Arte de Rodrigo Viany (Sleipnir) |
A Cabeça do Enforcado é uma lenda paranaense, oriunda da região do Imbocuí, na cidade de Paranaguá. Ela fala sobre um escravo africano, que acabou matando o seu amo devido aos maus tratos que sofreu durante muito tempo. O escravo foi rapidamente julgado e condenado à morte por enforcamento poucos dias depois.
Naquela época, era um costume cortar a cabeça dos escravos após enforcá-los, e colocá-la sob um poste em um local bem visível e frequentado por outros escravos, para que servisse de exemplo para os mesmos. A cabeça deste escravo em particular foi colocada sob a Fonte da Cambôa, local que era diariamente frequentado por outros escravos. Os escravos que iam à fonte buscar água para seus amos, ao chegarem na ladeira, baixavam a cabeça para não olhar o crânio pendurado. O pavor invadia a alma deles, cheia de crendices e medos. Tinham verdadeiro horror de descer a ladeira ao anoitecer, pois dizia-se que a visão de um corpo sem cabeça vagava desde o escurecer até a alta madrugada, enlouquecendo quem por ali passasse.
Para os senhores de escravos, essa lenda era um meio seguro de obrigar os cativos ao trabalho, ameaçando-os, caso vadiassem, de mandá-los à fonte durante a noite. Esse costume manteve-se vivo desde o século XVII, nos tempos coloniais, até 1888, quando foi proclamada a abolição da escravatura. Com a independência do país, muitas leis foram revogadas, e com isso o crânio foi removido do local. Passados mais de 300 anos, a Fonte da Cambôa é hoje um lugar agradável e muito visitado pelos turistas. Já as terríveis histórias do tempo da escravidão cada vez ficam mais distantes e esquecidas.
Fonte da Cambôa nos dias atuais |
AUGUSTO CARNEIRO JR., R. (ED.). Lendas e Contos Populares do Paraná. [s.l: s.n.].
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