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31 de maio de 2021

A Mitologia Grega em "Sangue de Zeus"

۞ ADM Sleipnir

Sangue de Zeus (Blood of Zeus no título original em inglês) é uma série de animação criada para a Netflix pelos irmãos Charley e Vlas Parlapanides, sendo produzida pelos estúdios Powerhouse Animation Studios, IncMua Film, os mesmos que produziram a série animada de Castlevania, também para a Netflix.

Estreou no serviço de streaming no dia 27 de outubro de 2020 e surpreendeu pela qualidade das animações e pela história, inspirada na mitologia grega e em particular na Gigantomaquia, a guerra entre os deuses do olimpo e os Gigantes, filhos de Gaia. A animação respeitou muitos elementos da mitologia, enquanto adaptou outros para o que entenderam ser melhor para a narrativa e para a história que pretendiam contar. Aliás, em seu prólogo, eles afirmam que aquele era um dos contos "perdidos na história", deixando claro que a intenção deles não era transmitir os mitos originais com exatidão. De toda forma, os produtores foram muito fiéis em alguns aspectos, alguns desses os quais quase nunca ninguém segue a risca o material original, enquanto em alguns eles se permitiram alterar ao seu modo. 

Nessa publicação, eu trago os principais pontos onde a animação leva ou não leva a mitologia original à risca. Para quem não assistiu a série ainda, recomendo que o faça antes de ler o post, pois haverão SPOILERS.

A Representação do Submundo

É muito comum relacionarem e retratarem o submundo grego ao inferno, como se ele todo fosse o próprio. Porém, o submundo grego é composto de várias seções para onde vão pessoas que levaram diferentes estilos de vida, sendo o Tártaro a seção que mais se equivale ao inferno cristão.

A animação acertou em mostrar essas seções separadas uma da outra quando a alma de Electra, mãe do protagonista Heron (filho dela com Zeus)é levada ao submundo por Hermes, e é deixado implícito que ela iria para os Campos Elísios, a seção para almas virtuosas como os heróis e para os que tinham uma proximidade com os deuses. Enquanto isso, Serafim (um dos antagonistas) e´ enviado no fim ao Tártaro, por suas ações ao longo da série.

Quíron

Quíron foi precisamente retratado como ele é de fato: como o mais sábio e justo dos centauros. Em sua participação na trama, aliou-se aos demônios porque eles ameaçaram seu povo, porém usou sua inteligência para enganá-los e assim ajudar sua aluna. Quíron também é o único centauro representado vestido nas artes gregas, o que a animação também acertou.

Cérbero

Na animação, Cérbero foi usado como um cão de caça para rastrear os protagonistas, sendo tratado como um monstro qualquer. Na mitologia, Cérbero não é um monstro qualquer. Ele é o cão de guarda de Hades, e sua função é a de guardar os portões do submundo para garantir que nenhuma alma possa sair dele e que nenhum ser vivo possa entrar.

Outra diferença entre o Cérbero da animação e o mitológico está em sua aparência. Enquanto o da animação é só um cão gigante de três cabeças, o Cérbero mitológico é descrito como tendo garras de leão e uma cauda de serpente, além de ter uma juba repleta de serpentes. 


Serafim e seus seguidores demônios

Nesse núcleo praticamente nada tem conexão com a mitologia grega. Começando pelo nome do antagonista, Serafim, que vem do latim e representa uma classe de anjos da teologia cristã. Ele e seus seguidores são chamados de demônios, termo esse que apesar de enraizado na palavra grega daimon, não tem o mesmo significado. Serafim e seus seguidores comeram a carne de um dos gigantes e assim foram corrompidos por eles, tornando-se criaturas das trevas.

Serafim usa como arma o bidente de Hades, que ele encontrou cravado no corpo do gigante ao qual devorou a carne.

Os Gigantes 


Os gigantes são apresentados na série como os adversários dos deuses olímpicos, surgindo logo após a queda dos titãs. Enquanto na mitologia eles nasceram de Gaia através do sangue de Urano que caiu sobre ela após ele ter sido castrado por Cronos, na série  eles são descritos como nascidos do sangue do último titã caído. Também na mitologia, os Gigantes nasceram logo depois que os titãs começaram a governar o cosmos, com seu conflito contra os deuses tendo início logo após a derrota dos titãs.

Já o design dos gigantes lembram em alguns casos outras criaturas da mitologia grega que não tinham relação direta com eles. Por exemplo, um dos gigantes possui uma aparência atribuída na mitologia grega à Tifão, filho de Gaia e Tártaro e pai de muitos dos monstros gregos. Outros dois gigantes evocam os Hecatônquiros e os Ciclopes, seres esses que foram os primeiros filhos de Urano e Gaia. Na série, esses dois gigantes se aliaram a Zeus e ajudaram os deuses olímpicos a derrotarem os demais gigantes. Na mitologia, os Ciclopes e os Hecatônquiros também ficaram do lado de Zeus, mas isso ocorreu na Titanomaquia, e não na Gigantomaquia. 


Na série, os gigantes são derrotados pelos deuses ao terem suas almas roubadas e seladas em uma espécie de caldeirão, enquanto seus corpos sem vida ficam presos no fundo do mar. Na mitologia porém, os gigantes são simplesmente mortos, com o único detalhe que para isso acontecer, os deuses precisavam combatê-los com a ajuda de um ser humano (Héracles). Os roteiristas provavelmente pegaram inspiração em elementos da Titanomaquia e do mito de PandoraAo final da Titanomaquia, os titãs derrotados foram selados no Tártaro, sendo guardados pelos monstruosos Hecatônquiros. Na animação, o caldeirão onde as almas dos gigantes foram seladas é guardado pelo autômato de bronze Talos, para que ninguém pudesse liberá-los.

Talos 

Falando em Talos, na mitologia grega ele nada tem haver com os gigantes ou a Gigantomaquia em si. Na verdade ele era o guardião da ilha de Creta, onde a amante de Zeus, Europa, vivia exilada. Foi construído por Hefesto à pedido de Zeus, e presenteado à sua amante para que a protegesse de possíveis invasores e outras ameaças.

Na série, é confrontado e derrotado por Serafim, que consegue assim libertar as almas dos gigantes.

A ausência de Héracles

Como citado no tópico anterior, Héracles foi um personagem importante no conflito com os gigantes, pois somente com sua ajuda os deuses poderiam matá-los. Na animação, o personagem é completamente omitido, não aparecendo nenhuma vez. Os roteiristas claramente o substituíram por Heron, dando ao público alguém mais "neutro" em relação a trama, que juntamente com público, iria descobrindo cada vez mais sobre a mesma. Algo similar aconteceu recentemente com o novo filme de Mortal Kombat, onde os roteiristas tiraram o personagem Johnny Cage e inseriram em seu lugar um novo personagem chamado Cole Young.

Hera


Em termos de caracterização da deusa, a animação acertou. Hera é bem conhecida por perseguir as amantes de Zeus e os filhos nascidos dessas uniões. Portanto, faz muito sentido que em algum ponto Hera finalmente se abata e tente encontrar um meio de se vingar de Zeus, tornando-se a principal antagonista da animação. A imprecisão quanto a mitologia aqui é a sua habilidade de reunir os deuses contra Zeus. Embora seja verdade que os deuses temem Hera quando ela está furiosa, eles não a temem a ponto de ficar do lado dela. Pois, mesmo quando enfurecida, ela não é páreo para Zeus, nem sozinha e nem reunida aos demais olimpianos.

Outra imprecisão é o uso de corvos que a deusa utiliza para espionar o mundo dos homens. Hera nunca foi retratada com corvos como seu animal sagrado ou simbólico. Na verdade, Hera é frequentemente simbolizada por pavões, vacas, panteras e leões. Associá-la a corvos foi feito sem dúvida para fazê-la parecer mais vilã. 

Zeus 

Zeus tem bastante destaque na série, já que suas ações desencadeiam os conflitos da mesma. Muitos detalhes de sua personalidade foram acertados, como o fato dele ter seus casos amorosos pelas costas de Hera, e de tentar proteger as mulheres e seus filhos com elas dos ataques da sua enciumada esposa.

Uma imprecisão em si é como a animação resolveu abordar a relação dele com Electra, mãe do protagonista Heron. O relacionamento dos dois é retratado como sendo algo terno e doce, quando na verdade era muito errado e abusivo. Zeus simplesmente se sentia atraído sexualmente por alguma mulher (ou homem, na mitologia em si) e arrumava um jeito de se disfarçar e ter relações com essa mulher. Outra imprecisão é como Zeus é tratado como um cafajeste, porém com um "coração de ouro", quando na verdade, Zeus é somente cafajeste mesmo.

Talvez a maior controvérsia seja o fato de Zeus ser retratado na animação como tendo medo dos outros deuses olímpicos se unirem para lutar contra ele, enquanto na mitologia ele é inúmeras vezes descrito como o mais poderoso deles. Vale lembrar o mito onde Hera se une à Apolo, Poseidon e Atena para tentar destroná-lo, e ao ver seu plano falhar, eles imploram pela sua misericórdia. Embora houvessem seres que Zeus temia (como por exemplo a deusa primordial Nix e o temível monstro Tifão), os olimpianos certamente não estavam entre eles.

Os demais deuses do Olimpo

Hermes e Apolo foram representados de forma bem precisa. Hermes inclusive é talvez o deus mais fielmente adaptado na animação. Ele é mostrado não só como o mais rápido dos deuses, mas também atuando como psicopompo, guiando a alma dos mortos até o submundo e entregando-as ao barqueiro Caronte. Hermes ainda usa seu elmo mágico que o torna invisível.

Apolo é representado como um deus jovem e belo, e em uma cena do quinto episódio ele é visto em uma cama ao lado de um homem e uma mulher, evidenciando sua bissexualidade (na mitologia grega há muitas histórias envolvendo seus amantes tanto masculinos quanto femininos). O apoio de Hermes e Apolo à Heron faz sentido, uma vez que os dois são filhos bastardos de Zeus (Apolo e sua irmã Ártemis são filhos da titânide Leto, enquanto Hermes é filho da plêiade Maia)

Ares ter ficado ao lado de Hera em seu conflito com Zeus faz sentido, já que o deus é tido como seu filho preferido e estava sempre disposto a tomar partido dos problemas da mãe.Já Hefesto, ficando do lado de Zeus, concorda com a versão do seu mito onde Hera o atira do Olimpo após o nascimento, por este ter nascido coxo. 

Todos os demais deuses ficaram ao lado de Hera em seu conflito contra Zeus, algo que, como já disse no parágrafo a respeito de Zeus, não faz sentido do ponto de vista mitológico. Além de se posicionarem contra Zeus, eles ainda o zombavam pelas costas por seu comportamento em relação a suas amantes terrenas, o que era considerado uma vergonha para alguém que era o rei dos deuses. O curioso é que na mitologia muitos deles tinham o mesmo comportamento. Na mitologia Poseidon tem um comportamento igual ou pior ao de seu irmão, com a exceção de que sua esposa Anfitrite não parecia se importar com isso. Afrodite foi flagrada por Hefesto tendo relações com Ares, o que motivou seu divórcio.

Hades

Hades é frequentemente retratado na cultura popular como sendo um deus maligno e um vilão, muito por causa da sua famosa adaptação no filme animado Hércules (1997). Porém, na mitologia grega ele é na verdade um deus neutro e justo. A animação acertou em deixá-lo de fora dos conflitos entre Zeus e Hera, apesar de sua aparição na cena final da temporada ter deixado a entender que ele será um antagonista na temporada seguinte.

Conclusão

Sangue de Zeus é uma grande adaptação da mitologia grega, acertando em muitas coisas, errando e até mesmo se equivocando em outras, mas nada que prejudique a experiência. Eu pessoalmente gostei muito, apesar de que gostaria muito mais se tivessem sido mais fiéis a mitologia. Recomendo!

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28 de maio de 2021

Danu

۞ ADM Sleipnir

Arte de Genzoman

Danu (também Anu, Anna, Anann, Dana, Danann) é a deusa-mãe ancestral irlandesa, da qual todos os Tuatha Dé Danann são ditos descenderem. Apesar de sua importância para a mitologia irlandesa, a sua figura permanece um grande mistério. Apesar de ser uma divindade muito antiga, Danu não aparece nos mitos e textos celtas maiores. Embora estudiosos tenham freqüentemente buscado respostas sobre esta matriarca misteriosa, poucos detalhes definitivos foram encontrados.

Embora Danu fosse a deusa mãe e homônima dos Tuatha Dé Danann, muito sobre ela permanece envolto em mistério. Danu era a fonte da herança comum da tribo, bem como sua nobreza, unidade e poder. Como uma deusa da soberania e do poder, Danu concederia presentes aos governantes e aos de nascimento nobre. Embora esses presentes variassem em valor e substância, é claro que os reis, chefes e líderes dos Tuatha Dé Danann retiraram seu poder dela. Os Tuatha Dé Danann eram criativos, astutos e habilidosos, e foi teorizado que Danu era a fonte de tais talentos.

Arte de Pernastudios

Como uma deusa-mãe, acreditava-se que Danu amamentou muitos dos deuses e incutiu neles um senso de sabedoria. Dada a natureza migratória dos Tuatha Dé Danann, especulou-se que ela também era uma deusa do vento ou da terra, e essa suposta conexão com a terra também a ligava às fadas, aos montes de fadas e às muitas pedras eretas e dólmens da Irlanda. Uma das conexões mais fortes de Danu era com o Danúbio, um grande rio europeu que as tribos celtas teriam seguido durante suas migrações. Acredita-se que o nome do rio seja de origem céltica ou cita, o que dá crédito a essa teoria. Muitos acreditam que Danu era uma representação desse antigo rio, ao qual as tribos celtas podem ter considerado um ancestral.


De todas as características de Danu, a mais bem estabelecida era sua família. Todos os membros do Tuatha Dé Danann descendiam dela de uma forma ou de outra. Reis, guerreiros, artesãos, músicos, trapaceiros, juízes, poetas e atletas vieram de uma única fonte: Danu. Embora seu marido permaneça desconhecido, o assunto é amplamente irrelevante. A tradição irlandesa afirma que Danu era o ancestral notável da tribo, independente de qualquer marido ou pai que ela pudesse ter.

A tradição neopagã acrescentou aos mitos de Danu muitas coisas que não estavam presentes na tradição irlandesa. Por exemplo, a tradição neopagã a reverencia como uma deusa tripla, tanto em associação com a deusa Morrígan quanto de forma independente. Há pouco consenso entre os neopagãos quanto ao que Danu representa, no entanto, e ela é em grande parte uma folha em branco para os praticantes usarem como quiserem. A falta de um mito definitivo para Danu sugere que ela era uma deusa antiga, e alguns acreditam que seu nome era um título que poderia pertencer a qualquer número de indivíduos.


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26 de maio de 2021

A Caçada Selvagem

۞ ADM Sleipnir


A Caçada Selvagem é uma antiga crença folclórica européia, na qual um grupo de cavaleiros fantasmagóricos e espectrais sai durante a noite para caçar, cavalgando pelos céus ou pela terra acompanhados por cães de caça, pássaros carniceiros, valquírias, elfos, dentre outras figuras. O evento era visto um presságio de catástrofes, ocorrendo antes de períodos de guerras, pragas e fome, e trazia a morte aos azarados o suficiente para testemunhá-lo. 

Em algumas tradições, aqueles que vêem a Caçada Selvagem também podem ser abduzidos pelos cavaleiros. Eles seriam arrastados para o reino das fadas ou obrigados a se unir à caçada. A caçada era tipicamente encabeçada por figuras reconhecíveis. O deus Odin é o mais comumente nomeado como o seu líder, mas as inúmeras variações da caça nomeiam muitos deuses, heróis e até mesmo figuras históricas como os seus líderes. 

O termo Caçada Selvagem foi popularizado pelo escritor Jacob Grimm, que estudou o folclore da Alemanha e de outras culturas relacionadas, e identificou o evento estritamente com as tradições germânicas, ignorando talvez o fato de que ele foi atestado na maior parte da Europa, com cada país, e freqüentemente cada cidade, possuindo sua própria versão do que era a caça e de como sobreviver a ela. 


Alemanha

Na Alemanha, a Caçada Selvagem é normalmente liderada pelo deus Wotan, embora divindades femininas como Perchta e Holda/Holle fossem às vezes identificadas em seu lugar. Às vezes, é liderada pelo espírito de um antigo governante, conhecido como Conde Hackelberg ou Conde Ebernberg, que está condenado a passar a eternidade cavalgando com a caça devido aos seus erros cometidos em vida. 

Lobisomens são comuns nas representações alemãs da Caçada Selvagem. Em vez de atacar os transeuntes, esses monstros geralmente roubavam comida e cerveja das casas pelas quais a caça passava. Dizia-se às vezes que essas versões da caça tinham uma presa específica, geralmente uma jovem. Às vezes, esta era uma vítima inocente, mas em outros casos, era um demônio feminino. Em outros relatos, a caçada não perseguia a presa. Em vez disso, eles lutavam entre si e matavam qualquer pessoa infeliz que por acaso estivesse por perto.

Escandinávia

Na Escandinávia, a Caçada Selvagem é conhecida como Oskoreia ou Asgårdsreia (norueguês: "cavaleiros ruidosos", "O Passeio de Asgard"), e Odens jakt ou Vilda jakten (sueco: "a caçada de Odin" ou "caçada selvagem"). Era tipicamente liderada por Odin, mas raramente vista pelos homens. Sua passagem podia ser reconhecida pelo som dos cães de Odin latindo, mas nenhum outro ruído podia ser ouvido. Lendas locais ofereciam conselhos sobre como ficar seguro quando a Caçada Selvagem passava. De acordo com uma história, Odin andava em uma carruagem puxada por bois, de modo que se atirar ao chão evitaria que uma pessoa fosse atingida pelo jugo.



França

Na França, a Caçada Selvagem é conhecida como Mesnée d'Hellequin (francês antigo: "família de Hellequin"). Os franceses provavelmente adotaram a Caçada Selvagem dos normandos, povo germânico estabelecido no norte da França. Foram tantas as variações locais que se desenvolveram na França, que a lenda tornou-se conhecida também em partes do Canadá francófono.

Grã-Bretanha

Um relato inglês datado de 1127 fala de várias "testemunhas confiáveis", incluindo monges, de uma Caçada Selvagem cavalgando entre as cidades de Peterborough e Stamford durante um período de nove semanas. Nessa caçada, cerca de vinte ou trinta cavaleiros enormes foram relatados cavalgando cavalos pretos e cabras.

Enquanto os primeiros relatos medievais retratavam a Caçada Selvagem como demoníaca, romances posteriores a imaginaram como uma hoste de fadas. Os líderes ingleses da Caçada Selvagem incluíam Nuada, o Rei Arthur, Herne, o Caçador, Eadrico, o Selvagem e o Rei Herla. Em uma lenda posterior de Dartmoor, a Caçada Selvagem foi liderada por Sir Francis Drake. No País de Gales, a Caçada Selvagem é freqüentemente liderada por Gwyn ap Nudd, o governante do Mundo Inferior. Diz-se que o herói trapaceiro Gwydion o lidera em seu lugar. A Caçada Selvagem irlandesa é normalmente associada à mitologia local. Conhecida como Fairy Cavalcade, é liderada por heróis mitológicos como Fionn mac Cumhaill ou Manannan mac Lir.

Em toda a Grã-Bretanha, a Caçada Selvagem é geralmente associada a lendas locais de cães infernais ou cães negros. Diz-se que os cães de caça perseguem pecadores e não batizados.


Por toda a Europa, os personagens mitológicos da Caçada Selvagem foram freqüentemente sendo substituídos por figuras bíblicas. Vilões da tradição cristã, como Herodes, Caim ou o próprio Diabo, às vezes costumavam liderar demônios e mortos em busca de vítimas.

As histórias da Caçada Selvagem são frequentemente associadas à era medieval, mas permaneceram como parte do folclore europeu por muitos séculos. Ainda no século XIX, persistiam rumores de que um rei e seu grupo de caça podiam ser ouvidos cavalgando perto do Castelo de Cadbury nas noites de inverno.

Cultura Popular
  • A canção country americana "Ghost Riders in the Sky", de Stan Jones, fala sobre caubóis perseguindo o gado do Diabo no céu noturno, lembrando o mito europeu. O músico folk sueco The Tallest Man on Earth lançou um álbum em 2010 intitulado The Wild Hunt, e em 2013 a banda de black metal Watain, também sueca, lançou um álbum com o mesmo título;
  • Na série de histórias em quadrinhos Hellboy, de Mike Mignola, duas versões do mito da Caçada Selvagem estão presentes. Em The Wild Hunt, o herói recebe um convite de nobres britânicos para participar de uma caça gigantesca, "The Wild Hunt", que eles chamam segundo a lenda de "Herne, deus da caçada". Em King Vold, Hellboy encontra o "Rei Vold, o caçador voador" cuja figura é baseada no conto folclórico norueguês "O Caçador Voador (o rei sem cabeça Volmer e seus cães)" de acordo com Mignola;
  • A série da MTV Teen Wolf apresenta a Caçada Selvagem como os principais vilões da primeira metade da sexta temporada. Ela leva a lenda um pouco mais além, dizendo que a Caça Selvagem apaga as pessoas de existência, e aqueles tomados pela Caçada tornam-se membros, após eles serem apagados e esquecidos;
  • A Caçada Selvagem é representada na série de romances de fantasia Wiedźmin de Andrzej Sapkowski e no game de RPG de 2015 da CD Projekt Red The Witcher 3: Wild Hunt, baseado nos livros, depois de ter sido muito referenciada durante os eventos e flashbacks de The Witcher 2. A Caçada Selvagem estará presente na segunda temporada da série na Netflix.
  • A trilogia Os Artifícios Das Trevas, de Cassandra Clare, publicada de 2016 à 2018, e em alguns contos do mesmo universo, contam com algumas aparições da Caçada e seu líder, Gwyn ap Nudd, é um personagem recorrente.
Arte de Bryan Fogaça Rosado

fontes:
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24 de maio de 2021

Zaqqum, a Árvore do Inferno

 ۞ ADM Sleipnir

Zaqqum (lê-se Zacum, do árabe: زقوم,  também Zaqqoum) é, de acordo com o Alcorão, uma árvore amaldiçoada que nasce nas profundezas do Jahanam, equivalente islâmico ao Inferno cristão. Conta-se que seus frutos possuem o formato de cabeças de demônios, chamados guislins, sendo espinhosos e amargos, além de terem um cheiro horrível. Os condenados (Jati'un) sentem tanta fome e sede que acabam sendo forçados a comerem os frutos da Zaqqum para se saciarem, porém seus espinhos dilaceram seus corpos por dentro, provocando uma sensação terrível, fora o gosto e cheiro terríveis que fariam qualquer um vomitar na mesma hora.

Como se as péssimas sensações que a fruta causa não fossem suficientes, os efeitos após o seu consumo também não são nada amigáveis. Assim que um condenado consome o fruto, tem o seu rosto removido do corpo e é obrigado a beber uma mistura fervente. Essa mistura faz com que todo o corpo do condenado seja queimado por dentro, a partir do estômago, até que todo o seu corpo derreta e se torne um amontoado de carne e ossos, que são finalmente queimados pelo fogo infernal. A punição, no entanto, não chega ao fim. Ao invés do fogo destruir o que sobrou do condenado transformando-o em cinzas, ele restaura o seu corpo. Dessa forma, o condenado é obrigado a reviver a mesma situação de dor e sofrimento, vez após vez, eternamente ao redor da árvore Zaqqum. Estudiosos sugerem que a árvore é cultivada pelas sementes das más ações dos pecadores, portanto, os frutos diabólicos são os frutos de suas más ações durante a vida.

Em países tradicionalmente muçulmanos, é comum que algumas plantas reais sejam chamadas casualmente de Zaqqum em referência à árvore maldita, seja pelo sabor amargo de seus frutos ou outros motivos diversos.


fontes:

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21 de maio de 2021

Poraquê

۞ ADM Sleipnir

Arte de Jim Beckman1205

O Poraquê (cujo nome vem da língua tupi e significa "o que faz dormir" ou "que entorpece") é um peixe muito conhecido nos rios da bacia amazônica, devido as descargas elétricas que ele é capaz de liberar ao se sentir ameaçado. Segundo uma lenda do Amapá, originalmente Poraquê foi um valente guerreiro indígena, pertencente a uma tribo que vivia às margens do rio Amazonas. Conta-se que ele era um exímio caçador, e que durante as festividades de sua tribo, era quem sempre trazia a maior caça. Poraquê também ele era muito forte, destacando-se dos demais membros da aldeia.

Porém ser o melhor de sua tribo não era o bastante para Poraquê. Ele não estava satisfeito em ser o mais forte de sua tribo nem em ser o melhor caçador ou ter as melhores habilidades. Sua ambição o fazia querer ser o maior guerreiro de toda a terra, e para provar isso, Poraquê tentou dominar as forças  da natureza. Primeiro, tentou  dominar o fogo com as próprias mãos, mas sua força de nada adiantou contra ele. Em seguida, Poraquê tentou dominar os rios, porém Iara mandou contra ele a pororoca, levando-o a derrota. 

Não satisfeito por ter sido derrotado duas vezes seguida, Poraquê decidiu montar em um tufão, e em seguida, pediu ao deus trovão um de seus relâmpagos emprestado. Seu pedido foi atendido, e com o relâmpago, Poraquê fez para si uma borduna (uma arma indígena de formato variando conforme a tribo, usada para ataque, defesa e também para caça), com a qual ele poderia invocar raios. Dizem que com ela, certa vez Poraquê foi capaz de dizimar milhares de inimigos de uma tribo inimiga que atacou sua aldeia, durante uma guerra que durou vários dias. Após a feroz batalha, Poraquê percebeu que sua arma estava suja com o sangue de seus inimigos, e então decidiu lavá-la no Rio Amazonas. Enquanto ele o fazia, um dos raios caiu na água, e no mesmo instante Poraquê foi transformado em um peixe, o qual seria capaz de disparar rajadas elétricas para se proteger de ameaças.

Arte de Márcio Luiz Quedinho 

fontes:

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19 de maio de 2021

Mamba

۞ ADM Sleipnir

Arte de Culpeo-fox

Mamba (conhecido como "Rei das Serpentes") é uma enorme serpente pertencente ao folclore do povo San, habitante do deserto Kalahari (que abrange partes de Angola, do Botsuana, Namíbia e África do Sul). Os Sãs crêem que nos tempos antigos, Mamba detinha o controle de todo o gado da região. Um de seus mitos envolve a serpente sendo enganada por um herói cultural errante chamado Heise, que faz com que ela entregue todo o seu gado aos homens.

Por um tempo, Heise e Mamba foram amigos e conversavam sobre muitas coisas um com o outro. Um dia, Heise sugeriu que gostaria de ganhar algumas vacas para si mesmo. Mamba então comentou que precisava de um curral para evitar que seu gado vagasse. Heise construiu o curral e, quando terminou, pediu a Mamba que lhe desse algumas vacas em troca. Ignorando o pedido, Mamba reclamou que se sentia tão frio que não conseguiria raciocinar até que estivesse quente novamente. Então Heise coletou lenha e fez uma fogueira para aquecer seu amigo. Uma vez que Mamba estava confortável, Heise novamente pediu-lhe para honrar seu acordo. Mais uma vez, Mamba mudou de assunto. 

Percebendo que Mamba não tinha intenção de cumprir sua parte no acordo, Heise ficou muito zangado, e então resolveu apelar para a vaidade de Mamba, declarando que quem conseguisse pular a fogueira seria considerado o mais bravo dos bravos. Heise saltou primeiro através do fogo, pousando em segurança do outro lado. Mamba certamente era tão corajoso quanto Heise, mas seu corpo comprido não era tão ágil quanto o do caçador. Ao tentar pular sobre a fogueira, a grande serpente pousou nas chamas e queimou até que não houvesse mais nada além de cinzas. Dessa forma, Heise ficou com todo o gado que pertencia ao rei Mamba, agrupados e ordenados no novíssimo curral que ele próprio havia construído. Posteriormente, Heise distribuiu o gado para os homens.

fonte:

  • African Mythology A to Z (Second Edition), por Patricia Ann Lynch e  Jeremy Roberts.

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17 de maio de 2021

Faetonte

۞ ADM Sleipnir


Faetonte (ou Fáeton, do grego Φαεθων, "brilhante" ou "radiante") é na mitologia grega o filho do titã e deus sol Hélios e da oceânide Climene. Em seu mito, ele é tragicamente morto por Zeus após perder o controle da carruagem solar de seu pai. Apesar de seu parentesco divino, o que o torna tecnicamente um titã de terceira geração, Faetonte era mortal. 

Faetonte sabia de sua descendência divina, mas nunca havia conhecido o pai, pois Hélios era responsável por dirigir sua carruagem solar, puxada por quatro cavalos de fogo, de um lado para o outro da Terra durante o dia. Faetonte contava para todos sobre sua linhagem, até que um dia um colega seu (alguns atribuem sua identidade à Epáfo, filho de Zeus e Io) o zombou e desafiou a provar que de fato era filho do deus sol. 

Envergonhado e chorando, Faetonte buscou respostas de sua mãe, desejando que ela fornecesse a prova que ele precisava para convencer seus amigos de que era filho de Hélios. Após ouvir duras palavras de seu filho, Climene jurou pelo próprio Hélios que ele era de fato se pai. Além disso, Climene incitou o filho a buscar a confirmação diretamente com o pai.

Faetonte então viajou ao oriente, onde deveria estar localizado o palácio de Hélios, e de onde ele iniciava seu trajeto diário conduzindo a carruagem solar pelos céus em direção ao ocidente. Com muito esforço, o jovem encontrou o palácio do Sol, e ficou estupefato com o luxo e a magnificência do mesmo. O palácio era erguido e sustentado por colunas maciças adornadas com ouro cintilante e pedras preciosas, enquanto os tetos e portas eram feitos de marfim e de prata polidos. Faetonte observou com admiração a representação requintada da terra, do mar e do céu nas paredes do palácio.


Após entrar no palácio, Faetonte se deparou com uma figura cujo a luz ofuscava sua visão. Era Hélios, que estava sentado em seu trono, e, capaz de ver tudo o que acontece no mundo, sabia o motivo pelo qual Faetonte estava ali. Diminuindo seu brilho, Hélios permitiu que Faetonte se aproximasse, e o rapaz logo tratou de perguntá-lo sobre o que sua mãe sempre lhe contou era verdade. Hélios não só confirmou as dúvidas do rapaz, como lhe concedeu um desejo, ao qual jurando pelo rio Estige, ele seria obrigado a cumprir.

Hélios mal havia terminado de falar quando Faetonte declarou seu desejo: conduzir a carruagem de seu pai por um dia. No mesmo instante, Hélios foi tomado pelo remorso, e mesmo obrigado a cumprir o desejo, tentou dissuadir Faetonte, advertindo-o dos perigos e desafios que o aguardavam:
- " És filho meu filho mas és um mortal e a nenhum mortal é dado os poderes dos deuses. Porém reflita sobre a trajetória a seguir. Subindo a partir do mar, o caminho é tão íngreme que os cavalos mal conseguem avançar, por mais descansados que estejam pela manhã. Ao chegar à metade do percurso, a altura é tão vertiginosa que nem eu mesmo gosto de olhar para baixo.

Mas muito pior é a descida, quando esta se precipita e os deuses do mar admiram quando me lanço abaixo. Guiar os cavalos é também uma luta infindável. Sua natureza de fogo vai tornando-os mais impetuosos à medida que sobem, e só com muita dificuldade consigo mantê-los sob meu controle. O que não fariam eles contigo? Deves imaginar que lá em cima existem todas as espécies de maravilhas, cidades divinas cheias de coisas belas, mas nada disso existe.

Terás de passar por feras e terríveis animais de rapina; é o que verás. O Touro, o Leão, o Escorpião, o grande Câncer, todos eles tentarão fazer-te algum mal, e não duvides por um só instante que assim será. Olha ao teu redor e vê quantas coisas belas existem no mundo. Escolhe uma que seja o mais profundo desejo de teu coração, e ela será tua. Se desejas uma prova de que sou teu pai, que prova melhor posso dar-te do que meus receios pela tua vida?"

 Ovídio, "Metamorfoses"

Mesmo com o apelo do pai, o jovem Faetonte insistiu em seu desejo. Ele não enxergava nada além da perspectiva gloriosa de guiar orgulhosamente a carruagem solar e seus corcéis de fogo, os quais até mesmo seu pai tinha dificuldades em controlar. Ignorando tudo o que seu pai havia lhe dito, e sem nenhuma dúvida em seu coração, Faetonte estava preparado para partir. As portas do leste já atingiam seu brilho purpúreo e a Aurora já vinha abrindo o seu caminho cheio de luz rósea. As estrelas começavam a abandonar o céu e a última estrela da manhã já partia. As guardiãs do Olimpo, as estações do ano, estavam preparadas para abrir as portas e os corcéis já estavam a postos. Com grande júbilo e orgulho, Faetonte partiu. Tinha feito sua escolha, e só lhe restava agora arcar com as consequências. 


O próprio Vento Leste foi ultrapassado; as velozes patas dos corcéis de fogo passavam pelas nuvens baixas, mais próximas do oceano, como se estivessem atravessando uma fina névoa marítima, e depois se elevavam rumo aos ares translúcidos das grandes alturas do Céu. Durante alguns momentos de puro êxtase, Faetonte sentiu-se o próprio senhor do firmamento. 

Subitamente, as coisas começaram a mudar. A carruagem solar começou a oscilar de um lado para o outro, e sua velocidade aumentava cada vez mais. Nesse momento, Faetonte percebeu que havia perdido o controle sobre ela. Os corcéis saíram de seu caminho habitual e se lançavam para todos os lados. Faetonte não sabia como controlá-los, e em sua corrida desgovernada, os corcéis mergulharam e incendiaram o mundo. Montanhas e florestas foram consumidas por suas chamas; fontes evaporavam e rios se tornavam pequenos riachos. Regiões da África se tornaram desertos, enquanto os etíopes tiveram sua pele escurecida.


O próprio Faetonte foi envolvido por um calor infernal, e nesse momento ele só desejava que tudo aquilo terminasse e ele fosse liberto de seu tormento e terror. A Mãe Terra (Gaia) lançou um grito que ecoou junto aos deuses e a salvação do mundo dependia de uma rápida ação. Então Zeus lançou um raio contra o imprudente Faetonte, que caiu morto. A carruagem foi destroçada e os corcéis enlouquecidos foram lançados nas profundezas do mar. O misterioso rio Eridano, nunca visto por qualquer mortal, recebeu o corpo de Faetonte e extinguindo suas chamas.

Cicnos da Liguria, amigo de Faetonte (e segundo alguns autores seu amante) lamentou profundamente sua morte e foi ao Eridano chorar por ele, sendo foi transformado pelos deuses em um cisne. As sete irmãs de Faetonte, as Helíades, também foram ao Eridano chorar por ele e foram transformadas em álamos junto às margens do rio, onde suas lágrimas se transformam em âmbares ao caírem. As náiades do rio Eridano, com pena de ver Faetonte morrer tão jovem e cheio de coragem, sepultaram-no e gravaram em seu túmulo: " Aqui jaz Faetonte; grande foi sua queda, grande foi o seu fracasso, grande foi sua tolice e grande foi seu castigo; porém grande foi sua ousadia e sua glória, de sua altura foram maior os seus sonhos!"


Confusão quanto à sua paternidade

O poeta Higino, em sua obra Fábula, atribui a paternidade de Faetonte à Climeno, filho de Hélios e rei da Beócia, com a oceânide Mérope (que não é ninguém além de Climene sendo chamada por outro nome). Nessa versão, Faetonte é, portanto, neto de Hélios.

Algumas fontes atribuem a paternidade de Faetonte à Apolo, devido á uma confusão histórica que o confunde com Hélios. De acordo com os poetas gregos mais antigos e confiáveis, como Hesíodo e Homero, é Hélios quem personifica o sol, enquanto Apolo passou a ser associado ao sol principalmente após a influência romana, que o identificou com o deus sol romano Febo (Phoebus). Inclusive alguns poetas, como Calímaco, passaram a considerar Apolo e Hélios a mesma divindade, passando a substituir Hélios por Apolo em seus mitos.

fontes:
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14 de maio de 2021

AVISO URGENTE (ATUALIZAÇÃO)

 


Não sei o que está acontecendo, mas a Google excluiu cerca de 40 postagens do blog, de posts antigos até mais recentes sob a alegação de vírus/malware, sendo que nas postagens em questão não há um link sequer que leve a algum site malicioso, isso eu tenho certeza. O Portal dos Mitos corre risco de ser excluído em definitivo pela Google, infelizmente. Estou tentando descobrir se é alguma propaganda (vinculada pela própria google, veja só) ou se é algum gadget do blog que está causando esse problema. Espero conseguir resolver, mas caso não consiga, foi prazeroso pra mim compartilhar um pouco de conhecimento mitológico e folclórico com todos vocês. Se alguém tiver conhecimento na área e puder me ajudar de alguma forma, fico grato.

***ATUALIZAÇÃO 15/05/21 12:26

A Google devolveu as postagens excluídas. Foi algum problema no servidor deles, e afetou praticamente todos os blogs hospedados no serviço. Foi um grande susto pra mim, mas felizmente voltou tudo ao normal. Agradeço pelo apoio de todos!

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Zenki e Goki

۞ ADM Sleipnir


Zenki (前鬼, "demônio frontal") e Goki (後鬼, "demônio retaguarda) são um casal de onis (demônios yokai), respectivamente um macho e o outro fêmea, que segundo as lendas eram servos de En-no-Ozuno (nascido em 634 - morto entre 700 e 707, também chamado En no Gyōja), o fundador do Shugendō, forma de budismo originária do Japão, formado por elementos sincréticos de diversas tradições religiosas, dentre elas o xintoísmo, o taoismo e crenças animistas pré-budistas. 

Representações de En-no-Ozuno em obras de arte japonesas comumente ilustram esses dois oni o acompanhando lado a lado ou com Zenki, sendo o oni vermelho empunhando um machado e estando à frente de Ozuno e Goki, o oni azul, atrás dele, carregando uma jarra contendo uma água sagrada (às vezes as suas cores e os itens que trazem são trocados). Zenki e Goki são associados por alguns escritores ao Yin e Yang, e seus cinco filhos (dos quais não se tem muitas informações) aos 5 elementos: madeira, fogo, terra, metal e água.


Existem muitas lendas diferentes sobre os dois, mas em todas elas, Zenki e Goki eram seres malignos que eventualmente encontram com En-no-Ozuno, se arrependem de seus pecados e e passam a serem seus discípulos e servos. Inclusive, antes de sua conversão, Zenki se chamava Sekigan (赤 目, "Olhos Vermelhos"; também pronunciado Shakugan) enquanto sua esposa Goki se chamava Kōkō (黄 口, "Olhos amarelos"). Enquanto onis, Zenki possui uma coloração vermelha, enquanto Goki possui uma coloração azul.

Um lenda ainda diz que  Ozuno fez Zenki e Goki viverem no interior do Monte Kinpu de Yoshino (ao norte do Monte Ōmine) para proteger os discípulos da prática ascética. Outra lenda conta que En-no-Ozuno entregou aos dois quatro versos em louvor a Buda - versos esses que tinham o poder de conceder a salvação e elevar um coração iluminado. Após recitar regularmente esses versos, Zenki e Goki eventualmente foram capazes de se tornar humanos, mais uma vez mudando de nome: Zenki passou a se chamar Otomaru (乙 丸) e Goki, Wakamaru (若 丸). 


Cultura Popular

  • No anime/mangá Shaman King, Zenki e Goki são dois Shikigamis são dois Shikigami usados ​​por Asakura Hao em sua primeira vida e mais tarde caíram sob o controle de Kyōyama Anna;
  • O anime/mangá Kishin Douji Zenki traz um plot onde um descendente de Ozuno, Chiaki, liberta Zenki e ao seu lado luta para purificar pessoas que foram transformadas em monstros pela deusa demoníaca Karura;
  • No game Nioh 2Zenki e Goki dão nome à dois machados.
Zenki e Goki em Shaman King



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12 de maio de 2021

Jarjacha

۞ ADM Sleipnir


Jarjacha é uma criatura presente no folclore dos povos andinos, principalmente no Peru e Bolívia. Segundo a lenda, trata-se de um ser humano que foi punido por Deus por ter cometido incesto, sendo transformado numa criatura medonha. Sua descrição costuma variar, sendo relatado como uma criatura com corpo de raposa e cabeça de lhama, uma criatura com corpo de puma e duas ou três cabeças de raposa ou lhama, ou ainda mais comumente, uma criatura com corpo de lhama e rosto humano. Algumas histórias afirmam que o Jarjacha só assume sua forma de monstro durante a noite, sendo um humano comum durante o dia.


O  Jarjacha pode ser encontrado em regiões montanhosas, onde costuma aterrorizar as pessoas com um grito estrondoso cujo som dá origem ao seu nome. Dizem que ele tem o poder de hipnotizar ou matar suas vítimas somente olhando-as nos olhos. A criatura pode ser morta, mas para isso é necessário que um grupo de pessoas a embosque, munidos de crucifixos e objetos de metal que possam ser usados como arma, como picaretas ou machados. Nos mitos onde o Jarjacha se transforma somente à noite, conta-se que o mais benéfico a se fazer é capturá-lo vivo, e ao amanhecer, após recobrar sua forma humana, chantageá-lo por uma grande quantia em dinheiro para não revelar a ninguém sua identidade e fazer com que todos saibam que ele cometeu o terrível pecado do incesto com um de seus filhos.

O mito do Jarjacha é famoso entre a comunidade andina, sendo muitos os relatos de pessoas que afirmam terem visto ou ouvido esta criatura. Ao que tudo indica, esse mito foi disseminado pela Igreja Católica, com o intuito de  alertar os habitantes dos perigos de se ter relações sexuais entre membros de uma mesma família, algo que era muito comum em comunidades isoladas de montanhas.


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10 de maio de 2021

Dijiang

۞ ADM Sleipnir

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Dijiang (Ti-chiang, em chinês 帝江) é uma criatura mítica do folclore chinês, que de acordo com o clássico texto chinês Shan Hai Jing (chinês 山海經, "Clássico das Montanhas e Mares"), habitava em uma montanha chamada Tianshan (“Montanha do Céu”). Ela é descrita como um estranho pássaro com cerca de 1,8 metros de altura, e dotado de quatro asas e seis pernas em um corpo de coloração vermelho vivo e brilhante ou amarelo com uma aura vermelha ao redor, como se fossem chamas. A sua principal característica no entanto é que ela não possui nem cabeça e nem um rosto em lugar algum do corpo, vivendo num estado de confusão constante. Conta-se que Dijiang produz um som que lembra uma canção, e se movimenta de uma forma que parece estar dançando.

Dijiang é frequentemente associado à outra criatura chamada Hundun, um dos chamados Quatro Perigos (chinês: 四凶, Sì Xiōnge descrito como sendo um ser do caos primordial. Hundun e Dijiang compartilham o fato de não possuírem cabeça ou rosto, e no caso do Hundun, ele é dito não possuir nenhum orifício sequer em seu corpo. Para alguns estudiosos, Dijiang é de fato Hundun, e na cultura popular os dois são constantemente vistos como a mesma criatura.

Cultura Popular

Um Dijiang chamado Morris está presente no filme da Disney/Marvel Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. 

fontes:

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Ruby