17 de maio de 2021

Faetonte

۞ ADM Sleipnir


Faetonte (ou Fáeton, do grego Φαεθων, "brilhante" ou "radiante") é na mitologia grega o filho do titã e deus sol Hélios e da oceânide Climene. Em seu mito, ele é tragicamente morto por Zeus após perder o controle da carruagem solar de seu pai. Apesar de seu parentesco divino, o que o torna tecnicamente um titã de terceira geração, Faetonte era mortal. 

Faetonte sabia de sua descendência divina, mas nunca havia conhecido o pai, pois Hélios era responsável por dirigir sua carruagem solar, puxada por quatro cavalos de fogo, de um lado para o outro da Terra durante o dia. Faetonte contava para todos sobre sua linhagem, até que um dia um colega seu (alguns atribuem sua identidade à Epáfo, filho de Zeus e Io) o zombou e desafiou a provar que de fato era filho do deus sol. 

Envergonhado e chorando, Faetonte buscou respostas de sua mãe, desejando que ela fornecesse a prova que ele precisava para convencer seus amigos de que era filho de Hélios. Após ouvir duras palavras de seu filho, Climene jurou pelo próprio Hélios que ele era de fato se pai. Além disso, Climene incitou o filho a buscar a confirmação diretamente com o pai.

Faetonte então viajou ao oriente, onde deveria estar localizado o palácio de Hélios, e de onde ele iniciava seu trajeto diário conduzindo a carruagem solar pelos céus em direção ao ocidente. Com muito esforço, o jovem encontrou o palácio do Sol, e ficou estupefato com o luxo e a magnificência do mesmo. O palácio era erguido e sustentado por colunas maciças adornadas com ouro cintilante e pedras preciosas, enquanto os tetos e portas eram feitos de marfim e de prata polidos. Faetonte observou com admiração a representação requintada da terra, do mar e do céu nas paredes do palácio.


Após entrar no palácio, Faetonte se deparou com uma figura cujo a luz ofuscava sua visão. Era Hélios, que estava sentado em seu trono, e, capaz de ver tudo o que acontece no mundo, sabia o motivo pelo qual Faetonte estava ali. Diminuindo seu brilho, Hélios permitiu que Faetonte se aproximasse, e o rapaz logo tratou de perguntá-lo sobre o que sua mãe sempre lhe contou era verdade. Hélios não só confirmou as dúvidas do rapaz, como lhe concedeu um desejo, ao qual jurando pelo rio Estige, ele seria obrigado a cumprir.

Hélios mal havia terminado de falar quando Faetonte declarou seu desejo: conduzir a carruagem de seu pai por um dia. No mesmo instante, Hélios foi tomado pelo remorso, e mesmo obrigado a cumprir o desejo, tentou dissuadir Faetonte, advertindo-o dos perigos e desafios que o aguardavam:
- " És filho meu filho mas és um mortal e a nenhum mortal é dado os poderes dos deuses. Porém reflita sobre a trajetória a seguir. Subindo a partir do mar, o caminho é tão íngreme que os cavalos mal conseguem avançar, por mais descansados que estejam pela manhã. Ao chegar à metade do percurso, a altura é tão vertiginosa que nem eu mesmo gosto de olhar para baixo.

Mas muito pior é a descida, quando esta se precipita e os deuses do mar admiram quando me lanço abaixo. Guiar os cavalos é também uma luta infindável. Sua natureza de fogo vai tornando-os mais impetuosos à medida que sobem, e só com muita dificuldade consigo mantê-los sob meu controle. O que não fariam eles contigo? Deves imaginar que lá em cima existem todas as espécies de maravilhas, cidades divinas cheias de coisas belas, mas nada disso existe.

Terás de passar por feras e terríveis animais de rapina; é o que verás. O Touro, o Leão, o Escorpião, o grande Câncer, todos eles tentarão fazer-te algum mal, e não duvides por um só instante que assim será. Olha ao teu redor e vê quantas coisas belas existem no mundo. Escolhe uma que seja o mais profundo desejo de teu coração, e ela será tua. Se desejas uma prova de que sou teu pai, que prova melhor posso dar-te do que meus receios pela tua vida?"

 Ovídio, "Metamorfoses"

Mesmo com o apelo do pai, o jovem Faetonte insistiu em seu desejo. Ele não enxergava nada além da perspectiva gloriosa de guiar orgulhosamente a carruagem solar e seus corcéis de fogo, os quais até mesmo seu pai tinha dificuldades em controlar. Ignorando tudo o que seu pai havia lhe dito, e sem nenhuma dúvida em seu coração, Faetonte estava preparado para partir. As portas do leste já atingiam seu brilho purpúreo e a Aurora já vinha abrindo o seu caminho cheio de luz rósea. As estrelas começavam a abandonar o céu e a última estrela da manhã já partia. As guardiãs do Olimpo, as estações do ano, estavam preparadas para abrir as portas e os corcéis já estavam a postos. Com grande júbilo e orgulho, Faetonte partiu. Tinha feito sua escolha, e só lhe restava agora arcar com as consequências. 


O próprio Vento Leste foi ultrapassado; as velozes patas dos corcéis de fogo passavam pelas nuvens baixas, mais próximas do oceano, como se estivessem atravessando uma fina névoa marítima, e depois se elevavam rumo aos ares translúcidos das grandes alturas do Céu. Durante alguns momentos de puro êxtase, Faetonte sentiu-se o próprio senhor do firmamento. 

Subitamente, as coisas começaram a mudar. A carruagem solar começou a oscilar de um lado para o outro, e sua velocidade aumentava cada vez mais. Nesse momento, Faetonte percebeu que havia perdido o controle sobre ela. Os corcéis saíram de seu caminho habitual e se lançavam para todos os lados. Faetonte não sabia como controlá-los, e em sua corrida desgovernada, os corcéis mergulharam e incendiaram o mundo. Montanhas e florestas foram consumidas por suas chamas; fontes evaporavam e rios se tornavam pequenos riachos. Regiões da África se tornaram desertos, enquanto os etíopes tiveram sua pele escurecida.


O próprio Faetonte foi envolvido por um calor infernal, e nesse momento ele só desejava que tudo aquilo terminasse e ele fosse liberto de seu tormento e terror. A Mãe Terra (Gaia) lançou um grito que ecoou junto aos deuses e a salvação do mundo dependia de uma rápida ação. Então Zeus lançou um raio contra o imprudente Faetonte, que caiu morto. A carruagem foi destroçada e os corcéis enlouquecidos foram lançados nas profundezas do mar. O misterioso rio Eridano, nunca visto por qualquer mortal, recebeu o corpo de Faetonte e extinguindo suas chamas.

Cicnos da Liguria, amigo de Faetonte (e segundo alguns autores seu amante) lamentou profundamente sua morte e foi ao Eridano chorar por ele, sendo foi transformado pelos deuses em um cisne. As sete irmãs de Faetonte, as Helíades, também foram ao Eridano chorar por ele e foram transformadas em álamos junto às margens do rio, onde suas lágrimas se transformam em âmbares ao caírem. As náiades do rio Eridano, com pena de ver Faetonte morrer tão jovem e cheio de coragem, sepultaram-no e gravaram em seu túmulo: " Aqui jaz Faetonte; grande foi sua queda, grande foi o seu fracasso, grande foi sua tolice e grande foi seu castigo; porém grande foi sua ousadia e sua glória, de sua altura foram maior os seus sonhos!"


Confusão quanto à sua paternidade

O poeta Higino, em sua obra Fábula, atribui a paternidade de Faetonte à Climeno, filho de Hélios e rei da Beócia, com a oceânide Mérope (que não é ninguém além de Climene sendo chamada por outro nome). Nessa versão, Faetonte é, portanto, neto de Hélios.

Algumas fontes atribuem a paternidade de Faetonte à Apolo, devido á uma confusão histórica que o confunde com Hélios. De acordo com os poetas gregos mais antigos e confiáveis, como Hesíodo e Homero, é Hélios quem personifica o sol, enquanto Apolo passou a ser associado ao sol principalmente após a influência romana, que o identificou com o deus sol romano Febo (Phoebus). Inclusive alguns poetas, como Calímaco, passaram a considerar Apolo e Hélios a mesma divindade, passando a substituir Hélios por Apolo em seus mitos.

fontes:
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2 comentários:

  1. Posso usar o post pro meu artigo da Desciclopedia? Eu vou colocar um link pro post no final do artigo.

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