Gos Nonell

۞ ADM Sleipnir

Gos Nonell (catalão: "cão Nonell"; também conhecido como Nonell de la Neu, "Nonell da Neve") é uma figura lendária do folclore catalão, oriunda da região dos Pireneus. Descrito como um homem-besta, peludo e selvagem, possui a habilidade de se transformar em um cão gigantesco, com pelagem branca e espessa. A criatura é associada ao inverno e às primeiras nevascas das montanhas, onde se diz que vaga eternamente.

Características

Gos Nonell é retratado como uma entidade híbrida, de natureza ambígua. Apesar de sua aparência monstruosa e de sua ligação com o frio e o isolamento das montanhas, também desempenha um papel protetor. Segundo a tradição oral, quando se aproxima de rebanhos, os sinos do gado tocam suavemente e os animais adormecem tranquilos, sentindo-se seguros sob sua proteção. Por isso, é considerado uma criatura pacífica, embora envolta em mistério.

Sua forma animal assemelha-se a um cão de grandes dimensões, com pelagem tão branca quanto a neve, longa e brilhante, dificultando sua percepção no ambiente nevado. Apenas o focinho e os olhos negros contrastam com o cenário branco, tornando sua presença quase imperceptível.

Origem da Lenda

A lenda do Gos Nonell foi registrada pelo folclorista catalão Joan Amades, a partir do testemunho de um habitante da vila de Pobla de Lillet. Na versão mais conhecida, Nonell era um jovem atraente, dono de uma estalagem nas montanhas. Dotado de grande beleza, voz doce e modos gentis, conquistava facilmente as moças da região. No entanto, após prometer casamento a sete mulheres diferentes e abandoná-las — todas vindo a falecer de tristeza — passou a ser visto como um sedutor cruel.

Durante uma forte nevasca, hospedou um pai e sua filha em sua estalagem. Encantado pela beleza da jovem e desafiado por sua indiferença, Nonell pediu-a em casamento. Ela impôs uma condição: ele deveria segui-la a pé até sua casa, enquanto ela e o pai cavalgavam. Se conseguisse, poderiam se casar.

Ao longo da perseguição na neve, exausto e sem fôlego, Nonell ouviu a jovem cantar:

"Mataste uma, mataste duas,

mataste três, mataste quatro,

mataste cinco, mataste seis,

mataste sete;

a oitava não matarás,

e por ela morrerás."

Desesperado, Nonell amaldiçoou-se e desejou tornar-se um cão para correr mais rápido. Instantaneamente, transformou-se em um gigantesco cão branco e peludo. Desde então, segundo a lenda, vaga pelas montanhas dos Pireneus atrás da figura inalcançável da jovem — símbolo do castigo por sua vaidade e crueldade.

Arte de Jordi Coll

Outra Versão

Uma variação da lenda mantém os elementos principais, mas apresenta pequenas diferenças. Nesta versão, Nonell também havia prometido casamento a sete jovens, todas falecidas em decorrência de sua negligência emocional. Ele encontra então uma oitava mulher, de cabelos escuros e pele branca como a neve, que não se encanta por ele imediatamente. Ela propõe a corrida montada a cavalo, sob a condição de que, se ele vencesse, poderiam se casar.

Durante a perseguição, a jovem entoa a mesma canção sobre as sete mulheres e o destino da oitava. Nonell, sentindo-se prestes a sucumbir, implora por força e velocidade e transforma-se em um cão. A lenda não esclarece se ele alcançou a jovem, mas afirma que, desde então, permanece amaldiçoado.

Arte de Anna Ribot Urbita

fontes:

• Gos Nonell. Disponível em: <https://grimoriodebestias.blogspot.com/2018/12/gos-nonell.html>;
• C. element mitològic. Disponível em: <https://ca.wikipedia.org/wiki/Nonell_de_la_neu>;
• RANGIL, D. Nonell, el ieti català. Disponível em: <https://mitologiacatalans.blogspot.com/2015/12/nonell-el-ieti-catala.html>;
• La llegenda d’en Nonell de la neu | Mitologia Catalana. Disponível em: <https://www.mitologicat.org/2018/09/la-llegenda-den-nonell-de-la-neu.html>.