24 de fevereiro de 2025

Vamana

۞ ADM Sleipnir

Arte de bachzim

Vamana (sânscrito वामन, "anão", também chamado Trivikrama (sânscrito त्रिविक्रम, "Aquele que deu três passos poderosos"), Urukrama (sânscrito उरुक्रम, "Aquele que realiza feitos grandiosos"), Upendra (sânscrito उपेन्द्र, "Irmão mais novo de Indra"), Bhagavat-datta (भगवत्दत्त, "Dado ou enviado pelo Senhor"), Vishwaroopa (sânscrito विश्वरूप, "Aquele que assume a forma universal"), Dwarabrahmana (sânscrito द्वारब्राह्मण, "O brâmane que se aproxima da porta"), Sthula-rupa (sânscrito स्थूलरूप, "Aquele que tem uma forma imensa") e Sarvabhauma (sânscrito सर्वभौम, "Senhor de todos os mundos") é na mitologia hindu o quinto avatar de Vishnu, o deus preservador membro da trimurti (trindade) hindu. Ele encarnou durante a era conhecida como Treta Yuga (na qual, segundo os hindus, a virtude começou a declinar, e as pessoas se tornaram mais materialistas e egoístas, e que durou 1296000 anos), especificamente para salvar o mundo do maligno rei asura Bali, que em determinado momento usurpou o posto de Indra e obteve o domínio do universo. 

Mitologia

A Ascenção de Bali com rei dos três mundos
                       
Bali (também chamado de Mahabali) era bisneto de Hiranyakshipu (rival perpétuo de Vishnu, morto por seu quarto avatar, Narasima), neto de Prahlada (devoto de Vishnu a quem Narasima resgatou) e filho de Virochana. Ele era o rei dos asuras na época em que Indra foi amaldiçoado pelo sábio Durvasa, perdendo Lakshimi e suas bençãos e levando os devas a um período de miséria. Bali se aproveitou da fragilidade dos devas e lançou um ataque contra os devas, durante o qual conseguiu roubar um pote contendo o néctar da imortalidade dos deuses (Amrita). Na batalha que se seguiu para recuperá-lo, o pote caiu no oceano e se perdeu. Sob a orientação de Vishnu, devas e asuras se uniram para agitar o oceano e recuperar o amrita, episódio que ficou conhecido como a Agitação do Oceano de Leite (Samudra Manthan).


Usando o Monte Mandara como uma vara de bater e a serpente Vasuki como uma corda, devas e asuras agitaram o oceano, recuperando não só o néctar da imortalidade mas muitos outros tesouros, o que desencadeou uma batalha feroz entre os dois grupos para ver quem ficaria com eles. A guerra que se seguiu levou à derrota temporária de Bali. No entanto, com a orientação de seu professor e mentor, Shukra, o grande guru dos asuras, Bali realizou o Viśvajit yāga, um sacrifício ritual extremamente poderoso que busca invocar bênçãos divinas para obter conquistas universais. 

A realização do ritual foi tão bem-sucedida que agradou muito Yajnadeva (o deus dos sacrifícios). Em reconhecimento ao seu sacrifício, Yajnadeva presenteou Bali com uma carruagem divina, um arco dourado, uma aljava cujas flechas nunca esgotavam e uma formidável armadura. O avô de Bali, Prahlāda, também o presenteou com uma guirlanda cuja as flores nunca desbotariam, enquanto Shukra o presenteou com uma concha divina capaz de produzir um som ensurdecedor. Até Brahma reconheceu a grandeza de Bali, concedendo-lhe outra guirlanda de flores. Em posse desses tesouros divinos, Bali travou uma nova guerra contra os devas, desta vez derrotando Indra e conquistando os três mundos (céu, terra e submundo).

Os Devas recorrem a Vishnu

Seguindo os ensinamentos de seu avô Prahlada, que sempre destacava a supremacia do dharma (virtude), Bali governava com justiça, e sob sua liderança, os três mundos prosperaram. Os devas, por outro lado, foram privados de suas riquezas e glórias. Indra, em particular, estava desolado, pois Bali não apenas o havia derrotado, mas também demonstrava o que significa ser um governante exemplar. Buscando alívio para sua angústia, Indra recorreu à sua mãe, Aditi. Com o coração pesado e preocupada com o filho, ela realizou o ritual Payovrata, um jejum de doze dias dedicado a invocar as bênçãos de Vishnu, e após algum tempo, o próprio Vishnu manifestou-se diante dela. Com humildade, ela lhe disse: 

— Senhor, certamente já sabe que Bali tomou o reino de meu filho...

Antes que Aditi pudesse continuar, Vishnu a interrompeu suavemente, dizendo: 

— Aditi, Bali é um grande rei, um devoto sincero e merecedor do título de Indra.

Ainda assim, Aditi insistiu, explicando que, embora Bali fosse um rei digno, outros Asuras poderiam assumir o poder e retornar aos seus costumes cruéis, causando sofrimento às pessoas. Por isso, ela suplicou que Vishnu nascesse como seu filho para pôr fim ao reinado de Bali. Vishnu concedeu seu desejo, e logo, Aditi engravidou de seu marido, Kashyapa

O nascimento de Vamana

No momento oportuno, Vamana nasceu. O bebê, que inicialmente havia nascido com sua forma divina possuindo quatro braços, logo se transformou, assumindo a forma de um menino brâmane anão, enquanto Aditi e Kashyapa o observavam maravilhados. Os devas logo se reuniram para oferecer suas bênçãos e presentes à criança. Cada um deles presenteou Vamana com itens sagrados que simbolizavam seu respeito e devoção. Surya, o deus Sol ensinou a Vamana o Sāvitrīmantra, um poderoso encantamento védico. Bṛhaspati, (guru dos devas e arquirrival de Shukra), presenteou-o com o cordão sagrado (yajñopavīta), o qual Kashyapa, seu pai, o amarrou em sua cintura. Bhumi Devi, a terra, lhe forneceu a pele de um antílope para se vestir. Chandra (também conhecido como Soma), o deus da lua, das plantas e da vegetação, ofereceu-lhe uma vara (brahmadaṇḍa)Sua mãe, Aditi, lhe deu um tecido para cobrir suas partes íntimas, e o deus que preside o reino celestial ofereceu a ele um guarda-chuva (chhatra). Os sete sábios, ou Saptarishis, o presentearam com grama Kuśa, um item essencial para os rituais védicos. Brahma, o criador, forneceu-lhe um pote de água (kamaṇḍalu). Saraswati, a deusa do conhecimento, presenteou-o com um rosário. Kubera, o deus da riqueza, o presenteou com um pote cheio de riquezas. Por fim, Parvati, consorte de Shiva, deu ao jovem sua primeira esmola (bhiksha).


Vamana vai ao encontro de Bali

Enquanto esses eventos divinos se desenrolavam, Bali, sob a orientação de Shukra, havia realizado noventa e nove Ashvamedha yajñas, um ritual com o intuito de consolidar a sua soberania. e influência pelos três mundos. Faltava apenas um para que pudesse ser coroado de fato como o novo Indra. Conforme as notícias da realização desse último ritual se espalharam, elas chegaram aos ouvidos de Vamana, que decidiu que havia chegado a hora de cumprir a promessa que fizera a Aditi. Ele partiu para o local do sacrifício., e conforme se aproximava, os sacerdotes que conduziam os ritos notaram sua chegada e ficaram impressionados com sua aparência radiante. No entanto, Vamana, com seu comportamento calmo e humilde, lentamente seguiu seu caminho rumo ao salão de sacrifício. Bali recebeu o garoto brâmane com grande respeito e disse:

—  Grande brâmane, sua presença santificou este yagna. Por favor, peça o que precisar. Ouro, uma casa, comida, mulheres ou cavalos, elefantes ou carruagens; posso lhe dar tudo o que desejar.

Vamana, em sua maneira simples, porém profunda, respondeu: 

— Essa atitude é digna de um rei como você. Seu ancestral, Prahlada, é conhecido por sua generosidade. Seu pai, Virochana, chegou a doar sua própria longevidade para seus inimigos, os devas. Assim como seus ancestrais, você também é profundamente religioso e dedicado ao dharma. Mas eu não desejo muito. Tudo o que peço é um pequeno pedaço de terra — apenas o que puder ser medido por três dos meus passos.

Bali prontamente concordou com o pedido de Vamana. No entanto, Shukra, que tinha um profundo conhecimento do divino, sentiu algo incomum sobre o garoto. Suspeitando que Vamana não era outro senão Vishnu encarnado, Shukra advertiu Bali em particular contra o cumprimento da promessa. Mas Bali, preso à sua palavra e ao código de honra, recusou-se a voltar atrás em sua promessa.

Shukra ficou furioso com a desobediência de Bali e o amaldiçoou, dizendo: 

— Você desobedeceu minhas ordens. Eu o amaldiçoo para que você perca sua posição como o rei dos três mundos.

Trivikrama, o "Senhor de Três Passos"

Bali ignorou os avisos e a maldição lançada por Shukra, e instruiu sua rainha, Vindhyavali, a trazer um pote de ouro cheio de água. Juntos, eles a despejaram sobre os pés de Vamana e o lavaram. De repente, o corpo de Vamana começou a se expandir, crescendo além da imaginação, e assumindo uma aparência gigantesca conhecida como Trivikrama, o "Senhor dos Três Passos". Seu corpo se expandiu até parecer abranger a totalidade da criação. Enquanto Bali e os reunidos no local observavam com admiração, eles viram o universo inteiro refletido na forma colossal de Vamana.


Com seu primeiro passo, Vamana cobriu toda a extensão da terra sob o domínio de Bali.Em um único movimento, ele reivindicou os oceanos, as montanhas e todos os elementos do mundo terrestre. Com o segundo passo, Vamana transcendeu os limites da esfera terrena. Seu pé estendeu-se aos reinos celestiais, atravessando as vastidões do firmamento e alcançando os planos superiores de Maharloka, Janaloka, Tapoloka Satyaloka, habitados por sábios e seres celestiais. Porém, restava ainda um terceiro passo a ser dado, conforme prometido por Bali. A terra e os céus já haviam sido tomados, e não havia mais espaço no universo para que Vamana desse o seu terceiro passo. Voltando-se para Bali, Vamana perguntou com autoridade:

— Você me prometeu três passos de terra. Com dois passos, cobri tanto a terra quanto o céu. Diga-me agora, onde devo colocar meu terceiro passo? 

Embora tivesse sido amaldiçoado por seu professor Shukra e tivesse visto todo o seu império ser reivindicado por Vamana, Bali ele permaneceu inabalável em seu compromisso de manter sua palavra. Curvando-se humildemente diante da forma cósmica de Vamana, Bali respondeu:

— Ó Senhor, coloque seu terceiro passo em minha cabeça. Ofereço-a de bom grado como o último pedaço de chão que resta.


Revelando sua verdadeira identidade como Vishnu, Vamana elogia Bali por sua inabalável veracidade e dedicação ao dharma, apesar de perder sua riqueza, reino e enfrentar várias humilhações. Ele então promete que Bali eventualmente alcançará a posição de Indra em uma época futura. Ele então coloca gentilmente seu pé sobre a cabeça de Bali, empurrando-o para o submundo (Patala) e completando o terceiro passo. Lá, Viṣhṇu concedeu a Bali o governo sobre Sutala, um reino paradisíaco construído pelo deus arquiteto Vishvakarma, onde não há sofrimento. Nesse lugar, Bali, junto com sua família e seguidores, viveriam em paz protegidos pelo próprio Senhor, com sua autoridade inquestionável até mesmo para os deuses.



fontes:
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Ruby