30 de março de 2018

Itsumade

۞ ADM Sleipnir


Itsumade (japonês: 以津真天, literalmente "até quando?") é um dos yokais ilustrados no Konjaku Gazu Zoku Hyakki (今昔画図続百鬼, "Os Cem Demônios Ilustrados do Presente e do Passado"), publicado em 1779 por Toriyama Seiken e sendo o 2º livro de sua famosa série, Gazu Hyakki Yagyō . Ele é uma espécie de pássaro com um corpo de cobra, um rosto humano com um bico pontiagudo e com garras afiadas. Ele possui também uma envergadura de quase 5 metros.

Itsumade aparece no céu noturno durante tempos de dificuldades, como pragas e desastres, ou voando sobre campos de batalha onde muitos morreram. Em particular, ele voa sobre lugares onde há sofrimento ou morte, mas pouco foi feito para aliviar a dor dos vivos ou pacificar os espíritos dos mortos. Ele voa em círculos durante toda a noite, gritando com uma voz terrível.

Arte de Samyy Chang

Antes de ser ilustrado por Toriyama Seiken em sua obra, o Itsumade fez sua primeira aparição no Taiheiki, uma história de ficção do Japão escrita no século XIV,  como um pássaro sinistro sem nenhum nome distintivo. Seu nome só seria dado por Sekien em sua obra três séculos depois.

Seiken nomeiou este yokai baseado em seu choro horrível de "Itsumademo", que significa "até quando?". Ele parece estar perguntando aos que estão abaixo dele por quanto tempo esse sofrimento passará despercebido. Pensa-se que os espíritos dos mortos se transformam em onryō (espíritos vingativos), que por sua vez tomam a forma desses pássaros e exigem o reconhecimento de seus sofrimentos e tormentos.

Lenda

Uma noite durante o outono de 1334, um Itsumade apareceu de repente acima do salão de cerimônias do estado, gritando: "Itsumademo? Itsumademo?", e o pânico se instaurou entre os habitantes da capital. Ele voltou na noite seguinte e em todas as noites depois dela. 

Depois de muito pesar, a corte imperial decidiu que algo tinha que ser feito. Eles recordaram o triunfo de Minamoto no Yorimasa contra o Nue muitos anos antes, e decidiram convocar o guerreiro Oki no Jirouzaemon Hiroari. Hiroari era um arqueiro muito habilidoso, e atirou uma kabura- ya (uma espécie de flecha sinalizadora, que emite um barulho sibilante enquanto voa), atingindo e matando o monstro no céu. Mais tarde, Hiroari recebeu o nome de Mayumi, que significa "arqueiro verdadeiro".

Após o feito, Mayumi Hiroari se tornou um guerreiro famoso e estabeleceu-se no que é agora Mayumi, cidade de Miyama, na prefeitura de Fukuoka, onde seu túmulo está localizado. A área foi renomeada em sua homenagem após sua morte.



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28 de março de 2018

Grannos

۞ ADM Sleipnir

Arte de CelticBotan

Grannos (também Granus, Grannus ou Grano) era um deus romano-gaulês associado a cura através das fontes e nascentes termais ou minerais. Amplamente adorado na Europa Continental, seu culto se estendia desde o Reno até a Escócia e da Suécia à Espanha. Grannos era adorado por aqueles que padeciam doentes, e rezavam para que ele os curasse.

Por conta das águas quentes sobre as quais exercia seu poder, Grannos também era considerado uma divindade solar. Quando os romanos construíram templos dedicados ao deus na Gália, ele passou a ser associado ao deus Apolo, recebendo o epiteto Apolo Grannos. Grannos também era associado à Sirona, uma deusa galesa também associada à cura e às fontes termais. e costumavam ser representados juntos.

Sirona e Grannos, escultura datada do séc II d.C, localizada no Museu Arqueológico de Dijon, na França


fontes:
  • "Celtas", Coleção Mundo em Foco - Ano 1 N°1;
  • Celtic Mythology A to Z - 2º Edição, de Gienna Matson e Jeremy Roberts.
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26 de março de 2018

Gaasyendietha

۞ ADM Sleipnir
Gaasyendietha (ou Dragão Meteoro) é um dragão pertencente a mitologia do povo seneca, e dito habitar as áreas mais profundas dos rios e lagos do Canadá, especialmente o Lago Ontário. Ele é descrito como um enorme dragão serpentino, capaz de cuspir fogo e atravessar o céu sob uma trilha de chamas. Ele também é conhecido como o Dragão Meteoro, pois segundo uma história, ele teria surgido de um meteorito que atingiu a Terra.

O nome Gaasyendietha foi proposto pelos povos nativos ao explorador francês Jacques Cartier quando ele perguntou sobre uma criatura vista por ele e sua tripulação durante uma expedição sobre o rio St. Lawrence. Eles descreveram a criatura como "uma cobra gigante" que se movia como uma lagarta.

Arte de Ellerie Crum
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23 de março de 2018

Patetarro

۞ ADM Sleipnir


O Patetarro é um personagem folclórico colombiano característico das zonas mineiras de Antioquia, Chocó e CundinamarcaTrata-se de uma espécie de gigante terrivelmente feio, sujo e desgrenhado, e que possui uma das pernas podres (em algumas versões da lenda, ele não possui uma das pernas). Para se locomover, ele encaixa sua perna podre (ou o que sobrou dela) em uma espécie de balde de bambu, o qual ele também usa para fazer suas necessidades. Quando o balde está cheio de imundícies, ele o derrama em alguma plantação, e no local surgem todos os tipos de pragas. Como conseqüência, a plantação é danificada.  

Além de prejudicar plantações, conta-se que a presença do Patetarro é o anúncio de que algo ruim vai acontecer, como a morte de alguém ou uma inundação. Quando o Patetarro aparece, os cães começam a uivar, as árvores começam a balançar fortemente, e as pessoas podem ouvir gritos macabros ou risos histéricos emitidos pelo gigante.


Uma história diz que o Patetarro era originalmente um homem que costumava ir às fazendas todas as noites para roubar galinhas. Os fazendeiros achavam que era um tigre ou um cachorro selvagem, e uma certa noite esperaram que o animal chegasse para caçá-lo. Já estava muito tarde e escuro, quando os fazendeiros ouviram o barulho das galinhas. Eles correram para capturar o animal, mas de dentro do galinheiro saiu um homem correndo e este, durante a fuga, acabou enfiando um dos pés dentro de um balde de estrume. Desde então, o homem vaga pelos campos arruinando as plantações.

Arte de Weimar Garces
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21 de março de 2018

Cian

۞ ADM Sleipnir


Cian (irlandês: "distante", também conhecido como Scal Balbera um deus guerreiro celta membro dos Tuatha Dé Danann, e mais conhecido por ser pai do grande deus Lugh. Ele possuía uma fabulosa vaca mágica chamada Glas Ghoibhneann, que era capaz de produzir quantidades inimagináveis de leite, sem nunca ficar seca. Eram tantas as pessoas que tentavam roubar sua vaca, que Cian era forçado a guardá-la noite e dia. O próprio rei fomoriano Balor desejava ter a posse da vaca, e se disfarçou muitas vezes para tentar roubá-la. Para prevenir o roubo de Glas Ghoibhneann, Cian colocou um cabresto nela, e a levava para todos os lugares onde ia. 


Um dia, Cian visitou seu irmão Goibniu em sua forja para falar com ele sobre a confecção de algumas armas novas. Antes de entrar na forja para conversar com o irmão, ele deixou sua vaca do lado de fora sob o cuidado de Samthain, outro de seus irmãos, que também aguardava para falar com Goibhniu. Balor aproveitou essa oportunidade, transformando-se em um menino ruivo. Ele se aproximou de Samthain e disse-lhe que Cian e Goibhniu planejavam usar todo o aço da forja para fazer armas para si, e não sobraria nada quando chegasse a sua vez. Furioso, Samthain deixou o menino ruivo cuidando da vaca e entrou na forja para protestar contra seus irmãos. Cian logo entendeu que era um truque e correu para fora da forja, mas já era tarde demais: Balor já havia fugido com a vaca.

Decidido a recuperar Glas GhoibhneannCian foi até um druida buscar auxílio, mas o mesmo se recusou a ajudá-lo,  advertindo-o de que ninguém seria capaz de se aproximar de Balor sem arriscar a vida, devido ao poder de seu olho malígno. Ainda determinado, Cian encontrou uma druidisa chamada Birog, conhecida como a mais poderosa e sábia dentre os druidas. Birog disse a Cian que o outro druida estava certo sobre Balor, porém ela tinha um plano que iria levar Balor à morte e para que desse certo, Cian teria que fazer exatamente o que ela dissesse. Cian concordou em fazer tudo o que fosse necessário; assim, Birog o disfarçou como uma mulher e conjurou um forte vento para levá-los até a ilha de Balor. 

Cian e Birog atravessaram o mar, indo parar atrás da torre de vidro onde Eithne, filha de Balor, vivia trancafiada e era atendida por 12 mulheres. Birog gritou para as servas de Eithne que diante delas estava uma rainha dos Tuatha de Dannan, que estava sendo perseguida por seus inimigos e buscava abrigo. Eithne instruiu suas servas a abrirem a porta, e assim que Birog entrou, colocou um feitiço de sono nelas e removeu o disfarce de Cian.


Cian subiu as escadas e encontrou Eithne no topo da torre, olhando para o mar. Ele se apaixonou por sua beleza e sua tristeza naquele momento, e quando Eithne olhou para ele, viu o rosto que ela sonhara com toda a vida. Eles se apaixonaram e fizeram amor na torre. Cian implorou a Birog que levasse Eithne de volta para a Irlanda com eles, mas Birog estava com muito medo de Balor. Antes que Cian pudesse mudar de idéia, ela chamou o vento mágico para os levar de volta ao continente, deixando Eithne para trás.

Eithne ficou muito triste por ter sido deixada para trás, mas sua tristeza foi aliviada quando ela descobriu que estava grávida (alguns contos dizem que era de uma criança apenas, outros dizem que era de três). Ela deu à luz um filho; aquele que segundo a profecia acabaria com a vida de Balor. 

Quando Balor tomou conhecimento sobre a invasão de Cian à torre e sobre a gravidez de Eithne, ordenou que a criança fosse jogada no mar. Logo após o bebê nascer, Eithne o enrolou em um manto e apertou-o com um alfinete, e Balor o lançou nas águas. Felizmente, Birog observava de longe a situação, e conseguiu resgatar o bebê, conjurando outro vento mágico que o levou direto para os braços de Cian.

Cian nomeiou seu filho Lugh, e cuidou para que ele crescesse sob a tutela das melhores pessoas. Lugh tornou-se um grande homem, e um grande guerreiro, e com o tempo, ele cumpriu a profecia, matando Balor e derrotando os formorianos em definitivo na Segunda Batalha de Moytura.


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19 de março de 2018

Tiangou

۞ ADM Sleipnir

Arte de Robin Robinson

Tiangou (chinês: 天狗; lê-se tien kou; literalmente: "cão celestial") é uma criatura lendária da mitologia chinesa, dita perseguir e devorar a lua durante um eclipse. Tiangou assemelha-se a um enorme cão negro ou segundo algumas descrições, uma raposa ou um meteoro. Acredita-se que o tengu do folclore japonês e do budismo tenha sido derivado desta criatura. 

Lenda

Após o arqueiro divino Hou Yi ter derrubado nove dos dez sóis no céu, ele e sua esposa Chang'e foram banidos do céu para a Terra e tiveram sua divindade e imortalidade removidas. Posteriormente, Hou Yi foi presenteado pela deusa Xi Wang Mu com um elixir que poderia devolver a ele e sua esposa a sua imortalidade. Hou Yi e Chang'e deveriam dividir o elixir, de forma que recuperariam sua imortalidade e viveriam na Terra para sempre, mas Chang'e acabou bebendo o elixir sozinha. Ela recuperou sua imortalidade e também sua divindade, sendo arrebatada de volta para os céus.

Uma história conta que no momento em que Chang'e flutuava em direção aos céus, um cão negro que Hou Yi criava entrou na casa dele e acabou lambendo os restos do elixir. Ele então perseguiu Chang'e em direção ao céu, e conforme subia, ficava cada vez maior. Aterrorizada, Chang'e se escondeu na lua, mas o cão a seguiu até lá e a devorou juntamente com a lua.


Ao tomar conhecimento da situação, Xi Wang Mu capturou o cão e o designou para proteger os portões dos céus, tornando-se então Tiangou. Ele cuspiu de volta a lua juntamente com Chang'e, que continuou a viver na lua.

Zhang Xian

Zhang Xian (chinês: 張仙) é um deus chinês do parto, que ajuda as mulheres a terem filhos. Uma história conta que ele impede Tiangou de devorar a lua e de roubar crianças durante um eclipse, e ele é muitas vezes retratado apontando uma flecha para o céu, esperando que o cão celestial apareça.



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16 de março de 2018

Ahi At-Trab

۞ ADM Sleipnir


Ahi At-Trab são espíritos do deserto pertencentes ao folclore dos tuaregues, um povo berbere constituído por pastores seminômades, agricultores e comerciantes, e os principais habitantes da região saariana.

Ahi At-Trab raramente são vistos em sua forma verdadeira. Eles vivem por baixo da camada mais alta de areia no deserto do Saara, e ao se manifestarem na superfície, surgem como tornados de areia, causando muitos problemas aos tuaregues. Eles bebem toda a água da região assim que o tuaregue alcança um oásis e fazem com que os camelos percam a estabilidade do solo e caiam enquanto caminham pelo deserto.



fonte:

  • Encyclopedia of Spirits and Ghosts in World Mythology, de Theresa Bane.
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14 de março de 2018

Charía, A Onça Celeste

۞ ADM Sleipnir


Charía (ou Anhá) é um espírito maléfico pertencente a mitologia tupi-guarani. Os tupi-guaranis relatam os que os eclipses solares e lunares ocorrem porque este espírito, representado por uma onça celeste, sempre persegue os irmãos Guaraci e Jaci (Sol e Lua), que o importunam. Chariá se localiza em dois lugares opostos do céu e seu olho direito é representado por duas estrelas vermelhas, Antares, da constelação do Escorpião, e Aldebaran, da constelação do Touro. Essas constelações ficam em oposição no zodíaco, onde passam o Sol, a Lua e os planetas, observados da Terra.

Uma noite por mês, a Lua aproxima-se de Antares e de Aldebaran, e o Sol chega perto dessas estrelas vermelhas um dia por ano, podendo ocorrer eclipses. Na ocasião dos eclipses, os tupi-guaranis fazem uma grande algazarra com o objetivo de espantar a onça celeste, pois acreditam que ela pode matar o Sol e a Lua. Se isso acontecer, a Terra cairá na mais completa escuridão e ocorrerá o fim do mundo. 

Arte de Lorena Herrero

O mito do  Eclipse Lunar 

No início do tempo e do espaço, antes de se fixarem no céu, Guaraci, o Sol e sua irmã mais nova, Jaci, a Lua, habitavam a Terra e viviam juntos diversas aventuras. Um dia, os irmãos Sol e Lua encontraram Charía, pescando em um rio. Com o objetivo de importunar a Onça, que não tinha percebido os dois irmãos, o Sol mergulhou e mexeu o anzol, imitando um peixe grande. Charía puxou o anzol vazio, caindo para trás. O Sol repetiu o seu gesto por três vezes e em todas elas Charía caiu de costas. "Agora é a minha vez", disse a Lua sorrindo.

Então, ela mergulhou e foi deslizando na direção do anzol. No entanto, Charía foi mais rápido: pescou a Lua e a matou com um bastão de madeira. Depois, ele a levou para casa, como se fosse um pescado, para comer com sua mulher. Quando Onça e sua mulher estavam cozinhando a Lua, o Sol chegou e foi convidado por Charía para comer o peixe com eles. O Sol agradeceu dizendo que aceitaria apenas um pouco de caldo de milho e pediu que não jogassem fora os ossos do peixe, pois gostaria de levá-los consigo. Depois, recolhendo os ossos, o Sol levou-os para longe e, utilizando a sua própria divindade, ressuscitou sua irmã mais nova.

Assim, um eclipse lunar representa a Lua sendo devorada pela Onça Celeste, sendo que a cor avermelhada é o próprio sangue da Lua que a oculta. A Lua só ressurge em toda a sua plenitude, como Lua-cheia, porque o seu irmão mais velho, o Sol, a ressuscita e salva. 

Arte de Mari Morgan

fontes:

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12 de março de 2018

Kalevala, A Epopéia Nacional Finlandesa

A mitologia finlandesa, assim como as mitologias de muitas outras culturas, conta as histórias de deuses e heróis lendários. A maioria dos mitos são datados dos tempos pré-cristãos e passaram de geração em geração por meio de contadores de histórias. Um trabalho chamado Kalevala, que o povo finlandês considera seu épico nacional, contém muitos desses mitos. 

Compilado pelo estudioso linguista finlandês Elias Lönnrot em 1935 (a versão completa, com 50 cantos, foi publicada apenas em 1849), o Kalevala baseia-se em poemas, músicas e encantamentos tradicionais que Lönnrot coletou durante um longo período de tempo.

Principais Temas e Personagens

Kalevala, que significa "terra dos descendentes de Kaleva", é uma região imaginária associada à Finlândia. Os 50 poemas ou músicas do épico - também conhecidos como cantos ou runas - contam as histórias de vários heróis lendários, deuses e deusas e descrevem eventos míticos como a criação do mundo.

Väinämöinen, um dos heróis no Kalevala, é um velho sábio capaz de usar magia através das músicas que canta. Sua mãe é Ilmatar, a "Virgem do Ar", que comandou a criação do mundo. Outro grande herói do épico, Lemminkäinen, aparece como um aventureiro belo, despreocupado e romântico.

Väinämöinen e Lemminkäinen têm certas experiências e objetivos em comum. Em suas aventuras, ambos conhecem Louhi, a maligna soberana de Pohjola, a "Terra do Norte", e ambos procuram casar com sua filha, a bela Donzela de Pohjola. Um terceiro pretendente para a mão da donzela, Ilmarinen, é um ferreiro que constrói o Sampo, um misterioso objeto similar a um moinho que pode produzir prosperidade para seu dono.

Louhi, Arte de Alexandra Petruk
Várias outras figuras se envolvem com esses personagens principais. Kuura, outro herói, se une a Lemminkäinen em sua jornada até Pohjola. Joukahainen, um jovem peverso, desafia Väinämöinen em um concurso de canto. Sua irmã Aino, que é oferecida em casamento a Väinämöinen, se afoga ao invés de se casar com o velho herói. Outro personagem, Kullervo, comete suicídio depois de violar sua própria irmã sem consciência. Marjatta, o último personagem principal introduzido no Kalevala, é uma virgem que dá à luz um rei.

Principais Mitos

O Kalevala começa com a história da deusa Ilmatar, que desce dos céus e pousa no mar, onde permanece durante sete séculos. Ilmatar era uma deusa virgem e nunca tinha sido tocada por nenhum outro ser, mas uma noite, após as ondas do mar lhe atingirem durante uma enorme tempestade, ela foi misteriosamente impregnada pelas águas primordiais, e então permaneceu grávida por muitos anos, sendo incapaz de dar à luz devido à ausência de terra seca. Um dia, uma ave marinha acaba pousando em seu joelho, onde faz um ninho e coloca sete ovos. Quando estes começaram a se abrir, o calor foi insuportável para a jovem que se mexeu e derrubou os ovos no mar. Eles foram se transformando em ilhas, continentes, no sol, na lua e nas estrelas.



Ilmatar assistiu com admiração a forma como o mundo foi formado, e logo se ocupou de moldar as terras e adicionar toques finais à criação. Ela formou as rochas e as baías, as praias, e as profundezas do oceano. Mesmo com terra seca agora disponível, Ilmatar continuou a levar a criança dentro dela durante trinta verões enquanto ela terminava seu trabalho. Eventualmente, ela sentiu uma agitação em seu interior. e deu a luz a Väinämöinen, que já nasce como um velho sábio.

Logo após o nascimento de Väinämöinen, o malvado Joukahainen o desafia em um concurso de canto, depois de ouvir que o mesmo é notável por suas canções mágicas. Väinämöinen aceita o desafio e ganha o concurso, fazendo com que Joukahainen afundasse em um pântano. Com medo de morrer afogado, Joukahainen oferece a Väinämöinen a mão de sua irmã Aino em casamento em troca de seu resgate.


Väinämöinen e Joukahainen, Arte de Calmari
Väinämöinen planeja se casar com Aino, e os pais dela encorajam a união. Porém, Aino se recusa a casar com um homem tão velho como ele. Após sua mãe tenta persuadi-la a mudar de idéia, Aino se lança no mar. Väinämöinen a segue até o mar, e a encontra na forma de um peixe. Ele tenta pegá-la, mas ela desliza de volta para a água e escapa.

Infeliz por ter perdido Aino, Väinämöinen partiu para Pohjola, a Terra do Norte, em busca de outra esposa. Ao longo do caminho, Joukahainen, ainda amargurado por ter perdido o concurso de canto, atira uma flecha contra o herói, mas acaba atingindo seu cavalo. Väinämöinen cai no mar, mas consegue escapar vivo. 



Väinämöinen finalmente chega a Pohjola, onde a maligna Louhi promete-lhe entregar a mão de sua filha, a Donzela de Pohjola, se ele construísse o Sampo para ela. Incapaz de fazer isso sozinho, Väinämöinen busca a ajuda de IImarinen, o ferreiro. No entanto, após Ilmarinen terminar a confecção do Sampo, Louhi dá a mão de sua filha para ele em vez de entregá-la a Väinämöinen.

A próxima seção do Kalevala conta as aventuras do herói Lemminkäinen, que se casa com Kyllikki, uma mulher da ilha de Saari. Mas por ser uma esposa infiel, Lemminkäinen a deixa e vai a Pohjola à procura de uma nova esposa. Lá, encontra Louhi, que promete entregar sua filha a ele caso fosse capaz de realizar uma série de tarefas difíceis. A terceira dessas tarefas era o matar o cisne selvagem do rio Tuoni. Enquanto caçava este cisne, Lemminkäinen é baleado por Nasshut, o pastor cego de Pohjola. Ferido, o herói cai morto dentro do rio. 

Antes de partir para Pohjola, Lemminkäinen havia dado a sua mãe sua escova de cabelo, e disse-lhe que, se ele estivesse em perigo, a mesma começaria a sangrar. Quando o herói foi ferido, sua escova de cabelo começou a sangrar, informando assim a sua mãe da tragédia que lhe aconteceu. A mãe de Lemminkäinen então partiu até Pohjola para procurar seu filho e, eventualmente, encontrou seu corpo em pedaços.


'Lemminkäinen's Mother' (1897) de Akseli Gallen-Kallela
Em algumas versões do mito, a mãe de Lemminkäinen usa magia para reviver o herói, e sua história continua a partir daí. Tendo sido trazido de volta à vida, Lemminkäinen voltou até Louhi, e descobriu que ela havia dado a mão de sua filha a Ilmarinen. Lemminkäinen ficou furioso e invadiu o castelo de Louhi, matando seu marido. Louhi convoca mais de mil soldados para marchar contra Lemminkäinen, mas ele foge de Pohjola.

Ao retornar para casa, Lemminkäinen descobre que ela foi queimada por servos de Louhi, então ele decide retornar a Pohjola, acompanhado por Kuura. Eles tentam destruir Pohjola, mas acabam sendo derrotados.

O Kalevala conta em seguida a trágica história de Kullervo, que é vendido como escravo por sua família para Ilmarinen. Sua esposa, a Donzela de Pohjoja, se diverte atormentando-o, e um dia, ela lhe dá um pedaço de pão cozido com pedras dentro. Furioso, Kullervo mata sua senhora e foge. Ilmarinen tenta fabricar uma nova esposa para si, feita de ouro e prata, mas a mesma é fria e dura, sendo incapaz de dar-lhe o amor que procurava. 


Arte de Enrica Eren Angiolini

Após vagar por algum tempo, ele reencontra sua família e trabalha para eles. Um dia, a caminho de casa, ele encontra uma mulher e a viola. Mais tarde ele descobre que a mulher era sua irmã que havia desaparecido anos atrás. Quando a irmã descobre que ela havia sido violada por seu próprio irmão, ela se joga em um rio e se afoga. Mais tarde, o próprio Kullervo se mata.

Na próxima seção do épico, os três heróis - Väinämöinen, Ilmarinen e Lemminkäinen - viajam juntos até Pohjola para roubar o Sampo, que havia trazido grandes riquezas à malvada Louhi. Os três conseguem roubar o misterioso objeto, mas Louhi e suas forças os perseguem. Uma grande batalha ocorre, durante a qual o Sampo acaba sendo perdido no mar. Furiosa com a perda, Louhi tenta destruir Väinämöinen e sua terra. No final, no entanto, Väinämöinen emerge vitorioso.


A última história do Kalevala fala sobre a virgem Marjatta. Ela engravida após comer uma fruta silvestre e dá a luz um menino. Pelo fato do menino ter nascido fora de um casamento, Väinämöinen decretou que o mesmo fosse morto. O deus Ukko intervém e declara que o filho de Marjatta deveria ser rei, e substituir Väinämöinen como soberano da Finlândia. Velho e percebendo que seus poderes estavam definhando, Väinämöinen resolve partir, navegando em direção ao horizonte e desaparecendo. A história de Marjatta e de seu filho alude a chegada do cristianismo na Finlândia.


A Influência do Kalevala

O Kalevala ajudou a criar uma identidade nacional para os finlandeses, apresentando-lhes uma mitologia comum cheia de heróis e deuses familiares. O trabalho também inspirou muitas obras literárias e artísticas de autores finlandeses e de outros países.

Entre os indivíduos mais famosos a fazerem uso do Kalevala, está o compositor finlandês Jean Sibelius (1865-1957), que escreveu várias sinfonias e outras obras musicais baseadas em seus personagens e contos. Outro compositor finlandês, Robert Kajanus (1856-1933), também criou várias peças de música inspiradas pelo Kalevala, e o artista finlandes Akseli Gallén-Kallela (1865-1931) pintou muitas obras com base em suas histórias. O poeta americano Henry Wadsworth Longfellow (1807-1882) usou os padrões rítmicos do Kalevala como base para o seu poema "The Song of Hiawatha". Algumas das cenas e eventos do poema também são modelados conforme o trabalho finlandês.



fontes:
  • http://www.mythencyclopedia.com
  • https://en.wikipedia.org
  • http://www.ancient-origins.net/
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9 de março de 2018

Stolas

۞ ADM Sleipnir

Arte de Yasuichi

Stolas (também chamado Stolos, Stoppas ou Solas) é, de acordo com a demonologia, um grande príncipe do inferno e possui vinte e seis legiões de demônios sob o seu comando. De acordo com a Goetia, ele é o 36° dentre os 72 espíritos de Salomão. Ele é geralmente retratado como uma coruja com um par de longas pernas e com uma coroa na cabeça, porém também aparece como um corvo ou como um homem. 

Em sua forma humana, Stolas possui olhos azuis e um belo e longo cabelo encaracolado de cor castanho escuro. Nesta forma, ele também possui um par de asas semelhantes as de um grifo, de cor creme colorido, rendadas a ouro e com caimento.

Arte de Elsa Kroese

Sua especialidade é o ensino da astronomia, do conhecimento sobre plantas venenosas e aromáticas e sobre o uso de pedras preciosas.

Selo de Stolas

Cultura Popular

Games 

Stolas aparece como um inimigo regular em Castlevania: Aria of Sorrow e Castlevania: Dawn of Sorrow. Ele aparece em ambos os jogos como uma coruja com um corpo robusto e longas pernas, que convoca mais inimigos. Stolas também faz aparições nas franquias de jogos Megami Tensei e Final Fantasy. 

Stolas em Castlevania
Animes

Stolas nomeia um Gundam apresentado na segunda temporada do anime Mobile Suit Gundam: Iron-Blooded Orphans. No anime Shakugan no Shana, Stolas é um veterano da Grande Guerra e um membro da organização Bal Masqué.

Stolas em Shakugan no Shana

Música e Cinema 

No filme O Último Exorcismo - Parte II (2013), Stolas aparece em uma foto atrás de Nell Sweetzer, numa cena onde ela limpa uma sala.

Um álbum do grupo Masada Quintet, lançado no ano de 2009 é chamado Stolas: Book of Angels - Volume 12. Existe também uma banda americana pós-hardcore de Las Vegas, Nevada, chamada Stolas.

Arte de Daniele Valeriani


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7 de março de 2018

Ájax, o Grande

۞ ADM Sleipnir

Ájax (também conhecido como Aias) foi um dos grandes heróis gregos que lutaram na Guerra de TróiaEra chamado de Ájax, o Grande, para diferenciá-lo de outro Ájax, filho de Oileo, o qual era chamado de Ájax, o Menor

Ájax, o Grande, era filho de Telamon, rei de Salamina, e Peribéia, e meio-irmão de Teucro, que segundo Homero, foi um dos melhores arqueiros de todo o exército grego e também participou da Guerra de Tróia. Ájax era amigo de Héracles, que tempos antes de seu nascimento, havia pedido a Zeus para que Telamon tivesse um filho corajoso. O pedido foi aceito, e posteriormente Ájax nasceu, recebendo seu nome inspirado em uma águia (aietos) que Telamon tinha avistado antes de seu nascimento.

De acordo com a Ilíada de Homero, somente Aquiles era um guerreiro maior do que Ájax. De grande tamanho e estatura, Ájax assemelhava-se a uma torre quando ia para a batalha empunhando seu escudo. Ele era corajoso e de bom coração, mas falava muito devagar e preferia deixar os outros falarem enquanto ele lutava.

Ájax competiu com outros guerreiros gregos para ganhar a mão de Helena, uma das mais belas mulheres da época. No fim, Helena se casou com Menelau, rei de Esparta, no entanto, Ájax e seus outros ex-pretendentes prometeram ajudar a defender o casamento.

Ájax, o Grande e Ájax, o Menor, Arte de Paolo Rivera


Participação na Guerra de Tróia

Enquanto Menelau estava longe de casa, o príncipe Páris de Tróia persuadiu Helena a acompanhá-lo até Tróia. Os gregos juraram resgatá-la, e Ájax contribuiu com 12 navios e muitos homens para o exército grego enviado para combater os troianos.

Ájax provou ser um excelente guerreiro durante a guerra que se seguiu. Quando Aquiles decidiu deixar a batalha, Ájax lutou contra Heitor, campeão dos troianos. Durante seu duelo, Heitor atirou sua lança contra Ájax, atingindo os cintos que seguravam seu escudo e sua espada, mas Ájax saiu ileso. Ájax, em seguida, pegou uma pedra enorme que nenhum outro guerreiro poderia levantar e arremessou-a contra Heitor, atingindo seu escudo e derrubando-o no chão. Após a batalha, os dois heróis trocaram presentes para mostrar o seu respeito um pelo outro. Heitor deu sua espada para Ájax, e Ájax presenteou Heitor com um cinto de espada roxo.

Ájax foi um dos gregos enviados para convencer Aquiles a voltar para a batalha. Apesar de seus esforços, Aquiles se recusava a lutar, e o exército de Tróia forçou os gregos a recuar para seus navios. Durante a batalha que se seguiu, Ájax lutou bravamente e salvou a vida do herói grego Menesteu.

Quando os troianos atacaram os navios gregos, Ájax liderou a defesa usando um enorme poste para combater o inimigo. Seu enorme tamanho o fazia alvo de muitas lanças e flechas troianas. Ájax não conseguiu salvar a frota sozinho, mas o ataque troiano foi retardado pela chegada de mais tropas gregas, lideradas pelo grande amigo de Aquiles, Pátroclo. Heitor matou Pátroclo, tomou sua armadura, e os troianos pretendiam dar seu cadáver para os cães devorarem. Ájax conseguir recuperar o cadáver, e cobrindo-o com seu próprio escudo, o levou para o acampamento de Aquiles. Nos jogos fúnebres realizados em homenagem a Pátroclo, Ájax competiu em uma série de eventos, incluindo um concurso de luta contra Odisseu, que terminou em um empate.
Luta entre Ájax e Odysseus (1613) , gravura de Crispijn van de Passe

A morte de Ájax

Com o decorrer da guerra, Aquiles acaba retornando a mesma, e após uma série de eventos é morto por Páris. Ájax trouxe o corpo do grande campeão de volta para o acampamento grego e recuperou sua armadura, enquanto Odisseu lutava contra os troianos. A armadura de Aquiles levou a uma disputa entre Ájax e Odisseu. Ambos sentiam que a armadura deveria ser usada por eles, e para resolver a questão, os gregos, inspirados por Atena, decidiram fazer uma votação, onde acabaram declarando Odisseu como vencedor.

Enfurecido por esta decisão, Ájax planejou atacar sozinho as tropas inimigas naquela mesma noite. No entanto, a deusa Atena fez com que Ájax ficasse temporariamente louco e atacasse um rebanho de ovelhas, certo de que matava os adversários. Depois de recuperar sua sanidade, Ájax ficou tão envergonhado com o que havia acontecido que ele acabou se matando usando a espada que Heitor havia lhe dado. Odisseu posteriormente encontrou seu espírito no submundo e tentou apaziguá-lo, mas em vão.

A loucura de Ájax inspirou a Sófocles a tragédia Ájax Furioso (450 a.C.).




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Ruby