22 de julho de 2025

Atum

۞ ADM Sleipnir

Arte de gukkhwa

Atum (também conhecido como Tem ou Temu) foi uma das divindades mais antigas e importantes da mitologia egípcia, venerado originalmente em Iunu (Heliópolis, no Baixo Egito). Considerado o deus criador na Enéade de Heliópolis, sua influência diminuiu com o tempo em favor de , que acabou por eclipsá-lo em proeminência. Atum era a principal divindade de Per-Tem ("Casa de Atum"), localizada em Pithom, no Delta oriental.

Origem e representação

Os primeiros registros de Atum remontam aos Textos das Pirâmides (inscritos nas pirâmides dos faraós da 5ª e 6ª dinastias) e aos Textos dos Sarcófagos, usados nos túmulos de nobres. Ele era frequentemente associado ao faraó em todo o Egito, mesmo após o centro de poder se afastar de Heliópolis. Durante o Novo Reino, era retratado junto ao deus tebano Montu e ao rei no Templo de Amon em Karnak. No Período Tardio, amuletos em forma de lagartixa eram usados como símbolos de sua proteção.

Atum era geralmente representado em forma antropomórfica, usando a coroa dupla do Alto e Baixo Egito. Diferenciava-se do faraó principalmente pelo formato de sua barba. Também era retratado com um disco solar e uma longa peruca tripartida. Em seu aspecto solar e funerário, podia aparecer com cabeça de carneiro, às vezes sentado em um trono ou apoiado em um cajado, simbolizando sua velhice. Outras representações incluem o monte primordial, o touro negro Mnevis (que carregava o disco solar entre os chifres) e animais sagrados como a serpente, o leão, a lagartixa e o mangusto.

Mito da criação

Na cosmogonia heliopolitana, Atum era considerado o primeiro deus, autocriado a partir das águas primordiais de Nun. Ele emergiu sobre um monte primordial (benben), sendo às vezes identificado com o próprio monte, simbolizando o primeiro terreno sólido no caos aquoso.

A criação dos primeiros deuses, Shu (ar) e Tefnut (umidade), é descrita de várias maneiras nos textos antigos. Aversão mais difundida afirma que Atum os cuspiu de sua boca, usando sua saliva ou apenas seus lábios como meio de criação; outras tradições relatam que Atum os gerou por masturbação, com sua mão (feminina em egípcio, ḏr.t) atuando como princípio feminino associado a deusas como Hathor ou Iusaaset, enquanto interpretações alternativas sugerem que Atum se uniu à própria sombra para gerar vida, reforçando seu caráter autossuficiente.

Após criar Shu e Tefnut, eles se perderam nas trevas, levando Atum a enviar seu "Olho" (precursor do "Olho de Rá") para resgatá-los. Quando retornaram, ele os nomeou como "Vida" (Shu) e "Ordem" (Tefnut), estabelecendo os fundamentos do universo. Posteriormente, Shu e Tefnut deram origem a Geb (terra) e Nut (céu), que, por sua vez, geraram os deuses da Enéade: Osíris, Ísis, Seth, Néftis e Hórus, o Velho. Em algumas versões, Atum intervém para separar Geb e Nut, perturbado por sua união incessante, estabelecendo assim a distinção entre céu e terra.

Atum e o ciclo solar

Atum era associado ao sol poente, complementando Rá (sol do meio-dia) e Khepri (sol nascente). Na forma de Atum-, simbolizava o ciclo diário do sol: nascia no leste como Rá e "morria" no oeste como Atum, viajando pelo submundo para renascer ao amanhecer. Essa jornada era representada pelo escaravelho, um símbolo de autocriação, e uma grande estátua de escaravelho foi dedicada a ele em Karnak.

Atum no submundo e no juízo dos mortos

No Livro dos Mortos, Atum revela que, no fim dos tempos, destruirá o mundo, mergulhando tudo de volta em Nun. Apenas ele e Osíris sobreviveriam, transformados em serpentes. Nos textos funerários do Vale dos Reis, Atum aparece como um ancião de cabeça de carneiro, supervisionando o castigo dos inimigos do deus sol e repelindo criaturas malignas como Apep (Apófis) e Nehebu-Kau. Ele também protegia os justos, guiando-os pelo lago de fogo do Duat, onde o deus canino Am-heh devorava as almas dos condenados.

Culto e influência real

Atum era considerado o pai dos deuses e dos faraós, e muitos reis adotaram o título de "Filho de Atum", mesmo após o declínio de Heliópolis. Durante o Novo Reino, ele era frequentemente retratado inscrevendo os nomes reais nas folhas da árvore sagrada ished. Em Pithom, relevos mostram Atum coroando Ramsés II, reforçando seu papel na legitimação do poder faraônico.

No Primeiro Período Intermediário, "Atum e sua Mão" eram venerados como um casal divino em alguns sarcófagos, simbolizando sua natureza autocriadora. Seu culto também incluía oferendas de enguias mumificadas, guardadas em pequenos sarcófagos de bronze com sua efígie.

Embora representações diretas de Atum sejam raras, muitas imagens do faraó como "Senhor das Duas Terras" podem ser interpretadas como suas encarnações. Uma das mais notáveis estátuas sobreviventes mostra Horemheb, da 18ª Dinastia, ajoelhado diante do deus, evidenciando sua importância duradoura na religião e na realeza egípcias.


fontes:

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