Arte de Bianca Duarte |
Akuanduba é uma divindade oriunda da mitologia dos índios araras, que habitam a margem esquerda do rio Iriri, no estado do Pará. De acordo com a mitologia, Akuanduba tocava sua flauta para trazer ordem ao mundo. Um dia, por causa da desobediência dos seres humanos, eles foram lançados na água. Os poucos sobreviventes tiveram que aprender do zero como dar continuidade à vida.
Lenda
No começo havia somente o céu e a água que o circundava. Uma casca separava o céu da água e servia de chão para seus habitantes. Os seres humanos, então estrelas, presididos por Akuanduba, aí viviam apenas a fazer coisas simples e boas: comer, beber, namorar e dormir. Quando havia excessos, a divindade, tocando uma flauta, chamava a atenção de todos e os trazia à boa ordem.
Do lado de fora da casca, na água, havia somente seres atrozes e maléficos. Um dia, porém, houve uma grande briga motivada por roubo e/ou egoísmo e, por mais que Akuanduba tocasse a sua flauta, não conseguia apaziguar aqueles que teimosamente insistiam em pelejar. Tanto fizeram que a casca do céu se rompeu e todos foram lançados na água.
Velhos e crianças morreram afogados ou com o choque da queda. Uns poucos homens e menos ainda mulheres sobraram. As aves psitacídeos levaram alguns de volta para o céu, onde voltaram a ser estrelas. A própria Lua, que havia despencado, foi levada de volta a muito custo por uma curica que, depois de tão grande trabalho, bicou um canto do astro, cuja marca ainda hoje se vê de certo ângulo, proporcionado pelo movimento dos pedaços de casca do céu que flutuam nas águas, habitados pelos homens. Ainda hoje os índios araras, o “povo das araras”, ainda assobiam para essas aves quando passam aos bandos. Elas, porém, achando-os grandes demais, nem tentam levá-los.
Os seres maléficos que já existiam nas águas antes da catástrofe se transfiguraram nos índios hostis aos araras (caiapós, jurunas, xipaias, assurinis e quiçá os mundurucus) Outros seres apareceram, que penetram o corpo humano para comer-lhe ou queimar-lhe as entranhas. A própria divindade se transformou na terrível onça preta e também se manifesta sob a forma de outros felinos.
O bicho-preguiça aliviou a desgraça dos humanos. Ensinou-lhes a primeira festa, destinada a trazer-lhes novos filhos, a fazer flautas, a cantar, a tecer fibras de algodão e palhas, e povoou a mata com animais comestíveis. Da lontra os araras roubaram o fogo. O bicho-preguiça, tendo encomendado uma festa aos araras, acabou por zangar-se, porque a bebida, que ele mesmo consumira em grande quantidade, havia terminado. Voltou sozinho para a floresta e perdeu tudo o que tinha. Envelheceu e morreu, indo para o que restou dos céus, lugar que aguarda também os humanos após a morte.
Arte de Gabriel Scavariello |
fontes:
Achei magnifico, vocês realmente são guerreiros, e correm atrás dos conteúdos para esse blog. Gostaria de ver também sobre Yebá Bëlo, e Xariã....
ResponderExcluirObrigado pelos elogios! Dentro do possível trarei algo sobre Yebá Belo e sobre Xariã ao blog.
ExcluirAdorei ultimamente tenho me interessado pela cultura indígena principalmente pelos mitos da criacao do universo
ResponderExcluirQue me lembrou um relato sobrenatural que dois garotos tinham se perdidos na mata em que elescestavam deseperados quando os dois ouviram algo parecido como uma flauta que os guiou até sair da mata.
ResponderExcluirParabéns
ResponderExcluirMuito importante resgatar a nossa cultura.
Vou me tornar leitor costumaz
Agradecido Délia! Tento sempre variar os posts pra estar trazendo um pouco de cada cultura sem deixar nada de lado.
ExcluirGostei muito, continue com as pesquisas e publicações.
ResponderExcluirObrigado! Pode deixar
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