gavião. Teus parentes hão de vir te encontrar na ponte e te levarão com eles para tua morada.”

Estranhamente o homem não adormeceu. Havia pregado os olhos nas misteriosas e belas mulheres, que nuas, rodopiavam graciosamente, sem deixar marcas sobre a fina areia da praia. O homem ficou especialmente fascinado por uma das mulheres, que tinha belos olhos de cor de esmeralda. Seu fascínio foi tanto que ele acabou perdendo o equilíbrio e despencando do rochedo, rolando até chegar na praia, em meio às mulheres. O homem logo levantou-se e declarou sua paixão por aquela que o havia fascinado, além do seu desejo de permanecer a seu lado por toda a eternidade. A Encantada dos olhos esmeralda então disse-lhe que para os dois ficarem juntos, ele teria que morrer. Por fim o homem aceitou a condição, e de mãos dadas com sua amada, desapareceram nas águas ao som do canto fúnebre das demais Encantadas. Estas também desapareceram, e desde então a gruta está solitária.

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8 de fevereiro de 2021

Okot

۞ ADM Sleipnir

Okot é um deus (ou duende ou espírito, de acordo com as fontes) das florestas, dos pássaros e da caça pertencente à mitologia filipina, em particular à do povo bicolano, nativo da região da península de Bicol. É geralmente descrito como um ser alto, musculoso com pele morena e vestindo um cinturão coberto de folhas ou vinhas, porém em algumas histórias ele aparece na forma de uma enorme árvore com um rosto no tronco.

Como deus da floresta e da caça, Okot protege a flora e a fauna da região, vigilando para que os humanos não perturbem o seu equilíbrio. É venerado por caçadores, para os quais dizem que ele assobia imitando o canto dos pássaros, guiando-os até suas presas. Segundo histórias, Okot transforma em pedra aqueles que desobedecem suas regras.

Arte de John Elijah Santos

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5 de fevereiro de 2021

Jiaochong

۞ ADM Sleipnir 


Jiaochong (em chinês: 驕蟲, literalmente "inseto orgulhoso") é, de acordo com o clássico texto chinês Shan Hai Jing (chinês 山海經,"Clássico das Montanhas e Mares") um deus que habita o Monte Pingfeng, e dito ser o líder de todas as abelhas. O texto o descreve como tendo uma forma que se assemelha a de um ser humano, com a exceção de possuir duas cabeças. Algumas descrições relatam que as cabeças de Jiaochong se assemelham à colméias.

O Shan Hai Jing fala sobre uma espécie de ritual feito à Jiaochong, onde um galo é oferecido vivo ao deus, juntamente com uma oração. O historiador Guo Pu (276-324) sugeriu que esse ritual tinha como intuito exorcizar calamidades; já o poeta Wang Fu (82-167) acreditava que o ritual incluía uma prece para evitar picadas de abelhas, após a qual o galo era solto.




fontes: 

  • https://cryptidz.fandom.com/wiki/Creatures_and_Beings_of_China_Folklore_and_Lower_Mythology
  • https://heathenchinese.wordpress.com/2014/07/07/bees-in-ancient-china/
  • http://www.bestiary.us/

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3 de fevereiro de 2021

Uakti

 ۞ ADM Sleipnir

Uakti é um ser mitológico pertencente ao imaginário dos índios tukanos, habitantes do Noroeste do estado brasileiro do Amazonas, às margens do Rio Negro. De acordo com a lenda, era um ser cujo o corpo era repleto de buracos, os quais reproduziam belíssimos sons quando eram atravessados pelo vento. Os sons produzidos por Uakti atraíam a atenção das  índias por onde ele passava, e ele acabava seduzindo muitas delas.

Enciumados, um grupo de índios caçaram Uakti, conseguindo capturá-lo e matá-lo. Os índios enterram o corpo de Uakti na floresta, e no local onde ele foi enterrado cresceram estranhas palmeiras. Utilizando a madeira oriunda destas palmeiras, os índios construíram instrumentos musicais que, ao serem tocados, reproduziam os mesmos sons que o vento produzia ao passar pelo corpo de Uakti.

Cultura Popular

A lenda inspirou o compositor Marco Antônio Guimarães a fundar o grupo Uakti conhecido por utilizar instrumentos musicais não convencionais, projetados e construídos pelo próprio Marco Antônio. O grupo surgiu em 1978, encerrando suas atividades em 2015.

Arte de Jader de Melo


fontes:


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1 de fevereiro de 2021

Ellén Trechend

۞ ADM Sleipnir

Arte de Carlos Herrera

Ellén Trechend é uma criatura de três cabeças referida na mitologia irlandesa. Foi mencionada no texto Cath Maige Mucrama ("A Batalha de Mag Mucrima") como tendo emergido das colinas de Cruachan (ou Rathcroghan, no condado de Roscommon) e devastado a Irlanda até ser morta pelo herói e poeta Amergin mac Eccit

De acordo com Patrick Weston Joyce em sua obra A Smaller Social History of Ancient Ireland ("Uma pequena história social da Irlanda Antiga"), publicada em 1906, as colinas de Cruachan se abriram durante o Samhain, e uma multidão de horrendos goblins, acompanhados por um bando de pássaros de coloração vermelho-cobre, emergiram do local liderados por um abutre de três cabeças, que acredita-se ser Ellén Trechend, já que no Cath Maige Mucrama também são citados os pássaros de cor vermelho-cobre.

Arte de matena

O significado de seu nome é difícil de interpretar: trechend significa "três cabeças", mas ellén é uma palavra obscura. Um tradutor interpretou o nome como "enxame de criaturas de três cabeças"; o escolar Whitley Stokes (1830-1909) traduziu como "pássaro monstruoso de três cabeças", enquanto T. F. O'Rahilly (1883-1953) o identificou com Aillén, o monstro cuspidor de fogo que foi derrotado por Fionn mac Cumhaill. Muitos referem-se hoje à criatura como sendo um dragão de três cabeças e cuspidor de fogo.

De acordo com alguns estudiosos modernos, é provável que a lenda sobre a criatura tenha sido forjada por padres cristãos da época, na tentativa de demonizar a deusa tríplice Brighid ou Lugh, ambos adorados pelo povo celta na era pré-cristã.

Amergin sobre o cadáver de Ellén Trechend, arte de Carlos Herrera

fontes:

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Ruby