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Xiwangmu (ou Xi Wang Mu, chinês 西王母), mais conhecida pelo título de Rainha Mãe do Oeste, é uma das deusas mais antigas e poderosas da mitologia chinesa, possuindo controle total sobre a vida, morte, criação e destruição. Casada com o Imperador de Jade, ela cuida dos Pêssegos da Imortalidade nos jardins do seu palácio. Em versões primárias do seu mito, ela era considerada um antigo demônio selvagem que vivia nas montanhas e causava desastres cataclísmicos. Após se arrepender de seus caminhos malignos, ela alcançou a iluminação e tornou-se uma deusa.
O décimo segundo capítulo do famoso texto chinês Shan Hai Jing, ou o "Clássico das Montanhas e Mares", descreve Xiwangmu como uma divindade misteriosa e poderosa:
"Ela é a controladora das constelações da Pedra de Amolar e dos Cinco Fragmentos dos céus. Xiwangmu repousa em um banquinho e usa um ornamento na cabeça. Ela segura um cajado. No sul, há três pássaros dos quais Xiwangmu se alimenta. Eles são encontrados ao norte das montanhas Kunlun."
Etimologia
Como outras divindades de alto escalão, Xiwangmu possui muitos nomes e títulos honoríficos. Seu nome mais comum é simplesmente xī wáng mǔ (西王母). Xī (西) é o caractere chinês para Oeste, wáng (王) é um título honorífico reservado para deuses e imperadores, e mǔ (母) significa simplesmente “mãe”. Assim, o nome de Xiwangmu é mais frequentemente interpretado como “Rainha Mãe do Oeste”.
A frase “wáng mǔ” possui vários significados alternativos, no entanto. Wáng mǔ também é uma maneira de dizer “avó”, e o nome de Xiwangmu poderia ser interpretado como “Avó do Oeste”. Wáng mǔ também pode significar “parente feminina falecida”, e como resultado, o nome de Xiwangmu às vezes é interpretado como “Espírito (ou Fantasma) Mãe do Oeste”. Xiwangmu também é chamada de jīn mǔ (金母) ou "Mãe Dourada". Coloquialmente, ela é frequentemente chamada de "Tia Rainha Mãe" ou wáng mǔ niáng niang (王母娘娘).
Atributos
Nos textos chineses mais antigos, Xiwangmu tinha uma aparência selvagem, quase feral, condizente com sua personalidade. Durante a Dinastia Tang, no entanto, a opinião popular sobre Xiwangmu começou a mudar drasticamente. Os textos passaram a descrevê-la como tendo a aparência de uma mulher humana, embora ela ainda mantivesse algumas características animais, como dentes de tigre e cauda de leopardo. Xiwangmu é frequentemente representada usando uma tiara que ela usa para esconder seus cabelos selvagens e indomados.
Família
Xiwangmu é casada com o Imperador de Jade. Embora se diga que eles possuem uma enorme quantidade de filhos juntos, três de suas filhas se destacam acima de todos os demais. Essas filhas são Zhu-sheng-niang-niang (注生娘娘), uma deusa da fertilidade que ajuda os casais que precisam de filhos, Yen-kuang nian-niang (眼光娘娘), a protetora dos cegos que pode conceder visão aos que estão em necessidade, e Zhinü (織女). Talvez a filha mais famosa do casal, Zhinü se apaixonou por um humano, e esse amor acabou levando à criação do Dia dos Namorados chinês.
Durante seu tempo como um demônio das montanhas, Xiwangmu teve um consorte chamado Dongwanggong (東王公, "Rei Pai do Leste"). Enquanto Xiwangmu governava o oeste, Dongwanggong governava o leste. Em algumas versões do mito chinês da criação, os dois criaram a humanidade por meio de sua união.
Dongwanggong |
Mitologia
Xiwangmu é a divindade feminina mais poderosa e de maior ranque dentro do panteão chinês. Ela determina o tempo de vida de cada ser vivo, cuida dos Pêssegos da Imortalidade e manipula as ocorrências de grandes calamidades, entre outros deveres.
Como a história de Xiwangmu é tão antiga, suas origens como divindade não são claras. Nas primeiras dinastias chinesas, Xiwangmu era visto como uma figura demoníaca que causava enchentes, doenças e outros grandes desastres. No entanto, a opinião popular em torno de Xiwangmu começou a mudar na época da Dinastia Tang. Após essa mudança, ela passou a ser vista como uma deusa arrependida e benevolente.
Xiwangmu vive em um jardim arborizado no palácio do Imperador de Jade, junto com espíritos da natureza, bestas mágicas e suas damas de companhia. Em seu tempo livre, ela cuida dos Pêssegos da Imortalidade e de outras ervas e plantas raras. Todo ano, em seu aniversário, Xiwangmu convida todos os imortais no céu para uma festa e dá a cada um deles um pêssego para que possam continuar vivendo vidas eternas.
Xiwangmu também é conhecida por ser um tanto imprevisível. Enquanto o Imperador de Jade é a personificação do yang – a energia racional, equilibrada e masculina, Xiwangmu é a personificaçã do yin - a energia selvagem, indomável e feminina.
Assim como sua filha Zhinü, uma costureira que se apaixonou por um pastor, Xiwangmu é uma tecelã talentosa e diz-se que ela tece as estrelas no céu todas as noites.
Jornada ao Oeste
No clássico Jornada para o Oeste, o Rei Macaco, Sun Wukong, um deus rebelde que desafia repetidamente a autoridade do Imperador de Jade, foi encarregado do Jardim da Imortalidade de Xiwangmu - uma tarefa muito importante, já que seus pêssegos amadureciam apenas a cada 3.000 anos. Em vez de guardar os pêssegos, no entanto, Wukong comeu todos eles em um ato de desafio. Seu ato fez com que fosse banido do céu por Buda e preso sob uma montanha por 500 anos.
Hou Yi e Chang'e
Um dos mitos chineses mais populares é a história do arqueiro Hou Yi e sua esposa Chang'e. Na mitologia chinesa, havia inicialmente dez sóis no céu, tornando a terra extremamente quente. Hou Yi, um habilidoso arqueiro, foi escolhido para resolver esse problema. Ele conseguiu derrubar nove dos dez sóis, tornando a vida na Terra mais suportável. Como recompensa por seus feitos, Hou Yi recebeu um elixir da imortalidade das mãos de Xiwangmu.
No entanto, ele não consumiu imediatamente o elixir porque queria compartilhar a vida eterna com sua amada esposa, Chang'e. Um dia, enquanto Hou Yi estava fora, um de seus aprendizes tentou roubar o elixir, e para evitar que ele caísse em mãos erradas, Chang'e o bebeu e ascendeu à lua, tornando-se a deusa da lua.
Hou Yi ficou devastado com a perda de sua esposa e, ao olhar para a lua, descobriu que ela ainda estava lá, mas agora inalcançável. Em sua saudade, ele começou a oferecer alimentos, como bolos da lua, à lua durante o Festival do Meio Outono.
Interações com Imperadores Humanos
Xiwangmu é frequentemente retratada como a única divindade com a capacidade de falar diretamente com os humanos. Sua árvore de pêssego, com suas raízes longas e galhos altos, serve como intermediária entre a terra e o céu. Xiwangmu não falava com qualquer pessoa, no entanto. Xiwangmu falava exclusivamente com os imperadores chineses para lhes dar o Mandato do Céu e ensinar-lhes os segredos da imortalidade.
- Chinese Mythology A to Z, de Jeremy Rogers
- https://mythopedia.com
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