
Latarak (também transliterado como Lātarāk) foi uma divindade menor da religião mesopotâmica, com papel apotropaico (de proteção contra o mal). Frequentemente associado ao deus Lulal, Latarak era invocado como guardião de portas e protetor contra doenças e espíritos malignos. Ele era cultuado em diversas cidades da Mesopotâmia, como Uruk, Nippur e Assur, e também é mencionado em fontes de Emar e Ugarit.
Etimologia do nome e características
O nome Latarak foi interpretado por estudiosos como uma expressão negativa em acádio, embora sua origem exata seja incerta. Uma antiga explicação sugere que ele vem das palavras lā (“não”) e tarāku (“usar o chicote”), mas essa ideia foi considerada incorreta. Listas antigas ligam seu nome à palavra urgulû, que significa “leão”, o que levou muitos a acreditarem que ele tinha aparência leonina.
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| Arte de Javier Bahamondes |
Ele pode ter sido representado como um homem usando pele de leão ou como um monstro com traços de leão. Imagens mostram essa figura segurando um chicote, o que reforça seu papel de afastar o mal. Algumas fontes também o ligam à estepe, chamando-o de “senhor da terra aberta” em um hino ao deus Shamash. Outro texto fragmentado associa Latarak à proteção de animais domésticos.
Função e atributos
Latarak era invocado como protetor de limiares, especialmente de portas de casas e templos, e como defensor contra doenças. Em rituais mágicos e encantamentos, sua imagem era utilizada como barreira contra o mal. Ele aparece frequentemente ao lado de Lulal, com quem compartilha diversas funções protetoras.
Tentativas de classificá-lo como uma divindade ancestral deificada, semelhante a Yakrub-El ou Itūr-Mēr, foram refutadas por estudiosos como o antropologista Jack M. Sasson.
Relações com outras divindades
Latarak possuía uma associação estreita com o deus Lulal. Em alguns textos, ambos são tratados como deuses distintos com funções similares; em outros, são identificados como aspectos de uma mesma entidade. Em Emar, o nome de Lulal era usado como logograma para Latarak. Há ainda registros que os tratam como irmãos gêmeos.

Culto e Adoração
Latarak foi adorado em cidades como Uruk, e seu culto foi levado para Kish durante o período paleobabilônico. Nomes de pessoas com referência ao deus foram encontrados em Nippur, na época cassita. Uma lista antiga dessa cidade menciona um local possivelmente chamado Bāb-Lātarāk ou Ka-Lulal, o que pode indicar um centro de culto dedicado a ele.
Um documento da Babilônia menciona um sacerdote que recebeu cevada para realizar rituais ligados a Latarak. Na cidade de Mari, ele aparece em um ritual pela manhã, ao lado da deusa Ishtar e de outros deuses. Na Assíria, Latarak continuou sendo cultuado até o período neoassírio. Um santuário dedicado a ele e ao deus da justiça Mīšaru, chamado Ursaĝsumkudda, existia no templo principal de Assur. Há também o registro de um ritual em que Latarak teria sido invocado para afastar Lamashtu, um espírito maligno temido na região.
Em textos mágicos, como o Bīt Mēseri (“Casa de Confinamento”), estátuas de Latarak e Lulal eram colocadas nas portas para bloquear a entrada do mal. Outros rituais, como o Šēp lemutti ("A Pegada do Mal"), indicavam que essas estátuas deviam ser pintadas com pigmento escuro, uma prática comum para representar deuses protetores.
Fora da Mesopotâmia
Latarak é citado em textos da cidade de Emar, onde aparece ligado à cidade de Tuttul. Um calendário religioso menciona uma procissão de três dias em sua homenagem, realizada após a lua nova que marcava o fim do mês de Abî. Também há registros de um portão e uma estrada cerimonial dedicados a ele.
Em Ugarit, Latarak aparece em uma lista trilingue de deuses, onde é associado ao deus Šarrani na versão hurrita e a um nome incompleto na versão ugarítica. No entanto, essa associação parece ser apenas literária, sem ligação direta com o culto real da época.

- WIKIPEDIA CONTRIBUTORS. Latarak. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Latarak>;
Latarak



Só achei difícil de ler, letra vermelha miúda com fundo vermelho é cansativo. Esse texto é pequeno mas tem postagens interessantíssimas mas são grande e esse layout difícil de ler eu meio que desisto.
ResponderExcluir=D meu blog favorito.
Muito bom, não conhecia nada de mitologia mesopotâmica, é fascinante!
ResponderExcluirYeah!!! Fico feliz por ter gostado, meu amigo. Muito obrigado. E para às pessoas que fazem um trabalho muito bonito e competente no Blog Portal dos Mitos, tenho uma sugestão: publiquem sobre o deus Enki. Esse personagem, é muito rico em informações. Obrigado e abraços.
ExcluirMuito legal o post, gostaria de saber se vcs tem o nome dos outros demonios, para pesquisa.
ResponderExcluirOlá, os que eu conheço são Ugallu, Mummu, Sirrush/Mushussu, Umu, Girtablilu (homens-escorpião). Algumas fontes incluem o monstruoso Humbaba como um dos 12.
ExcluirMuito obrigado pela resposta.
ExcluirQUm são os 12 demônios criados por Tiamat na batalha contra o Deus Marduk?
ResponderExcluirQuais são os nomes desses 12 demônios??
Não conheço o nome de todos eles, os que conheço citei num comentário acima.
ExcluirSegundo o Ancient History Encyclopedia eles são:
ExcluirMusmahhu,
Usumgallu,
Basmu,
Umu-dabrutu,
Mushussu,
Lahamu,
Ugallu,
Uridimmu,
Girtablullu,
Kulullu,
Kusarikku.
O site considera apenas esses onze, e não cita Lararak, não sei o motivo.
Estou revisando o texto sobre Tiamat, e essa parte dos filhos está me dando uma grande dor de cabeça. Muita confusão acerca de quem são, quantos são e quais seus nomes. Pra completar, o Lararak pode não se chamar assim. Acredito que ele seja o Lahamu da lista acima, pois já existe um Lahamu e ele não tem aparência felina, mas dracônica, e nem está associado a esse grupo.
ExcluirPoderia me indicar as fontes por favor? Quero avançar na minha pesquisa.
ResponderExcluirNão me recordo das fontes que usei nesse post, mas estarei procurando atualizá-lo conforme for possível e incluirei as fontes que utilizar.
ExcluirOk, obrigado por responder. ��❤
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