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Chinnamasta (sânscrito : छिन्नमस्ता, Chhinnamastā, "a decapitada") é uma deusa da mitologia hindu, amplamente conhecida como uma das Dasa Mahavidyas (aspectos da deusa Durga ou Kali na tradição esotérica tântrica). Ela é uma divindade associada a temas como autossacrifício, transcendência do ego, domínio do desejo e à relação paradoxal entre vida e morte, sendo considerada uma das figuras mais complexas e impactantes do panteão hindu.
Etimologia
O nome Chinnamasta deriva do sânscrito chinna ("cortado", "separado") e masta ("cabeça"). A deusa também é conhecida por diversos epítetos que ressaltam diferentes aspectos de sua natureza, entre eles Prachanda Chandika ("a feroz"), Ranjaitri ("vitoriosa na guerra") e Madanatura ("aquela que domina Kama", o desejo).
No budismo tibetano, Chinnamasta é conhecida como Chinnamunda ou Vajramunda, sendo associada a divindades como Vajrayogini e Vajravarahi, mantendo simbolismos semelhantes aos da tradição hindu.

Iconografia
Chinnamasta é tradicionalmente representada nua, segurando sua própria cabeça decepada em uma das mãos e uma espada curva (khatri) na outra. De seu pescoço brotam três jatos de sangue: um que flui para a boca de sua própria cabeça e dois que são bebidos por suas acompanhantes, Dakini (à esquerda, de coloração escura) e Varnini (à direita, de coloração avermelhada).
A deusa costuma ser representada de pé sobre um casal em união sexual, identificado como Kamadeva e Rati, deuses do amor e do desejo. Outros elementos recorrentes incluem serpentes (usadas como fio sagrado), guirlandas de crânios e símbolos associados à energia vital (kundalini). Frequentemente, um crematório aparece ao fundo da representação.

Mitologia
As narrativas míticas associadas a Chinnamasta variam conforme as tradições textuais, mas compartilham o tema central do autossacrifício consciente. Uma versão relata que, após derrotar demônios em uma batalha cósmica, a deusa entrou em um estado de fúria incontrolável e se decapitou para impedir que sua própria energia destrutiva ameaçasse o equilíbrio do universo.
Outra narrativa, encontrada na Pranotasani Tantra, descreve Chinnamasta decapitando-se para alimentar suas acompanhantes, Dakini e Varnini, quando estas foram acometidas poe uma fome extrema após um banho no rio Mandakini. Nessa versão, o ato enfatiza seu aspecto compassivo e maternal. Há ainda relatos que a associam ao mito da Samudra Manthan (agitação do oceano de leite), nos quais sua autodecapitação impede que forças demoníacas obtenham o néctar da imortalidade.
Significado Religioso e Simbólico
Na tradição tântrica, a autodecapitação de Chinnamasta simboliza a renúncia do ego (ahamkara) e a superação da identidade individual limitada. Sua iconografia expressa a ideia de que a libertação espiritual exige a ruptura com a percepção dualista da realidade. Nesse sentido, o sacrifício do ego é representado pelo corte da cabeça, permitindo que a consciência pura transcenda a morte e o sofrimento.
A deusa também é associada ao conceito de criação e destruição simultâneas, segundo o qual a vida é sustentada por processos de morte e transformação contínuas. As três cores representadas em sua iconografia — branco (Chinnamasta), preto (Dakini) e vermelho (Varnini) — correspondem aos três gunas (qualidades fundamentais da existência): sattva, tamas e rajas, respectivamente.
Chinnamasta ocupa um papel importante nas interpretações tântricas relacionadas ao despertar da kundalini, a energia espiritual latente. Os três jatos de sangue são frequentemente associados aos principais canais energéticos (nadis) do corpo sutil. Ela é primariamente associada ao Ajna Chakra (terceiro olho), embora algumas escolas a vinculem também ao Manipura Chakra (Chakra do Plexo Solar), sendo invocada em práticas meditativas avançadas voltadas à transformação interior e ao despertar da consciência.

No Budismo Tibetano
No budismo Vajrayana, Chinnamasta aparece como Chinnamunda, mantendo simbolismos semelhantes aos da tradição hindu, como o domínio sobre o desejo e a superação do ego. Ela é mencionada em textos como o Sadhanamala (datado de aproximadamente 1156 d.C.) e está associada a linhagens de práticas meditativas transmitidas por mestras espirituais. Segundo os textos budistas, a adoração de Chinnamunda está ligada à história de duas mestres, Mekhala e Kankhala, que cortaram suas próprias cabeças como oferta ao seu guru.
Culto e Adoração
A adoração de Chinnamasta é considerada uma das mais intensas entre as Mahavidyas e está tradicionalmente associada a práticas tântricas avançadas. Historicamente, seu culto foi relacionado a ideais de coragem, disciplina e autossacrifício, sendo frequentemente associado a guerreiros e yoguis.
O principal templo dedicado a Chinnamasta é o Templo de Rajrappa (também conhecido como Chinnamastika Mandir), localizado em Rajrappa, no distrito de Ramgarh, no estado de Jharkhand, Índia. Este templo está situado à confluência dos rios Damodar e Bhera e é considerado uma importante Shakti Peeth (local sagrado da deusa Shakti). Outros locais de culto importantes incluem o complexo do Templo de Kamakhya, em Assam (onde existe uma capela dedicada a Chinnamasta), e templos no Nepal, especialmente em Katmandu.
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fontes:
- WIKIPEDIA CONTRIBUTORS. Chhinnamasta. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Chhinnamasta>;
- INDIAFACTS. Dasha Mahavidyas-II: Chinnamasta. Disponível em: <https://www.indiafacts.org.in/dasha-mahavidyas-ii-chinnamasta/>;
- Chinnamasta | Tantric Art | Encyclopedia of Art. Disponível em: <https://mapacademy.io/article/chinnamasta/>.
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Chinnamasta


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